<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, agosto 29, 2007

Nublado


E, de repente, tudo fica incerto
Nebuloso
Inseguro
Indeciso
O que parecia a verdadeira verdade
perde o rumo
Coloca um freio
Já era?
Gira o mundo
A roda gira
Pára tudo
Pára o tempo
Pára
O sol se foi
A chuva não vem
Dias sem pressa
Vazio da alma
Cadê a certeza que estava aqui?
Um grito no escuro
Noites sem brilho
Deus me dá todas as respostas
Mas detesto quando ele muda as perguntas.


Janaina Pereira

segunda-feira, agosto 27, 2007

Descansei


Enquanto a Hebe Camargo e a Ivete Sangalo lideram o movimento “Cansei”, exibindo seus óculos Gucci, bolsas Louis Vitton e terninhos Prada, eu estou iniciando minha participação no movimento “Descansei”.

Sim, eu também estou cansada. Da corrupção de Brasília, do aluguel alto, das mensalidades escolares e universitárias abusivas, da falta de dinheiro, do metrô lotado, do dia que passa rápido demais. Estou cansada de tanta coisa que eu preciso mesmo descansar. Mas não vou para a Ilha de Caras, nem dar um rolê em Paris. No máximo dou uma voltinha no Rio e olhe lá.

Eu, mais uma pessoa cansada da vida sem perspectivas que temos na Pátria amada e idolatrada, não vou à Sé para protestar. Eu nem tenho uma bolsa Louis Vitton fake para me exibir por lá. E meu celular com câmera, já devidamente arranhado, eu só consegui através do programa de pontos da Vivo, a minha operadora que quase me mata do coração.

Eu estou cansada também, inclusive da elite com ar blasè que resolveu protestar, com aquela cara de velório de socialite. Será que a Glorinha Kalil vai comentar a etiqueta urbana na Sé? Será que Hebe falou para a Ivete que participar do “Cansei” era uma gracinha? Certamente a Ivete respondeu: ‘vai rolar a festa, vai rolar’.

Eu prefiro aderir ao “Descansei”. Porque se a elite está cansada, como estamos nós, pobres trabalhadores mortais? Vamos descansar, cruzar os braços, tirar uma soneca. E quando a gente acordar a Mônica Veloso já estará nas bancas.

Como disse o Jabor, é a verdade nua e crua.

É, não dá para ser feliz assim. O Brasil é uma piada, e a gente ri cada vez mais alto. Vou descansar e volto depois.


Janaina Pereira

quinta-feira, agosto 23, 2007

Pílulas


Um dia faz calor. No outro, um frio de lascar. E alguém ainda tem dúvidas de que a causa do aquecimento global é a atitude sempre esperta do ser humano?

_____________________________________________________________________________________


O SBT voltou a exibir a série "Veronica Mars", desde o piloto da primorosa primeira temporada. Nas madrugadas de terça. Imperdível.


_____________________________________________________________________________________


Enquanto isso, a segunda temporada de "Cold Case" vai chegando ao fim, assim como a quinta de "Smallville". Aliás, a sexta temporada do jovem Clark Kent, encerrada na TV a cabo - que já aguarda a sétima, com estréia nos EUA para setembro - vai chegar na TV aberta ainda este ano. Tomara. Não aguento mais reprises. A primeira temporada de "Sobrenatural" está sendo repetida pela quarta vez. Ninguém merece.


_____________________________________________________________________________________


E, sim, Jack Bauer vai voltar.

sábado, agosto 18, 2007

Fim de semana & filmes


As listas de bons filmes para alugar estão de volta. Então aproveite o final de cinema e corra para a locadora. São dicas para todos os gostos, mas drama, suspense, romance e ficção científca dominam. Boa diversão.


1 – 1984 – adaptação do clássico livro de mesmo nome, escrito por George Orwell em 1948. Depois da guerra atômica, o mundo foi dividido em três estados e Londres é a capital da Oceania, dominada por um partido que tem total controle sobre todos os cidadãos. Winston Smith (John Hurt) é um humilde funcionário do partido e comete o atrevimento de se apaixonar por Julia (Susanna Hamilton), numa sociedade totalitária onde as emoções são consideradas ilegais. Eles tentam escapar dos olhos e dos ouvidos do "Big Brother", sabendo das dificuldades que teriam que enfrentar. Imperdível. Dirigido por Michael Radford.


