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segunda-feira, maio 31, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 6: O segundo colocado é o primeiro perdedor


E chegamos a Copa da França. O ano é 1998 e a seleção local tem um cara alto, charmoso e elegante chamado Zinedine Zidane apontado como um dos melhores do mundo e maior nome da equipe desde Platini. O Brasil, dirigido por Zagalo, leva Zico como auxiliar técnico. É aquilo: já que Zico nunca foi campeão dentro de campo, quem sabe fora dele?

Eu já trabalhava (consegui meu primeiro emprego semanas depois do final da Copa de 1994, mas precisamente em 1 de agosto de 1994, primeiro dia do real) e podia viver aquela agradável experiência de sair cedo para ver o jogo em casa. Via de perto a euforia do povo, corria para pegar o ônibus lotado a tempo de ver os jogos do Brasil, tudo em clima de euforia. Trabalhava como redatora de uma agência de publicidade no Centro do Rio e sempre chegava na hora em que a seleção começava a cantar o hino.

Mas o Brasil, como sempre, parecia não estar muito firme rumo ao penta - e que esse penta viesse logo, porque falar 'tetra' era complicado demais para um povo que diz 'pobrema'. Sob o comando da dupla Z - Zagalo e Zico - a seleção causou polêmica já em sua convocação. O técnico e seu auxiliar tinham um desafeto em comum: Romário.

O jogador, contundido às vesperas da Copa, diz que consegue se recuperar. A comissão técnica, no entanto, não assume a responsabilidade de levar o 'Peixe' machucado e joga Romário para escanteio. O Brasil - a seleção e o país - vai todo nas costas de Ronaldinho, o tal garoto da Copa de 1994 que o mundo apontava como 'o novo Pelé'.

Mesmo sem Romário - que voltou a jogar durante a Copa, mas no Brasil - e contando com alguns jogadores que foram campeões nos EUA, a seleção chegou à final (o que significou vários dias saindo cedo do trabalho pois as partidas eram no meio da tarde) diante da equipe da casa. No dia do grande e decisivo jogo, algumas horas antes do duelo, somos surpreendidos com a notícia que Ronaldinho passou mal, teve convulsão, não vai jogar, não está nem no banco. Era tanta informação desencontrada que a única coisa que nunca soubemos... foi a verdade.

Edmundo chegou a ser escalado mas voltou ao banco. Dizem que Ronaldinho entrou em campo. Eu realmente não vi. Apático, o jogador mal conseguia correr. A seleção foi na dele, e nem os gritos do capitão Dunga fizeram diferença. Resultado: a estrela do elegante e charmoso Zidane brilhou e ele conseguiu o que Platini não teve - um título inédito para a França.

Zidane é o Romário deles. Foi lá, viu e venceu. Platini virou uma espécie de Zico deles -muito bom, fora de série, talentoso... mas nunca foi campeão mundial. Aquela final, histórica pelo misterioso clima que tomou conta da seleção brasileira, dizem que foi comprada pela Nike para que a França vencesse.

Nunca achei que isso fosse verdade. Mas que a Copa da França foi muito mal contada... ah, isso foi sim. Quatro anos depois, porém, a vida pregava uma peça em mim e no Ronaldinho também e mostrava que o tempo é o melhor remédio para curar as feridas.


Amanhã: Copa do Japão (2002) - A volta por cima de Ronaldo.


Janaina Pereira

sexta-feira, maio 28, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 5: Vai que é tua, Taffarel!


A Copa dos EUA, em 1994, começou pouco mais de um mês após a morte do único ídolo da minha vida, Ayrton Senna. Assim como a geração que hoje está na casa dos 30, eu cresci vendo a seleção de futebol afundar e o Ayrton brilhar na F-1. Sou filhote das corridas, adorava ele e fiquei arrasada com sua trágica morte. Para mim a Copa de 1994 simplesmente não existiu.

