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quarta-feira, abril 29, 2015

Role os Dados
(Charles Bukowski)
Se você vai tentar, vá com tudo.
Senão, nem adianta começar.
Se você vai tentar, vá com tudo.
Isso deverá fazer você perder namoradas,
esposas, con-gêneres, trabalhos e
talvez sua mente.
Mas vá com tudo.
talvez você não coma por 3 ou 4 dias.
talvez você congele, sentado na praça.
pode ser que seja preso,
pode significar derrisão,
escárnio,
isolamento.
isolamento é um grande presente,
tudo o mais são testes de sua resistência,
de quanto você realmente quer
interferir.
e você o fará
a despeito de qualquer rejeição, as piores probabilidades,
e você estará melhor do que ninguém poderia imaginar.
se vai tentar, vá com tudo..
não há outro sentimento quanto a isso.
você estará sozinho, com os deuses
e as noites queimarão como fogo.
vá, vá, vá.
faça.
com tudo
de cabeça.
você montará na vida, numa reta,
e aperfeiçoará a gargalhada;
e só haverá boa luta.


sexta-feira, abril 24, 2015

Voar, voar


“Somos, todos nós, frutos dos livros que lemos, das pessoas que amamos e das viagens que fazemos.” (Airton Ortiz)

quinta-feira, abril 23, 2015

Jorge de Capadócia

(Jorge Benjor)


Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés, não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo, meu corpo não alcançará
Facas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia, viva Jorge!
Jorge é de Capadócia, salve Jorge!
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Ogam, Ogam toca pra Ogum
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Jorge da Capadócia (várias vezes)

segunda-feira, abril 20, 2015

Porque escrever sobre cinema nem sempre é a maior diversão



Uma vez eu ouvi de uma editora que 'escrever sobre cinema é fácil'. Ela, que já tinha sido minha chefe, responsável pela aprovação dos meus textos durante quatro anos em uma revista de economia,  ficou indignada quando eu comecei a trabalhar com cinema. "Você vai cobrir Festival de Cinema e eu aqui trabalhando".

O tempo passou e a sensação de que o que faço não é levado a sério continua. Ouço coisas como 'você é freela, e freela não tem emprego', ou 'não sei o que você faz na vida, você só viaja e escreve sobre cinema'. Confesso que às vezes fico pensando como alguns ex-professores de jornalismo - que viam em mim um futuro brilhante - devem pensar que desperdiço meu talento escrevendo sobre cinema.

O universo de jornalismo cultural é mesmo um caso à parte. Tem muita gente nova, que tem um blog e se acha 'crítico de cinema'. É uma concorrência desleal, porque a maioria escreve de graça. Vi gente se dar bem na vida assim: começou escrevendo de graça e hoje está aí, fazendo críticas para Deus e o mundo. Resta saber se já está recebendo algum salário para isso.

Eu sempre gostei de reportagens e, em especial, entrevistas. Adoro trabalhar com cultura e gastronomia, mas não é só isso que faço da vida. Ainda tenho meu pé no universo econômico - volta e meia faço matérias de negócios - e não tenho medo de escrever sobre assuntos que não domino. Quando cobri a Bienal de Arquitetura de Veneza, passei quatro dias estudando para escrever com um pouco de conhecimento. Jamais cheguei em uma entrevista despreparada (sim, não vou ser modesta, eu sou boa profissional).

Eu gosto de cinema mas não sou expert em todos os gêneros. Mas se tem algo que não sei, procuro saber. Não passo vergonha - como já vi em coletivas, inclusive internacionais, com jornalistas que nem sabem o que estão falando, muito menos com quem estão falando! Hoje em dia temos o St. Google, que nos salva de qualquer enrascada. Custa tirar uns minutos sua cara do Facebook para pesquisar sobre o entrevistado e/ou filme?

Ah, custa! Eu leio cada coisa patética. Não sou a melhor jornalista do mundo, mas pelo menos eu vejo os filmes, procuro saber quem são os diretores e atores (caso não conheça), não saio por aí só dizendo 'gostei / não gostei'. Isso tudo veio a minha cabeça porque eu, que não sou grande fã da Marvel, fiquei horas pesquisando sobre os personagens, para entender melhor o universo do filme Os Vingadores. Ai lembrei da tal editora, que menosprezou meu trabalho com cinema, e ainda disse que 'qualquer um pode fazer isso'.

Eu aqui, tentando entender o que se passa por trás da máscara do Homem de Ferro, enquanto um monte de gente acha que legal é ser jornalista político. Ou então - o outro lado da moeda - tem aquele povo que acha minha vida um glamour só, e que eu fico passeando nos Festivais como se não houvesse amanhã. Lógico que é um trabalho legal, mas vai lá para Cannes disputar com quatro mil jornalistas uma pauta, matar um leão a cada filme, buscar ser diferente naquilo que todo mundo é igual. No meu primeiro Festival de Veneza, depois de uma semana na cidade descobri que só a via no escuro (porque o Festival é no Lido, e eu só passava por Veneza muito cedo ou muito tarde). Eu nunca andei de gôndola, nunca fui aos museus e igrejas, e já estive na cidade cinco vezes. A trabalho. O melhor trabalho do mundo, mas ainda é trabalho.

