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sexta-feira, julho 27, 2007

Crise generalizada

Em setembro de 2006, o acidente com um avião da Gol se transformou no maior desastre da história da aviação nacional. Dez meses depois, o acidente com um avião da TAM se transforma no maior desastre da história da aviação nacional. Quanto tempo levará para outro acidente se tornar o 'novo' maior desastre da história da aviação nacional?

Eu sempre tive medo de altura, por isso levei muitos anos para viajar de avião. E quando voei pela primeira vez, fiquei apaixonada. Adoro voar, é uma sensação muito boa. Não tenho medo dos acidentes, porque todo mundo vai morrer um dia – e acidentes de avião quase sempre são fatais. O problema é a banalidade desses acidentes, a aceitação do mero acaso, o sumiço de caixas-pretas, a normalidade de culpar o piloto que já morreu e a patética posição das chamadas autoridades, que nada fazem para mudar tudo isso.

Eu não sei o que é pior: o acidente em si ou a maneira como tratam tudo depois. É chocante ver na TV, sem o menor pudor, gente se jogando do prédio da TAM Express logo após o acidente em Congonhas. É de muito mal gosto ver os jornais com fotos dos mortos, carbonizados. Eu não preciso ver nada disso, porque já sei que o acidente foi horrível e que aquelas pessoas morreram de forma trágica. Então porque o jornalismo insiste nisso? Certamente porque as pessoas gostam de ver. Porque apesar do choque com a notícia, todo mundo que espiar a tragédia.

É uma sucessão de falta de humanidade. Primeiro porque o caos aéreo ganhou uma proporção gigantesca, quando, na verdade, morre muito mais gente nas estradas
brasileiras. Desde que nasci a Régis Bittencourt é conhecida como a Rodovia da Morte, e nada mudou desde então. Agora o povo não viaja mais de avião e entope as estradas esburacadas Brasil a fora. E as mortes na estrada viram números reproduzidos após cada feriado prolongado.

Viajar de avião era coisa de rico. Lembro que a primeira vez que viajei para Porto Alegre paguei uma fortuna. A concorrência entre as companhias aéreas barateou os preços das passagens e quem nunca viajou de avião pode aproveitar. Mas esqueceram que este aumento no número de vôos implicariam uma série de melhorias que deveriam ser feitas. Tudo estava indo bem, as companhias bombando, ponte aérea Rio – São Paulo a R$50,00 ... até os controladores de vôo começarem a não dar conta e os aviões começarem a cair. Literalmente.

Quantas pessoas ainda vão morrer? Será que as mortes por acidentes de avião vão superar nossos mortos nas estradas? Será que a estupidez mórbida da imprensa em mostrar corpos carbonizados e famílias aos pedaços vai persistir? A imprensa repercute o que queremos ver, então estúpidos somos todos nós, que olhamos isso como mero acaso.

Acidentes acontecem. Quando um avião cai, a morte é quase certa. Mas um avião não pode cair de forma banal, e acidentes de avião não podem se tornar comuns. Assim como acidentes nas estradas também não deveriam ser rotina. E no Brasil são, não passam de imprudências de motoristas. As estradas continuam esburacadas, as pessoas continuam morrendo, mas é tudo normal. Como os acidentes de avião vão acabar sendo também.

A nossa vida parece, a cada dia, valer menos. E, talvez, para muitos, a vida não vale absolutamente nada.


Janaina Pereira

Comentários
Enquanto isso, em Brasília:
- Senhor Deputado, o seu jatinho particular já chegou. Vou mandar servir o café na sua poltrona, ok? Boa viagem!!
 
Muito bem, Jana!!! Acho que pensamos coisas bem semelhantes a respeito desse acidente, muito embora você tenha focado bem na parte jornalística.
Depois, dê uma olhadinha lá no Doxa:
http://doxabrasil.blogspot.com
Bjs saudosos!
 
Nossa, Hisashiburi desu ne!! (Quanto tempo, em japonês rsrs).
Faz bastante tempo msmo q n passo por aqui...e no blog de geral, é que dá uma preguiça, principalmente pq a conexão (do trampo e de casa) n colaboram muito! rs

Eu concordo com vc. A cobertura jornalística, se é que se pode chamá-la assim, pois mais parecía SHOWnalística do que outra coisa, sobre o acidente da TAM foi revoltante. As cenas dos corpos eu não cheguei a ver, mas recebi por e-mail...Acho que é isso mesmo, o ser humano pode n admitir, mas no fundo bate aquela curiosidade de ver algo tão chocante, pois no fundo gostamos desse sentimento de revolta...Talvez a psicologia explique...ou não! rsrs
O que achei mais...mais...mais...foda! Pq n encontro no momento outra palavra! rs Foi o fato de n respeitarem o pior momento dos parentes, quando a lista dos passageiros foram divulgadas e a imagens de pessoas recebendo a confirmação da morte de um ente querido foram transmitidas e, muitas vezes, repetidas. Pow, nesse momento precisava a imprensa estar lá?? Todo mundo sabe a dor de perder um parente!! Aquilo, pra mim, foi o auge do sensacionalismo, foi puramente mostrar o desespero das pessoas...Eu me perguntei se estava assistindo um fato real ou um capítulo de novela...Ninguém merece!!

De fato, nossas vidas não valem nada...E a imprensa mostra isso todos os dias!
Eu não sou nenhuma idealista para pretender mudar isso, só não gostaria de participar, por isso quero focar minha carreira na cultura japonesa!! rsrsrs Pode ser que eu esteja lavando as mãos sem ter feito nada, pode ser que eu mude de opinião mais pra frente, mas no momento é isso mesmo! rsrs

Nossa, isso ficou mais um desabafo pessoal do que um comentário!! rsrss

Bjos
 
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