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quarta-feira, junho 07, 2006

Nada ficou no lugar


Relendo textos antigos do blog, achei em dezembro de 2005 “Eu vou publicar suas mentiras”, em que questiono que não existem crimes perfeitos, porque eles sempre deixam suspeitos. Incrível como as situações se repetem... e as pessoas cometem as mesmas bobagens.

Existe uma enorme diferença entre mentir, omitir e distorcer. A verdade, nua e crua, nem sempre aparece. Aliás, a verdade é ilusão: ela sempre vai ser apresentada em versões. Algumas pessoas mentem deliberadamente, tornando a verdade uma gigantesca mentira. Mas a mentira tem pernas curtas, já dizia a minha avó. Mais cedo ou mais tarde a mentira é descoberta – sempre mais tarde, quando vidas já foram destruídas por causa dela.

A verdade pode ter alguns lados omitidos. Neste caso, as pessoas escondem alguma sujeira embaixo do tapete e acham que assim, não estão mentindo. Grande engano. Não mentiram, mas omitiram, e a verdade deixou de ser inteira, e passou a ter uma nova versão de um mesmo fato.

Distorcer é outro caso. As palavras ganham contornos inesperados, as situações não são esclarecidas e as pessoas vivem num telefone sem fio aumentando a história. No final, ninguém lembra o começo. Já foi tudo tão distorcido que ninguém quer saber quem falou o que, o que importa é que a verdade se perdeu no meio do caminho.

Outro dia, uma amiga estava me contando que sofreu uma injustiça no trabalho. Foi repreendida pelo chefe, que ouviu um comentário a respeito dela e nem quis saber se era verdade ou não: simplesmente a puniu. Abalada, ela queria saber minha opinião. Respondi que as palavras ganham dimensão absurda, especialmente quando são interpretadas de maneira errada. Mas que, o pior de tudo, é quando as pessoas não sabem, e nem tentam saber, em que circunstâncias as palavras foram ditas. Minha amiga resolveu ficar calada e aceitou a punição. Curiosamente, dias depois, a pessoa que falou mal dela – e que foi prontamente ouvida pelo chefe – foi envolvida num escândalo de corrupção no trabalho. A justiça foi feita.

A vida é assim: cheia de mentiras, omissões e distorções. Crimes perfeitos cheios de suspeitos. Não adianta publicar segredos, eles nem valem tanto assim. Por isso é sempre bom reler os textos antigos, ouvir as histórias de vida dos outros, buscar novas referências. É assim que percebo que a vida só faz sentido quando eu sei o que estou fazendo com ela. E será que cada pessoa neste mundo sabe o que está fazendo da sua própria vida? Será que sabe que rumo está tomando? Será que entende que pode estar no meio de uma história mentirosa, omitida ou distorcida?

Como dizem os mais velhos, cada um colhe o que planta. Então está na hora de plantar a veracidade dos fatos para colher a verdadeira história.


Janaina Pereira

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