<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, novembro 09, 2005

O tom do Zé – Parte II

Segue a narrativa do mestre Zé Amaral sobre sua apaixonante história com a música. Para quem perdeu o primeiro capítulo, ele está postado ontem. Boa leitura.



NÓS E A MÚSICA

No início dos anos 70 eu via as coleções de discos nas casas dos adultos. Fuçava aquilo com bastante curiosidade. LPs e compactos de artistas da década que há pouco se acabara e as novidades do momento que pintavam. Achava-se Beatles, Rolling Stones, Mammas & Papas, Holies, 5# Dimensions, Johnny Rivers, Chris Montez, Procol Harum, Simon & Garfunkel, Animals, Bee Gees, Marmalades, Elton John, B.J. Thomas, entre outros. Muitas orquestras populares também reinavam nessas discotecas: Ray Conniff, Frank Pourcell, Paul Mauriat, Burt Bacharach e afins. Entre os brasileiros era fatal encontrarmos Roberto e Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso, Martinha, Chico, Elis, Wilson Simonal, Jair Rodrigues, Jorge Ben etc. Outra coisa comum: achar bolachas de estrelas como Glenn Miller, Ray Charles, Eliseth Cardoso, Altemar Dutra, Ângela Maria, Demônios da Garoa, Carlos Galhardo, Tonico e Tinoco, Elvis ou Nat King Cole. Importante: não passem pela existência sem ouvir atentamente, deste tremendo pianista e cantor, a gravação pelo selo Columbia de ‘Stardust’ (H.Carmichael). Obrigatório. Voltando ao assunto, ao iniciar a adolescência, entre a 5ª e 8ª séries, lembro de ir até Vila Ede, casa do Mauro Tanikawa, cujo irmão mais velho tinha uns LPs de trilhas de novelas, filmes e ele gentilmente deixava a gente ouvir. Ficavam na sala, junto a um pequeno altar budista. Num desses discos tinha uma faixa com Suzy 4 que cantava rouca um rock chamado ’48 Crash’, agitadíssimo, e o grupo Nazareth, que regravou ‘Love hurts’, balada que acabaram por dar uma interpretação mais pesada que a versão original e a moçada vibrava com o solo de guitarra que aparecia no meio. Por falar em solos de guitarra, nada parecido com a emoção na gravação de Paul McCartney & Wings em 74 com ‘My Love’. Fazia tremendo furor nas horas que tocavam ‘as lentas’ e era o momento certo da noite para tirar aquele alguém especial e dançar. Óbvio, quando se reunia coragem para tanto.

Para encontrar discos a casa de Marcelo e o apartamento de dona Benê eram uma festa. Ou quase isso. O marido dela, funcionário da Editora Abril, trazia em meados dos 70 LPs da coleção ‘Gigantes do Jazz’. Apesar de achar complicado sua sonoridade, a princípio, era muito interessante inclusive por conta dos textos e das fotos que vinham juntos dando charme especial à publicação. Um dos filhos do casal, o Pedrão, descolava por vias diferentes outros vinis bonitos. Foi com ele que aprendi a ouvir Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges, Djavan, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé. Através da Cris Mastrocessário ele emprestara um álbum do Supertramp muito legal. E dona Benê fazia ainda gostosos bolos e docinhos quando a gente baixava pelo seu apartamento. Uma beleza. Pequenos Blues.... Já no caso do Marcelo, o irmão dele era fogo. Trabalhava como economista, ganhava uma grana e tinha sido um dos fundadores do ‘Cavern Club’, grêmio para fãs do ‘quarteto de Liverpool’ em Sampa. Que curriculum! Além disso, era proprietário de uma tremenda coleção das bandas dos anos 60. Coisa fina mesmo. E, boa parte, material importado. Contudo, a maior encrenca rolava se fossemos pegar algo quando ele não estava em casa. Parecia que poderia chegar a qualquer momento e nos flagrar ouvindo. Kinks; Bob Dylan; Cream; John Mayall’s Bluesbreakers; Blind Faith; Duane Allman; Jimmy Hendrix, Janis Joplin, The Doors, The Who; Crosby, Still, Nash, Young; Velvet Underground; Ten Years After; Jethro Tull; tudo de Rolling Stones, e, óbvio, dos Beatles. Juntos e separados. Loucura. Ah! Que vontade de pegar aquilo e sair correndo para o meu quarto... Sim, certo, é preciso também dar crédito ao intrépido Ricardo Okasima, dono de LPs de ‘balanço’, que eu não curtia muito - porém fazia a cabeça da Rosana, da Rosa, da Rosangela, da Érika, da Eriete entre outras flores - e de MPB, como o famoso álbum ‘Opera do Malandro’ do Chico. Era dele ainda um LP de musicas internacionais variadas que continha no repertório a faixa ‘One day at the time’, de John Lennon, interpretada pelo Elton John em grande forma naqueles momentos. Que jóia de gravação!

É comum vermos textos lembrando a ‘época de ouro’ do rádio ao tratar das décadas de 30 a 50, quando ainda não havia a presença da imagem no vídeo disputando as atenções do público. Neles destaca-se a técnica e o carisma de cantores como Vicente Celestino, Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Nélson Gonçalves, Carmen Miranda, Aracy de Almeida, as irmãs Batista, Emilinha, Isaurinha Garcia etc. Contudo, os tempos vindouros também precisam ser respeitados pela enorme qualidade existente.



(continua ...)


AMANHÃ: Zé Amaral e o rádio. Aguardem.



Janaina Pereira
Redatora

Comentários
Olá Janaina! mto legal seu blog, parabéns! Bem...eu gostaria de saber se vc naum tem um resuminho básico do Livro O Mundo de Sofia?
Se vc tiver e naum se importar, eu gostaria que me mandasse por e-mail, pois eu preciso mto disso pra levar pra faculdade.
um abraço

giovannacm@uol.com.br
 
Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?