Então para as pessoas que acham que escrever sobre cinema é desnecessário; que jornalismo de verdade é ir para a guerra, sinto dizer que no meu primeiro dia de aula de jornalismo eu fui a única a dizer que sim, eu cobriria uma guerra (e eu bem que tentei: quando fui a Tel Aviv queria ir para Gaza, mas não deixaram). E eu continuo querendo estar lá, nos grandes acontecimentos, ainda que a guerra seja o pior deles (por motivos óbvios, porque não desejo uma guerra para cobrir; mas se elas existem, então sim, eu quero estar lá). Mas, se a vida me deu a chance de trabalhar com algo lúdico, aquilo que mexe com a imaginação, essa magia chamada cinema, eu só tenho que agradecer o privilégio.

Eu queria entrevistar o Papa ou o Obama, mas tenho que me contentar com a Meryl Streep. Paciência.


sexta-feira, abril 17, 2015

Incerto


O momento da vida que você senta e chora pela escolha que fez no passado. E sente medo pela escolha que pode mudar, para sempre, o futuro.

terça-feira, abril 07, 2015

Dia do Jornalista


Eu queria muito que hoje fosse um dia para comemorar. Mas não é. Eu fiz uma escolha, e estou naquela fase de me perguntar: valeu a pena?

Eu era publicitária. Passei alguns anos ouvindo que meu texto era jornalístico demais. Lutava para ir a Cannes, fazia peças fantasmas para renovar o portfólio, ia a todos os eventos, e nada disso adiantou. Talvez eu não tivesse tanto talento. Talvez não fosse minha praia. Mas eu tentei, por um bom tempo, até o dia em que cansei.

Veio o jornalismo. As portas se abriram para mim. Passei a ganhar 30% do que recebia como publicitária, e foram pelo menos quatro anos com a conta bancária no vermelho. Precisei morar num local mais simples e menor; abri mão de muita coisa e, em troca, ganhei a oportunidade de trabalhar com cinema.

Viajei, conheci gente, fiz matérias legais. Mas o dinheiro, que é necessário para sobreviver, não vem. Abri outras portas, fui atrás de outras possibilidades. E quando parecia tudo tranquilo, quando finalmente a vida tinha um rumo... vem a tempestade e destrói meu castelo - que sim, era de areia.

Aí começa tudo de novo. Manda currículo, fala com as pessoas, contatos daqui e dali; sugestões de pauta, cadastro em sites de emprego, e nada acontece. Ouço coisas como ' você só viaja'; 'eu não sei o que você faz da vida'; 'freelancer não tem emprego'; 'você trabalha com cinema e deve ganhar bem'.

Às vezes dá uma vontade imensa de mandar todo mundo a merda. De simplesmente sumir e nunca mais voltar. Eu só não faço isso porque existe uma pessoa que ainda se importa comigo, e ela depende emocionalmente de mim. Mas, sinceramente, achar que minha vida se resume a tapetes vermelhos é não entender a pessoa que sou e a profissional que me tornei.

Fazia tempo que eu não chorava. Fazia tempo que eu não me sentia tão triste.Fazia tempo que o Dia do Jornalista não significava apenas um gosto amargo.

Só para esclarecer: eu trabalho. Muito. Eu sou competente. Eu sei que sou boa profissional, escrevo bem, tenho talento para exercer a minha profissão. Escolhi o home office para ter mais qualidade de vida e ganhar um pouco mais, já que jornalista é pobre por natureza. Foi isso que me possibilitou conhecer os lugares que conheço hoje e ser uma jornalista melhor.

Sinto muito se não sou a 'funcionária padrão de carteira assinada' que as pessoas acham que todo mundo tem que ser. E exatamente por isso não tenho como comemorar o Dia do Jornalista. Porque quero ter aquilo que mais prezo no jornalismo: a liberdade de expressão. Quero trabalhar sim, muito, home office ou não, quem sabe, mas que ter a liberdade de me expressar na profissão que escolhi. E se as pessoas não entendem a minha escolha, só lamento.



quarta-feira, abril 01, 2015

Não é mentira


Quando eu acho que sei as respostas, vem Deus mudando as perguntas... só uma coisa, Senhor: eu confio plenamente nos caminhos que traçou para mim. Eu só não quero me desapontar de novo. Então não me deixe agir por impulso, não me faça cometer desatinos. Que os sinais de agora sejam o início de uma nova fase. Porque eu ainda acredito que quando Deus fecha uma porta, em seguida uma janela se abre. Estou procurando a janela...

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