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terça-feira, outubro 19, 2004

Espírito de porco



Se existem dois assuntos que nunca devem ser discutidos, eles são política e religião. Cada um tem a sua e não precisa polemizar. Mas, já que tocaram no tema, vamos esclarecer os fatos: eu sou e sempre fui uma pessoa espiritualista. Acredito na alma, e não no corpo. Uma pessoa que é espiritualista não precisa, necessariamente, frequentar um centro espírita. Pode-se encontrar paz de espírito numa igreja, por exemplo. Acredito em Deus, mas não no Deus da maioria, que é tipo Papai Noel e castiga a gente a cada passo aparentemente errado.

O fato de ser espiritualista não faz de mim melhor nem pior do que ninguém. Sinto necessidade de encontrar apoio fora da vida material, e é justamente porque preciso evoluir. Quero aprender, mudar, crescer, amadurecer. Lógico que existem mil maneiras de se fazer isso, e eu escolhi a minha. E ninguém deve julgar se estou certa ou não. Ninguém tem o direito de achar qualquer coisa a meu respeito.

Sim, é um recado direto. Bem direto no estômago. O que mais machuca é ver que os assuntos são distorcidos e as pessoas falam coisas sem sentido e sem saber. A filosofia que sigo não tem rótulo, e ainda que tivesse, não dou direito a ninguém de me rotular. E se sou verdadeira ou de araque, também é um problema todinho meu. Até onde sei, pago minhas contas e sou dona do meu nariz arrebitado. Até onde me consta, a única pessoa nesse mundo que devo satisfações – ainda que ocasionalmente – é a minha mãe. E ela está bem distante daqui.

O problema do ser humano é que ele não toma conta de sua vida, não olha seus problemas, não reflete sobre si mesmo e não enxerga o próprio rabo. Se cada um procurasse amadurecer e vigiar suas atitudes, metade das infâmias do mundo não aconteceriam. Mas tudo é como tem que ser. E as pessoas são perfeitas até mesmo nas suas infantilidades.

Eu não sou a melhor pessoa do Universo. E nem a pior. Jesus Cristo não agradou a todos. Hitler foi amado por muitos. Se não fosse Judas, a história de Jesus não faria sentido. O carrasco é necessário para que o herói possa existir. O tombo é preciso para que a vitória tenha valor. Ficar desnorteado faz parte, para que assim a fé remova as montanhas. Ainda bem que eu, diante das minhas fraquezas e dos meus erros, procuro um caminho de bem para seguir. Que bom que apesar de toda minha pobreza de espírito eu sei olhar para trás e ver que aprendi. Porque o fato de ser espiritualista não faz de mim um ser humano melhor. Mas faz de mim alguém disposta a admitir erros e evoluir com eles. Ao contrário de uns e outros que insistem em fazer papel de vítima diante da própria insanidade.

Ah, e antes que eu esqueça … eu adoro a história de vida da Madre Tereza de Calcutá mas não tenho vocação para ser ela. E nem pretendo ser como ela. Eu sou perfeitamente humana: emocional, passional, arrebatadora. Então não pisem no meu rabo porque se precisar, o leão morde.



Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

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