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segunda-feira, agosto 11, 2003

Na pele

Finalmente ! Eu sabia que o tempo ia chegar. O tempo certo para eu deixar meu corpo marcado para sempre. Uma marca profunda, que dói e quase me faz desistir. Mas eu sou osso duro de roer. Sim, é uma agressão à pele e o corpo reage ferozmente. Mas está lá, na minha pele, para sempre, minha tatuagem.

Numa das experiências mais marcantes– sem nenhum trocadilho - da minha vida, eu fiz minha tatuagem. Ganhei de presente, para marcar a passagem pela minha conjunção de Saturno. Meus 28 anos vão ficando para trás e lembrarei sempre que foi com essa idade que fiz a minha tão sonhada tatuagem.

Foram alguns anos desejando e outros tanto procurando algo que só o meu corpo pudesse receber. Algo exclusivo, único, meu. Algo que ninguém nunca fez, que ninguém tem. No último sábado, sob chuva, lá fui eu e minha amiga Parvati rumo ao tatuador. Foi fantástico, divertido, um rito de passagem fabuloso. Dói sim, dói muito, dói pra caramba, dói horrores, dói, dói, dói … só não deve ser pior do que a dor do parto. Eu suei frio, eu reclamei, eu resisti. O resultado ? A perfeição. Ficou exatamente como eu queria, como sempre imaginei.

Estou tratando apaixonadamente dela. Estou sofrendo também porque meu corpo reagiu com muita força diante de tanta agressão. Mas agora eu quero é mais. Não vou levar 28 anos para fazer outras. Quero deixar as marcas da criatividade na minha pele morena.

Eu vou agradecer para sempre à minha amiga Parvati pelo presente que vale a eternidade. Eu vou agradecer para sempre a inspiração dessa marca que agora faz parte de mim. Como meus sinais de nascença, que eu sempre falei que eram minhas tatuagens naturais. Só que agora eu escolhi o que e onde esses sinais iriam aparecer. Escolhi o que ninguém vai herdar, o que só pertence a mim e ao meu corpo.

Minha tatuagem não é de domínio público. Não adianta insistir, não digo o que é, nem onde é. Podem pensar a besteira que for, podem me torturar que eu não falo. Alguns poucos privilegiados vão ver, vão saber e, sim, alguns já viram e já curtiram. É mesmo a minha cara.

Inferno astral ? Que inferno astral, que nada ! Quando a gente tem luz própria, não existe inferno astral. Minha tatuagem é a marca de dias felizes, de dias melhores, de dias inesquecíveis. A marca que eu escolhi para me acompanhar. Uma marca exclusiva, sob medida para minha pele. Os anos virão e deixarão marcas no meu rosto. Nada que plástica, botox e as mil coisas que os homens criam para manter as mulheres quase perfeitas, não possam consertar. Mas esta marca, tão sutil e tão aguardada, faz parte de mim para sempre. E isto é o que torna a tatuagem a filha única da imaginação.

Janaina Pereira
Redatora

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