2 - ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE – mais conhecido como um dos três filmes de James Dean, é um fabuloso épico de mais de 3 horas de duração, que conta a vida de três gerações de famílias texanas. Os conflitos amorosos, disputas econômicas, preconceitos raciais e a corrida pelo óleo negro são retratados de maneira única no cinema. Vencedor do Oscar de Melhor Diretor para George Stevens, foi ainda indicado em outras 9 categorias. No elenco, além de Dean, Rock Hudson e Elizabeth Taylor brilham.


3 – O PIANO – sensível filme da neozelandesa Jane Campion, primeira mulher indicada ao Oscar de melhor diretor. A sofrida trajetória de Ada McGrath (Holly Hunter), uma mulher que não fala desde os seis anos de idade e se muda para a Nova Zelândia recém-colonizada. Em companhia da filha, ela conhece seu futuro marido Alisdair Stewart (Sam Neil), com o qual não se simpatiza. Para piorar a situação, o noivo recusa-se a transportar o piano de Ada, que é sua maior paixão. Um funcionário de Stewart, George Baines (Harvey Keitel), imediatamente interessado na mulher, adquire o instrumento e promete devolvê-lo caso ela lhe ensine a tocá-lo. Com o tempo, as aulas vão se tornando encontros sexuais e os dois acabam descobrindo o verdadeiro amor.


4 - A ENFERMEIRA BETTY – comédia arrebatadora com elenco afinadíssimo, dirigida por Neil Labute. Betty Suzemore (Renee Zellweger), uma garçonete de bom coração, mora numa cidade pacata e tem um casamento falido. Todas as noites, Betty se refugia em um mundo de fantasia, sintonizando na sua novela predileta "Uma Razão para Amar" e sonha em fugir com o ator principal, o encantador Dr. David Ravell (Greg Kinnear). Seu marido acaba se envolvendo em um negócio sujo, e a garçonete presencia seu assassinato brutal. Traumatizada, Betty entra numa realidade alternativa e se torna em "Enfermeira Betty", partindo para Los Angeles para reencontrar com o homem de seus sonhos. O que ela não percebe é que enquanto vive a fantasia, dois pistoleiros (Morgan Freeman e Chris Rock) estão se aproximando dela.


5 – O ANO EM QUE VIVEMOS EM PERIGO – primeiro grande sucesso internacional do diretor australiano Peter Weir (Sociedade dos Poetas Mortos), é um filme cheio de emoções intensas. A ação se passa no ano de 1965, em meio à uma revolução na Indonésia. Guy Hamilton (Mel Gibson) é um ambicioso correspondente australiano em sua primeira missão internacional: cobrir os últimos momentos do regime de Sukarno. Em Jacarta, ele se envolve com uma funcionária da embaixada americana (Sigorney Weaver) e recebe ajuda de Billy Kwan (Linda Hunt), um fotógrafo anão.


6 - JOGO DE ESPIÕES (Spy Game, EUA, 2001) – típico filme de ação dirigido por Tony Scott (Top Gun). Nathan Muir (Robert Redford) é um agente da CIA que vai se aposentar. Ao descobrir que seu protegido Tom Bishop (Brad Pitt) foi preso por espionagem na China, lidera o resgate do jovem agente. Em meio ao embarque para a missão, Muir relembra como ele recrutou e treinou Bishop, seus tempos turbulentos como agentes e ainda a mulher que traiu a amizade deles.


7 – AS PONTES DE MADISON – belo romance dirigido com delicadeza por Clint Eastwood. Robert Kincaid (Eastwood) é um fotógrafo profissional contratado pela revista National Geographic para tirar fotos das belas pontes do condado de Madison, Iowa. Perdido, ele pede informações na fazenda dos Johnsons, onde conhece Francesca Johnson (Meryl Streep), uma dona de casa, casada há quinze anos e com dois filhos adolescentes. Tentando resistir a um inesperado romance, Robert e Francesca vivem uma paixão que surge apenas uma vez na vida.


