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domingo, dezembro 31, 2006

Já volto

Chegou a hora de ir.
De deixar para trás as dores, o cansaço, a tristeza, a vida cheia de
perturbações, os acontecimentos que mudaram para sempre a história de
cada um de nós. Nada será como antes. E espero descobrir algum dia se
isso tudo valeu a pena.

Chegou a hora de ir embora sem olhar para trás.
Sem ter medo.
Sem ter ilusões.
Sem esperar nada do outro.

Nesta mesma época, em 2005, eu era uma pessoa cheia de esperança. Eu
tinha dinheiro no bolso e saúde para dar e vender. Eu tinha sonhos,
planos e pessoas para dividir isso comigo. Eu tinha vida. Eu tinha fé.

Um ano depois, eu continuo no olho do furacão. E você? Acha que um
acontecimento aqui e outro ali já foi o suficiente para garantir um
grande ano? Acha que é um vitorioso? Acha que no final das contas se
deu bem?

Não ache nada, tenha certeza. Tenha certeza de que, por mais
insuportável que seja qualquer dor que você tenha passado, há uma
remota esperança de que tudo mude. Afinal, um novo ano vem ai. E essa
página em branco que começa a ser escrita no próximo dia 1, deve ter
palavras de amor e de fé, acima de tudo.

Já está na hora de dizer adeus para 2006.

Que bons ventos tragam 2007.


Boas festas.

Janaina Pereira

sábado, dezembro 30, 2006

Corações perfumados


Sou alérgica a perfumes. Isso é uma tristeza, porque eu adoro perfumes. Por causa da sinusite, deixei de usá-los com freqüência. Mas descobri que um bom perfume ainda guarda um belo segredo: a personalidade das pessoas.

Nunca fui muito fã de homens perfumados. Mas mudei de opinião nos últimos tempos. Perfumes são fetiches. E perfumes podem ser marcantes. Não gosto daqueles que se banham de perfumes – mas um bom cheiro faz a diferença.

Na nova lista de fetiches que descobri nos últimos tempos há coisas inusitadas. Alguns homens gostam de zíper. Outros de cabelos com tranças. Ainda existem alguns que se perdem nos decotes.

E as mulheres, que fetiches novos eu descobri? Parece que cabelos compridos andam perdendo o espaço para cabelos quase raspados. E cavanhaques e barbas andam conquistando cada vez mais espaços. E, claro, camisas combinando com a cor dos olhos é o que há.

Incrível como as mulheres modificam os homens... basta um simples comentário e lá vão eles tentando agradar. A recíproca nem sempre é verdadeira. Poucas vezes eu fiz algo para agradar o outro. Por exemplo, a máxima de que homens adoram mulheres de cabelos compridos, para mim, nunca funcionou. Eu adoro cabelos curtos. Não fiz tatuagem para agradar ninguém, aliás, poucas vezes fiz alguma coisa para agradar alguém. É, eu sou mesmo marrenta.

Outro dia me falaram algo tão bonito... que meu coração era perfumado. E olha que nem sou tão perfumada assim...ah, perfumes. De fato, alguns podem ser inesquecíveis.


Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 29, 2006

E no final...


As pessoas perdem muito tempo na vida tentado ser o que não são. Vivem os problemas alheios, as emoções do outro, a vida idealizada, mas não realizada. Projetam ilusões e acreditam que a felicidade está fora. Mas ela não está.

Não adianta tentar achar no outro a razão da sua vida. Ninguém pode ser o responsável por você ser feliz. Nada fará você ser feliz se não estiver bem consigo mesmo. A auto-descoberta é a maior força que alguém pode ganhar. Quando nos descobrimos, ficamos mais fortes.

O aprendizado não é para qualquer um. A vida é breve, e temos que aproveitá-la. De preferência fazendo o bem, estendendo a mão quando alguém precisa e até perdoando a quem nos faz mal. A vida é uma aprendizado lento e constante, e cabe a cada um de nós oferecer ao próximo o sorriso da amizade e a luz da solidariedade.

E como disse Lennon e McCartney, no final o amor que você leva é igual ao amor que você faz.


Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Segredos marcados no corpo


Adoro tatuagens. Nem tanto nos outros, mas em mim, virou quase um vício. Já tenho quatro, todas estratégicas, discretas e com mensagens subliminares. Elas falam entre si, e são a minha cara. Mas nunca ninguém vê as quatro tattoos ao mesmo tempo. E não pensem que elas estão localizadas em algum lugar impublicável. É que, à primeira vista, ninguém nota. Nem na praia. Tá, só se eu estiver sem roupa, mas isso é para poucos, porque não fico pelada na frente de qualquer um.

Minha primeira tatuagem foi muito especial. Ganhei de presente da minha amiga Parvati, e simboliza, de fato, quem sou. O mais engraçado é que pouca gente a vê, e até hoje ela é motivo de surpresa – mas quem olha , percebe que é a tattoo que mais combina comigo.

A segunda foi a mais dolorosa, a maior de todas e certamente a mais polêmica. Às vezes alguém a descobre, e vem sempre a piadinha. Mas eu não ligo, e gosto dela. Talvez seja a mais sexy, porque tatuagem é sexy, e isso não dá para negar.

A terceira tattoo é a mais visível, e por isso mesmo a mais difícil de me adaptar. Escolhi o braço direito para escrever Maktub, a expressão árabe que significa ‘está escrito’ – e essa eu posso contar o que é porque todo mundo vê, já que ando sempre com o braço descoberto. Volta e meia acho esquisito vê-la em fotos ou no espelho, mas ao mesmo tempo ela é uma marca muito forte da minha personalidade e tinha que estar exatamente onde está.

A quarta tatuagem, aparentemente, quebra a linha de raciocínio das demais – eu comecei a formar um pergaminho no corpo, com mensagens cifradas que só alguns privilegiados conhecem. Mas, talvez, seja a tattoo mais delicada e mais enigmática – só quando eu explico as pessoas entendem.

Falta espaço no meu corpo para fazer o que ainda quero. Não tenho coragem de tatuar, por exemplo, as minhas costas – vontade é o que não falta. Queria mesmo fazer aquelas tattoos gigantes, que cobrissem as costas, mas não vai rolar. Não combina comigo, e se há uma coisa que respeito, é meu corpo – minha acupunturista diz que a tatuagem é uma agressão, mas eu mantenho minha dignidade fazendo coisas que combinem com meu jeito magrelo de ser.

Todas as tatuagens foram pensadas e decididas após muita reflexão, para que eu não me arrependesse delas. E eu adoro todas. Impossível lembrar de mim como eu era antes. Eu sempre fui esse corpo tatuado, só que antes não era visível para mim! E nada de baboseiras: não escrevo nome de ninguém, não homenageio pessoas. Minhas tatuagens apenas representam quem sou eu. Todas, sem exceção, fazem parte da minha personalidade e por isso são especiais.

Agora eu aticei a curiosidade de 100% dos leitores masculinos do blog e a inveja de 80% das leitoras – os outros 20% são minhas amigas que conhecem as tattoos. Fazer o que? O mistério faz parte do encanto. E eu não faço tatuagens para os outros verem. Eu faço para mim (excelente desculpa para manter o segredo e despertar ainda mais a curiosidade alheia ).


Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 26, 2006

Vida

(Lulu Santos)

Quando eu era pequeno eu achava a vida chata
Como não devia ser
Os garotos da escola só a fim de jogar bola
E eu queria ir tocar guitarra na TV

Aí veio a adolescência e pintou a diferença
Foi difícil de esquecer
A garota mais bonita também era a mais rica
Me fazia de escravo do seu bel prazer

Quando eu saí de casa minha mãe me disse:
Baby, você vai se arrepender
Pois o mundo lá fora num segundo te devora
Dito e feito, mas eu não dei o braço a torcer

Hoje eu vendo sonhos, ilusões de romance
E toco a minha vida por um troco qualquer
É o que chamam de destino, e eu não vou lutar por isso
Que seja assim enquanto é
Que seja assim enquanto
Que seja assim enquanto é

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Arrasta pé

Se tem um forró que gosto desde sempre é "Feira de Mangaio", do Sivuca. Lembro quando dancei esta música, numa festa junina, quando era bem pequena. Aliás, na minha época, não havia Halloween - festa junina era a tradição, e eu adorava.

