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sexta-feira, agosto 22, 2003

Jana’s songs


Outro dia me perguntaram porque a maioria dos títulos dos meus artigos são nomes de músicas. Deve ser porque sou muito musical. Não aprendi a tocar violão, para fazer das minhas poesias, músicas. E ainda não aprendi a tocar bateria – hey, Fernandinha, você me deve essa ! – meu grande e antigo sonho. Eu adoro prestar atenção nas letras. E já fiz muitos títulos inspirado em canções. Eu canto mal, só no banheiro, mas sei tantas canções de cor que nem eu acredito ! Às vezes me surpreendo cantando músicas de uma época que eu nem sonhava em existir.

Cresci ouvindo o Rei. Minha mãe a-do-ra ! Ele tem o melhor trocadilho de todos os tempos: “ detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer.” Muito bom !!! O Rei é o que há. A minha preferida é “As canções que você fez pra mim”. A melhor música de amor. Aquela de dor, de ferida que não cicatriza, muito forte, profunda. “É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe, pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste.” Sensacional. E viva o Erasmo também !

Minha mãe também me ensinou a ouvir Beatles e Rolling Stones. Tem gente que odeia Beatles. Eu amo. Sgt’s Peppers é clássico, Yesterday é uma puta canção mas minha favorita é Eleanor Rigby, a música dos solitários. Minha mãe chorou quando o Lennon morreu e eu fiz questão de levá-la para ver o Paul McCartney. Mas é o George Harrison, o subestimado, que eu aplaudo de pé. Because é tudo. Here Comes the Sun é a canção dos leoninos (meu signo !) e My Sweet Lord é a mais bela das melodias. Também fui a responsável pela ida da minha mãe ao show dos Rolling Stones. I know this only rock’n roll but I like it.

Meu pai adorava Elvis. A little less conversation, a little more action. E samba. Meu nome é Janaina porcausa de um samba. Um dia escrevo sobre isso, é muito legal essa história. Por causa do meu pai eu descobri que o mar serenou quando ela pisou na areia porque quem canta na beira do mar é sereia. Grande Clara Nunes. Ele sempre dizia que “Coisinha do Pai”, na voz da Beth Carvalho, era a música que ele fez pra mim. Acho que o Jorge Aragão nem ia se chatear com isso, né ? “Vou te amando, te adorando, digo mais uma vez, agradeço a Deus porque te fez.” A melhor declaração de amor que um pai faria para uma filha. Eu sempre serei a “coisinha tão bonitinha do pai”.

Cresci ouvindo muito rock, essa é minha essência. Mas descobri na adolescência a música clássica, que curto muito. Amo Beethoven. A nona sinfonia é uma explosão de sentimentos. Ouço Carmina Burana e me arrepio. Adoro Mozart e Bach também. Tenho vários CD’s de música clássica que me aliviam e trazem paz.

Também cresci ouvindo Bethânia e Gal. As grandes interprétes de Gonzaguinha. Meu primeiro compositor. “Começaria tudo outra vez se preciso fosse, meu amor” … meu Deus !!! Como dizem os gaúchos, afudê. Gil e Caetano descobri no fim da adolescência. E eu adoro o Gil. Ele me faz refletir, acho um grande poeta, tem o dom das palavras. “Se eu quiser falar com Deus tenho que aceitar a dor”. Lindo. E a canção de amor ao Rio ? Fala sério, o Rio de Janeiro continua lindo em verso e prosa do Gil. Chico dispensa comentários. Tem o mais vasto repertório de cantadas femininas. E Chico e Gil fizeram uma das mais fantásticas canções de dor: “Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue”.

Foi quando as minhas espinhas sumiram que descobri Tom e Vinícius. Claro que Vinícius fazia parte da minha infãncia, com suas canções para crianças. Ele e Toquinho. Mas Tom, que imortalizou o Rio com seu Samba do Avião, é um querido. Chega de saudades ! Se todos no mundo fossem iguais a você ! Eu sei que vou te amar por toda minha vida eu sei que vou te amar, em cada despedida eu sei que vou te amar, desesperadamente !!! Ele e Vinícius são mestres das letras, uma benção aos dois.

Claro que eu ouvi todos os grupos do Brock (o movimento Brasil/rock). E eu sempre idolatrei o Paralamas. O Herbert é algo assim, é tudo pra mim. Acho que Cazuza, o poeta carioca, faz falta. Eu sempre vago pelas luas desertas das pedras do Arpoador. E o Renato Russo também. Acho que do rock brasileiro tirei muita coisa bacana, as letras sempre me inspiraram. A música da minha vida adolescente foi “Quase sem querer”. Era um período de perguntas sem respostas, e a música me identificava. Gosto das letras do Nando Reis. Marvin me lembra as lições que meu pai me deixou. “Marvin, agora é só você e não vai adiantar, chorar vai me fazer sofrer.” Dói ouvir isso. Assim como nada do que foi sei será do jeito que já foi um dia. Lulu e suas letras litorâneas. E o hotel Marina quando acende não é por nós dois nem lembra o nosso amor, como diz a Marina. E hoje eu moro no Paraíso, e não a dois passos dele, como dizia a canção da saudosa e adorada Blitz.

Mas eu sou neguinha e curto jazz, ouço Billie Holyday e Ella Fitzgerald. Também me amarro em samba-rock. Adoro a levada do imbatível Tim Maia que me levou do Leme ao Pontal. E do Jorge Benjor, que me fez bem ao cantar que molhada e despenteada, ainda assim, eu posso ser linda ! Que maravilha !

Eu ouço de tudo. Sim, eu ouço Djavan, Marisa Monte, Skank e hoje a música da minha vida é “A Estrada” do Cidade Negra. Porque você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui. Fico emocionada com a potência da voz da Elis, gosto de um banquinho, um violão, um amor e uma canção. Até me divirto com música eletrônica, sou fã do Red Hot, do Lenny Kravitz e da depressão do Radiohead. REM é maneiro, Michael Jackson tem clássicos pra tocar e Madonna é minha rainha, forever. A mulher que rompeu os tabus e assumiu o nosso lado material girl.

Provavelmente eu esqueci algumas canções marcantes. Tenho que falar ainda da black music, de primeira, esse é o som. Pra encerrar eu preciso falar do Bob Marley, que deixa meu lado neguinha mais assumido com seu reggae, e do meu favorito Marvin Gaye. O cara. Let’s get on é A MÚSICA.

Eu sou letra de algumas músicas. Inclusive do Vinícius… ele escreveu que queria casar com Janaina. Aquela que acorda todo dia às quatro e meia … olha o canto das sereias … muita paz ela semeia…
Janaina e Iemanjá são rainhas do mar.

Eu sou a menina do esmalte vermelho, da tinta no cabelo e dos pés no salto alto cheios de desejo da música do Barão. Eu sou a morena de angola que mexe o chocalho amarrado na canela. Eu sou linda, mais que demais, eu sou linda sim, sou a onda do mar do amor que bateu em ti.

Ah, mas se eles querem meu sangue, terão o meu sangue só no fim. E se eles querem meu corpo, só se eu estiver morto, só assim. Porque eu sou, acima de tudo, a garota carioca suingue sangue bom.

Janaina Pereira
Redatora

Comentários
Janaína, vc gosta de Sir Elton John?
Pergunto porque notei seu excelente gosto musical - e nessa extensa lista de ícones, faltou vc opinar sobre um dos maiores de todos os tempos....Abraço!
 
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