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segunda-feira, janeiro 26, 2004

O peso da vida


Eu demorei um pouco para escrever sobre isso, mas não posso deixar de falar. O melhor filme que assisti nos últimos tempos foi “21 gramas” , do mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu, com os ótimos Sean Penn e Benicio del Toro. Quem ainda não viu tem que ver agora. Mas eu disse “agora” mesmo, larga tudo aí e vá ao cinema ver.

“21 gramas” é a brilhante metáfora sobre o peso da vida e o que a gente leva dela – ou o que a gente ganha com ela, dependendo do ponto de vista. Embora a maioria das pessoas que viram o filme digam que ele é pesado, eu achei denso, tenso, profundo e angustiante, mas com aquela redenção que me faz crer que alguém sempre vai aprender com as grandes tragédias da vida.

Eu participei do filme ativamente – junto com a Luisa, assistindo da primeira fila do novo cinema Bristol, eu vi a derme, a epiderme e tudo mais do rosto do Sean Penn (melhor sorte tiveram a Ju e o Luciano, que ficaram longe da telona). Foi meio sufocante acompanhar tão de perto a história, mas depois de quinze minutos de dor de cabeça, eu me acostumei.

O que não dá para acostumar é com o mundo caindo a nossos pés. E “21 gramas” fala disso. Fala das dores das perdas, das redescobertas, da vida, da morte, da ressureição. Fala da reviravolta a que estamos submetidos a cada segundo que estamos vivos. Fala de como podemos influenciar vidas alheias e de como pessoas aparentemente sem nada em comum tem seus caminhos entrelaçados. Fala que dor e amor não rimam por acaso. Fala de paixão, compaixão, sentimento de culpa, vulnerabilidade. “21 gramas”, dizem por aí, é o peso que perdemos ao morrer. Isso mesmo: quando a gente morrer, todos nós perderemos vinte e um gramas do nosso corpo. Seria a nossa alma ? O que são estes vinte e um gramas afinal ? Esta explicação tão singela e aparentemente sobrenatural é perfeitamente possível. Vinte e um gramas é o que sai do corpo morto e a única coisa que sai dele é a alma. O que é pesado, vejam só, é nossa consciência. A alma é leve, sarada, um beija-flor.

Nesta vida o que importa mesmo é a gente encarar tudo de peito aberto. Saber que o momento é agora e amanhã pode não ter mais. Mas se o amanhã existir, pense bem na bobagem que você cometeu hoje. Então viva cada segundo sem medo, mas seja responsável pelos seus atos. E no final da história, só vai ficar aqui o resultado das suas ações. E você vai levar da vida apenas lembranças. Que elas sejam leves … como nossas almas.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora




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