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quinta-feira, março 24, 2005

Puta que pariu !


(para ler ouvindo “Minha alma”, do Rappa.)


Minha passagem pelo Rio foi aquilo de sempre: rápida, rasteira, tumultuada, problemática, insuportavelmente melancólica. Ainda bem que consegui focar em alguns pontos que precisava resolver e me sai bem. Mas todo o resto foi lamentável.

Lembrei do comentário de um carioca, que precisou romper com todos os laços com o Rio para viver em São Paulo. Eu disse a ele, semana passada, que nunca terei coragem de fazer isso. Mas quando eu me vi no meio de toda a confusão e problemas de sempre, percebi que uma hora eu vou ter que fazer isso. Se eu não posso mandar à merda, eu desapareço simplesmente. Estou cansada de todo mundo dizendo o que acha, o que pensa, como devo fazer, a maneira como tenho que me comportar. Eu não agüento mais as pessoas tentando controlar o que não há controle: a minha vida.

Acho que é difícil enxergar os fatos: eu sou maior de idade, eu trabalho, eu me sustento, eu sou dona do meu nariz arrebitado, eu pago minhas contas, eu não devo satisfações do que faço, ou deixo de fazer, a ninguém. Mas as pessoas, infelizes em seus mundos mesquinhos, que abriram mão de seus sonhos baratos por causa de maridos, filhos, famílias, sei lá o que, se acham no direito de me encher o saco. E quase conseguem.

Cariocas marrentos me irritam, homens galinhas me dão nojo, pessoas controladoras me fazem mal, gente passiva me dá alergias, gente nociva me causa vômitos. Tenho horror quando alguém diz que não sabe o que vai fazer porque não depende dela a solução de alguma questão. Tudo bem, querer não é poder, mas vale a pena tentar, não ? Mas as pessoas continuam olhando a vida passar. Que olhem. Eu vou quebrar a cara, a costela, a coluna, a espinha, vou me arrebentar, vou morrer assim: tentando, lutando, sofrendo, chorando e quando der, chamando um ou outro de filho da puta. Porque é isso que um bando de gente é: uma cambada de filhos da puta ordinários que só sabem olhar o rabo dos outros, que não enxergam seu defeitos.

Porra.

Cansei dessa falsa alegria, desse esteriótipo que querem que eu assuma. Eu não sou a mocinha da história, nunca fui e jamais serei. Posso usar rosa, mas jamais serei a menina que esperou sentada o príncipe, o palácio e a riqueza. Eu vou ser sempre a vilã, a rebelde, a chata, a que omite, a que desmente, a que faz o maior barraco, que grita, xinga e esperneia. Quem não gostar, foda-se. Eu prefiro ser assim do que ficar me moldando ao que acham bacana. Estou longe de ser uma pessoa fofa. E para mim é tudo muito simples: quando eu disse que viria para São Paulo, eu só dei um único aviso. E vim. Então nem queiram saber o que mais eu pretendo fazer. Porque eu faço. Porque eu vou. Pro raio que me parta, para onde Judas perdeu as botas, pro Diabo que me carregue. Posso ir até a puta que pariu porque eu vou sozinha mesmo. E quando eu voltar eu serei ainda pior e mais venenosa para alguns. Ou melhor e mais ácida para outros. Escolha o lado que você quer ficar; você pode me amar ou me odiar, não interessa. O que importa mesmo é que eu nunca vou deixar de gritar pelos meus direitos e quando eu achar que não vale a pena, basta me calar. E ai o mundo inteiro começa a perceber que meu silêncio é ainda mais poderoso do que estas palavras estúpidas e sangrentas.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

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