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quinta-feira, julho 07, 2005

O mundo de Spielberg


Steven Spielberg sempre foi o meu diretor preferido. Gosto do seu estilo lúdico e feroz, que sabe mostrar o cinema como ele é: pura diversão. No entanto, a partir de “O resgate do soldado Ryan” (1997) eu comecei a questionar algumas coisas nele. Apesar de ser capaz de conduzir a câmera com espetacular habilidade – o desembarque na Normandia de “Soldado Ryan” é uma das melhores cenas da história do cinema – seus filmes passaram a ter, desde então, finais politicamente corretos. Foi assim com “Inteligência Artificial” e “Minority Report” (este, um argumento excelente que teria um final mais digno se tivesse dez minutos a menos). Então, quando fui assistir “Guerra dos Mundos” (War of the Worlds), já sabia o que me aguardava. Por isso nem criei grandes expectativas para não me decepcionar – mas ainda assim sai do cinema com a sensação de que tudo poderia ser bem melhor.

Ray Ferrier (Tom Cruise, em boa atuação) trabalha nas docas, é divorciado e não exerce nada bem a sua função de pai. Assim que a sua ex-mulher e o novo marido dela deixam seu filho adolescente Robbie (Justin Chatwin) e a pequena Rachel (a garota-prodígio Dakota Fanning) numa rara visita de fim de semana, inicia-se uma estranha e forte tempestade. De repente, um dia comum abriga o evento mais extraordinário de suas vidas: o primeiro golpe de um catastrófico ataque alienígena contra a Terra. Ray empenha-se em afastar seus filhos desse novo e impiedoso inimigo, embarcando numa angustiante jornada que os levará para o interior de um país assolado, onde eles se vêem envolvidos por uma desesperada multidão que foge de um exército extraterrestre.

Baseado no livro do inglês H.G. Wells, um clássico da ficção-científica escrito em 1898, esta história causou alvoroço em 1938 quando uma apresentação na rádio CBS, feita pelo então novato Orson Welles (que anos depois escreveria seu nome na história do cinema com “Cidadão Kane”), foi confundida com um fato real e levou milhares de nova-iorquinos ao pânico. Já no filme de Spielberg, o roteiro do estreante Josh Friedman e do experiente David Koepp (roteirista também de Homem-Aranha (2002), O Quarto do Pânico (2002), Missão Impossível (1996), Parque dos Dinossauros (1993) e outros) mantém o ritmo alucinado, deixa alguns ‘buracos’ mas se perde mesmo no fim. Ainda que o filme mantenha o desfecho da versão de Byron Haskin (1953), você tem a nítida impressão de que tudo poderia ser diferente. Poderia ... mas não é. É Spielberg. Bom moço como ele só ...

Recheado de boas cenas – especialmente as que mostram a enlouquecida reação dos humanos diante do ataque alienígena – e cheio de simbolismo – como as referências aos terroristas e alusões ao 11 de setembro – “Guerra dos Mundos “ tinha tudo para ser um grande filme, mas o final patético compromete tudo. E olha que quem está escrevendo isso é uma fã incondicional de Spielberg. De qualquer modo, é bem melhor do que “Independence Day” e outros do gênero. Só não é a melhor coisa que Steven Spielberg já fez.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

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