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domingo, maio 01, 2005

A verdadeira verdade


Assisti ao filme “A Intérprete”, de Sidney Pollack (“A Firma”), uma interessante história de suspense e espionagem e um bom entretenimento para uma noite fria e chuvosa. Longe de ser imperdível, mas bastante competente em suas pretensões, a grande atração do filme - além da dupla de protagonistas Nicole Kidman e Sean Penn - é que ele é o primeiro na História do cinema a ser rodado dentro da sede da ONU (Organização das Nações Unidas). E isto, sem dúvida, é um grande feito. Para filmar “A Intérprete”, o diretor Sidney Pollack e sua equipe trabalharam somente durante finais de semana e após o expediente, durante cinco meses.

Graças ao mundo globalizado, a barreira da língua e da cultura faz com que os relacionamentos entre as nações, e os interpessoais também, se tornem cada vez mais complicados e perigosos. A linha que separa a guerra e a paz está cada vez mais tênue e é exatamente isso que organizações como a ONU oferecem: um território neutro, onde o trabalho dos intérpretes é de extrema importância. É esse o fio da meada de “A Intérprete”, no melhor estilo thriller de espionagem. O roteiro de Scott Frank, Charles Randolph e Steven Zaillian é inteligente e bem amarrado e nos leva para dentro da sede da ONU com bastante eficiência. A intérprete do título do filme é Silvia Broome (Nicole, absurdamente linda e loira), uma mulher aparentemente discreta e diplomática. Ela ouve por acaso uma conversa suspeita - um possível assassinato do ditador de um fictício país africano - dentro da protegida sala de convenções. Assustada, conta aos seus superiores o que escutou e o assunto vai parar no FBI. O agente Tobin Keller (Penn, o envocado mais charmoso da telona) é designado para investigá-la e acaba descobrindo o envolvimento da intérprete em assuntos políticos, que também estão relacionados ao que a moça ouviu. De vítima Silvia passa a ser suspeita, sempre tendo em seu encalço Keller e sua companheira Dot Woods (Catherine Kreener).

Com algumas boas reviravoltas e uma trama que vai crescendo em tensão e suspense, o filme passeia pelos imensos corredores da ONU com vigorosa desenvoltura, graças à câmera segura e sóbria de Pollack. A química da dupla protagonista também sobressai: tanto Sean Penn quanto Nicole Kidman dão o tom certo a seus personagens, que passam por conturbados momentos pessoais no meio da grande confusão em que estão envolvidos. E apesar do clima que fica sempre no ar – e é impossível não negar que a gente entra no cinema esperando que a Nicole beije o Sean, e vice-versa – nem o diretor, nem os atores, erraram a mão na hora de dar sentimentos às cenas mais pessoais.

O filme pisa em terreno muito delicado - a forma que os outros países interferem no governo de ditadores -, mas em momento algum cai na baboseira norte-americana de justificar qualquer intervenção militar, como vemos atualmente na vida real. Mais do que explorar os desentendimentos diplomáticos que acontecem entre os países, “A Intérprete” trata da redenção e da busca pela justiça. E como diz muito bem o título que acompanha o cartaz do filme, a verdade não precisa de tradução.



Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

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