8 - O DOSSIÊ PELICANO – Alan J. Pakula (Todos os homens do presidente) dirige esse ótimo suspense, baseado no best-seller de John Grisham (autor de A Firma). Dois juízes da Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos são assassinados na mesma noite. Quem estaria por trás das duas mortes? E por que? Em Nova Orleans, a jovem estudante de direito Darby Shaw (Julia Roberts) prepara um dossiê contendo suas opiniões e estudos sobre os crimes, chegando a uma surpreendente conclusão. Nas mãos erradas, as informações do documento significariam uma reviravolta na política de todo o país. Agora, a vida de Darby está em perigo. Perseguida e assustada, ela só pode contar com a ajuda de Gray Grantham (Denzel Washington), um ambicioso repórter que sempre procurou uma história como essa.


9 - COMER,BEBER,VIVER – mais uma obra-prima de Ang Lee (O tigre e o dragão). Em Taipei, Mr. Chu (Sihung Lung) é um mago da cozinha. Todo domingo, o trabalho estafante como chef em um restaurante é trocado pelo encontro com as três filhas, Jian-Jen (Kuei-Mei Yang), Jia-Ning (Yu-Wen Wang) e Jia-Chen (Chien-Lien Wu). Mr. Chu demonstra o amor que sente pelas filhas cozinhando lindos pratos dominicais, mas elas não mantém uma boa relação com o pai. A mais velha, Jia-Jen é professora e se tortura pela perda de um grande amor no colégio. Jia-Chen é executiva de uma companhia aérea de Taiwan e não vê a hora de sair de casa. A caçula Jia-Chien abomina o emprego em um fast-food, enquanto é amante do namorado da melhor amiga. No meio deste fogo cruzado, Mr. Chu questiona a própria vida e encontra seu equilíbrio na cozinha, celebrada novamente por Ang Lee.


10 - O PODER DA NOTÍCIA - a trajetória do Walter Winchell (Stanley Tucci), um colunista que conseguiu atrair a audiência do público ao relatar os "podres" de pessoas famosas. Dono de um estilo não muito ortodoxo, Winchell denunciou ricos e poderosos e, se era admirado por uns, existiam aqueles que o abominavam. Um interessante filme sobre os bastidores da imprensa, feito originalmente para a TV e dirigido por Paul Mazursky (Luar sobre parador).


Janaina Pereira

quinta-feira, agosto 16, 2007

No meio do caminho


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.


Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, agosto 14, 2007

3.3


Às vezes chuva, às vezes sol
Outras vezes só o vento
Nunca na terra
Sempre ao mar
Por dias, noite
Por noites, dia
Por horas descalça
Por minutos de salto alto
Quase louca
Inteiramente sensata
Sem destino
Com razão
Sem medo
Sem culpa
Sem apego
Com força
Com amor
Com fé
Com saudades
Sem carinho
Nunca
Sempre
Incerta
Segura
Cheia de verdades
Vazia de mentiras
Cansada de tolices
Repleta de anseios
Céu com estrelas
Mar sem ondas
Jamais seria mais uma
Sou única
Exclusiva
Sou Eu.


Janaina Pereira

domingo, agosto 12, 2007

Eu queria a eternidade


Faz tempo que não passo um aniversário em São Paulo. Apesar de morar aqui há mais de seis anos, só fiquei na cidade duas vezes para o meu niver. Evito ao máximo estar em Sampa neste dia, mas fazer o quê? Trabalhando e estudando, não me sobrou outra alternativa. E nem vou comemorar direito, a vida está numa correria e preciso resolver outras coisas mais importantes.

Mas a data é sempre cercada de uma tristeza velada, embora eu nunca deixe transparecer isso. Já foi bem mais difícil lembrar que meu aniversário é uma data que acompanha o Dia dos Pais. Hoje é apenas uma lembrança triste, mas consigo conviver bem com a ausência dele. Geralmente quando as pessoas me conhecem acham que meus pais são separados, porque nunca falo dele. A questão é que não preciso expor minha vida nem alardear para todo mundo que meu pai já morreu. Até porque detesto que sintam pena de mim. Não sou diferente de ninguém porque meu pai não está aqui. Apenas aprendi desde cedo a conviver com a morte.

Alguns dos meus amigos mais queridos são pais, e eu acho que ser pai é uma função relevante nessa vida. As mães sempre ficam com a fama, e os pais, coitados, com a má fama. Eles são esquecidos, ficam em segundo plano nesta data comercial, ganham os presentes menos interessantes mas, no final, quase sempre, pagam a conta do cartão de crédito!

