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sexta-feira, agosto 15, 2003

A minha alegria atravessou o mar



Eu já sou uma mulher de 29. Pré-balzaquiana. Nada mudou, continuo do mesmo jeito. Os cabelos um pouco mais curtos, mas ainda aparecem espinhas no rosto. Adolescência é foda. Durante 28 anos o dia do meu aniversário era um dia diferente. Eu tinha a nítida sensação de que nunca seria um dia como outro qualquer. Ontem também não foi. Mas pela primeira vez me senti serena, coisa que nunca aconteceu antes. Foi um dia tão radiante, tão tranquilo e iluminado, que olhei para trás e vi claramente que os caminhos da vida são perfeitos.


Se as coisas saíssem como eu imaginava, provavelmente eu não teria uma aparência tão tranquila. Eu não preciso de certas coisas, muito menos de certas imagens que se refletem por aí. Imagens que não representam a realidade. Odeio roupas da moda que cobrem corpos esqueléticos. Detesto as pessoas que parecem ser e não são. Eu sou sim, sou o que sou e nunca precisei mudar para ser aceita no mundo. Eu mudei sim, para aceitar a mim mesma de forma mais ampla e precisa.


Ontem, a cada telefonema, e-mail ou mensagem recebida, mais do que um simples parabéns, vinham pensamentos bons e muita energia positiva. É muito gratificante saber que por alguns segundos, no dia 14 de agosto, algumas pessoas no mundo param e pensam em mim. Uma única pessoa dá importância a tudo isso mais do que ninguém. É a minha mãe. O meu dia é o dia dela, que sentiu as dores para me colocar neste mundo. A minha vida existe porcausa dela e do meu pai, porque eles foram os responsáveis pelo que sou, pela minha existência. Então ninguém no universo pode sentir mais a emoção desta data do que minha mãe – e meu pai também, onde quer que ele possa estar agora.

Eu já odiei meu aniversário, já ignorei, já me deprimi … e apesar de ter gente achando que eu fazia 22 anos ontem, chega de saudades !!! Já foi, né ? Adoro a possibilidade de enxergar o mundo com a maturidade que estou adquirindo. Um olhar que ainda não vê rugas quando está diante do espelho, mas que conta os cabelos bancos. Um olhar que agradece, que aprecia, que espera, que encanta, que decepciona, que procura ver o lado bom das coisas.

E se eu fechar meus olhos eu vejo o mar … mesmo distante, posso ouvi-lo, sentir a maresia e ficar em paz. Certas coisas o tempo não vai apagar. E este mar, agora de saudades, que trago em mim, me acompanharão por toda eternidade.


Janaina Pereira
Redatora

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