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quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Sem fronteiras


Fernando Meirelles era um grande diretor de filmes publicitários quando entrou para a história do cinema nacional com “Cidade de Deus”, em 2003. No ano seguinte, tornou-se o único brasileiro a ser indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Este ano colocou o Brasil novamente a caminho da maior premiação do cinema, graças as quatro indicações que seu mais recente filme, “O Jardineiro Fiel” (The Constant Gardener, EUA/ Reino Unido, 2005), recebeu. E assim vai construindo uma carreira de sucesso, com méritos.

“O Jardineiro Fiel” é a adaptação do livro homônimo de John Le Carré. Com um roteiro complexo, porém bem-resolvido por Jeffrey Caine, o filme consegue surpreender e chocar, deixando, no entanto, um rastro de esperança no ar. A história gira em torno de Justin Quayle (o competente Ralph Fiennes), diplomata inglês cujo hobby é a jardinagem – ele é o jardineiro fiel do título. Sua mulher, Tessa (Rachel Weisz, em brilhante atuação) é brutalmente assassinada numa cidade queniana e o principal suspeito é seu colega de trabalho, um médico que se encontra foragido. Tudo indica que o crime foi passional, o que deixa Justin perturbado pela culpa e assobrado pela possibilidade de infidelidade da esposa.

A história de amor do casal é contada por meio de flashbacks. Ao mesmo tempo, o espectador acompanha o que ocorre no presente, quando Justin sai em uma odisséia, tentando descobrir a verdade sobre as atividades de Tessa e os motivos que levaram ao seu assassinato. A partir daí a trama vai crescendo até chocar o público ao revelar os reais motivos do crime.

Os maiores destaques de “O Jardineiro Fiel” são o roteiro e a montagem. A força da trama política (que passa desapercebida no começo do filme) e a crueza das cenas (que mostra as mazelas africanas sem pudor) fazem a diferença e conquistaram indicações ao Oscar. O filme ainda concorre com sua emocionante trilha sonora e a atuação perfeita de Rachel Weisz como coadjuvante, que vem sendo premiada mundo afora. Apesar de não ter sido indicado como diretor, Fernando Meirelles merece aplausos pelo belo trabalho. Ele conseguiu deixar sua marca no filme, valorizando a excelente fotografia de César Charlone, impondo seu ritmo acelerado nas cenas e conduzindo os atores com sensibilidade. Conseguimos perceber que o gélido Justin e a voluntariosa Tessa formam um casal antagônico, mas que a vida se encarrega de unir e modificar.

“O Jardineiro Fiel” é um daqueles filmes que vale a pena ver no cinema, com toda a emoção que ele merece. Reconhecido pela crítica - vem conquistando prêmios em todo o mundo – e pelo público – que reconhece suas próprias fraquezas na trama - é uma história forte, que mescla tristeza e esperança em doses homeopáticas. Uma história que mostra que o amor e a corrupção não têm barreiras, e que lutar por um ideal ainda faz sentido. Afinal, palavras e idéias são o que modificam o mundo.


Janaina Pereira

Comentários
Oi Jana, experimentei e gostei. Então vou colocar novamente um comentário. Dá pra perceber a grande diferença que a faculdade está fazendo no teu texto, se já era bom, agora está melhor ainda. Continua forte, pois o que eu te disse a pouco tempo atrás eu acho de verdade, você tem muito talento e será uma ótima jornalista. Bjks, papai Craubs.
 
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