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sexta-feira, outubro 28, 2005

O silêncio vai preceder um esporro


Hoje, quando amanheceu, nem percebi que já era dia. Estou sonolenta e melancólica. Sinto saudades.

Olho para o dia de ontem e tudo parece em vão. Não tenho esperanças; suponho que o mundo emudece na gargalhada insana daqueles que sabem como fazer o mal. O mal é uma fonte de inspiração para todos que acreditam serem melhores do que são. Ele corrói tanto que parece que, em alguns casos, faz parte naturalmente de um ser. Ele está em cada esquina, espiando a gente para dar o bote.

Minha garganta fechou completamente. Claro ... não falo o que penso, não extravazo o que sinto. Até as lágrimas secaram. Chorar já não adianta, me calei diante dos fatos. Tenho um perfil que é classificado como rebeldia. Não nego. Sou contestadora, reclamona, chata. Não sou perfeita e nem exijo isso de ninguém, mas eu luto pelos meus direitos. Eu não vou morrer calada. Que se exploda o mundo corporativo, o capitalismo selvagem, as pessoas acomodadas. Eu ainda acho que vale a pena lutar.

Eu vou morrer em pé, com as armas e os escudos de São Jorge em minhas mãos; eu sou apocalíptica, sou aquela que dá a cara para bater. Eu quero cuidados, mas também quero respeito. Do alto da minha plataforma vermelha, vejo o mundo mais disperso, menos esperto. Sou boba, sou irritante, sou voraz e inquieta. Eu não deixo que pisem em mim sem meu consentimento. Eu bato para valer, até sangrar, até que eu veja que a dor é tanta que o indivíduo suplicou pela sua vida ... pediu clemência ... mas nem sempre perdôo. Muitas vezes eu deixo morrer.

Mataram minha esperança de dias felizes, mataram minha fé de dias melhores. Matam-me aos poucos. Minha alegria é triste, minha garganta não consegue se curar porque não sei como expressar minha angústia, minha revolta, minha indignação.

Nem sempre dá para ser forte e hoje eu quero ser frágil. Quero chorar até o dia acabar e eu perceber que morri. Amanhã eu vou nascer de novo, porque sempre volto das cinzas.

Sinto-me só.

Sinto-me triste.

Sinto-me perdida no meio da multidão que nem sabe para onde vai.

Hoje o dia parece estranho, sem gosto de vinho, sem beijo na boca. Hoje o dia não amanheceu para mim. Eu não acordei. Eu não estou aqui. Eu esqueci minha alma em casa. E meu corpo procura um lugar para descansar e deixar que esta inveja que se apossou dele seja levada para o mar, com as águas claras de Iemanjá.

Hoje eu sou forte como as pedras do Arpoador.
Hoje eu sou fraca como o vento que não ameniza o calor.
Hoje eu nada sou.
Amanhã tudo melhora.

Que São Judas Tadeu me ajude a vencer as causas impossíveis, invisíveis e inviáveis.


Janaina Pereira
Redatora

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Axé!
 
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