Muitos homens são apenas reprodutores: fazem o filho e depois nem querem saber. Ser pai vai além do momento da fecundação. É ser presente mesmo quando se é ausente. É saber o que dizer na hora que a mãe coloca de castigo. É estar por perto quando seu filho se machuca e a mamãe sai correndo desesperada achando que a criança vai morrer. Mãe é sempre desesperada. E o pai tem que controlar o desespero dela.

Sinto muitas saudades do meu pai, mais do que qualquer pessoa possa imaginar. E quando vejo pais e filhos juntos, penso que a vida deveria congelar esse momento e deixar que eles – o pai e a mãe – fossem eternos.

Eu queria eternamente meu pai aqui. O que restou foi esse amor que há quase 20 anos convive com a ausência. Mas que é fundamental para que eu sobreviva. A morte do meu pai me trouxe alguém que era completamente complexa em minha vida: minha própria mãe. Foi a ausência dele que me obrigou a crescer rapidamente e aceitar que minha mãe é diferente de mim, mas não devo amá-la menos por isso. Meu pai sempre foi meu amigo, e minha mãe era minha inimiga mais feroz. Hoje, graças a perda do meu pai, vejo que minha mãe é a pessoa mais complicada que eu sou obrigada a lidar. Mas a maior benção que Deus pode colocar em minha vida.

Aos homens que merecem esse dia, e às mulheres que sabem a importância da data: feliz Dia dos Pais.


Janaina Pereira

sábado, agosto 11, 2007

Anunciação


Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...(2x)

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!...

Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...


Alceu Valença

sexta-feira, agosto 10, 2007

Este quarto


Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...

que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.

Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousando em mim.

A morte deveria ser assim:
Um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim.


Mário Quintana

quarta-feira, agosto 08, 2007

Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mário Quintana

domingo, agosto 05, 2007

O quinto elemento


Finalmente completei o pergaminho: fiz minha quinta tatuagem. Aos curiosos de plantão, não haverá fotos, pelo menos por enquanto. E, como sempre, ela é sigilosa.

Adoro tatuagens. Desde que ganhei a primeira, virou um vício. E também meu melhor presente de aniversário. Jurei para o Lucas, o meu tatuador, que essa é a última. Ele riu. A do ano retrasado também seria, mas eu precisava fazer todas as palavras escritas no meu corpo fazerem sentido. Agora está completo.

Não gosto de tatuagens meigas. Nada de florzinha, anjinho, borboleta, estrela, lua, sol. Isso é dèja vu. Tatuar nome de alguém, então, nem pensar. Mesmo nome de filhos, acho brega. Tatuagem tem que ser autêntica. Tem que mostrar a que veio.

Existem dois tipos de tatuagem: as que você faz pra você, e as que você faz para os outros. As discretas, colocadas em lugares estratégicos, são suas. Você pode nem sempre olhar para elas, mas elas estão ali, somente para você. Vai ver quem você quiser. Já as tatuagens aparentes são para os outros. Todo mundo vê e já identifica você pela marca da pele.

Queria ter a coragem de fazer um grande desenho nas costas, mas minhas idéias sempre foram combinar singeleza com a minha pele. Como sou magra, não fica legal fazer coisas grandes e que chamem muita atenção. Por isso sempre optei por palavras e símbolos que representem o que sou e o que eu penso. É muito legal quando alguém olha e diz: ‘nossa, essa tatuagem é a sua cara.’ E todas são mesmo.

A quinta tatuagem é linda, discreta porém visível. Então ninguém precisa perguntar o que é porque logo, logo vai ver. Foi rápida e não doeu, só saiu muito sangue, ao contrário das outras. Essa também exige maiores cuidados, porque é uma região mais sensível, mas dentro de 15 dias ela estará livre, leve e solta.

Ao respeitável público, lamento informar que pouquíssimos terão o privilégio de ver as cinco ao mesmo tempo, a não ser que um dia eu pose para a Playboy, o que acho pouco provável acontecer. Mesmo na praia nunca ninguém verá as cinco tatuagens, porque uma delas o biquíni esconde - pronto, meio mundo pensou besteira agora. Mas, para os mais afoitos, não há nenhuma tatuagem em local impróprio para menores de 18 anos - acho que a curiosidade só aumentou depois dessa preciosa informação.

Mas... não esqueçam que a curiosidade matou o gato. Miau...


