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domingo, dezembro 18, 2005

As surpresas da vida



Quem disse que filme americano tem que ser cheio de clichês? O cineasta cult Jim Jarmusch (‘Sobre Café e Cigarros’) soube conquistar público e crítica com um filme de argumento intrigante, narrado com surpreendente leveza. E sem nenhum clichê típico do estilo hollywoodiano. “Flores Partidas” (Broken Flowers) é uma daquelas histórias que fazem você sair do cinema pensando. Um filme interessante, divertido e com uma pitada de acidez para criticar o modo como muitos de nós encaramos a vida.

O diretor e roteirista Jim Jarmusch pretendia contar a história de um homem de cinqüenta anos que está entediado com o mundo, e cujos objetivos na vida sempre foram ganhar dinheiro e conquistar mulheres. Jim escreveu o roteiro pensando em Bill Murray para o papel. E a escolha foi perfeita: Murray passa todo filme com expressão de tédio, usa e abusa do cinismo e da ironia, e mantém sempre um sorriso irritante para mostrar que não está nem aí para o que acontece. Ele é o condutor de “Flores Partidas”, e a razão do filme ser o que é: uma comédia com um tom dramático, coisa muito rara de se ver no cinema.

Don Johnston (Bill Murray, em atuação espetacular) é um homem de meia-idade que gosta de fazer jus ao nome, comportando-se como Don Juan, o mais notório conquistador da literatura. Logo após levar o fora de sua namorada Sherry (Julie Delpy), ele recebe uma carta anônima e misteriosa de uma antiga amante, dizendo que tem um filho de 19 anos e que o menino está à procura do pai. Com a ajuda de seu amigo e vizinho metido a detetive, Winston (o excelente Jeffrey Wright), Don investiga o paradeiro do rapaz partindo em uma viagem pelos EUA à procura de suas ex-namoradas, que não são poucas. Elas são vividas por atrizes do naipe de Sharon Stone, Jessica Lange e Tilda Swinton. A cada encontro, Don é surpreendido por alguma descoberta que passa a dar um novo sentido à sua vida.

Cheio de situações cômicas e diálogos espertos, “Flores Partidas” diverte e faz a gente refletir. No final das contas, ao espectador não interessa mais saber quem é a mãe do filho de Don, mas sim apreciar cada um dos encontros tão especiais dele com as mulheres que marcaram sua vida. Vida que, no começo do filme, não tinha o menor sentido. Mas que ao final dele, pode soar bem diferente do que o personagem – e o público – esperam. Vale a pena conferir “Flores Partidas” e parar para pensar nos rumos que a gente dá a nossa própria existência.



Janaina Pereira

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