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quinta-feira, dezembro 31, 2009

The End

(The Doors)


This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby
Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold
The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest
The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us ?

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
"Father ?", "yes son", "I want to kill you"
"Mother...I want to...fuck you"

C'mon baby, take a chance with us X3
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock, On a blue bus
Doin' a blue rock, C'mon, yeah
Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end, Beautiful friend
This is the end, My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end

terça-feira, dezembro 29, 2009

Passando 2009 a limpo


O primeiro ano após a faculdade não poderia ser mais surpreendente. A vida mudou completamente de rumo e muita coisa deixou de fazer sentido. Novas portas se abriram e agora eu já nem sei mais para onde ir. Fazer um balanço de 2009, ano cheio de gratas surpresas, é esperar que 2010 seja igualmente repleto de significados.

O melhor de 2009 na minha vida louca e insana está aqui.


1 - Hugh Jackman - o dia que mudou minha vida de jornalista.

2 - Festival do Rio - os dias mais incríveis da minha vida de jornalista.

3 - Cabines - no começo é bom, depois enjoa, mas ainda vale a pena.

4 - Léo, Mari Laviaguerre, Tuna Dwek, Bruninho e Paula - algumas das pessoas mais queridas e apaixonantes que eu conheci este ano.

5 - Paloma e Wanderson - eu achava que não ia mais fazer novos amigos no Rio. E eles me fizeram ter uma vida carioca outra vez. Adoro!

6 - Home Officer - a liberdade de trabalhar em casa não tem preço.

7 - Espanhol + Italiano - finalmente volto a caminhar rumo ao meu sonho de sempre.

8 - Rio - nunca passei tanto tempo em casa como neste ano e isso me faz muito bem.

9 - Jornalista - ganho pouco mas faço o que gosto e isso é o que importa.

10 - Like a rolling stone - sem rumo, sem expectativa, deixando acontecer.



Janaina Pereira

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Os melhores filmes de 2009



Up


(500) dias com ela


Distrito 9


Bem-vindo


Deixa ela entrar


À deriva


Se nada mais der certo


Entre os muros da escola


Simonal - Ninguém sabe o duro que dei


Caramelo



Janaina Pereira

domingo, dezembro 27, 2009

Pílulas



Não adianta me xingarem porque não gostei de Avatar. Continuo achando o filme única e exclusivamente um grande festival de efeitos visuais. Tem qualidades técnicas sim, tem seu valor sim, mas não tem um roteiro que o sustente. Não sou obrigada a gostar do filme só porque uma dúzia de críticos de cinema gostaram.


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Aliás, eu não sou crítica de cinema. Eu sou jornalista. E como jornalista eu valorizo outras coisas nessa vida.



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Eu prefiro Distrito 9. Infelizmente o QI das pessoas não alcança esse tipo de filme e a galera preferi ir no mais fácil, no esqueminha 'uma imagem vale mais do que mil palavras'. Então tá.


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Até Alvim e os Esquilos 2 fez mais bilheteria do que Avatar. E eu estou errada. Aham.



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Eu gostei mesmo foi de Sherlock Holmes. E achei bancana Onde vivem os monstros. E continuo não snedo obrigada a gostar de Avatar.


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E adoro Procurando Elly, um filme iraniano. Aí vão dizer 'ai, filme iraniano'. Pois é. Ainda bem que meu mundo não é limitado.




Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 25, 2009

HoHoHo


Mais um ano chega ao fim. É aquela mesma coisa de sempre - muitas confraternizações, rabanadas, vinho, ressaca, reunião de família, fogos de artifícios. Eu prefiro aproveitar o momento para imaginar que um ciclo se fecha e tenho 365 dias para fazer as coisas diferentes. Ou fazer tudo igual. Ou não fazer nada. Ou fazer tudo.

Na verdade acho que pouco importa o que vai acontecer; o que vale agora é desejar aos meus amigos as melhores coisas.

Por isso aos meus amigos desejo:

- Mais dinheiro do que trabalho - mas o trabalho é necessário, então tente fazer o que gosta boa parte do tempo.

- Mais amores do que rancores

- Mais alegrias do que insatisfações

- Mais conquistas do que reclamações

- Mais sorrisos do que lágrimas - mas se as lágrimas forem de felicidade, significarão que algo valeu a pena.


