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quinta-feira, setembro 18, 2003

Solidão com vista pro mar


Algumas pessoas já me disseram que meus textos andam deprimentes. Imagina, nada a ver. Eu não estou deprimida, nem triste, nem chateada com a vida. A vida tem se apresentado tão bacana, colorida e luminosa, mesmo em dias chuvosos, que não posso reclamar. O que é difícil entender é que não dá para estar feliz todo dia. Às vezes eu fico cansada, quero fugir desse lugar. Eu fico triste, eu choro, eu tenho TPM, eu sinto saudades, eu tenho medo. Mas depressão eu só tive duas vezes na minha vida: alguns anos após a morte do meu pai e quando cheguei a São Paulo. E nos dois momentos eu me recuperei. Porque eu sou assim mesmo: tenho esse jeito melancólico e londrino de ser, que parece estar eternamente de mau humor com as palavras. Mas na verdade eu sou como o dia, que sempre vem após a noite. Eu sou filha do sol, tenho luz própria, tenhor amor no coração, sou do bem. Jamais perco mais do que 24 horas com a tristeza que me habita. Eu convivo muito bem com ela e com a solidão que eu adoro. Sou daquelas que curte silêncio, quietude, sentimentos tranquilos, paz de espírito. Sei que é difícil para as pessoas entenderem que o amor da minha vida é uma cidade partida que eu precisei deixar para trás. Mais difícil ainda são os novos amigos compreenderem o que os velhos já sabem: eu falo de morte, de pesadelo, de dor e sofrimento com a mesma naturalidade que falo de paixão, vitórias, sucesso e sonhos. Eu penso sim que um dia vou morrer, e isso não me assuta porque já morri tantas vezes e voltei. Eu acredito em reencarnação, em alma, em espírito, em vida em outros planetas. Acredito na força da natureza, na pureza dos animais e nos sinais divinos. É por isso que não temo nada e creio mesmo que tudo, absolutamente tudo passa.

Nos dias de solidão e angústia, eu venho aqui e escrevo coisas duras, pesadas, densas. Mas eu não sou um poço de sofrimento. Eu sou a solidão com vista pro mar e eu gosto disso. O mar temporariamente não está diante dos meus olhos. Nem precisa. Eu carrego ele no meu nome porque sou sua rainha. E é por isso que após a turbulência eu sempre me acalmo e sigo o caminho, deixando-me levar pelas ondas.

Serena, segura mas às vezes impetuosa. É assim que eu sou. Como o mar, que em dias de sol é acolhedor e em dias de chuva é arredio. Entendam que muitas vezes o sol brilha e eu brilho com ele. Só que de vez em quando vem uma frente fria e aí a vibração muda. Mas tudo passa. Como uma onda no mar.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

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