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terça-feira, fevereiro 07, 2006

Guerra sem fim



Sempre fui fã incondicional de Steven Spielberg. Mas seus últimos filmes, todos com finais felizes – mesmo as histórias sendo pesadas para o final ser satisfatório – me causaram incômodo. Ainda assim fui assistir “Munique”. E não me arrependi. Spielberg soube, como poucos, relatar com imparcialidade um dos momentos mais trágicos que o mundo presenciou: o ataque terrorista aos atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique. Mais do que isso, o diretor partiu deste fato para narrar o que teria acontecido depois dele.

Longe de ser um filme comercial, “Munique” (Munich, EUA, 2005) mostra a vingança que a primeira ministra de Israel, Golda Meir (Lynn Cohen), teria autorizado contra os onze líderes palestinos após o massacre ocorrido nas Olimpíadas de 1972, em que onze atletas israelenses foram mortos por terroristas. A missão, extremamente secreta e perigosa, é entregue a Avner (Eric Bana, de “Hulk”), ex-agente do Mossad e ex-segurança de Golda. Ele é encarregado de comandar uma reduzida equipe de agentes que sairá pelo mundo à caça de onze nomes escolhidos a dedo. Mas, quanto mais se dedica a sua missão, mais Avner se desencanta e se desespera ao tomar contato com a gigantesca sujeira em que se meteu.

Apesar do roteiro duramente criticado, o argumento do filme não é de Spielberg, e sim do escritor George Jonas em seu livro “Vengeance: The True Story of an Israeli Counter-Terrorist Team”. Mesmo assim, o cineasta tem sido recriminado por parte da comunidade judaica em todo o mundo, após a estréia do filme nos EUA, ocorrida em dezembro passado. Muitos não gostaram de ver nas telas dos cinemas Israel se utilizando dos mesmos métodos terroristas que sempre foram tão criticados, quando usados por palestinos. Outros protestaram argumentando que a palavra “Vingança” (título do livro) seria inadequada para a ação empreendida por Golda. Quando o assunto é árabes contra judeus – e vice-versa - os ânimos sempre se exaltam.

Spielberg poderia ter optado por uma estética glamourosa, no estilo de 007. Mas, sabiamente, optou por uma fotografia escura, um clima sombrio e uma narrativa sólida. E é isso que faz de “Munique” um grande filme, zeitgeist dos anos 70, com uma história densa, difícil e dolorosa, o que tem desagradado a maioria – é fracasso de bilheterias nos EUA e muitas pessoas no Brasil saem do cinema antes do final de sua exibição.

O grande mérito de Steven Spielberg, um notório e militante representante da comunidade judaica, é não glorificar a violência, mas mostrá-la crua, como realmente é. E tentar, de alguma forma, mostrar que os caminhos que nos levam a guerra deveriam nos conduzir a paz.



Janaina Pereira

Comentários
Adoro seus comentários sobre filmes....como você escreve bem, menina!! :-)
Beijo,
Samanta
 
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