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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Pausa


Estou me sentindo fraca. A febre não passa, o corpo dói, meu coração bate em ritmo acelerado. A tosse, incessante, faz o pulmão doer. A garganta se fechou. Não consigo comer, nem falar, e fico deitada na cama, chorando copiosamente.

É uma morte lenta, de sentimentos até ontem fortes, e que hoje parecem sumir aos poucos. Sinto dor física, mas o que mais dói é minha alma. Há um peso, uma sensação de que errei, de que sou culpada. Eu destrui tudo, destruí minha própria vida. É meu suicídio. A minha morte anunciada.

Tive pesadelos, delírios, e senti muito medo. As palavras distorcidas ecoam. Quando as outras pessoas precisam da gente, quando os outros estão carente, tudo é diferente... tudo é sensato. As outras pessoas podem entrar na sua vida abruptamente, com seus problemas e anseios, pedindo carinho e atenção. Eu acolho todos, eu recebo todo mundo... mas quando sou eu que tenho minhas dúvidas, que tenho meus receios, que preciso de afeto... rapidamente me transformo em alguém indesejável. Facilmente substituída.

Hoje, especialmente, estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Sinto-me triste, sinto-me perdida, sinto-me sem rumo. É como se eu fosse deixada na beira da estrada, e estivesse lá até agora esperando alguém me segurar nos braços e me carregar, pois já não tenho forças para andar.

Tenho milhares de defeito, mas eu tento melhorar. Dizer que não consigo mudar, duvidar das minhas palavras e atitudes, ser acusada por coisas que não fiz, não me parece justo. Mas o que é justo, afinal? Não quero olhar para trás e me arrepender do que fiz. Se errei, meu corpo paga agora. Mas o pior é ver que só eu erro, só eu tenho atitudes que incomodam, só eu faço coisas que podem ser recriminadas. Eu sou um problema.

Um dia eu deixei para trás minha família, meus amigos e toda minha vida. Para que? Para ficar sozinha, para viver minha vida como eu queria. Demonstrar afeto parece fazer mal aos outros. Moro numa cidade onde é necessário ser frio e distante o tempo todo. É assim que devo ser, é assim que as pessoas me aceitam.

Várias vezes eu achei que a morte seria a solução dos meus problemas. Mas não acredito mais nisso, pois não quero levar essa dor na alma. Agora eu só acredito que toda febre é um reflexo do meu estado espírito.

Não é meu corpo que morreu.

É minha alma que não para de sangrar.


Janaina Pereira

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