Eu estava À procura do meu primeiro emprego, ainda era apenas uma estudante, e a vida parecia um tédio. A Copa simplesmente pára o país e para mim, que queria trabalhar, era um atraso. Aos 19 anos tudo que eu queria era um emprego para dar um rumo na minha vida e, definitivamente, estava sem o menor espírito esportivo.

A Globo fez uma campanha absurda para depositar na seleção a responsabilidade de fazer o Brasil feliz depois da morte de Senna. Um cara chamado Romário, sedento para ser campeão mundial de futebol, assumiu a responsabilidade e não titubeou. A Copa dos EUA - existe lugar pior para fazer uma Copa? - é todinha dele.

Eu acompanhava minimamente o noticiário, via uma coisa aqui e ali, mas nada me empolgava. Sabia, por exemplo, que Raí - então considerado um dos melhores jogadores do Brasil graças a ascensão do São Paulo a melhor time nacional - perdera a braçadeira de campeão, no meio da Copa, para o Dunga - aquele mesmo que era símbolo da Era Lazaroni.

Eu sabia também das coreografias em homenagem aos filhos de Romário e Bebeto, a dupla de ataque, que nasciam no Brasil enquanto seus pais brilhavam na Copa. Sabia ainda que a seleção, considerada desde sempre dona dos melhores atacantes do mundo, revelava que, pela primeira vez, tínhamos um goleiro que chamava a atenção: o gaúcho Taffarel.

Eu sabia mais: que o bom mocinho Leonardo fora expulso ao dar uma cotovelada no nariz do jogador americano e assim ceder sua posição ao gordinho Branco, que acabaria se tornando um jogador importante na competição. Sabia que a seleção, que quase não se classificara nas eliminatórias - Romário foi convocado às pressas e garantiu o Brasil na Copa - estava ' de mal' com a imprensa e, para mostrar união, entrava de mãos dadas em campo. Sabia que um garoto chamado Ronaldinho, grande promessa do futebol tupiniquim, era apontado como 'o novo Pelé'.

E foi assim, numa Copa em que a seleção tinha uma nação tristonha e infeliz nas mãos,
que fomos tetra finalmente. Diante da Itália, a minha querida Azzurra, em uma suposta 'vingança' de 1982. Com direito ao "Hino da Vitória", canção que embalou por muitos anos as vitórias do Senna na F-1; ao Galvão Bueno (assumindo o posto de chato oficial) gritando "É treta!", aos jogadores de mãos dadas e ajoelhados no meio do campo rezando e chorando e ao Dunga levantando a taça, que fomos campeões depois de 24 anos.

Tudo muito sem graça se não fosse por Romário, o cara que foi lá, viu e venceu. E ao Dunga, claro, o cara que deu a volta por cima e mostrou seu valor. Papai ia adorar essa.


Na próxima segunda: Copa da França (1998) - O dia em que Ronaldinho não entrou em campo.


Janaina Pereira

quinta-feira, maio 27, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 4: Em nome do pai



Entramos nos anos 1990 com uma Copa do Mundo na Itália. Tem lugar melhor que esse para uma Copa? Os italianos, claro, sonham em ser tetra antes do Brasil. A seleção brasileira não é muito convincente: Sebastião Lazaroni, técnico que despontou no Vasco do final dos anos 1980, é o responsável pelos nossos jogadores. Acusado de retranqueiro, lembro bem de Laza como garoto-propaganda da Fiat em um dos comerciais mais populares antes da Copa. Acho que ele foi escolhido o técnico da seleção canarinho por causa do sobrenome italiano, para fazer uma média por lá, porque em campo mesmo... que fiasco.