Sivuca morreu na última sexta, dia 15, deixando um vazio na música brasileira, que talvez nunca tenha reconhecido o grande músico que ele foi. Pouca gente sabia que a melodia de "João e Maria", do Chico, era dele.

E aqui vai a letra de "Feira de Mangaio", que os mais jovens nem conhecem, mas deviam prestar atenção. A música é irresistível, especialmente na voz de uma das minhas cantoras favoritas, Clara Nunes. Isso é a cara do Brasil.


Feira de Mangaio

(letra de Glória Gadelha - música de Sivuca)

Fumo de rolo arreio e cangalha
Eu tenho tudo pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá


Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaiero ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra maria do joá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Farinha, rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pavio de candeeiro, panela de barro
Menino vou me embora tenho que voltar
Xaxar o meu roçado que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

quinta-feira, dezembro 21, 2006

De que lado você está?


Um dos melhores filmes que assisti recentemente foi “Os infiltrados” (The departed), desde já uma obra-prima de Martin Scorsese (“Táxi Driver”, “Cassino”, “OS bons companheiros”). É cinemão puro no melhor estilo Coppola e “O poderoso chefão”. Scorsese conseguiu reunir um elenco afinadíssimo numa trama em que mocinhos e bandidos têm seu lado definido, mas precisam camuflar a verdade para sobreviver.

O ótimo roteiro de William Monahan, baseado no roteiro de Siu Fai Mak e Felix Chong do filme Conflitos Internos (Infernal Affairs, 2002), sucesso de Hong Kong, narra a história do jovem policial Billy Costigan (Leonardo DiCaprio em atuação marcante), que recebe a missão de se infiltrar na máfia, mais especificamente no grupo comandado por Frank Costello (o sempre excepcional Jack Nicholson). Aos poucos Billy conquista sua confiança, ao mesmo tempo em que Colin Sullivan (o eficiente Matt Damon), um criminoso que foi infiltrado na polícia como informante de Costello, também ascende dentro da corporação. Tanto Billy quanto Colin sentem-se aflitos devido à vida dupla que levam, tendo a obrigação de sempre obter informações. Porém, quando a máfia e a polícia descobrem que entre eles há um espião, a vida de ambos passa a correr perigo.

Com uma trilha sonora eletrizante, direção refinada e uma fotografia enriquecida pelo tom sombreado, que sugere a ambiguidade dos personagens, o filme conquista o espectador de forma avassaladora. Vale destacar ainda a edição, que mantém o foco mesmo diante de tantas reviravoltas do roteiro. E, claro, um capítulo à parte é o elenco, que conta com nomes como Mark Wahlberg, Martin Sheen e Alec Baldwin, em atuações precisas, e o trio protagonista em excelentes performances. Jack Nicholson, atuando pela primeira vez sob a lente de Scorsese, dá o show de sempre. Matt Damon aposta no lado dissimulado de seu personagem e convence. Mas é Leonardo di Caprio – em sua terceira dobradinha consecutiva com o diretor - quem transborda na tela, em atuação emocional e desesperada que refletem toda a angústia e conflito de seu Billy Costigan.

Favorito ao Oscar do ano quem – prêmio em que sempre foi esnobado – Scorsese mostra em “Os infiltrados” que a sujeira está por todos os lados, e o universo mafioso faz parte dos nossos dias. Resta saber em que lado você está e até que ponto é possível ocultar a sua verdadeira face.


Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 19, 2006

Falando por mim


Vi essa corrente no blog da Elisa e resolvi fazer aqui também. E não é que fica interessante? Faça você também!

Banda Que Escolhi: Paralamas do Sucesso

1) Você é homem ou mulher?
Lourinha Bombril

2) Descreva-se:
La Bella Luna

3) O que as pessoas acham de você?
Uma Brasileira

4) Como descreveria seu último relacionamento amoroso?
Flores e Espinhos

5) Descreva sua atual relação com seu namorado ou pretendente
Longo Caminho

6) Onde queria estar agora?
Na nossa casa

7) O que pensa a respeito do amor?
Saber amar

8) Como é sua vida?
Caleidoscópio

9) O que pediria se pudesse ter apenas um desejo?
Romance ideal

10) Escreva uma frase sábia:
Cuide bem do seu amor

domingo, dezembro 17, 2006

Ah! Os relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


Mário Quintana - A Cor do Invisível

sábado, dezembro 16, 2006

Da discrição


Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...


