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domingo, junho 11, 2006

Pra frente, Brasil


Lá vou eu para a minha sétima Copa do Mundo. Deveria ser a oitava, mas a de 1978, na Argentina, que o Brasil ficou em terceiro lugar, eu não me lembro. Lembro da seleção a partir de 1982, na Copa da Espanha; aquela derrota catastrófica para a Itália marcou uma geração. Lembro das ruas vazias, as pessoas tristes, um sofrimento coletivo: o Brasil era favorito absoluto e voltou para casa de mãos abanando. Minha infância foi marcada por aquela derrota, pela certeza de que éramos os melhores, mas isso não nos levaria a lugar nenhum. Tristeza para a geração de Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo e Junior, que em 1986, no México, novamente foi eliminado nas quartas-de-final, dessa vez pela França. E ainda tivemos que suportar a Argentina campeão.

A Copa de 1990 foi a segunda mais marcante para mim. Eu era adolescente, colecionava álbum de figurinhas das seleções, achava o time italiano lindo e via todos os jogos. Era a Copa da Itália, fomos eliminados nas oitavas de final pela Argentina, a era Dunga virou referência de fracasso e a Alemanha de Klinsmann e Mathaus foi campeã. Em 1994 eu já era adulta, buscava meu primeiro trabalho, achava a Copa do Mundo a maior alienação da face da Terra e, mesmo sem saber, era a maior apocalíptica do planeta. Estava doente e só assisti a final: Brasil tetracampeão após 24 anos esperando um título. Os EUA foram palco para a geração de Romário e Bebeto se consagrar.

Em 1998, eu trabalhava e adorava sair cedo para ver os jogos em casa. Amigos reunidos, festa, ruas coloridas e a certeza do penta. E na Copa da França o inexplicável ganhou forma: perdemos na final de forma avassaladora para os donos da casa. O mundo estendeu tapete vermelho para um novo ídolo, um craque francês, descedente de argelinos, com habilidade e elegância poucas vezes vistas em campo. E o melhor jogador do mundo até então sumiu diante de um certo Zinedine Yazid Zidane. Pois é. A seleção mais multicultural de todos os tempos ganhou a Copa e o futebol ganhou novo maestro. Zidane era o Rei, Ronaldinho foi enterrado vivo. E a Nike? Nunca soubemos direito em que lugar ela parou nessa história. Só sei que na guerra das marcas, deu Adidas.

Na Copa do Japão/Coréia, em 2002, eu já vivia em São Paulo. Sem televisão, assisti alguns jogos no trabalho, ouvia pelo rádio, via na casa dos outros. A final, num apartamento vazio com a TV emprestada da Juliana, que dividia apartamento comigo, no meio da sala... e a gente gritando. Ronaldo, apontado pela imprensa como ‘bichado’, foi o dono dos jogos, foi o cara que fez a diferença. Chorei por ele e por mim; chorei porque o Rei ferido não pode ser enterrado vivo.

E agora chegamos a Alemanha, que tem a seleção tricampeã que deseja se vingar do Brasil pela derrota na última Copa. Lá vai o Brasil buscando o hexacampeoanto. Um sonho possível, do ponto de vista futebolístico. Mas pouco provável, do ponto de vista midiático. Já pensou que sem graça a gente sair por aí ganhando tudo? Onde será que vamos parar? Ou melhor: quem será que vai nos parar? O país, alienado, não funciona neste mês de Copa. Só se fala, pensa e escreve sobre futebol. É a Pátria de chuteiras. Furadas, já que a maioria se individou para ter uma televisão 29 polegadas tela plana para ver melhor as jogadas de Ronaldinho Gaúcho, o molejo de Robinho, a astúcia de Ronaldo, a força de Adriano e a graça do Kaká – tem que ter um bonitinho para salvar a ala feminina do tédio, não? Se bem que eu sempre preferi o Raí!

Em seis Copas do Mundo que vivi, vi o Brasil ser campeão em duas. Confesso que já me acostumei com a vitória no futebol, e não saberei digerir se perdemos o hexa. É esperar para ver o que vem por aí: salve a Seleção!


Janaina Pereira

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