A Copa de 1990 foi a primeira sem meu pai. Ele morreu um ano antes, de derrame, e eu confesso que foi muito difícil ver os jogos sem ele. Papai odiaria aquele time do Lazaroni, mas iria torcer como sempre. Eu lembrava dele em cada jogo, em cada comentário que os locutores faziam, em cada vitória e, claro, na derrota para a Argentina. Papai diria que demos mole para a seleção de Maradona. Que podíamos perder para qualquer um, menos para os argetinos. Papai fez falta naquela Copa.

Mas a Copa da Itália tem outro fator marcante para mim. Além de de me apaixonar pela Azurra, colecionei pela primeira e única vez o álbum de figurinhas da Copa. Tudo porque eu queria as figurinhas dos jogadores italianos. Giannini era o meu favorito. E depois vinha o Paolo Maldini, o zagueiro do olhão azul. Affe. Muito gato. Aos 15 anos eu descobria que os homens mais lindos do mundo eram italianos. Bem, ainda são.

A Copa da Itália também revelou um tal de Dunga, volante, fiel escudeiro de Lazaroni e acusado pela imprensa de ser um dos responsáveis pelo pífio futebol que o Brasil apresentou naquela Copa. Eu simpatizava com o vascaíno Dunga, achava ele raçudo. Mas aquela seleção era vendida, posou tapando o símbolo da Pepsi - então patrocinador - porque não levou grana na bolada que a CBF embolsou com a publicidade. Esses bafões eram mais fortes do que o futebol. Com a maioria dos nossos jogadores morando na Europa, chegou-se a conclusão de que a seleção canarinho só queria saber de muito dinheiro no bolso. Ganhar a Copa? Deixa para a Alemanha, que eliminou a Itália na semifinal e despachou a Argentina na final.

Torci pelos alemães na final e me tornei fã de Lothar Mathaus e Jurger Klinsmann. Além de Beckembauer, campeão como jogador e como técnico. Alemanha foi tri com muito mérito. E eu comecei a acompanhar o campeonato de futebol italiano para ver os jogadores pós-Copa. Inclusive foi nessa época que virei torcedora da Inter de Milão - porque o Klinsmann jogava lá. Papai deve ter ficado feliz, onde quer que estivesse naqueles dias... ele deixou o futebol como minha maior herança.


Amanhã: Copa dos EUA (1994) - É tetra ou é treta?



Janaina Pereira

quarta-feira, maio 26, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 3: A última Copa de alguns



Chegamos ao México, país em que o Brasil foi tricampeão, em 1970. Gal Costa grava a irritante "70 neles!", que vira a música da seleção. Mamãe comprou uma camiseta e uma bola para mim com o tal slogan '70 neles'. Vamos combinar que sempre tentaram reiventar o fantástico "Salve a Seleção", da época do tri, e nunca conseguiram, né?

Foi nesta Copa, de 1986, que a Globo inventou o tal Araquém. Um cara magrelo chato que era o 'símbolo do torcedor'. Virou sinônimo de pé frio. Todo mundo culpou Araquém pela derrota brasileira nas quartas-de-final, diante da França. Sim, você menor de 20 anos que lê este blog saiba que, antes de Zidane, existiu um cara chamado Michel Platini que era o maior jogador da história da França e mandou o Brasil para casa mais cedo naquele ano.

Aos 11 anos de idade, eu já entendia pacas de futebol e torcia, depois do Brasil, para a seleção da Inglaterra. Tudo porque tinha um inglês chamado Gary Lineker que eu achava o máximo. Quase quebrei a TV quando a Argentina despachou a Inglaterra em jogo memorável naquela Copa. Eu via todos os jogos e ligava para o meu pai para contar - não tinha internet, né? E meu pai só podia ir para casa cedo para ver os jogos do Brasil.

A Copa de 1986 eu acompanhei bem, vi tudo, comentava na escola e discutia com os meninos. Eu estava na sexta série e era uma daquelas raras garotas que curtia futebol. Lembro do Zico sendo convocado mesmo com o joelho gerrado, do pênalti perdido por ele no tal jogo contra França... e do nascimento da maldição dos pênaltis.

