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quinta-feira, agosto 07, 2003

Atendi ao pedido de um amigo publicitário e escrevi este artigo. É baseado em fatos reais. Nem eu imaginava que um almoço renderia tanto. Tinha que ser engraçado, porque as pessoas envolvidas precisavam se divertir com o que liam. Acho que ficou gostoso de ler. Originalmente no site Trampolim.




Almoço com as estrelas

Os almoços publicitários são uma lenda. Sempre que você encontra alguém do
mercado é um tal de “vamos almoçar qualquer dia desses” que impressiona. Se
o pessoal almoçasse com todos que conhecem, só teríamos fofinhos no mercado. Nada contra as pessoas mais cheinhas, mas ninguém resistiria a tanta
comilança. No Rio temos até um almoço oficial, numa churrascaria, toda
sexta-feira (tem dia melhor para um “almoço de negócios” do que sexta ? ).
Enquanto a galera traça uma picanha, bate um papo descontraído. Entre a
maminha e a fraldinha, faz uns contatos básicos. É uma festa.

Em Sampa o pessoal é mais comedido. Você almoça para receber proposta, para fazer contato, para fazer social. Ainda não almoçamos para sermos
demitidos, isso seria meio indigesto. Mas os almoços fazem parte da nossa vida
publicitária como os jobs, o icq e as rixas com o atendimento.

A galera da criação, sempre festeira e festiva, faz do almoço um
acontecimento. Recentemente tivemos até uma entrega de prêmio durante um
almoço. Uma idéia diferente, que tem tudo a ver com o meio. E foi
impressionante como a galera compareceu em massa.

Nada como um almoço para ver e ser visto, afinal, o almoço é uma festinha
disfarçada. Uma festinha um pouco mais particular, talvez. É na hora do
almoço que de maneira mais informal podemos conversar com aquelas pessoas que só conseguimos dar um “oi’ nas festinhas noturnas. Essas pessoas,
algumas vezes, são mesmo nossos amigos. Outras, apenas conhecidos. Mas na maioria das vezes são apenas contatos.

Alguns restaurantes são points dos publicitários. O Galeto Paulista é um
deles. Outro dia fui lá com meus amigos e vizinhos Kiko e Pedrinho, da
Thompson. Não era um almoço de negócios, nem de contatos. Era de amigos
mesmo, uma coisa rara mas que ainda existe. Os amigos ainda almoçam juntos
sim ! E como somos todos do “mundinho”, falamos sobre propaganda, claro.
Falamos se aquele anúncio era bom ou não, se aquele filme merecia ou não
determinado prêmio e de como os jobs com prazos curtos impedem mais almoços como o que estávamos tendo ali. Falamos dos leões que ainda não ganhamos, aliás, de todos os prêmios que ainda não ganhamos. Se bem que no Galeto
Paulista a gente ganha uns brindes após o almoço. Eu, que estou no meu
inferno astral, não ganhei nada. O Pedro, que não ganha nem par ou ímpar,
também ficou a ver navios. Mas o Kiko ganhou uma bala e como é amigo,
dividiu seu prêmio. Se ele fosse apenas um conhecido, ou se estivesse
fazendo somente uma social, não dividiria nada não.
Ao sairmos do nosso animado almoço, quase compramos uns leões. Sim, porque quem não ganha leão, compra. Bem ali na Alameda Santos tem um camelô que vende uns leões bem parecidos com os de Cannes. Umas fofuras. A gente quase comprou uns para enfeitar nossas mesas. Mas como o horário de almoço já tinha acabado, não deu tempo de irmos lá. Fica para o próximo almoço.

E assim é a vida de um publicitário: entre um job e outro a gente almoça. E
é uma festa. Almoço para fazer lobby, para resolver job, para ser sociável.
Mas almoço para rever amigos é sempre mais legal e com certeza mais animado. Mesmo que a gente só fale de propaganda, essa profissão cheia de
particularidades. E depois desse almoço com o Kiko e o Pedrinho, ficou claro
para mim que mais importante do que ganhar leões e outros prêmios, a
propaganda me fez ganhar uma coisa rara ultimamente: amigos. Porque amigo
hoje é uma espécie em extinção. E quando a amizade é verdadeira, ela
sobrevive até as crises do nosso mercado. Ou – o que é melhor – ela se
fortalece justamente durante esses momentos de crise.

Eu posso não ter ganho muita coisa até agora, mas quando olho para trás
percebo que pelo menos bons amigos eu consegui fazer num universo tão
competitivo. Eu posso não ter um milhão de amigos, mas tenho todos aqueles
que valem a pena. E isso é um privilégio. Como disse Walt Whitman, “levantar
alguém que caiu, apoiar alguém que resiste.” E a gente vai caindo,
levantando e apoiando os amigos. E almoçando com eles de vez em quando
também. Até porque almoço faz parte do nosso negócio. E aí, Rodnei, aquele
nosso almoço sai ou não sai ?

Janaina Pereira
Redatora

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