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terça-feira, novembro 01, 2005

Palmas para eles


A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo está chegando ao fim e, confesso, só me interessou mesmo assistir a um filme. Não tenho muita paciência para estas maratonas, embora concorde com elas. Gostaria muito de ver “O Encouraçado Potenkim” com orquestra no Memorial da América Latina, mas estou indisponível no dia da sua exibição. Um filme (belga!), porém, me fez driblar a gripe do final de semana: “A Criança” (L´enfant), Palma de Ouro no último Festival de Cannes. E o fato dele estar fora de perspectiva de ser exibido em circuito, me fez ter a certeza de que deveria assisti-lo. Não me arrependi.

A história gira em torno de Sonia (Débora François), uma jovem de 18 anos que acabou de dar à luz a um menino. Bruno (Jérémie Renier), o pai, com 20 anos de idade, vive de pequenos roubos cometidos por ele e seus comparsas adolescentes. Os dois vêem de maneira bem diferente o significado da chegada desta criança, sendo que os atos de Bruno em relação ao filho colocarão o casal diante de sérios dilemas sobre suas existências.

Com um roteiro seco e sem reviravoltas, os irmãos diretores Jean-Pierre e Luc Dardenne fizeram de “A Criança” um filme com enfoque social e político, sem nunca cair no panfletarismo sem conteúdo. A técnica que eles utilizam é bem peculiar: câmera na mão grande parte do tempo, sempre em busca de drama pertinente, na maioria das vezes, ao mundo operário da Bélgica; e o uso de atores profissionais e não-profissionais, selecionados geralmente por anúncios em jornais. Dramas sociais e denúncias políticas são temas constantes nos filmes dos diretores, que vão nos apresentando as situações de maneira real e sensível. Isso leva o espectador a um momento cada vez mais raro no cinema: tirar suas próprias conclusões.



Janaina Pereira
Redatora

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