Falou em pênalti os brasileiros tremiam. Eu até saia da sala, porque a gente chutava mal e sempre perdia. Um horror. A Copa do México era a última chance da geração Zico ser campeã do mundo. Não rolou. Telê Santana, que como todo técnico da seleção era acusado de teimoso, foi o primeiro a cortar jogador por pular muro de concentração - achava essas histórias de bastidores iradas e ali comecei a pensar em ser jornalista. Esportiva, é claro.

Quatro anos depois minha vida estaria completamente diferente. Na Copa seguinte faltava uma peça fundamental na minha vida de torcedora. E as Copas do Mundo nunca mais seriam as mesmas.


Amanhã: Copa da Itália (1990) - Começa o ciclo Dunga na seleção.



Janaina Pereira

terça-feira, maio 25, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 2: Arrivederci, Brasile



Em 1982, do alto de meus 7 anos, pude presenciar a Copa mais ganha de todas. O Brasil de Zico, Júnior, Sócrates e Falcão era favoritíssimo e a taça era nossa. Bem, isso antes da Copa da Espanha começar, claro.

Lembro que meu pai - sempre ele - estava eufórico. Chegava mais cedo do trabalho para ver os jogos, gritava a cada gol, era uma festa. Minha rua, no bairro do subúrbio carioca de Piedade, concorreu a rua mais bonita do Rio, então estava toda enfeitada. Tinha bandeira do Brasil para todos os lados, e eu tinha uma pequenininha, que ficava agitando no portão a cada jogo.

Eu estava na segunda série do colégio e já sabia cantar o hino nacional. Adorava. Mamãe sempre preparava comidas especiais em dias de jogo, e a cada vitória as ruas do Rio se enchiam de alegria e emoção. O tetra é nosso, ninguém tasca.

Lembro de todos os acontecimentos que envolviam a Copa da Espanha... mas dos jogos, só lembro de um. O fatídico Brasil x Itália, nas quartas-de-final, nunca saiu da minha memória. Foi ali que vi, pela primeira vez, meu pai chorar copiosamente. Vi as pessoas cabisbaixas nas ruas, as cornetas sendo jogadas no lixo, um sentimento de tristeza sem fim. Foi naquela Copa que percebi o quanto era importante para os brasileiros a tal de seleção de futebol.

Meu primo Vinícius, flamenguista roxo, era só desolamento porque o Zico não fora campeão. O Flamengo ganhou o título mundial de clubes um ano antes... aí já viu... os flamenguistas estavam se achando. Mas hoje sinto pena do Zico, Júnior, e cia. Eles mereciam demais aquela Copa. Grande seleção.

Lembro bem do personagem do Jô Soares, o Zé da Galera, com o bordão "Bota ponta, Telê!". Lembro do Laranjito, o símbolo da Copa, e do Pacheco, nosso torcedor oficial. Lembro do Paolo Rossi marcando três gols e mandando a gente para casa mais cedo. Lembro que ali eu aprendi que perder era terrivelmente difícil.

A Copa de 1982 é, disparada, a mais marcante da minha vida. Pelos jogadores brilhantes que nunca foram campeões, por um país que tentava sair da ditadura e se agarrava ali na esperança de dias melhores, por uma nação que acreditava no futebol como único motivo de alegria.

Só posso dizer uma coisa: ser campeão moral é uma merda.


Amanhã: Copa do México (1986) - A geração que nasceu para não ser campeã se despede.



Janaina Pereira

segunda-feira, maio 24, 2010

O amor nos tempos de Copa


Parte 1: Quase que me chamo Rivelino


Adoro Copa do Mundo. Não vejo a hora de começar a da África, no próximo dia 11. Gosto de futebol, gosto de torcer, gosto desse verde e amarelo brega nas ruas, gosto de acreditar que somos bons em alguma coisa. Todas as Copas que eu participei como torcedora, desde que nasci, foram marcantes de alguma forma. Espero mesmo que o Brasil ganhe na África, porque não sou de torcer contra. Ate lá vou relembrar as minhas Copas do Mundo e o que essa competição representa na minha vida.

