<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Destruindo o código do Leonardo



Se você ainda não leu “O código da Vinci”, não leia este texto. Se está lendo, também não. Se não vai ler, ou se leu e gostou (ou nem tanto), siga adiante. Eu li e vou dar minha opinião ácida sobre o livro. Quer dizer, livro não. Aquilo ali é um roteirão cheio de clichês muito bem administrados pelo Dan Brown. Se você já leu um livro que se baseia num roteiro cinematográfico, sabe bem do que eu estou falando. “O código da Vinci” não é um livro ruim, mas também não justifica tanto estardalhaço. Certamente será um grande filme, pois o livro nada mais é que um roteiro caprichado repleto de aventuras mas sem grandes surpresas.

Ok, eu fui influenciada pelo Guto a ler o livro. Ele convenceu mais gente que o livro era bom. E como o Daniel, esse moço que entende das artes, também leu e gostou muito, eu fui na onda. Não que eu tenha me arrependido mas também não é para tanto.

O personagem principal, Robert Langdon, que no cinema será vivido pelo Tom Hanks, é uma cópia do Indiana Jones – com direito a comparação literal ao Harrison Ford. Se Indiana tinha medo de cobras, Langdon tem medo de elevador. Ambos são professores. Langdon não é tão intrépido, mas o estilo “Indiana Jones de ser” está todinho lá. Isso sem falar que o fio da meada da história – a busca pelo Graal – já foi tema de filme do Indiana (embora aqui o Graal seja uma outra realidade) A mocinha da história, Sophie Neveu, tem todos os clichês das mocinhas de filme de aventura. Destemida mas doce, forte porém um pouquinho teimosa. Nunca perde seu jeito clean de ser, e seus cabelos continuam perfumados, faça sol em Paris, ou chova em Londres. O maior dos clichês, no entanto, está no desfecho da história. Você é induzido o tempo todo a acreditar que o policial Bezu Fache é o culpado. Mas quem entende um pouquinho de cinema (e vale a pena lembrar que “O código da Vinci” é um roteiro, antes de tudo) sabe que os amigos do mocinho são sempre os culpados – ou então, se forem fiéis, morrem no fim. Como a cena que descreve a suposta morte de Sir Leigh Teabing era muito vazia, dava para se concluir que ele tinha culpa no cartório. Ou mais precisamente no Louvre.

Eu não vou ser tão chata a ponto de destruir completamente o livro. Tem coisas legais em algumas das mais de quatrocentas páginas dele. O relato sobre o que é o Santa Graal é muito interessante assim como toda a discussão religiosa do livro. A pesquisa para que aquilo tudo fizesse sentido é realmente fascinante. E eu não acho nada impossível o que é dito ali. Afinal, o homem de Nazaré, aquele que veio para ensinar uma história de amor, e não de dor – como a Igreja gosta de reforçar sempre – podia perfeitamente ter vivido um lindo romance com Maria Madalena. O sagrado feminino, a deusa, toda a ascensão e queda da força da mulher através dos tempos, tudo isso faz sentido e é, sem dúvida, a parte mais legal do livro. Tomara que no filme este seja o ápice da história, embora eu ache que vai ser uma correria só pelas ruas de Paris e Londres, pois é isso que faz uma boa – e gorda – bilheteria.

As relações históricas da vida de Cristo com os diversos símbolos do mundo das artes e da música também é muito curioso. E no final das contas, quando Langdon se ajoelha no Louvre reverenciando o cálice sagrado de Cristo – a simbologia do cálice é muito interessante – , ele está silenciando sobre (e sob) uma verdade religiosa. Como Indiana Jones fez ao achar a Arca Perdida e o próprio Graal (lembrando novamente que o Graal de Indiana é diferente do de Langdon).

“O código da Vinci” é um bom passatempo para noites de chuva, tardes sem TV a cabo e a monotonia nossa de cada dia. Eu sei que sou bastante rigorosa quando analiso se um livro é bom ou não, mas eu sou redatora, faz parte da minha vida interpretar o que leio. Nem por isso deixei de me divertir ao ler. E olha que fui bem rápida na leitura: em quinze dias, peguei no livro umas cinco ou seis vezes e devorei seus 105 capítulos. E nem li o final antes (é, eu costumo ler o final dos livros primeiro). Mas acertei todo o seu desfecho.

Só para concluir, descobri que a simbologia é bem divertida. E a criptografia então, nem se fala.



Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora



Comentários Postar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?