Mário Quintana - Espelho Mágico

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Canção do dia de sempre


Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


Mário Quintana

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Presença


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.


Mário Quintana

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Eu escrevi um poema triste


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mário Quintana - A Cor do Invisível

terça-feira, dezembro 12, 2006

Recordo ainda


Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!
Que envelheceu, um dia, de repente!


Mário Quintana

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Sessão Quintana


Aprendi a gostar de poesia com minha avó Lenira. Minha avó de belos olhos verdes -talvez, por causa dela, eu seja enlouquecida por olhos claros. Vovó adora Drummond, mineiro como ela. Eu amo Mário Quintana. E para meus leitores descobrirem o que ele escreveu que até hoje reflete em minha vida, escolhi alguns dos meus poemas favoritos para ilustrar esta semana cheia de perturbações.


Do amoroso esquecimento

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana - Espelho Mágico

domingo, dezembro 10, 2006

Infinito Particular

(Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown)


Eis o melhor e o pior de mim

O meu termômetro, o meu quilate
Vem cara, me retrate

Não é impossível
Eu não sou difícil de ler

Faça sua parte

Eu sou daqui e não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Em alguns instantes

Sou pequenina e também gigante
Vem cara, se declara

O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder

Olha minha cara

É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo

A água é potável
Daqui você pode beber

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Reflexão maquiavélica


Maquiavel, o pai da ciência política moderna e autor do clássico “O príncipe”, tinha toda razão. O bom governante deve ser astuto e virtuoso, e só quem é tem essas duas características é de fato respeitado, por isso temos que ser temidos e não amados.

Vejam o exemplo real disso: na sua família, você respeita seu pai ou sua mãe que só demonstra amor e afeto? Claro que não. Você respeita o pai ou a mãe que impõe limites e faz você estremecer.

No trabalho: você respeita o chefe calmo, tranqüilo e sereno? Claro que não, só respeita o que dá bronca e pega no seu pé.

Na faculdade ou na escola: você respeita o professor legal, atencioso e cheio de sorrisos? Claro que não, só há respeito com o professor que faz jogo duro e é exigente ao extremo.

Maquiavel sabia o que escrevia – e o que dizia: o bom governante precisa ser sempre astuto e virtuoso, precisa ser temido, e só assim será respeitado.

Por isso me sinto melhor quando alguém diz que tem medo de mim , do que quando alguém diz que me adora. Quem me adora não me respeita, mas quem tem medo de mim, esse sim , sabe que há motivos para temer.


Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 05, 2006

Conhecer é preciso


Que o ensino no Brasil não é lá essas coisas, isso todo mundo sabe. Sempre achei que a base de um povo deve ser saúde e educação; sem isso, a dominação fica mais fácil. Desde sempre eu acho que em nosso país não se investe em educação para manipular mais tranqüilamente a população. Mas vejo que, mesmo entre os que buscam a educação, o conhecimento é relativo.

Fico pensando o que leva alguém a gastar dinheiro numa faculdade particular e não aproveitar o pouco que ela pode oferecer. Certamente a maioria vai atrás do diploma que poderá garantir um emprego melhor, ou quem sabe, matar alguns por aí e ir para uma cela individual. Aprender? Que nada, isso não faz parte.

Claro que ninguém é de ferro, e faltar uma vez ou outra, ou ir pro bar, ou não prestar atenção na aula faz parte do processo. Mas, o que sobra de algumas aulas que valem a pena? Tenho um amigo que é médico, e uma vez ele me disse que, quando estudava medicina, a maioria da sua turma usava drogas. Imagina, o médico de amanhã é o maconheiro de hoje.

