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domingo, julho 23, 2006

Ser ou não ser


Assisti “Transamérica”, um road movie marcante, forte e sensível. Muito bem escrito e dirigido pelo novato Duncan Tucker, que desponta como uma promessa do cinema contemporâneo em seu primeiro longa-metragem, o filme também chama a atenção pelo desempenho arrebatador da protagonista, a atriz Felicity Huffman, no papel de um transexual. Felicity perdeu o Oscar deste ano para a chatinha Reese Whiterspoon, mas ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática – entre outros prêmios – graças à sua brilhante atuação, numa impressionante transformação física para o papel.

A história gira em torno de Bree (Felicity Huffman), um transexual que já passou por uma série de tratamentos estéticos e hormonais para transformar seu corpo. Ele está prestes a fazer a operação que vai lhe transformar, definitivamente, em mulher. Mas um telefonema muda sua vida: um rapaz procura Stanley, o homem que Bree costumava ser antes de passar por sua transformação sexual. O rapaz, no caso, é Toby (Kevin Zegers), filho de Stanley/Bree, nascido após a única relação com uma mulher que o transexual teve, durante a faculdade. Hoje com 17 anos, o menino, cuja mãe cometeu suicídio alguns anos antes, mora em Nova York e é para lá que Bree viaja para encontrá-lo. Mas não tem coragem de contar quem realmente é. Ambos querem chegar a Los Angeles: Bree para fazer a cirurgia, Toby para tornar-se ator profissional. Assim, eles partem de carro em busca de seus objetivos.

”Transamérica” é baseado em personagens fortes, a começar pela própria protagonista. Felicity Huffman constrói uma Bree densa, divertida e extremamente carismática, num trabalho estético e vocal impressionante. Ela interpreta com suavidade um homem que não aceita seu próprio corpo, mas mesmo quando está num corpo de mulher não sabe o que fazer com ele. Também vale destacar a presença de Kevin Zegers, um galã em potencial. Os dois atores são beneficiados pelo excelente roteiro de Dunkan Tucker, que desenvolve de uma maneira sensível os dramas vividos por ambos os personagens.

Com um humor inteligente, sem apelar para as piadas prontas ou óbvias, “Transamérica” é um filme leve e divertido, apesar da história pesada e triste de uma pessoa completamente deslocada não somente dentro da sociedade, mas, especialmente, do seu próprio corpo.


Janaina Pereira

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