E ainda que o tempo e a distância nos afaste, só quero que cada um de vocês saiba que sempre haverá um lugar especial para os meus amigos no meu coração.

Porque onde eu estou, vocês estão lá também.


Feliz Natal e que bons ventos tragam 2010.


Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Filmão


Guy Ritchie ficou mais conhecido como o marido de Madonna. O cineasta de Snatch, Porcos e Diamantes, esteve envolvido nos últimos tempos com um projeto bastante ambicioso: (mais) uma adaptação para o cinema do clássico personagem de Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes. Os mais céticos acreditavam que Ritchie não daria conta do recado. Grande engano. O diretor não só imprime seu estilo como joga luz e glamour sobre um dos personagens mais fantásticos da literatura. Sherlock Holmes, o filme que estreia dia 8, é sofisticado, elegante, irônico, moderno e autêntico. Uma obra perto da perfeição.

Para quem acha que Sherlock é ‘apenas um detetive’, vamos a algumas explicações. Criado por Sir Arthur Conan Doyle, o personagem surgiu pela primeira vez em Um Estudo em Vermelho, editada pela revista Beeton’s Christmas Annual no Natal de 1887. Sisudo, arrogante e fabulosamente inteligente, já aparece como um brilhante detetive, capaz de desvendar os maiores mistérios usando seus conhecimentos de química e a dedução.

Sempre acompanhado de seu fiel escudeiro, o médico John Watson, não se exercita por vontade própria, mas tem ótima forma, é bom corredor e dotado de uma força pela qual, segundo Watson, poucos poderiam dar-lhe crédito. Apontado como ”excepcionalmente forte nos dedos” (frase do livro A Coroa de Berilos) e um “aperto de aço” (do livro Seu Último Adeus), muito hábil no boxe, esgrima e baritsu, um sistema japonês de defesa pessoal.

Mestre do disfarce, Holmes pode passar facilmente despercebido. Frio, desprendido de qualquer sentimento, sem a menor compaixão pelas mulheres e irônico até dizer chega, nunca usou o cachimbo curvo (usava cachimbo comum) e jamais pronunciou uma das frases mais famosas do mundo.

Isso mesmo. “Elementar, meu caro Watson”, não aparece nos livros. Mas as adaptações teatrais e cinematográficas recriaram o personagem, fazendo da frase uma marca registrada de Sherlock. Guy Ritchie não segue a linguagem que popularizou o herói, e se apoia nos textos de Doyle para fazer seu filme, dando um ar jovial e viril ao personagem. Em Sherlock Holmes, o detetive tem o corpo (e que corpo!), a alma e toda a ironia de Robert Downey Jr, escolha acertadíssima para o papel. O ator está completamente à vontade, e encarna o personagem com convicção. Um raro caso de ‘foram feitos um para o outro’ - Downey Jr é o melhor Sherlock que poderia ser.

Não existe Holmes sem Watson, e coube a outro galã, Jude Law, vestir a elegância discreta do médico. Carismático, doce e amigo fiel, o Dr. Watson de Law ilumina a tela, não sendo um mero coadjuvante. Nesta versão, ele tem destaque e personalidade própria. As melhores cenas do longa são so duelos verbais da dupla, em que podemos perceber como os atores se divertiram enquanto filmavam. Desde já, Law & Downey Jr – ou Watson & Sherlock – formam uma das melhores dobradinhas do cinema.

Guy Ritchie leva para a telona uma história baseada nos quadrinhos de Lionel Wigram, e inspirada nos contos clássicos de Sir Arthur Conan Doyle. O thriller de ação e mistério narra uma nova aventura de Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) e seu leal parceiro Watson (Jude Law). Tudo parece anormal na vida de ambos: após a resolução de mais um caso – eles conseguem deter o Lorde Blackwood (Mark Strong), que matou inocentes mulheres em rituais e foi condenado à morte – Sherlock não encontra motivação para desvendar outros mistérios e Watson pretende dar um novo rumo à sua vida.

Para surpresa de quem está acostumado às histórias antigas do detetive e seu amigo médico, Dr. Watson está prestes a se casar e Holmes não quer perder o companheiro de aventuras – taí uma sacada bem bacana do roteiro, que permite revelar um pouco do sentimento do personagem, sempre tão racional e preciso.

