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domingo, dezembro 31, 2017

Receita de Ano Novo

(Carlos Drummond de Andrade)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

quinta-feira, dezembro 28, 2017

Feliz Ano Velho


Acho, de verdade, que o Ano Novo começa no dia do meu aniversário. É ali que encerra o meu ciclo pessoal e outro se inicia. Portanto, a passagem de ano nada mais é do que um simbolismo onde procuro mentalizar nas cores e desejos de conquistas, mas não necessariamente esperando que as coisas mudem.

Ultimamente eu só quero paz, sossego e saúde. E todo o resto que vier é lucro.

domingo, dezembro 24, 2017

Feliz Natal


Jesus, que nasceu de forma tão simples, nunca desejou que seu aniversário se resumisse em consumismo, comilança e brigas de famílias. A Ele meus votos sinceros de que eu possa melhorar a cada dia. Tá difícil, mas eu estou tentando.

Feliz niver ao melhor redator do mundo!

sexta-feira, dezembro 01, 2017

O ano que não vai terminar


2017 tem sido um ano particularmente difícil. Um ano em que vi minha vida ser colocada em stand by para que eu pudesse cuidar do outro. E, como tudo pode ser ainda mais complexo, a situação não vai acabar no dia 31. Então 2017 não vai terminar para mim.

Não me recordo de um ano com tantos problemas - que não são meus, mas que sou obrigada a resolver. Os poucos momentos felizes foram cercados de culpa; porque eu, às vezes, temo a minha própria felicidade e me fazem acreditar que preciso abdicar dela em favor do próximo. Só sei que o ano inteiro eu tive que abrir mão da minha vida para resolver questões que não são minhas. E isso tem me angustiado muito.

Esse ano tive que exercitar, como nunca, a paciência que não tenho. Precisei cuidar do outro para tentar ter minha vida de volta mas, ao mesmo tempo, fico pensando se isso tudo não é apenas um ensaio para o que está por vir. Sempre pode piorar. Quis mesmo acreditar que era um momento de mudança, que 'há males que vem para o bem'. Já não creio mais nisso. Vejo que tudo continua igual, e me sinto muito trouxa de ainda insistir em algo que só tende a piorar.

De qualquer modo, acho que fiz minha parte, ainda que com muito tormento, tristeza, raiva, choro, cansaço. Hoje me olho no espelho e me sinto definhando. É como se estivesse morrendo por dentro. A minha morte lenta, que vem dia a dia, num 'sentar e esperar' ela chegar em definitivo. Não tenho mais o brilho do sol, as pequenas coisas que me deixavam feliz, todos os momentos que me tornavam uma pessoa esperançosa e grata. Só vejo meu rosto envelhecer, meu corpo emagrecer, meus planos irem pro ralo e minha vida ficar estagnada.

Talvez seja um caminho que não tenha mais volta; talvez eu não volte a ter vida própria de novo. Tenho medo de pensar no futuro, porque temo que esse futuro não chegue mais. Seria o fim, ou um novo começo? Só o tempo vai responder a esta que é a pergunta que mais me angustia - e que talvez defina o que resta dos meus dias.

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