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sexta-feira, novembro 04, 2005

Eu nunca faço média


(para ler ouvindo “É” com Gonzaguinha.)


Eu queria dizer tudo que penso mas não dá. Quem sabe, de repente, eu posso escrever sobre isso. Às vezes sinto-me enganada. Estou ali, sentada em minha cadeirinha, lutando para ter mais conhecimento. Quero saber mais, sempre. Quero que me digam além do que estou ouvindo. Mas a maioria não quer ouvir e os mestres, muitas vezes, acabam se cansando de falar.

Ao voltar à sala de aula, coloquei os estudos como prioridade em minha vida. Sou publicitária, mas rasguei minha carteirinha faz tempo. Fui obrigada, durante anos, a escutar de todo mundo que meu texto era jornalístico, e não publicitário. Meu portfólio, com aqueles ‘fantasmas’ que todo mundo sonha fazer, está lá, num canto da sala, esperando o dia em que eu tiver que ‘rodar a pastinha’, a primeira forma de prostituição explícita que a propaganda nos faz passar.

Nunca achei que ser jornalista ia fazer de mim uma pessoa melhor. Meu blog só é legal porque não tenho um editor em cima de mim dizendo o que posso ou não escrever. Eu nem sou tão ácida com as palavras, talvez um pouco venenosa ... e meu maior defeito – para muitos – é questionar tudo. Sempre.

Eu questiono a nota quando acho que merecia mais, e um 9,5 é totalmente diferente de um 10, sim. Eu não acho que a prova vai provar se sou boa ou não, e muitas vezes não posso me dedicar aos trabalhos como gostaria. Mas eu me esforço para mostrar, todos os dias quando entro na sala de aula, que eu sou diferente da maioria que está ali.

Não estou na faculdade para fazer amigos. Nem para competir. Muito menos para encher o saco dos outros, ou desrespeitar as pessoas. E também não acho que, porque estou pagando, eu tenho o direito de fazer o que bem entender. Estudar, para mim, não é uma mercadoria. Não serve o 'paguei, levei'. Conhecimento não pode ser vendido dessa forma. Isso é falta de respeito com quem quer aprender e com aqueles que estão ali para ensinar. E na minha casa me ensinaram a ter educação, fizeram com que eu acreditasse que estudar valia a pena, e o respeito e a busca pelo conhecimento sempre foram as bases da minha vida, sempre tiveram igual importância.

Mas me sinto violentada quando não posso ouvir o que um professor fala porque os gritos histéricos de alguns alunos não deixam; quando o desfile de moda e aquele entra e sai da sala atrapalha; quando a correria para falar ao celular prejudica e a necessidade irracional de estar ali somente para responder a chamada é parte mais comentada da aula. Isso me enche.

Aos mestres, a quem eu tenho a mais sincera devoção, deixo meu consolo e meu alento, pois nem sempre consigo acompanhar os raciocínios. Questiono métodos, tento me encaixar ao esquema, mas acima de tudo eu procuro mostrar que estou além do 9, ou do 9,5, ou do 10 que tirei na prova. Aliás, eu sou péssima aluna de Língua Portuguesa. Escrevo muito, tenho vícios, e a essa altura do campeonato nem a Nanci consegue me consertar. Ah, e ser péssimo aluno para mim é tirar um 7, um 8. mas não acho que quem tira esta nota é ruim, eu é que acho que isto é o mínimo que posso mostrar sobre o que sei.porque eu sei mesmo, não colo, não disfarço, não engano, afinal, já não tenho idade para isso. eu não sei tudo, e quando não sei nada eu procuro argumentar. Porque eu sou exigente mesmo, porque eu gosto de provas inteligentes, gosto de pensar, de ter conhecimento dos assuntos, de refletir, de expor minhas idéias. Eu gosto de estudar. Será que isto é um crime ?

A vida tem me ensinado – e eu tenho só 31 anos – que nunca se deve desistir, e que na hora que o barco estiver afundando, é quando a maré vai virar. Então vou seguir enquanto der, tendo a certeza de que alguns mestres acreditam que posso, alguns companheiros de escriba até acham incentivo nas minhas linhas, e que eu tenho este dom natural de passar emoção através das palavras.

Agora, por exemplo, eu estou chorando. Porque não quero acreditar que meu sonho vai ser em vão. E é por isso, e só por isso, que minha maior arma continua sendo as minhas palavras. Doces ou cruéis, elas ainda são o que há de melhor em mim.



Janaina Pereira
Redatora

Comentários
Concordo com vc - em parte. Nesses dois anos de faculdade, descobri que alguns "mestre" estão sentados nas carteiras enqto q alguns "alunos" estão tentando te explicar algo que não conseguiram entender em 4 anos + uma "simples" pós-graduação. Outra descoberta tb foi que eu fui para faculdade fazer amigos, fazer contatos, conhecer pessoas que me acrescentem e não me subtraiam ou desperdicem meu precioso tempo. Mas o melhor de tudo é que descobri que a vida é uma Aula Constante, que não cessa. Nunca.
Um beijo pra vc
 
Também concordo em partes.
embora esse seu texto tenha sido como um tapa na cara para mim, não ando muito satisfeito com o desempenho de todos nossos "mestres" não...
inclusive falei sobre isso, sobre um mestre em especial, esses dias no meu blog.
dia 26 de outubro, quarta feira, se tiver curiosidade passa lá...
não acho que sentar na cadeira e ouvir o professor seja suficiente, isso não basta para nossa formação.
Inclusive, agora q eu me empolguei, eu acho que o professor de Psicologia, poderia ler o site comunique-se.
Rolam muitas discussões interessantes sobre jornalismo e comunicação lá.
agora fui
bjo tchau
 
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