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segunda-feira, outubro 20, 2003

A pedra no meio do caminho


Apesar da minha aparência frágil, do corpo magro e da alimentação nada nutritiva, eu sempre fui uma pessoa saudável. Nunca tive maiores problemas de saúde, jamais fiz uma cirurgia, não sei nem o que é ter dor de dente e fazer tratamento de canal. Meu siso não nasceu e só engessei o braço quando criança porcausa de uma luxação. As maiores doenças da minha vida foram uma caxumba aos 5 anos de idade, a catapora aos 17 e duas pneumonias – uma aos 6, outra aos 20 anos. Esta última foi muito traumática e gerou uma série de mudanças no meu comportamento.

Fora a rinite alérgica que me acompanha desde os 24 anos, o resto é um resfriado aqui, uma dor de garganta acolá. Nada sério. Eis que a dor que me corroeu por dias – e já relatada aqui – eram pedras no meio do meu caminho. Sim, no meio do caminho tinham algumas pedras.

Corpos estranhos habitaram meu corpo mas eles não fazem parte de mim. Metidos, esses seres esquisitos fizeram de tudo para aparecer. Pularam, sacolejaram, passearam dentro de mim como se me pertencessem. Tudo isso para chamar a atenção. E conseguiram. Por conta deles, fiquei com dor, chorei, sofri, mal conseguia andar. Desejei a morte, porque morrer faria com que aquela dor infernal desaparecesse. Esses instrusos, essas pedras que apareceram no meio do caminho, bem no meio do meu corpo cansado, precisaram entender que eu não queria nada dentro de mim. A não ser meus órgãos saudáveis e meu sangue que corre quente pelas veias.

Cada pedrinha tinha seu nome e sobrenome, teve um porquê de estar ali, instalada nos meus rins. Elas foram parar no local errado, indevido e se acharam donas da situação. Um segundo de tensão, um minuto de angústia, uma hora de tristeza, um dia de stress, uma semana de ansiedade, um mês de aborrecimentos e pronto ! Várias pedrinhas habitando meu corpo, meus rins, minha vida !

Segui meu caminho, até trabalhei, e sentia a cada segundo aquela dor insuportável. Mesmo assim resisti e puxa vida ! Eu sou mesmo brava, forte e resistente. Por mais que doesse, eu não sucumbi. Mas em alguns momentos eu quase cai, eu perdi as forças, eu chorei pela falta de amor que tive comigo mesma.

No momento tudo se aquietou. Aparentemente eu coloquei uma por uma para fora de mim. Foi quase um parto, uma dor fenomenal, um sentimento de impotência diante do mundo. No meu caminho não têm mais lugar para pedra nenhuma. Se elas sairam, que não voltem nunca mais. Foram todas removidas e atiradas num abismo. Chega de dor, de cansaço, de stress. Chega de pedras no meu caminho.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

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