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terça-feira, agosto 19, 2003

Debaixo dos caracóis

Afinal de contas, homem gosta ou não de mulheres com cabelos compridos ? Alguém disse isso e a mulherada deixou o cabelo crescer. Fica um bando de mulambas de cabelos gigantes e mal-tratados, tudo pelo bem do olhar masculino. Ou aquelas neuróticas que passam horas cuidando do cabelo. Fazem escova. Alisamento japonês. Ninguém merece. Eu, que sempre tive cabelo crespo, enrolado, cheio de cachos rebeldes, nunca me rendi a esse apelo da mídia. Usei cabelo curto durante anos. Alguém dizia que o cabelo estava lindo, crescendo … e eu não pensava duas vezes: tesoura nele. Uma amiga uma vez me disse que os homens adoravam mulheres de cabelos longos, que elas eram mais sensuais. Respondi que nenhum homem ia ficar comigo porque meus cabelos sempre seriam curtos.


Pouco antes de vir morar em SP deixei a juba crescer – eu não tenho cabelos, tenho juba – e aqui todo mundo me conheceu de cabelão. Cortei poucas vezes – como agora – mas nada que o deixe parecido com o que era antes. Nem pensem em dizer que me rendi. Que aceitei apelos masculinos para deixar o cabelo crescer. Já tive namorado que pedia e levava um sonoro “não”. Eu sinto frio pra caramba nesta cidade, e os cabelos aquecem orelhas e nuca. E só isso. Mas nada de alisamento nem aqueles bilhões de artifícios femininos para seduzir os homens. Se eu dependesse disso pra fazer um cara olhar pra mim, estava frita. Provavelmente meus cabelos desgrenhados, rebeldes, cheios de cachos enfurecidos, não são sonho de consumo dos marmanjos.


Mas os cabelos tem uma coisa deliciosamente feminina que só as fêmeas sabem reconhecer. É o máximo cortá-lo, pintá-lo, mudá-lo de um jeito inovador, surpreender a si mesma com ousadia. Levou o fora do namorado ? Corta o cabelo. Ninguém te ama, ninguém te quer ? Tesoura nele ! Foi demitida ? Pinta a cabeleira !!! Mudou de emprego ? Faça luzes e ilumine-se. Os cabelos, para as mulheres, são a moldura do rosto, o complemento mais feminino da beleza frágil, o carro chefe daquela entrada triunfal numa festinha maneira (uma jogadinha de cabelo básica e um olhar sutil, de lado, é o que há !). A gente muda o cabelo porque parece que mudamos com ele. Mudamos o olhar para nossa imgame exterior, o olhar que só o espelho vê.


Meninos, meninos, cuidem desses cabelos porque eles não estão aí só pra enfeitar a cabeça ! Cabelos espetados, raspados, bem curtinhos, cabelões – homem de cabelo grande tem que ser muito bem cuidado, se não fica uma coisa ensebada e ridícula – lisos, com cachos como o anjinho do Erik Marmo, o cabelo cacheado masculino mais fofo do momento (o cabelo e tudo mais que aqueles olhos verdes sensacionais tem para oferecer !).


Cortou e não deu certo, esconde ele ! Gorro, faixa, presilha, arco, flecha, põe um enfeitinho aí e vai à luta. Menina de trança não é mais criança mas é sexy. Homem de rabo de cavalo ? Até o Rodrigo Santoro já teve um !


Eu preferia um milhão de vezes ter um cabelo liso, mas já que não dá – alisamento, nem pensar – fico com meus cachinhos mesmo. Com direito a música do Rei. Porque debaixo dos caracóis dos meus cabelos também têm muita história para contar. Não tantas histórias como as do Caetano (a música foi feita para os caracóis do Sr. Veloso), mas eu prefiro meus caracóis aos dele.


Janaina Pereira
redatora

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