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terça-feira, junho 19, 2007

Relaxa e goza



Eu sempre achei que a melhor saída para o Brasil era o aeroporto. Só que agora nem dá mais para sair de avião: o tráfico – sim, é tráfico mesmo – aéreo nos impede de sumir desse país.

Não acho que o Brasil vai dar certo algum dia, porque para mim o país já nasceu errado. Já começou na nossa descoberta que não existiu, já que não se descobre algo que nunca esteve perdido. Falamos uma língua que nos leva do nada a lugar nenhum, temos diferenças sociais e racias gritantes e ainda aturamos o proletariado chegando ao poder e fazendo exatamente a mesma coisa que os burgueses. Ou seja, são todos farinha do mesmo saco furado.

Um problema no banco pode ferrar minha vida, e você certamente já teve um problema com o seu banco. Odeio bancos. Pago caro para ser cliente estrela no Itaú, embora minha conta esteja sempre nublada. Mas pelo menos não tenho dor de cabeça. Só que no Brasil você é obrigado a ter conta-salário num banco que não quer, e o banco ferra com você e ninguém te ajuda. Ninguém. Eu só queria pagar minha conta no dia, mas me tiraram este direito. Legal. Vou virar inadimplente com louvor, porque só os corruptos vencem neste país de merda. Porque é exatamente isso que o Banco do Brasil é: um banco de merda num país de merda.

O Brasil nunca vai dar certo porque aqui só vence quem é filho da puta; só os desonestos são ouvidos em CPIs e nós, os ferrados que pagamos a CPMF, nunca temos voz. Olhe a sua volta. O imbecil que não se garante na faculdade, e por isso compra provas alheias, é o jornalista de amanhã. Aí vem alguém e diz: 'o mercado seleciona'. Mentira!!! O mercado não seleciona. Já trabalhei com gente incompente ao cubo e vejo muita coisa escrita errada na nossa folclórica grande imprensa. O mercado não seleciona a falta de ética que se aprende na faculdade. A falta de escrúpulos que é encoberta e aceita pela maioria. O plágio das matérias, a cola, a nota conquistada com um decote e um rebolado, a prova idêntica que circula por todas as salas. São estes jornalistas que a faculdade aplaude e que entram no mercado de trabalho. Gente medíocre como a própria educação brasileira é.

Neste país tudo se compra. Compra-se voto, silêncio, acusações, falsas promessas de felicidade. Compra-se até o direito de não ter direito de reclamar. Meu pai também era honesto e eu vi ele morrer sem deixar uma dívida, mas também vi minha mãe esperar seis longos meses para receber a pensão que ela tinha direito. Se ela não trabalhasse, morreríamos de fome. Meu pai era um cidadão decente, sempre cumpriu a lei, era um exemplo de homem hornado. E o que ele levou dessa vida? Nada. Deixou uma filha e seu exemplo de honestidade, que não me levam a lugar nenhum.

Estou achando que nossa ministra do Turismo tem razão. Relaxa e goza é a frase do ano. Afinal, o brasileiro é assim mesmo: nunca briga por seus direitos, aceita calado que tudo acabe em pizza, e no final das contas ainda faz piada de si mesmo.

É isso que esse país e seu povo que aceitou o 'emburrecimento' pacivamente merecem. Relaxem e gozem, porque agora já era. Nem temos mais o caminho do aerporto para sair da mediocridade que afundou de vez o Brasil. Vão morrer todos abraçados, chafurgando na lama, mas eu me recuso a assinar atestado de estupidez. E como odeio o Brasil nessas horas em que eu só quero ser honesta e não me deixam.


Janaina Pereira

Comentários
É o que meu avô sempre - sempre! - disse - e ainda diz - a todos que conhece.

"Vamos sorrir e cantar
quem está triste se alegra
a nossa vida é mais curta
do mundo nada se leva"

Inspirado em Belmonte e Amaraí.
 
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