Mas, para infelicidade – ou não! – da dupla, Lorde Blackwood ressurge das cinzas. O maquiavélico vilão não morre, o que faz Watson voltar a ajudar Holmes, mesmo a contragosto. Eles se unem para deter Blackwood, que está disposto a executar um plano ainda mais diabólico, que pode fazer com que Londres vá pelos ares.

A história é intrincada, como todas de Holmes. É preciso prestar atenção para desvendar os mistérios, saber os rumos da trama e não se perder pelo meio do caminnho. Isso faz parte da essência dos livros e não é diferente no filme. É preciso embarcar na aventura e não tentar adivinhar como tudo termina – sempre achei impossível seguir a lógica de Sherlock, embora no final tudo faça sentido.

Vale ressaltar ainda que o filme conta com Rachel McAdams (Irene Adler, citada em um dos livros de Doyle, uma das poucas mulheres que Holmes via com certo apreço) como o ’enfeite’ da vez. Além de ser sem sal, sem pimenta e sem tempero, a atriz é ‘engolida’ pelas atuações de Downey Jr e Law. Fraquinha que só ela, é totalmente dispensável em uma futura e bem possível continuação do longa.

Sherlock Holmes ainda mostra que o estilo ‘diretor de videoclipe’ de Ritchie faz bem mesmo em uma obra tão clássica: os cortes rápidos, a câmera lenta que logo agiliza a resolução da cena, as tomadas suspensas, tudo funciona com graciosidade, dando um ar moderno e vigoroso à trama.

Outro destaque é a ótima trilha sonora de Hans Zimmer, além dos belos figurinos e da fotografia exuberante, que imprime um ar obscuro, mas luminoso, para a Londres vitoriana de Sherlock – algo que lembra um pouco os tons sombrios de Tim Burton.

Posso dizer que Sherlock Holmes é daqueles filmes apaixonantes, que permitem o espectador embarcar na telona sem a menor cerimônia. É divertido, inteligente, simpático e bonito de se ver, não só pelo visual do filme, mas também pela boa forma de sua dupla de protagonistas. Elementar, meu caro Guy Ritchie.


Janaina Pereira

domingo, dezembro 20, 2009

Síndrome de Peter Pan

Durante a banca do TGI do meu amigo Léo, sobre animação, um dos professores comentou que era estranho mulheres não fazerem animação, já que meninas adoram brincar de bonecas e tal. Na hora me deu vontade de responder: 'é que as meninas crescem'.

Pois é. Eu brinquei de boneca sim, mas hoje não mais. Adoro animação e florzinhas no cabelo, mas tenho responsabilidades e sou adulta. Eu cresci. E odeio perceber que, cada vez mais, a infantilização masculina se faz presente.

Os desenhos, aliás, são responsáveis por isso. Esse negócio de príncipe encantado, sapo que vira príncipe, empregada que vira princesa, dá uma ilusão de um mundo que não existe. O tal conto de fadas. A vida tem mais bruxas do que fadas, podem acreditar.

Os meninos parecem, cada vez mais, eternizados nos corpos masculinos. Continuam colecionando carrinhos, bonecos, figurinhas. Tudo bem, eu também tenho minhas paixões infantis, gosto dos Jetsons até hoje mas vamos conbinar? Eu não vivo em função disso.

Parece que os homens se recusam a crescer, querem continuar crianças eternamente. Para algumas mulheres pode ser fofo, para mim já causa incômodo. Percebi que não consigo conviver com isso. Não sou infantilizada. Sorry.


Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Strangelove

(Depeche Mode)


There'll be times when my crimes
Will seem almost unforgivable
I give in to sin
Because you have to make this life liveable

But when you think I've had enough
From your sea of love
I'll take more than another riverfull
Yes, and I'll make it all worthwhile
I'll make your heart smile

Strangelove, strange highs and strange lows
Strangelove, that's how my love goes
Strangelove, will you give it to me?
Will you take the pain? I will give to you
Again and again and will you return it

There'll be days when I'll stray
I may appear to be constantly out of reach
I give in to sin
Because I like to practice what I preach

I'm not trying to say, I'll have it all my way
I'm always willing to learn
when you've got something to teach
And I'll make it all worthwhile
I'll make your heart smile

Pain will you return it?
I'll say it again - pain
Pain will you return it?
I'll say it again - pain
Pain will you return it?
I'll say it again - pain
Pain will you return it?
I won't say it again