Minha primeira Copa foi no ventre da minha mãe: em 1974, Brasil já tricampeão, papai gritava a cada gol da seleção canarinho e falava que eu tinha que nascer. Tudo isso porque os médicos diziam que eu deveria nascer no final de julho - mas eu não estava a fim e, numa atitude meio baiana, só nasci em 14 de agosto.

Ainda bem. Era capaz do meu pai, de quem herdei o amor pelo futebol, querer me batizar de Jairzinho, Rivelino ou Gérson. Não duvido nada. Na época não tinha ultrassonografia, ninguém sabia que eu era menina, e embora papai quisesse uma filha, nessa hora ele torcia para que eu fosse um menino.

Mamãe conta que papai queria muito que eu nascesse durante a Copa de 74, mas ela torcia para eu esperar um pouco mais, pois nascer em época de Copa não é legal. O país pára, os médicos nem querem saberde colocar pirralhos no mundo. Ouvi as preces da mamãe e fiquei no ventre um tempinho a mais. Era o local mais seguro naquele momento. E nascer sem ser percebida não dá, né?

O Brasil nem foi campeão naquele ano mas foi em 1974 que surgiu a tal Laranja Mecânica, a lendária seleção holandesa que encantou o mundo e não levou nada para casa. O título foi da Alemanha (então Ocidental) de Beckembauer.

Quatro anos depois, eu já era uma criança fofa quando veio minha segunda Copa - a primeira de verdade, afinal, a de 1974 eu resolvi não participar como recém-nascida. aí surge um fato peculiar. É engraçado que lembro da primeira vez que fui ao cinema - janeiro de 1978 - mas não lembro nada da Copa do Mundo daquele ano, que rolou na Argentina. Não tenho qualquer memória afetiva do evento. Em compensação, a Copa da Espanha, em 1982, marcou a minha vida. É a minha primeira Copa de fato e de direito. E a primeira vez que eu percebi que, na vida, perder é doloroso demais.


Amanhã: Copa da Espanha (1982) - A melhor seleção do mundo não leva a taça.



Janaina Pereira

quarta-feira, maio 19, 2010

10 coisas que lembram o Wanderson



- Havaianas


- Cinema


- Pepsi Twist


- Dunga


- Tim Burton


- Butequim Informal


- DMs do Twitter


- Festival do Rio


- Forte de Copacabana


- Hugh Jackman

segunda-feira, maio 17, 2010

O pulso ainda pulsa


Sempre fui uma pessoa saudável, mesmo comendo frituras praticamnete todos os dias. Minhas doenças aparecem de tempso em tempos, sempre avassaladoras. Só pneumonia eu já tive quatro - todas com histórias bem particulares, com direito a internação e tudo. Meus pulmões são fraco, mas as pneumonias nunca apareceram por causa deles. Elas sempre vieram atreladas a alguma melancolia sem fim.

Já que os pulmões são fracos, a rinite chegou até que bem tarde. Eu já passara dos 20 quando me descobri alérgica. Minha mãe tem rinite e meu avô, o pai dela, era asmático. E assim a genética me deu pulmões delicados. Quando vim morar em São Paulo - em meio ao tratamento de vacinas contra a rinite - desenvolvi sinusite e minha vida se transgormou num inferno. Foram meses de inúmeros tratamentos para aliviar os sintomas até que eu descobri a Dona Maria e ela me deu as santas agulhadas que melhoraram minha respisração. Hoje tenho de duas a quatro crises por ano - praticamente um milagre.

Por causa da sinusite, raramente fico resfriada ou gripada - a sinusite é maior que tudo. Febre também é raro. Só quebrei o braço esquerdo, uma vez, quando fui empurrada na escola - tinha 8 anos - e me espatifei no chão. E até os 33 anos eu nunca tinha feito uam cirurgia.

