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sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Fábula para gente grande



O sotaque latino do Oscar desse ano deve-se, em grande parte, ao estrondoso sucesso de “O labirinto do fauno” (El Laberinto Del Fauno, México, 2006), de Guillermo Del Toro (“Hellboy”). O filme – que emocionou os brasileiros no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - conquistou os americanos, recebeu seis indicações ao prêmio mais glamouroso do cinema e é o favorito na categoria filme estrangeiro. Mas a grande proeza da produção são as (merecidas) indicações técnicas; por se tratar de uma obra não-americana, estas indicações são uma raridade e um reconhecimento ao belo filme. E “O labirinto do fauno” é belo em vários sentidos.

A história se passa na Espanha, em 1944. A pequena Ofelia (Ivana Baquero) muda-se para uma zona rural com sua mãe grávida, Carmen (Ariadna Gil), que acaba de se casar com o militar Vidal (Sergi López), que persegue os rebeldes que tentam acabar com o fascismo no país. Lá, Ofélia conhece de perto todo o turbilhão sócio-político pelo qual passa a Espanha durante a Guerra Civil, enquanto faz amizade com a empregada Mercedes (a sempre excelente Maribel Verdú). Realidade e fantasia se misturam quando a menina encontra um labirinto próximo à casa em que vive. Guiada pela criatura conhecida como Fauno – parte bode, parte humana, parte árvore -, ela entra numa tensa aventura em busca de sua salvação e de sua mãe.

Além da direção extremamente segura, Del Toro surpreende pelo seu roteiro de realismo fantástico. Num ano de excelentes histórias originais, ele duela palmo a palmo com o americano Michael Arndt, de “Pequena Miss Sunshine” (meu preferido), e o também mexicano Guillermo Arriaga, de “Babel”, ao Oscar de melhor roteiro original. A forma lúdica como constrói esta fábula – que, para surpresas de muitos, é estritamente política – surpreende. O filme é visualmente muito rico, e cada cena sobressai de forma única. O figurino, a maquiagem, a fotografia e a direção de arte são extremamente bem cuidados, transformando “O labirinto do fauno” num espetáculo visual. Mas não é só isso: a história é boa e envolvente, e, embora se passe muito lentamente, consegue conquistar o espectador por sua sensibilidade.

Mesmo recebendo classificação como gênero terror, “O labirinto do fauno” nada mais é do que um filme político em tom de fábula – é difícil de imaginar isso, mas de fato é o que filme representa. É para ser visto no cinema, com toda a magia que aquela tela enorme tem. E é a prova que ainda existem cineastas que podem ser criativos e inteligentes sem nenhuma apelação.


P.S.: Fabinho, obrigada por mais uma excelente dica.


Janaina Pereira

Comentários
Fábio, faz cara de fauno!
 
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