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quarta-feira, outubro 26, 2005

Cariocas


Quando meu amigo David me chamou para assistir ao show da Fernanda Abreu no último domingo, no Sesc Vila Mariana, não titubeei. Apesar de não ser fã dela, por achá-la o esteriótipo do carioca marrento, gosto de algumas de suas músicas. Além disso, 9 entre 10 pessoas que me conhecem em SP, quando ouvem ou vêem a Fernanda Abreu, lembram de mim. Segundo uma amiga minha, eu sou cada trecho da letra de “Garota Sangue Bom”. E, para matar as saudades do Rio, show com sotaque já está valendo.

Para minha surpresa, Fernanda apresentou um variado repertório de samba em seu eletroacústico, que reunia instrumentos de percussão e guitarras. Desde a ótima “Aquarela Brasileira” ao grand finale “É hoje”, a cantora tocou tamborim, acompanhada por músicos com repique, pandeiro, cuíca e uma batida fortíssima. Os samplers, outra marca registrada dela, deram força em algumas músicas como “Baile da pesada”, um funk cuja batida é contagiante. Aliás, Fernanda curte um funk e não nega: este som esteve presente em boa parte do show.

Simpática e carioquíssima, Fernanda Abreu cantou para os exilados, os perdidos na terra da Garoa e os paulistanos que não têm preconceito com o sotaque mais charmoso do Brasil. E entoou em forma de oração a maravilhosa “Jorge de Capadócia”, sob luz vermelha e com total devoção à letra inspirada na oração do Santo Guerreiro. Outro grande momento foi “Jack Soul Brasileiro”, homenagem de Lenine a Jackson do Pandeiro, que a cantora gravou originalmente em 1995. Os maiores sucessos da carioca também apareceram pelo palco da Vila Mariana, como “Rio 40 graus” (que foi boicotada no Rio na época de seu lançamento e só virou febre nas rádios graças aos paulistanos que adoravam a música), “Veneno da Lata” (a música que inspirou o nome deste blog) e a belíssima “Um amor, um lugar”, que Herbert Vianna compôs especialmente para Fernanda.

Com seu repertório cheio de músicas que falam do Rio, muito suingue e estilo cativante, Fernanda Abreu presenteou o público com o típico calor humano carioca numa chuvosa noite paulistana. Para mim, foi uma benção ouvir meu sotaque com todos os ‘esses’, ‘erres’ e ‘maneiros’ que ele tem. E para vocês, deixo a letra da música que explica porque uma carioca sempre se sobressai na multidão.




Garota Sangue Bom
(Fernanda Abreu)


Junto com a boca
Vem a coxa debochando
No compasso do escândalo dançante
Meio samba meio funk
Vem dançando no açúcar
Da presença feminina carioca
Suburbana, carioca Zona Sul
Corpo que é alma
Assim sublime irresistível inspiração
De cidade maravilha cortesa
Sintetizada pelas ondas
De um corpo feminino que é
Prestígio de calibre sensual
Olha o jeitinho dela falar
Olha o jeitinho dela dançar
Olha o jeitinho dela olhar
Olha o jeitinho dela andar
Olha o jeitinho dela paquerar
Olha o jeitinho dela go-go-go
Garota carioca
Suingue sangue bom
Garota carioca
Suingue sangue bom
Dá gosto de ver a inteligência
Movendo um corpinho como esse
Luz gostosa de boate
Fervilhante pagodinho churrascante
Na noturna suburbana
Tem garota sangue bom
No charme do suingue
Do desejo inevitável
Que é o convite irrecusável
Que o açúcar da presença
Feminina carioca
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo sol
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo mar
Garota carioca
Suingue sangue bom
Garota carioca
Suingue sangue bom



P.S.: Este show foi uma dica do Leo em www.balcaodapadaria.blogspot.com


Janaina Pereira
Redatora

Comentários
Adoro as músicas da Fernandinha (para os íntimos..rs).
Obrigado pela companhia mais do que 'maneira'.
Bjos
 
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