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terça-feira, julho 18, 2006

Parafraseando o Zidane


Para quem reclamou dos adjetivos que usei no texto “As cores do mundo”, em que eu afirmo que racismo e xenofobia são mais chocantes que a cabeçada do Zidane, gostaria de prestar alguns esclarecimentos.

Um jornalista não deve usar adjetivos numa reportagem ou matéria. Isso é o que se aprende na faculdade, e o que não se utiliza com freqüência na profissão. Eu me controlo muito e evito ao máximo. Este aprendizado vem do jornalismo americano. Na Europa o jornalismo é opinativo e, conseqüentemente, os adjetivos predominam. Mas existe um momento em que o jornalista expõe o que pensa. É para isso que servem os editoriais e artigos. Já repararam que nos jornais e revistas existem observações sobre isso? “Este texto é de responsabilidade do autor” ou algo parecido. É para garantir que aquela opinião é de quem escreveu e não do veículo.

No caso de “As cores do mundo” eu escrevi um texto de opinião. É o que predomina neste blog: em 99% dos casos, eu expresso a minha opinião sobre um assunto. E num texto opinativo os adjetivos são aceitos, justamente porque é o momento do jornalista expressar o que pensa.

Quando fazemos uma reportagem, uma entrevista ou uma matéria jornalística, não podemos – ou não devemos - usar adjetivos. Dessa forma, se eu tivesse entrevistado o Le Pen, o Zidane, o Materazzi, o Chirac, e milhares de pessoas no mundo sobre a relevância da cabeçada e das atitudes racistas e xenófobas, eu não usaria adjetivo algum. Mas, como escrevi um artigo, que é um gênero jornalístico cujo texto é opinativo, eu expressei o que penso sobre o assunto.

Imagina se a minha professora de Pauta e Reportagem, Marcela Mattos, iria deixar eu escrever uma matéria cheia de adjetivos... e meu editor/professor orientador Alexandre Barbosa jamais deixaria passar isso. Mas artigo pode colocar adjetivos. Aliás, deve. Até porque eu não sou uma pessoa de substantivos. Eu sou cheia de adjetivos.

Eu, Janaina, que por acaso estudo jornalismo, acho que racismo e xenofobia são mais chocantes que a cabeçada do Zidane. E, parafraseando o Zizou, que disse que antes de ser jogador, é homem, antes de ser jornalista eu sou mulher, e foi como mulher que escrevi o texto.



Janaina Pereira

Comentários
Bom, com o prazer de ver pela primeira vez seu Blog, o autor dos comentários (à quem se dirige este), digo, o que disse por email.
 
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