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domingo, novembro 26, 2006

Pequenas grandes coisas


Estou completando um ano como editora do jornal online da faculdade, o Inove. Passou rápido... e como eu aprendi nesse tempo. Nunca imaginei ser editora de nada nessa vida... muito menos do jornal da faculdade. Eu só queria escrever, adoro ser repórter. Mas, como me disse na época meu querido mestre Amaral, a faculdade me descobriu. E olha eu aqui, um ano depois, editando muito mais que escrevendo.

Tudo começou com um texto aqui e outro ali nos impressos. Eram matérias sem fontes, mas não eram opinativas. Como sempre li jornal, sei bem diferenciar opinião de informação. Aliás, era isso que chamava a atenção: eu estava só no segundo semestre mas já tinha uma visão jornalística muito boa. O professor Renato começou a me pautar para os eventos da faculdade; como ele não me conhecia pessoalmente, certamente achava que eu era mais uma jovem promissora. Mas logo a verdade dos fatos foi descoberta: eu sempre trabalhei com isso, pois sou redatora publicitária que também sabe fazer texto jornalístico, e tenho a experiência a meu favor - são mais de doze anos vivendo dentro do mundo da comunicação.


Leio jornal desde que aprendi a ler. Na minha casa sempre fomos assinantes de jornal. Na época do meu primeiro vestibular, quando eu tinha 17 anos – faz tempo isso – eu lia três jornais por dia. Meu pai me ensinou a ler, primeiro, o caderno de economia. Depois política, cotidiano, ciência e tecnologia, internacional, cultura e esportes. A ordem era: do que eu menos gostava para o que eu mais gostava. Hoje isso mudou. Gosto mais de economia do que política, e cultura passou a frente de esportes. Também curtia ler o caderno de bairros do Globo. Adorava as pequenas histórias do cotidiano de cada bairro do Rio. Nunca fui fã de nenhum jornalista, mas tem um colunista do Globo que eu adoro, o Artur Dapieve. Botafoguense e fanático por Legião Urbana, como eu. Eu sempre fui esquisita, gostava de coisas que as outras crianças não gostavam. Os vidros de perfume da minha mãe eram microfones, mas eu não imitava as cantoras, e sim, as repórteres. E olha que não sou fã de TV, embora um dia eu quis ser como a Isabela Scalabrini, excelente repórter esportiva.

Lembro que, quando vi o Pedro Bial fazendo a reportagem da queda do Muro de Berlim, percebi que o jornalismo me colocaria próxima de outro assunto que adoro: história. Participar de fatos históricos eé algo que eu acho o máximo e um repórter pode fazer parte disso. Com o passar do tempo, a televisão foi me cansando, mas o jornal permanece em minha vida, assim como o rádio. Adoro. Fiz um programa no Rio, onde ninguém reclamava do meu sotaque. Eu sempre quis ser locutora, muito mais do que repórter. Os ouvintes adoravam, era um programa sobre saúde, e as pessoas ligavam muito para fazer perguntas ao vivo, era um barato. Acho que naqueles três meses em que fui redatora e locutora de rádio eu me realizei como poucas vezes na minha profissão. Mas acho minha voz feia, embora rádio ainda seja algo fascinante para mim.

Como publicitária, já fiz assessoria de imprensa, promoção, eventos, marketing, design, além da tradicional propaganda. Ainda sou boa nisso, sempre tive umas ‘sacadas’ criativas, mas gostava mesmo do planejamento das campanhas, de pensar como o produto ia ser vendido. Adorava fazer pesquisa com o consumidor. Nossa, eu sou esquisita mesmo.

Agora eu estou ali, no meio do caminho. A publicitária que fala mal de publicitários – isso desde sempre – e quase uma jornalista – estamos na metade da jornada. E eu, que posso nunca ser editora de alguma coisa nessa vida, sou a editora do Inove. Pode não ser nada para alguns, mas para mim representa muito. Significa, incluisive, conviver profissionalmente com uma das melhores pessoas da face da terra, minha editora preferida, a quem devo todo o apoio recebido dentro do jornal: Carlinha, minha companheira de edição.

O que aprendi como editora foi ter a visão ampla dos fatos, isso sem falar que meu texto evoluiu muito por causa do meu próprio trabalho de edição. Além disso virei pauteira, uma função que aprendi a adorar. Hoje sou um pouco dividida, faço de tudo um pouco nas funções jornalísticas; escrevo bem menos, mas ainda adoro fazer reportagens - que estão mais critoriosas, valorizando temas e conteúdos. Não sei se eu sou uma boa repórter, mas descobri que sou uma editora exigente e brava. Os alunos têm medo de mim. Achei engraçado quando me falaram isso. Até me senti meio Álvaro Bufarah – o professor mais temido do curso de jornalismo.

Não sou uma editora malvada. Só cobro as obrigações de cada um. O jornal da faculdade, para mim, não é e nunca foi brincadeira. Acho que temos que ser profissionais sempre, e é isso que eu peço a cada aluno, a quem eu sempre chamo de repórter. Porque é o que eles são. Eu não sou editora porque sou melhor que os outros, nem para aparecer. Eu faço parte de uma equipe, e aprendo com cada um, todos os dias. Uma das melhores coisas de ser editora foi ter dado força para muita gente escrever, e hoje, tenho minha fiel equipe de pupilos. E eu fico muito orgulhosa de ver como eles me respeitam e me admiram. Mas, talvez eles nem percebam que eu os admiro e respeito muito mais.

Tudo isso só é possível graças ao professor-orientador que me escolheu para o cargo, e é a pessoa a quem eu devo tudo que sou hoje. Meu mestre mais que querido, Alexandre Barbosa. Este texto tem o intuito de agradecer, publicamente, a todos os puxões de orelha pelos títulos publicitários, que hoje são jornalísticos. Esse era meu maior defeito, que consegui resolver. Sem o Alexandre, eu não seria a quase jornalista que sou. É a ele que devo boa parte do meu aprendizado técnico, e a certeza de o caminho, tortuoso, ainda terá muitas flores.

Ale, você faz parte da história da minha vida jornalística e como fatos devem ser escritos para serem sempre lembrados, você merece este texto. Nunca esqueça que meu nome é Janaina, e não Sabrina, e que sou aquela aluna chata que reclama toda vez que você se atrasa para a edição. Mas que na hora que tudo parece sair do ar, você pode ter a certeza de que a única que não sai do ar sou eu. Posso até revelar meu apelido nos bastidores da redação do Inove - tratorzinho. Porque comigo não tem erro: a matéria vai ao ar de qualquer jeito, sempre. É tudo para ontem. Eu não brinco em serviço, literalmente falando.

Ao mestre Alexandre, esse pequeno grande homem responsável por fazer desta publicitária uma quase jornalista feliz, meus mais sinceros agradecimentos. Construimos, ao longo deste ano, uma relação profissional baseada em dedicação, respeito, lealdade, confiança e ética. Pois é, ética, palavra tão falada pelos falsos moralistas de plantão, mas que, na prática, não é usada.

Obrigada por tudo, Ale. E lá vamos nós editar o Inove, porque no webjornalismo a urgência é que nos move.


Janaina Pereira

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