Strangelove, strange highs and strange lows
Strangelove, that's how my love goes
Strangelove, will you give it to me?
Strangelove, strange highs and strange lows
Strangelove, that's how my love goes
Strangelove, will you give it to me?
Strangelove, strange highs and strange lows
Strangelove, that's how my love goes
Strangelove, will you give it to me?

segunda-feira, dezembro 14, 2009

It's no good

(Depeche Mode)


I'm gonna take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above
The gods decree
You'll be right here by my side
Right next to me
You can run but you cannot hide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'll be fine
I'll be waiting patiently
Until you see the signs
And come running to my open arms
When will you realise
Do we have to wait till our worlds collide
Open up your eyes
You can't turn back the tide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'm gonna take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Traficantes do Asfalto


Acabo de assistir Tropa de Elite. Tá, eu sei, estou atrasada. Mas tenho esse defeito, odeio filmes do tipo 'espreme e sai sangue'. Nunca vi Carandiru e Cidade de Deus até o fim - e não tenho nada contra o Meirelles, pelo contrário, adoro o segundo filme dele, O Jardineiro Fiel.

Quando Tropa de Elite bombou nos cinemas, eu achei que era mais um filme de 'polícia e bandido' e não quis ver. Mesmo o prêmio em Berlim 2008 não me empolgou. Mas como o longa ia passar ontem na TV, eu parei para assistir. E adorei.

O filme me ganhou por um motivo muito simples: o roteiro - muito bem escrito, por sinal - coloca a classe média como uma das principais responsáveis pelo tráfico de drogas do Rio. Eu sempre falo isso, digo que são os mauricinhos e patricinhas da Zona Sul carioca quem bancam o tráfico. E lá está, estampado para todo mundo ver, em cenas bem chocantes do filme, o que esse povo faz.

Só por isso o filme já vale. Mas tem mais. Tem o Wagner Moura dando show como o Capitão Nacimento - que não é corrupto mas adora uma tortura. É assim mesmo que funciona. No Rio não há vilões e mocinhos: polícia e bandido estão ali defendendo o que é seu. Sobra para inocentes, claro, e o filme apresenta isso muito bem.

Tropa de Elite ainda aponta como um policial pode ficar feroz facilmente, como o Rio está dominado pelo tráfico e como a burguesia praiana é alienada e escrota. Muito fácil ver o mundo da janela do Leblon e subir o morro para rebolar em baile funk e comprar um baseado. O filme esfrega isso na cara e - é péssimo dizer isso, mas é verdade - como eu vi algumas pessoas que conheço ali, entre os bem-nascidos que são usuários de maconha e acham que não fazem mal a ninguém. Claro, a fumaça da maconha e a cocaína escorrendo no nariz impedem esse povo de enxergar a merda em que se meteram.

Outra cena impressionante é a morte de um dos 'agentes sociais' da ONG localizada no morro. A cena repete a morte do jornalista Tim Lopes, mostrando que a lei do morro é matar ou matar.E mostrar a PUC como o centro dos estudantes idealistas que fazem trabalho social mas também fumam seu baseado e colaboram com o tráfico foi sensacional. A tropa de elite é o BOPE, mas a elite mesmo formou a sua própria tropa de traficantes do asfalto.

Tudo no longa de José Padilha funciona bem, do elenco a direção, da trilha sonora a montagem, da fotografia ao roteiro. Tropa de Elite é um filme de ação, sem culpa e sem medo de mostrar o Rio como ele é. Porque o problema carioca não está nas favelas, mas nas pessoas que sobem os morros - policiais, bandidos, traficantes, usuários de droga. É sujeira para tudo quanto é lado e, sei lá, acho que não tem mais jeito.


Entre mortos e feridos, salve-se quem puder.


Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 08, 2009

Sem apego


A realidade é que não podemos nos apegar às pessoas. Isso causa um dano sem fim. Não nascemos para vivermos isolados, mas somos sozinhos no mundo. Esse negócio de grude não dá certo. Eu gosto da minha família, dos meus amigos, mas eu sei que preciso resolver algumas coisas sozinhas.

Não adianta você achar que o amor é para sempre. Não é. As pessoas entram e saem da sua vida e você nem nota. Neste blog, por exemplo, é possível achar vários textos onde cito nominalmente pessoas que, naquele momento, eram fundamentais para mim. Onde estão todas elas? Não estão. Sobraram poucos para contar a história.

