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quinta-feira, maio 06, 2004

Minha fama de má


(Para ler ouvindo Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones.)


Ah, tolinhos são aqueles que dizem: “mas você é muito boazinha.” Boazinha, eu !!?? Bem, se existe alguém no mundo – e pior que existe – que me acha boazinha, engana-se redondamente. Eu não nasci para ser heroína de novela das oito. Nem estrela de filme romântico. Jamais seria a mocinha de uma peça de teatro melodramática. Nunca.

Bom mesmo é ser vilã. É ser um tipo maquiavélico, cruel, mordaz. É por isso que não sou engraçada. Sou irônica. A ironia é muito mais divertida. Todos os vilões da história ganharam em charme de qualquer mocinha ou herói. A Laura é muito mais legal do que a Maria Clara Diniz. Vejamos: qual o sobrenome da Laura ? Ninguém sabe ! E o de Maria Clara ? Ora, Dinizzzz, argh, todo mundo está careca de saber. Pessoas que tem sobrenome não são legais. A Laura é comum, maligna, perversa, gente ruim mesmo. Já Maria Clara é chata, sonsa, chorona, perfeitinha, com aquele cabelinho estilo Sandy que não sai do lugar. E quem é mais legal: o Fernando ou o Renato Mendes ? Bem, Fernando não tem sobrenome, mas não precisa: ele é um bobo alegre, com cara de quem acabou de comer um pastel da dona Jura (que faz uns freelas no Andaraí, certamente) e acha isso mais legal do que qualquer jantar chique em Paris (sei...). Já Renato, que apesar de algumas pessoas forçarem a barra chamando o cara pelo sobrenome também – só pra queimar o filme dele - , tem todas as características de um “bom vilão”: é sarcástico, metido, altivo, feroz, hipócrita, ardiloso. Perfeitamente cruel.

Os melhores heróis não são cheios daquele verniz da perfeição que tanto irrita. Luke Skywalker nunca teve 1% do carisma do interesseiro, irônico e imperfeito Han Solo. E o maior herói de todos os tempos, Indiana Jones, vivia sujo, maltrapilho, cheio de veneno na língua e destilando ironia e atitude. Até James Bond, hábil e conquistador, desfilava um humor cruel. Nenhum deles era vilão, mais fugia do estereótipo de heróis perfeitinhos.

Portanto, longe de mim ser heroína, mocinha romântica ou a garotinha boazinha que existe para alguns olhares desatentos. Minha língua é afiada e minhas garras também. Afinal, sou leonina. E nunca, nunca mesmo, fui um leão manso.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

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