Há os estereótipos, como por exemplo, todo estudante de publicidade é doido e os futuros jornalismos são intelectuais. Grande piada. Na verdade, a grande maioria dos estudantes de comunicação ‘se acham’, e isso serve para publicidade e jornalismo. Se há uma coisa que odeio é a falsa idéia de que publicitário é tudo maconheiro e só por isso é criativo, além de ser fashion, cult, e todas as expressões da moda - em inglês, claro. Existem estes tipos sim, os vulgos ‘publiciotários’, que ganham prêmios e gastam seus altos salários com a cocaína de cada dia. Mas existe muita gente boa que trabalha, e trabalha muito, para vender a idéia infeliz do cliente.

O que mais eu detesto no jornalismo é a falta de apuração. E isso se aprende na faculdade! Sim, porque os quase jornalistas não apuram nada, nem fofoca . E fica o dito pelo não dito, o duvidoso pelo certo, e os fins justificam os meios. Haja paciência. A maioria não tem conteúdo, não sabem coisas básicas da profissão, não tem conhecimento da história do mundo, só querem a prática: escrever textos vazios, repletos de erros de língua portuguesa, sem fundamentação, sem reflexão e, obviamente, sem pontuação. É um tal de colocar vírgula entre o sujeito e o verbo que me dá vontade de sair correndo. E falam tão mal quanto escrevem. Não conseguem concluir um pensamento, não entendem o que lêem, simplesmente porque não tem o hábito de ler – e esse é o clássico dos estudantes de jornalismo, a maioria não gosta de ler! Logo, o cérebro já está atrofiado e as letrinhas confundem o coitadinho.

Difícil mudar um país onde os poucos que tem acesso ao ensino superior na o tiram bom proveito dele. Que tal antes de tentar mudar o outro você mudar a si mesmo? Já é um bom começo. Como eu sempre fi z do conhecimento o alicerce da minha vida – e na m i nhá casa, sempre se deu muito valor aos estudos – sigo meu caminho apenas com uma tristeza: cada vez está mais complicado achar um ser humano com o mínimo de intelecto para se conversar.


Janaina Pereira

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Reconstruindo


O ano novo sempre nos traz esperança de novas oportunidades. Quando vejo
tudo que sonhei e foi destruído sem dó nem piedade neste ano que termina, dá até medo do que possa vir pela frente.

Foram muitos sonhos destruídos por mentiras e falsas promessas. Máscaras que caíram e deixaram à mostra frieza, desonestidade e rancor. Julgamentos prévios de atitudes egoístas, condenação antecipada de réus que nem tiveram tempo de se defender.

Omissão. A verdade, sempre cruel, se mostrou doloroso e sofrida.

Persuasão. Um bom discurso pode mudar os caminhos daqueles que não conseguem distinguir o bem do mal. Hitler era uma figura encantadora para milhares de alemães que seguiram seus passos. E a história está repleta de personagens que usaram o poder da palavra para, dissimuladamente, alcançar seus objetivos. Mas todos eles, sem exceção, se deram mal no final.

Os bons sempre vencem. A boa vibração das pessoas de alma nobre acaba atraindo benevolência, solidariedade, amor, compaixão, harmonia, paz, justiça. Muitas pessoas me disseram que conseguem identificar de longe quem é do bem. Mas, ainda assim, alguns conseguem encobrir suas reais intenções com sorrisos sarcásticos e falsos moralismos que algum dia caem por terra. E aí, muitos já estarão machucados tentado cicatrizar as feridas.

Quando estamos cegos de amor ou de raiva, precisamos nos recolher para encontrarmos o equilíbrio necessário para seguir adiante. Muitas vezes parece impossível sobreviver a tanta dor e tanto amor, mas sempre conseguimos. Sempre. O destino coloca e tira pessoas da nossa vida, mas ele sempre se encarrega de deixar alguém por perto na hora que mais precisamos. Nunca estamos só. Podemos sim, muitas vezes, ficarmos perdidos pelo meio do caminho. Podemos ficar abandonados a nossa própria sorte, clamando por uma força maior que nos dê força para caminhar. E de algum jeito, de alguma forma, essa força vem não sei de onde, e a gente continua nem sabe como.