Nos meus mais de 30 anos de vida, digo que tenho amigos e amigos. Alguns, mesmo distantes, quando a gente se reencontra é como se nunca tivessemos deixado de nos vermos. Outros... simplesmente se perderam com o tempo. Estão por aí e eu sei que não vão voltar.

Existem aqueles também que eram tão importantes, tão amados e tão queridos, mas aí fizeram alguma merda e sumiram. Como é possível amar tanto alguém e esse alguém simplesmente transformar tudo num mero acaso, não levar em consideração o sentimento alheio e sumir por ai? Já vai tarde.

Gosto muitíssimo dos meus amigos, mas são poucos que eu sei que fazem parte da minha vida de fato. Eu sempre procuro as pessoas, me faço presente, mas não posso implorar que elas sejam receptivas. Paciência.

Sinto saudades de muita gente, gente que realmente era importante, gente que eu ainda me importo... mas que, pelo jeito, eu não tinha tanta importância. Ai entram outras pessoas, outros amigos, outras histórias.

E a vida segue assim. Está todo mundo de passagem. Alguns deixam boas lembranças. Outros, nem isso.


Janaina Pereira

domingo, dezembro 06, 2009

Feliz cidade



Eu sou mais feliz no Rio. Fato. É simples assim: o Rio é minha casa, o lugar em que estão minhas referências, minha praia, meu mundinho particular. Se eu pudesse, nunca teria saído de lá.

Os anos passam e São Paulo continua sendo aquela coisa estranha. Aquele lugar em que eu nunca me encaixo, nunca sou eu. Não combino com São Paulo. Não combino com as pessoas, com a agitação, com a ausência de cores, com a falta de humor da cidade.

Infelizmente para mim, São Paulo é um lugar de oportunidades, que me deu a chance de me reiventar. Adoro a vida que levo aqui, mas cansa muito. Cansa especialmente quando percebo que por mais que conheça as pessoas, tenha amigos, trabalho, e viva a minha vidinha de forma bacana, eu não consigo dizer que gosto de morar aqui.

Eu sempre me senti uma intrusa na cidade. São as mesmas piadas que já não têm graça: é o meu sotaque, meu jeito de andar, meu jeito de vestir, minha cor de pele. Um saco. Desculpem se nasci no Rio, uma cidade bem mais bonita, bronzeada e colorida. Parece que todo dia tenho que provar para os outros que o fato de não ser paulista não significa nada. Odeio ser estrangeira no meu próprio País.

Os anos passam, as coisas parecem mudar, mas a verdade que eu continuo perdida e deslocada. Continuo com aquele olhar de quem, a qualquer momento, vai chorar de saudades. A questão é simples: eu sempre volto para o Rio. E o dia que eu for embora de São Paulo, vou voltar aqui para que?

Alguém vai dizer - para rever seus amigos. Pois é, mas não rola. Os amigos do Rio que eram uma das coisas mais importantes da minha vida já são distantes, imagina os daqui. Às vezes acho que nem tem lugar para mim no mundo. Talvez seja esse o problema, eu não consigo descobrir qual é o meu lugar.

Existem sim dias felizes em São Paulo. Eles são cinzentos, mas são legais. Mas eles não superam os dias felizes no Rio. Incrível como os anos passam, e meu coração nunca consegue sair de lá.

Dizem que a gente só dá valor as coisas quando as perde. É a mais pura verdade. Eu não era essa carioca apaixonada quando morava lá. Foi só deixar a cidade que virei fã, que sinto falta, que choro de saudades. Não são as pessoas que me levam de volta, é o lugar, a praia, cada esquina que fez parte de 26 anos da minha vida. É uma saudade tão grande, tão forte, que dói o coração. Às vezes acho que não vou suportar. Mas eu sei, e como sei, que não posso retornar para ficar.

Moro em São Paulo porque preciso. Volto para o Rio porque, apesar de tudo, é o único lugar que eu realmente amo.


Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 04, 2009

O crítico e a crítica


Ontem fui ao CineSesc acompanhar a abertura da 10ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro. De 4 a 30 de dezembro, o CineSESC exibirá títulos como Divã, A mulher invisível, Os Normais 2 e Se eu fosse você 2; documentários musicais, como Loki, O milagre de Santa Luzia, Waldick e Herbert de perto; sobre futebol, como Fiel, 1983: O ano azul e Nada vai nos separar; premiados, como Se nada mais der certo e A festa da menina morta; filmes infantis, como Cocoricó e Grilo Feliz, ou documentários que causaram diferentes tipos de polêmica, como Moscou, Alô, alô, Terezinha e Garapa.

Na abertura para convidados foi exibido o excelente documentário Crítico. Durante oito anos, o crítico de cinema e cineasta Kleber Mendonça Filho registrou com uma câmera digital críticos e cineastas no Brasil e no exterior. Eles falaram sobre ver e fazer filmes, o prazer e a frustração, os egos do artista e do observador no cinema.

Entre os cineastas que aparecem no documentário estão Fernando Meirelles, Walter Salles, Gus Van Sant, Costa Gravas e Curtis Hansom, que contam como aprendem – ou não – com os críticos de cinema. Em contraponto, a difícil arte de falar – na maioria das vezes, mal – do filme alheio é apresentada na perspectiva de jornalistas estrangeiros e brasileiros, como Ricardo Calil e Luiz Carlos Zanin.

Crítico mostra desde jornalistas despreparados diante dos cineastas e atores – como o caso do jornalista brasileiro que confunde Samuel L. Jackson com Laurence Fishburne – aos que conquistam a amizade e o respeito dos diretores de cinema. E ainda aponta a crueldade das palavras e símbolos que podem destruir um filme.

Claro que me fez pensar muito no que estou fazendo da minha vida. Não me considero crítica de cinema. Eu sou jornalista. E isso já muda minha visão das coisas. Como jornalista, trabalho com prazos. E se tenho prazos, não fico digerindo um filme por dias antes de decidir se eu gostei dele ou não. O filme acabou, a luz acendeu, e a reação é na hora. O que eu sinto ali é o que estará no papel.

É errado escrever sobre um filme da perspectiva de um mero espectador? Não sei. Mas é assim que faço e assim que vai ser. Até analiso algumas partes técnicas, porque curto fotografia e trilha sonora e sei minimamente algumas coisas. Mas não vou ficar bancando a pseudo-intelectual e falando difícil. Não é isso que o público quer ler.

Lembro que minha primeira crítica oficial foi recusada. Estava técnica demais, sem emoção. Ai escrevi sobre o mesmo filme aqui para o meu blog, com o olhar de espectadora. Foi aprovada. Ali eu percebi que o segredo era continuar fazendo o que sempre fiz: vendo o filme com a mesma paixão da minha infância, com o olhar de quem está no cinema por diversão.

Não é por causa disso que só vejo o que gosto. Eu vejo de tudo, gosto de muita coisa, detesto outras, mas sei falar mal de um filme com elegância. Não vou sair por aí destruindo o filme só porque não gostei. Quem sou eu para fazer isso? Também não vou falar que amei só para agradar os outros. Gosto muito do que fiz na crítica de 2012, por exemplo. Não gosto do filme, mas sei que é o tipo de longa que o povo ama. Então, fui sarcástica.

Outro que rendeu uma boa crítica foi Anticristo. Na avaliação mais minuciosa que usei para falar de um filme particulamente difícil para mim, consegui uma análise sobre a dor que eu nunca achei que poderia fazer.

Claro que filmes que adoro são mais fáceis de serem analisados. 500 dias com ela rendeu o maior número de comentário do tipo - "eu não ia ver este filme, vi porque li o que você escreveu". Isso é sensacional. Saber que meu olhar apaixonado pelo filme fez muita gente ir ao cinema para vê-lo. E as pessoas gostaram do que viram, porque o filme é mesmo legal.

Mas ainda acho que minha análise mais legal foi de Distrito 9, um filme que trouxe à tona o que eu tenho de mais forte: minha memória. Reviver todos os meus sci-fi para chegar a conclusão de que Distrito 9 é um novo olhar para a ficção científica foi bom demais. Adorei escrever, foi uma viagem no tempo.

Mas, na maioria das vezes, é um parto falar dos filmes, alguns simplesmente não tenho o que dizer. E ai entra a parte mais legal do documentário Crítico, em que alguns entrevistados dizem que o crítico é fruto do filme que ele vê. Perfeito.