Janaina Pereira

sábado, agosto 04, 2007

Depois dos 30


Eu sempre tive boa saúde. Meu maior problema era o aparelho respiratório, que, desde cedo, deu defeito. Pneumonias foram quatro. A falta de ar, seguida pela rinite e pela sinusite, transformou minha respiração num caos. Mas, após milhões de tratamentos, consegui conviver com isso.

Só que eu já passei dos 30, e o check up se fez necessário. E aí eu descobri que envelheci muito rápido. Os problemas se multiplicam, causando uma sensação estranha... como meu corpo pode ficar tão frágil?

Eu não acredito em doenças do corpo. A alma adoece antes, e claro que a minha esteve à beira do colapso. Era meio óbvio que um dia eu iria sentir, fisicamente, todo o reflexo das dores da alma. E aí é um festival de médicos, exames e afins. O mais incrível é que cada dia tem uma novidade. E para consertar uma coisa, descubro problema em outra. Um saco.

A saúde é o bem mais precioso da vida. Eu detesto ficar doente, e detesto ter a sensação de que meu corpo está sofrendo por problemas causados pela minha mente e pelo meu coração. Mas já que tenho que consertar a máquina que me mantém de pé, vamos fazer um conserto direito.

Eu sou original de fábrica, mas depois dos 30, está na hora de repor algumas peças.


Janaina Pereira

quarta-feira, agosto 01, 2007

Cinco


Estamos entrando no quinto ano do blog. São 681 posts, entre dicas de cinema, músicas para ler e ouvir, desabafos, alegrias, saudades, suspiros, amores e dores. Muito antes do blog ser moda, muito antes de todo mundo querer ter um, muito antes de pseudo-jornalistas supostamente escreverem matérias, muito antes da maledicência e da bisbilhotice, eu já estava por aqui, com intuitos bem diferentes.

Este blog sempre foi um veículo de reprodução para os artigos que eu escrevia para diversos sites. Um trabalho que começou no saudoso Trampolim, do André Gola e do Paulo Lisboa, pessoas que guardo com carinho em meu coração. Sinto saudades das dúzias de textos publicitários e das centenas – eram centenas mesmo – de emails de jovens publicitários de todo o Brasil pedindo dicas da profissão.

O negócio ficou sério, os artigos foram além da propaganda, e olha aonde viemos parar. Mesmo com as inclinações jornalísticas, não me rendo a escrever matérias aqui, ou copiar minhas reportagens. Aqui é lugar de filosofar, criticar, expressar opiniões, levantar o astral e a poeira. Nem mudo o layout do blog, é o mesmo desde que começou em 1 de agosto de 2003. Não há fotos, e houve uma época que nem havia comentários. É apenas a minha visão do mundo, e as pessoas têm o direito de não concordar com ela, mas isso também não importa porque eu não estou aqui para agradar as pessoas.

Não gosto de escrever sobre política, nem tragédia, nem bizarrices. Escrevo bobagens, faço poesia ocasionalmente – já fui bem mais poetisa nessa vida! – e destilo veneno e farpas. A intenção não é levar nada a sério, nem o mau humor esporádico ou a alegria constante. O negócio é ser escancarado no afeto e sutil nas desarmonias. É mostrar sem deixar ver. É escrever nas entrelinhas.

Este blog sobrevive porque existem os curiosos, existem os xeretas, e existem os que os que gostam de mim. Mas todos têm em comum uma coisa: gostam do que eu escrevo. Eu sei que é duro de admitir, mas se não gostassem, não teriam o trabalho de vir aqui ler. Ler e comentar, concordando ou não com o que escrevo. Ou ler e se calar. Mas, de um jeito ou de outro, sempre voltam aqui.

O “Veneno da Gata” já teve alguns posts dedicados a pessoas que hoje nem fazem mais parte da minha vida. Mas alguns continuam aqui, citados com freqüência, ou ocasionalmente, mas estão aqui. O melhor é ler os textos antigos e perceber quanta coisa passou, quanta coisa mudou, mas que a força das palavras continua a mesma.

Porque como diz meu poeta preferido, Walt Whitman, palavras e idéias podem mudar o mundo. E é exatamente por isso que estou aqui, e é só por isso que esse blog existe.

Ah, e claro, a vida continua - cada vez mais - cheia de amor, som e fúria.



Janaina Pereira

This page is powered by Blogger. Isn't yours?