Bem, confesso, depois dos 30 a saúde não é mais a mesma. Descobri os miomas que me acompanham desde 2007, e consigo viver com eles. Por enquanto ficam lá, nada de retirá-los desde que eles se comportem e não cresçam. Crescer na minha barriga só um feto e não há planos de gravidez para este ano. Já as cirrugias que falei no parágrafo anterior... elas sim mudaram minha vida.

Aos 33 anos resolvi deixar de ser míope - quase 20 anos de óculos, adorava - e descobri um problema na retina que só os míopes podem ter. Resumo da história: nove cirurgias em sete meses, um estresse psicológico terrível, e a frase que nunca vou esquecer.

"Você precisa fazer a cirurgia, senão pode ficar cega."

Nunca imaginei que não ia dar certo, pelo contrário, enfrentei a maioria das cirurgias sozinhas, sentia dor, chorava, mas nunca reclamava. Hoje sou meio paranóica com meus olhos, tenho um cuidado extremo e nas duas únicas vezes que eles incharam e eu virei uam versão carioca do Sloth de Os Goonies eu mantive impressionante calma. Sempre penso 'eu estou enxergando, então não há de ser nada."

Meus dentes também merecem atenção especial. Fiz as primeiras restaurações bem pequena, ainda com os de leite. Mama~e conta que fiz um megaescândalo no dentista - só lembro de não conseguir comer caranguejo porque a boca doía. Eu tinha quatro anos.

Usei aparelho lá pelos 12 anos, odiava mortalmente, não preossegui o tratamento e meus dentes inferiores são ligeiramentes tortos - mas eu deixei de ser dentuça, pelo menos. Não tenho siso - isso é uma dádiva, não passei pelo estresse de arrancar esses dentes inúteis. Sempre cuidei direitinho dos meus dentes porque adoro sorrir para as fotos, embora os anos tenham me deixado muito sisuda.

Agora os dentes são afetados por causa de problemas na gengiva - segundo a dentista, depois dos 30 a gente não tem mais cárie e a gengiva é quem sofre. Estou sofrendo para manter o sorriso intacto, não aguento mais levar agulhada na boca, mas eu sempre fui uma boa paciente, geralmente procuro confiar nos médicos e dentistas e faço de tudo para ficar boa logo - tenho pavor de ficar doente, estou longe de ser hipocondríaca.

Os anos me trouxeram dores de cabeça que eu não tinha; dores no pé que eu não tinha; dores no joelho que eu não tinha. Não adianta muito ter a carinha de 20 e poucos quando o corpo sente que você está envelhecendo - e meu lema sempre foi envelhecer bem. Por isso tento ao máximo me cuidar, embora tenha consciência que me alimente mal - sou uma pessoa que sexta à noite já está pensando no pastel de café da manhã de sábado.

Mas não me queixo dos meus raros problemas de saúde. Não tenho gastrite, nem úlcera, nunca quebrei um osso mais seriamente, não infartei nem tive derrame. Estou no lucro.

Ah, claro, já me disseram que posso ter câncer mas acho que me cuido o suficiente para isso não acontecer - embora eu saiba que a inveja é o mau hálito da alma e quando alguém te deseja algo ruim, é preciso se proteger para não acontecer. Procuro ser como um espelho: todo o mal que me desejarem, vai voltar rapidamente para quem me desejou. Simples assim.

Por enquanto o pulso ainda pulsa. E sem estresse.