Eu já fui ao fundo do poço algumas vezes. E sempre sai de lá mais forte. Força, aliás, é algo que não me falta. Eu sou frágil apenas quando alguém que amo morre, e aí eu precisar esperar a eternidade para reencontrá-lo. E sempre que alguém atropela meu caminho e tenta me machucar, eu lembro que nada nem ninguém me fará sofrer, porque a dor maior do mundo eu já senti quando meu pai morreu. E eu me importo com poucas pessoas e poucas coisas nessa vida, mas me importo muito em não fazer ninguém sofrer, porque eu detesto pensar que alguém que eu gosto tanto pode estar chorando por mim.

Então se alguém me fez sofrer, se alguém me magoou a ponto de me fazer rastejar no fundo do poço, eu sinto muito ter que confessar agora que eu estou viva. Sim, eu sobrevivi. A tudo e a todos, aos piores momentos, a toda dor que eu achei que nunca ia passar.

E eu tenho esperança, sim ainda há esperança em meu coração. Esperança de que 2007 será um ano iluminado, cheio de bons momentos ao lado de todos que, de fato, me querem bem. Pessoas que, quando olham nos meus olhos, dizem a verdade e não fingem ser o que não são. Pessoas que têm defeitos, que erram, mas que na essência fazem parte do lado bom da humanidade.

Estou em obras. Reconstruindo minha vida para que 2007 seja mais leve, mais livre, mais solto. Para que as palavras sejam mais doces, os gestos mais amáveis, as atitudes mais carinhosas, o semblante menos amargo. Porque tantos dependem de mim, da minha alegria, do meu bem-estar, da minha paixão que guia, através das minhas palavras e das minhas ações, algumas pessoas no Universo.

É por não fugir da minha missão que acredito que 2007 será um ano cheio de vitórias para todos que fazem o bem. Então, o que posso desejar a cada um dos leitores desse blog é: cuide de sua vida, porque ela é sua. E se cada um cuidar de sua vida, fica mais fácil.

Outro dia me mostraram um quadro que retrata os momentos finais da vida de Sócrates. Enquanto os discípulos estavam desesperados com a aproximação da morte do mestre, Sócrates permanecia calmo e sereno. Será que ele disse naquele instante: o que é a verdade? O que é a mentira?

Afinal de contas, foi a verdade ou a mentira que matou Sócrates?

Como sou socrática, repito um dos princípios do sábio filósofo: conheça a si mesmo. Você é o que realmente importa, livre-se da ignorância de pensar, agir e se guiar pelos outros. O conhecimento é a chave de tudo.

Que 2007 seja um ano de mais sabedoria e reflexão porque só assim os caminhos virtuosos estão garantidos.


Janaina Pereira

sábado, dezembro 02, 2006

2006 em pedaços

(para ler ouvindo "Saúde", com Rita Lee)


E mais um ano chega ao fim. Ano esquisito, cheio de reviravoltas, decepções e muita tristeza. Mas o ano em que a solidariedade esteve em alta. Amigos por todas as partes, pessoas queridas que estiverem sempre por perto. Sem dúvida essas pessoas fizeram de 2006 um ano de grande aprendizado. E para elas vão todos os meus agradecimentos.

Gisele – mais que amiga querida, uma irmã. Obrigada por me ouvir, e olha que eu falo, né? Adoro você.

Val – meu porto seguro, a amiga que me protege, me apóia e está sempre por perto quando preciso. Obrigada pelo privilégio da sua amizade.

Mari – no dia que o mundo desabou era você quem estava lá. E por tudo isso e muito mais, você é uma amiga muito especial na minha vida.

Márcia – a pessoa mais sensata que conheço, que se tornou uma grande amiga e conselheira. Muito obrigada pela força e saiba que te admiro muito.

Ale – meu amigo querido! Eu só tenho a agradecer por você fazer parte da minha vida. Agradeço muito sua amizade e a confiança.

Carlinha – minha amiga de fato e de direito, uma pessoa muito especial. Obrigada por estar sempre presente, mesmo quando está ausente.

Edson – continua sendo meu ídolo, uma pessoa da melhor qualidade e amigo querido. Quero ser como você quando crescer, menos careca, né?

Camilinha, Cleide, David e Sueli – agradeço a amizade sincera, o apoio e a força em todos os momentos difíceis.

Danny, Dani, Lu, Chris, Luiza, Nilda e Cida – minhas fiéis amigas, que nem a distância nem o tempo consegue afastar.

