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sexta-feira, novembro 11, 2005

O tom do Zé – Última Parte


As aventuras musicais do mestre Zé Amaral chegam ao fim. Acompanhem o desfecho dessa narrativa envolvente, com direito a lista de grandes discos que você deve ouvir.



NÓS E A MÚSICA

Eu disse que falar de música é uma coisa que me dá prazer. A orquestra é a prova da possibilidade da paz. Branco, preto, judeu, muçulmano, vascaíno e flamenguista podem, agregados pela partitura, entrar em harmonia e gerar beleza. Então, fica evidenciado que os motivos para esse meu gostar são vários, como são tantas as pessoas que me ajudaram a ser assim, potencializando minha ‘antena’ natural. E olhe que não relatei histórias do Miguel berrando “Rock’n roll music” embaixo do chuveiro como se estivesse sendo eletrocutado; do Vitório, violão em punho, tocando ‘Fio de Cabelo’; do Zé Vieira descendo as rampas da PUCSP soltando a voz com “Midnight Special”; do Mário Luiz interpretando repertório de Cartola; do João Pereira tocando gaita na volta da faculdade no banco de trás do Vila Ede; de Zé Luis e seu bongô; do Zé Nilton tocando contrabaixo na são Judas; do Alcinei misturando vinho tinto com cds de jazz; do Fernando de Marília cantando Tião Carreiro e Pardinho; de Lizete e Dide em dueto levando temas de Vinícius; Silvia Lucia interpretando uma balada da Rita Lee; Silvia Gobetti sussurrando João Gilberto; Tânia imitando Dalva de Oliveira; Márcia se emocionando com Billie Holliday; Alcina só rindo disso tudo... Tudo isso contribuiu, cada qual em seu momento certo, para este prazer pela música que trago comigo. A todos os que estão, os que não estão aqui e os que vem chegando, agradeço desde já, a participação de cada um neste grande concerto que é a vida.

Concluindo. Eleger é motivo para polêmicas e críticas. Acabamos por esquecer sempre algo ou deixamos de fora coisas importantes demais por opções. Um notório risco. Porém, como aceitei a deliciosa provocação de dizer alguns discos admiráveis, vou escrever os que neste instante me chegam à mente. Não é nenhuma receita de antologia. Entrementes, no meu entender, merecem audição carinhosa. Então, 10 discos de MPB que recomendo:

1. Grande Circo Místico, de Edu Lobo e Chico Buarque; 2. Memórias Chorando e Cantando, de Paulinho da Viola; 3. Amoroso, de João Gilberto; 4. Elis & Tom; 5. Secos & Molhados 73; 6. O Trio; 7. Roberto Carlos, 71; 8. Clube da Esquina, Milton Nascimento; 9. Demônios da Garoa interpretam Adoniran; 10. Antonio Nóbrega, Na Pancada do Ganzá. Ôps! Já foram 10 ? Vixe! Não. Cês precisam ouvir 50 anos de Chão, Luiz Gonzaga; Mistura e Manda, Paulo Moura; Arthur Moreira Lima interpreta Nazareth; Edu & Tom; Cinema Transcendental, Caetano Veloso; 100ª apresentação, João Bosco; Clementina de Jesus e convidados; Novos Baianos, Acabou Chorare; A Cor do Som, Ao Vivo em Montreux 78; Fafá Lemos & Carolina C. Meneses; Consertão, com Arthur, Paulo Moura, Heraldo do Monte e Elomar; Encontro, com Arthur, Paulo, Clara Sverner e Olívia Byington; Dança das Cabeças, Egberto Gismonti e Nana Vasconcellos. Epa! Já tem mais 13! Que riqueza é nossa música popular brasileira. E quanto talento. Não acabam nunca as possibilidades!... E de Jazz? Há cada coisa bonita. Vamos fazer então também 10 sugestões, para fechar a lista em alto nível. 10 LPs (ou Cds) de Jazz:

- Ella Fitzgerald & Louis Armstrong; Concerto do Carnegie Hall, 1938, Benny Goodman; The Okeh, Duke Ellington; Lady in Satin, Billie Holiday; Gerry Mulligan & Chet Baker Quartet; Take 6; Charlie Parker I e II, selo Imagem, com ele, Miles Davis, Fats Navarro, Bud Powell etc; Time Out, Dave Brubeck Quartet (com Paul Desmond); Quintet Hot Clube of France, com Django Reinhardt e Stephane Grapelli; The Joint is Jumpin, Fats Waller; Atlantic Years, Ray Charles; Jazz, Tony Bennet; King of Delta Blues, Robert Johnson… e já estourei meu limite de novo! Parei porque ia citar em seqüência o disco da Carly Simon, Torch, onde ela canta alguns standards, mas entendo que não seja jazzístico, porém é muito bonito e tem, entre outras coisas, o sax de Phil Woods. Ok. Então, aproveitando, uma lista curta de música internacional, para encerrar de vez. Além da já citada sugiro:

- Abbey Road, dos Beatles; Janis Joplin, com Summertime; Secret Life of Plants, com Stevie Wonder; Simon & Garfunkel, Ao vivo no Central Park; Elton John, com Your Song; Elvis, Sun Sessions; Led Zeppelin, vol.1; A Night at the Opera, Queen; Paco de Lucia; Buena Vista Social Club; Madredeus. Chega, chega, chega. Vamos dar um tempo para apreciar isto que já lembrei aqui. Afinal, em se tratando de som, melhor que falar sobre é poder ouvir. Saio deste teclado e vou agora mesmo me encontrar com alguns desses temas e cidadãos que me vieram à lembrança. Para matar as saudades. Isso sem ter entrado no âmbito do erudito, hein? Legal, fica para uma outra. Só uma coisa: cês já ouviram as Bachianas de Villa Lobos? Abraços! Inté.

S. Paulo, primavera, outubro de 05. José de Almeida Amaral Júnior.

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