Janaina Pereira

sexta-feira, maio 14, 2010

10 coisas que lembram a Paloma



- Cerveja


- Cinema


- Demi Lovato


- Brincos


- Forte de Copacabana


- Melissa


- Feijoadinha


- Butequim Informal


- Festival do Rio


- Hugh Jackman

quarta-feira, maio 12, 2010

Original de Fábrica


Cheguei aos 35 anos sem lipo, sem plástica, sem botox, sem silicone, sem escova progressiva, sem pintar o cabelo (uso só xampu tonalizante). Defitivamente, sou uma espécie em extinção. Claro, não vou dizer que também sou do clube dos 'sem rugas' porque tenho espelho em casa. Elas estão ali, querendo aparecer, mas nem creme uso. Até porque eu ainda tenho espinhas, e me preocupo mais com elas do que com as rugas.

Chegar aos 35 anos sem ter mudado nada no meu corpo é quase insano. Não sou contra quem estica o rosto ou aumenta os seios, mas acho que isso é como bebida: deve ser feito com moderação. Fica meio ridículo esticar tanto a cara.

Eu nunca digo que jamais faria plástica porque, se precisar e se tiver dinheiro, eu faço sim. Mas não vejo motivos agora. Acho que cheguei bem aos 35 anos, embora não me veja com a cara de 20 e poucos que todo mundo fala. Já faz muito tempo que pareço uma mulher de 30 e não tenho problemas em dizer minha idade. Envelhecer talvez tenha sido uma das coisas mais gratificantes da minha vida.

O fato é que ter 35 anos sem lipo, sem plástica, sem botox, sem silicone, sem escova progressiva e sem mudar a cor do cabelo é praticamente uma raridade. A coisa mais difícil hoje em dia é encontrar mulheres originais - a maioria se veste tudo igual, alisa o cabelo e se comporta como 'pseudo mulher moderna' mas só quer mesmo um homem que a sustente.

Melhor ainda é me olhar no espelho e ver que estou bem porque, vamos combinar, tem umas meninas de 20 e poucos que só tem embalagem. E algumas nem embalagem têm, são de uma breguice sem tamanho. Fora as caras pintadas em excesso e aquela pose fashionista cafonérrima. Boa tarde!

Eu ainda sou original de fábrica. E original de espécie também. Ainda bem porque detesto gente fake e essa onda de cópia plastificada feminina.


Janaina Pereira

domingo, maio 09, 2010

Mother


Mamãe passa por momentos difíceis mas ela nunca me deixa desanimar. Eu que precisava dar uam força a ela... e é ela quem me dá força, sempre. Não sei se sou o que ela espera - provavelmente não - mas ela aprendeu a me aturar - não tinha outro jeito, Deus não aceita devolução depois de quase 36 anos.

Mamãe e eu somos muito diferentes. Ela, virginiana, metódica, adora as coisas do jeito dela. Eu, leonina, inquieta, acho que casa é lugar para dormir e o mundo me pertence. Minha mãe sempre foi muito protetora - até demais - o que me sufocava muito. Hoje eu aprendi a entendê-la, embora às vezes eu perca o jeito e fale mais do que devo.

Um dia desses aí, quando ela me deu uma notícia ruim, eu perdi o chão. Perdi o rumo, perdi o encanto, perdi até a voz. Mas não perdi a fé, pois ela me ensinou que se a gente perde a fé, deixa de existir. Não conheço ninguém com mais fé do que minha mãe. Foi ela, que aliás nem é católica, quem me ensinou a enxergar Deus nos detalhes.

Minha mãe lê meu blog. Ela virou leitora assídua e uma amiga minha me perguntou outro dia se isso não me incomodava. Respondi: "Por que? Não escrevo nada demais no blog. Nada que minha mãe não saiba." Então ela vai ler esse texto e não sei se ela vai gostar, mas é que eu não sei dizer tudo que sinto por ela. E talvez escrevendo seja mais fácil.

Mãe, eu não disse hoje, nem disse ontem, nem anteontem. Eu raramente digo, mas eu sei que você sabe. Eu te amo. E obrigada, muito obrigada mesmo, por nunca desistir de mim.


