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terça-feira, janeiro 24, 2006

O que é que a Bahia tem


Salvador – Lençóis – Mucugê – Andaraí – Tanquinho – Vitória da Conquista – Eunápolis - Porto Seguro – Arraial D´ajuda – Trancoso – Caraíva – Curuípe – Itabuna – Ilhéus – Itacaré – Península de Marau – Taipus de Fora – Barra Grande – Nilo Peçanha – Torrinha – Ilha de Boipeba – Valença – Nazaré - Ilha de Itaparica – Baía de Todos os Santos.


Foram estradas, rios, mares, vôos; horas e horas de havaianas no pé e mochila nas costas. Passei por albergues, pousadas, ruas, esquinas, dias de sol e de chuva, noites com estrelas e lua cheia; conheci gente. Gente de Minas, de São Paulo, do Rio, da Bahia.

Ouvi histórias.
Contei histórias.
Senti tristeza.
Chorei.
Acho que até me perdi em mim mesma.
Para me encontrar em cada praia, num novo pôr-do-sol, num novo olhar para o mar.

Cada lugar tinha sua inspiração.
Cada viagem teve seu tropeço.
Cada dia teve sua lágrima e seu sorriso.

Cada vida teve sua transformação.

Atravessei a Bahia de todos os santos, de todos os amores, de todas as dores, de todos os sorrisos, de todas as lágrimas, de todas as saudades. Percorri o maior litoral do Brasil, entrei pelo sertão afora; vi cerrado, agreste, caatinga, casa de pau a pique, caminhão de bóia-fria, pau-de-arara, gente descalça, criança desnutrida, índio civilizado; vi seca, vi fome. Vi sorrisos de esperança e olhares de angústia, vi gente de pele negra e gente de pele branca queimada pelo sol.

Ouvi sotaques.
Olhei para fora e não me reconheci.
Dentro de mim havia algo se corroendo.

A mudança interna, sempre necessária, vem lentamente, quem sabe em ritmo baiano.

Conectei-me com o mundo.
Desliguei-me da vida.

Viajei.

Voltei.


Vi um Brasil que o eixo Sudeste-Sul desconhece. Vi um mundo além dos limites da nossa vida insana. Não vi apenas paisagens belas e praias deslumbrantes. Vi o que meu olhar nunca vai esquecer: a estrada e o mar que levam às belezas da Bahia carregam rios de dor.

As pessoas fazem os lugares. E o Brasil é feito de gente cheia de esperança, que vive na desigualdade que mata.

Eu percorri um Estado, a Bahia, e foi o suficiente para entender que meu país apenas sobrevive. Sobrevive a fome, a seca, a miséria, ao turismo sexual, ao tráfico de drogas. Sobrevive até ao insuportável ritmo do axé.

Às vezes até vivemos. De sonhos, de fé, de esperança.

Amarrei minha fitinha do Senhor do Bonfim no pulso e comprei um chinelo repleto delas. Eu também sou uma sobrevivente. E também vivo – e ando – com a fé, porque ela é que não costuma falhar.



Janaina Pereira
Redatora





Roteiro Gastronômico da Bahia da Jana


-Cocada em Salvador
-Sopa de Cenoura do restaurante “Sopa & Cia”, da Ana Figueiredo, em Lençóis
-Doce ‘nega maluca’ do restaurante “Canto da Duca”, em Caraíva
-Moqueca a moda da casa (com peixe, siri, camarão e caranguejo) do restaurante “Silvana & Cia”, em Trancoso
-Sorvete de banana com nozes da “Sorveteria”, em Trancoso
-Guaíba com farofa de banana da Praia dos Coqueiros, em Trancoso
-Café da manhã da pousada Quarto Crescente, em Trancoso
-Moqueca de jabá (carne seca) com pirão de abóbora do restaurante “La in”, em Itacaré
-Moqueca de siri do restaurante “Uai Bahia”, em Barra Grande
-Siri e Aratu da Didize do restaurante “Jorge Som”, em Boipeba
-Água de coco, muita água de coco.



Janaina Pereira
Redatora

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