Eu quero continuar escrevendo sobre cinema, mas não quero ser crítica, jamais. Eu sou só uma jornalista que por acaso cobre cinema, que ama cinema, que ama aquela sensação de embarcar numa viagem na telona. Claro que meu texto é menos apaixonado e mais jornalístico, mas o que importa é que as pessoas leem e vão ao cinema graças ao que escrevo. E, pincipalmente, elas não desistem de um filme por causa da minha opinião.

Eu não sei de nada. Mas o que vejo nas telas, e a forma como vejo, compartilho com vocês.


Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 02, 2009

As rugas de Michelle


Assisti hoje ao filme Chéri, de Stephen Frears, que chega às telas ano que vem. O longa traz uma das mais belas atrizes americanas, Michelle Pfeiffer, como protagonista. Faz tempo que não via Michelle. Ela está lá, magérrima, loiríssima e com as rugas de uma mulher de 51 anos. E vou falar sobre as rugas de Michelle, não sobre o filme.

Tá, a história sobre a mulher mais velha que se apaixona pelo homem mais novo é batida. Mas o filme consegue mostrar a crueldade do envelhecimento. E é fato: envelhecer não é nada fácil.

Para o homem é muito tranquilo. Tanto faz se eles têm cabelos brancos, são carecas e barrigudos... a velhice masculina é charmosa. Sean Connery. Robert Redford, Paul Newman, Clint Eastwood... a lista de coroas que encantam é gigante. Paula Newman, particularmente, morreu com 82 anos e o charme de sempre. E as mulheres?

As atrizes sempre reclamam que não existem papéis para quem passa dos 40. Deve ser por isso que Nicole Kidman é puro botox. Mas algumas - poucas - assumem as rugas. Nesse seleto grupo está Meryl Streep - hoje uam atriz respeitada, mas que quando mais jovem era ums espécie de 'Regina Duarte hollywoodiana', bastante discriminada pela mídia de lá.

Outra que colocou as rugas na tela é a sexy simbol Kim Basinger. Também cinquentona, Kim aparece com as rugas que a idade lhe deu em The Burning Plain (que eu vi no Festival do Rio, ainda não está em circuito). Está velha mas continua bonitona. O filme de Guillermo Arriaga ainda tem Charlize Theron e seus 30 poucos anos distribuidos em seios caidos e os primeiros sinais de rugas em seu belo rosto. E ela continua linda.

Por que é tão complicado para uma mulher envelhecer? O cabelo branco tem que ser pintado, o corpo tem que permanecer durinho - e aí são horas de malhação - e as tais rugas não podem aparecer - lá vem botox, plástica e milhares de cremes. A velhice feminina, na minha modesta opinião, tem mais a ver com que o que a mulher deixa de ser do que com o que ela aparenta ser.

Com a idade, a mulher deixa de ser fértil. O homem não, ele é macho para toda a vida. Enquanto ele puder ser pai e a pílula azul fizer efeito, lá estão os homens se achando. Para o homem não importa a aparência, só importa que seu órgão sexual funcione. Já a mulher, quando entra na menopausa, vira um mero objeto de decoração.

Homens com mais de 40 jamais se envolvem com mulheres de sua idade. E os que estão na faixa dos 30 também. Todos querem as mocinhas de 20 e poucos, aparentemente mais interessantes. Já intelectualmente, elas sempre ficam devendo, afinal, não possuem experiência de vida. Mas mulheres não precisa pensar. Se estiver em forma e for minimamente gatinha, já está valendo.

Um ex-namorado meu, que é médico, certa vez me falou que o auge da sexualidade masculina é dos 20 aos 25 anos. No caso das mulheres, dos 35 aos 40 anos. Segundo ele, o casal ideal é a mulher de 40 com o cara de 25. Sexualmente perfeito, mas sabemos que, na realidade, é quase improvável que isso aconteça.

As rugas de Michelle Pfeiffer me fizeram pensar como é cruel envelhecer - e Chéri capta isso muito bem. Michelle é perfeita para o papel. Em nosso mundo machista é assim que funciona: não adianta tanta beleza, tanta magreza, tanta sensualidade se no final das contas o cara mais novo vai embora sem olhar para trás.

Que Deus permita que minhas rugas sejam breves e minha vida não seja longa.



Janaina Pereira

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