Jana

(porque para minha mãe eu nunca fui Janaina, eu sempre fui apenas Jana)

sexta-feira, maio 07, 2010

Um ano depois


Nesta mesma época, ano passado, lá ia eu para o Rio participar da coletiva de Hugh Jackman. Então vamos lá: 365 dias depois, o que mudou na sua vida?

Olho para trás e vejo muitas pessoas ao meu redor do mesmo jeito, fazendo as mesmas coisas, nos mesmos lugares e comentendo os meus erros. Isso é problema delas. Para mim, um ano depois muita coisa mudou, e nada, nada mesmo, continuo igual.

Eu, que naquela época não sabia quanto tempo sobreviveria como freela, estou aqui sobrevivendo bem. Melhor: estou ocupando meu tempo do jeito que me convém, e ser dona do meu prórpio nariz é a melhor coisa do mundo. Fora que eu impedi um infarto que viria antes dos 40 graças ao estresse diário do bizarro mundo corporativo.

Um ano depois eu continuo amiga de Wanderson Awlis e Paloma Ornelas, pessoas que conheci naquele lindo dia de sol e que fazem parte da minha vida de forma muito bacana. Adoro eles, adoro estar com eles, adoro nossas risadas, nossas fofocas e nosso jeito de fazer as cabines cariocas muito mais do que... cabines cariocas!

Um ano depois eu e Léo Francisco somos os melhores amigos que podemos ser, e outros tantos amigos se perderam pelo caminho. Outros apareceram, alguns não duraram, mas eu continuo acreditando nas pessoas. Por isso, um ano depois, permaneço trouxa como sempre.

Um ano depois Hugh Jackman se tornou símbolo de uma virada espetacular na minha vida. Ele foi o começo de muitas coisas boas e, especialmente, de muitas coisas únicas. Ele foi o começo de coisas que são só minhas e que ninguém mais tem.

Por isso eu digo sempre: I love Hugh. E o resto do mundo que se laske!


Janaina Pereira

quarta-feira, maio 05, 2010

10 coisas que lembram a Janis


- Cinema


- Séries


- Crepúsculo


- Melissas


- Rogério


- Botas


- Jay Vaquer


- Guaraná Jesus


- Livros


- DM do twitter

segunda-feira, maio 03, 2010

Complexo de Dorothy


Minha paixão por sapatos vermelhos nunca foi muito bem explicada. Eu sempre tive uma fascinação imensa pela cor, tanto em roupas, bolsas e acessórios como em sapatos. Sapatos vermelhos são charmosos, sexies e sedutores. Tenho várias versões, desde tênis a sapatilhas passando por sandálias e um poderoso tamanco salto agulha. Um luxo.

Um dia me toquei que minha paixão por sapatos vermelhos vinha da admiração pela Dorothy, do Mágico de Oz. Lembro direitinho que eu tinha uns seis anos de idade quando vi o filme pela primeira vez. Adorei. Eu curtia os cachinhos da Judy Garland mas especialmente os sapatos vermelhos brilhantes da Dorothy, que a levaram para Oz.

A melhor cena do filme era a Dorothy batendo seus pés e dizendo: “Não há melhor lugar no mundo do que a nossa casa.” Ela precisou sofrer muito para descobrir isso. E precisou ser enganada pelo mágico de Oz para se dar conta que nunca deveria ter saído de casa. Só que se ela não fosse se aventurar em Oz, jamais teria aprendido que a casa dela era o melhor lugar do mundo.

Eu vivo no mundo de Oz. Oz é aqui mesmo, em São Paulo. Eu já descobri que o idiota do mágico me enganou. Eu tenho várias versões dos sapatinhos vermelhos da Dorothy. E como ela, eu já sei também que o melhor lugar do mundo é a minha casa. O furacão ainda não passou para me levar de volta. Talvez porque eu ainda não tenha encontrado os sapatos vermelhos certos.



Janaina Pereira

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