Wellington, Fabinho e Jorge – meus pupilos!!! Meninos fofos e queridos, que eu adoro e tenho muito orgulho de ser amiga.

Rosângela – momentos divertidos e reflexivos ao longo do ano e a experiência única de poder ter você por perto para eu ter e certeza de que sou mesmo das ciências sociais. Obrigada pela confiança.

Ana Ziccardi - num momento tão delicado, suas palavras serviram para eu refletir sobre mim mesma e minha função neste mundo. Agradeço pelo apoio e pelo carinho, e sei que a luz que nos guia nessa vida brilha muito forte para nos fazer a cada dia melhores.

Clauber, Ana Paula, Tia Ana, Paulo, Kelly, Vamberto, Beto e Júnior – a vida dá um jeito de colocar as pessoas queridas longe dos olhos, mas nunca longe do coração. Adoro vocês, sempre.

Odair – num ano tão cheio de momentos reflexivos, é sempre bom ter um filósofo por perto para me fazer questionar. Obrigada pelo apoio e pela amizade, e por nunca me fazer esquecer a importância da ética em minha vida.

Amaral – uma das melhores coisas desse ano foi ver que você foi descoberto por uma turma que nem sempre te viu com bons olhos. Mas não esqueça que eu sempre fui sua discípula, hein? Obrigada pelo respeito e pela amizade, e por ser essa rara pessoa de coração generoso.

Também quero deixar aqui meus mais sinceros agradecimentos aos mestres queridos Sidney, Cilene, Patrícia Kay, Renato e Farias, pelo aprendizado e apoio, e ao mais temido dos mestres, Álvaro Bufarah!!! Mesmo com meu sotaque eu consegui sobreviver as aulas de rádio e ser uma locutora feliz! E feliz com x no final, não, é professor?

Agradeço também aos meus queridos Beto Venturi, Roberto, Vera, Fabi, Gabriela, Juliana, Brisa, Karina, Kwan, Elisa, Guilene, Samanta, Naílton, Giovanna, Ana Paula, Bárbara, Elaine, Miguel e Jorge. E, claro, por último mas não as últimas, vovó Lenira e mamãe Márcia, afinal de contas, na hora do sufoco eu ainda tenho colinho de avó e de mãe para me socorrer.

E aos não citados aqui, faça por merecer. Minha listinha vip é para poucos! Mas quem faz parte da minha vida sabe que o que mais gosto é cuidar dos meus amigos. E disso, eu não abro mão.

Obrigada por tudo, pessoas fofas.


Janaina Pereira


Saúde

(Rita Lee/Roberto de Carvalho)

Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Desse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!

Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

A história que vem por aí


Nunca eu fiquei tão triste com o fim das aulas como agora. Talvez não seja o fim das aulas, mas determinados ciclos se fechando. Ontem foi muito difícil terminar a aula de geopolítica. Primeiro porque a matéria é muito legal, segundo porque o mestre Amaral, como diz o Naílton, é o melhor.

A importância das aulas de geopolítica talvez não seja percebida pela maioria. Mas eu pude relembrar vários fatos históricos, e aprender muito sobre oque aconteceu ao longos de tantos anos de história. Como eu disse no texto “Pequenas Grandes Coisas”, fazer parte da história sempre foi o que mais me chamou a atenção no jornalismo.

Nunca ninguém vai me contar novamente os fatos ocorridos na Idade Média em apenas 22 minutos. Isso é coisa do Amaral, só ele pode ser tão linear e atravessar séculos de história em 16 aulas.

E ontem, no final da nossa viagem histórica, mestre Amaral definiu muito bem o que estes meses de aprendizado significaram. “A nossa aula termina aqui, em 2006. O resto da história vocês é que vão contar quando se formarem.”

Ah, é isso mesmo. Eu quero contar o resto da história. Eu quero fazer parte da história. Eu quero estar lá. Ninguém até hoje tinha definido tão bem o que o jornalismo pode fazer. E o Amaral nos colocou como parte de uma história que ainda está por vir. A história que alguns terão o privilégio de escrever.

É por isso que o Amaral vai ser, sempre, o meu querido mestre.


Janaina Pereira

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