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quarta-feira, maio 16, 2007

A economia que cabe nos jornais não cabe no seu bolso


Cresci com diversas visões da nossa economia, todas relacionadas a planos que congelavam os preços e cortavam zeros da nossa moeda. Já comprei balas com cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro novamente, e até precisei converter o valor das balinhas para a URV, que virou o real. A economia sempre fez parte do meu dia-a-dia, assim como sempre deixou meus pais com mais cabelos brancos a cada novo governo.

Trabalhar com jornalismo econômico não estava nos meus planos, talvez porque o economês dos jornalistas tenha me afastado dessa área. Mas é o jornalismo econômico que habita nossas vidas, bem mais que a cultura e o esporte. Você só se interessa por esporte enquanto seu time está bem no campeonato e a cultura só chama a atenção se está em cartaz algo que lhe agrada. Mas todo mundo quer saber sobre o aumento do salário mínimo, se a poupança vai render mais este mês e se os juros do cartão de crédito vão subir. Isso é economia. O problema é que tudo que é relacionado a este assunto pode até nos interessar, mas nem sempre entendemos. Ou não deixam a gente entender.

O ministro da Economia é conhecido pelos brasileiros, até mais que o vice-presidente da República. Os jornais nem sempre têm um comentarista esportivo de plantão, mas o comentarista econômico está sempre lá, com uma linguagem particular, e o seu jeito aparentemente mais inteligente e mais esperto. Ele fala coisas que não sabemos muito bem o que é, porque sabe de economia como ninguém. Mas e a dona de casa que dribla o baixo orçamento da família para fazer as compras do mês, será que ela também entende de economia?

O problema pode não ser a suposta superioridade dos jornalistas econômicos, mas a falta de familiaridade dos brasileiros com o assunto. Todos nós estamos, diariamente, relacionados aos aspectos econômicos, mas não necessariamente temos conhecimento disso. Economia não é apenas a queda do dólar e os investimentos da bolsa; é tudo que mexe com o seu bolso, até o que você não vê, ou será que alguém aí sabe que o superávit primário poderia gerar investimentos na saúde e na educação?

E quando os jornalistas econômicos falam sobre o assunto com tranquilidade? O economês desfila pelas redações com a mesma desenvoltura que aparece nos noticíarios, mas isso não significa que os próprios jornalistas entendem o que dizem. O jornalista econômico nem sabe direito o que está escrevendo, mas o importante é que quem entende do asssunto vai ler e achar aquele jornalista... inteligente e esperto. E quem não entende terá a mesma impressão.

Não estamos mais no fundo do poço econômico, mas ainda estamos no poço. E é justamente essa economia que nunca se estabiliza que gera notícia e faz do jornalismo econômico uma área enigmática e incompreendida.


Janaina Pereira

Comentários
Adoro jornalismo, adoro também economia, mas adoro mais ainda, acordar e deparar-me com um sorriso desses!
Abraço!
 
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