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domingo, outubro 29, 2006

Vo(l)tando

A música do dia é perfeita. Literalmente.


Perfeição
Legião Urbana
Composição: Renato Russo

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar o nosso governo
E nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatus
Perséphone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
E os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
E o voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
Todos os impostos, queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo e nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo o roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o hino nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
JÁ aqui também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou essa canção
Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha, que o que vem é perfeição

quinta-feira, outubro 26, 2006

Sei lá


Eu não quero saber
Eu não quero ver
Eu não quero ouvir
Acho que nem quero mais respirar

Não estou estanha
Eu sou assim
Não me pergunte o porquê das coisas
Eu lamento tanto
Que tudo seja assim, tão complicado,
Para você, para mim, para todos

Eu não quero ver o que vejo
Nem saber o que sei
Nem sentir o que sinto
Nem ouvir o que ouço

Eu não quero ficar
Eu nãoo quero partir
Eu não quero
Sei lá
Eu não quero mais nada
Eu não quero mais saber
Eu não quero mais ver


Eu não te quero
Sei lá


Janaina Pereira

domingo, outubro 22, 2006

Domingo é dia de Massa


Ouvi a frase do título ontem, na televisão. Trocadilho ridículo, mas engraçado. Nunca imaginei que conseguiria assistir a uma corrida de F-1 novamente. E no Brasil. E sem o Ayrton. Doze anos depois, lá estava eu. Certa de que o Brasil podia ganhar de novo, e sem o sofrimento típico das vitórias do Ayrton Senna por aqui. Mas acho que so consegui ver a corrida porque sei que o Schumacher nunca mais vai estar nas pistas de novo.

Eu sempre gostei de Fórmula 1, desde muito pequena. Lembro do bicampeonato do Piquet e da primeira vitória do Ayrton. Aliás, lembro da primeira corrida do Ayrton. Lembro que meu pai era fã do Piquet, mas com o surgimento do Ayrton ele disse: ‘esse cara vai ganhar tudo, ele é melhor que o Piquet’. E era mesmo.

Foram anos tentando assistir ao GP Brasil em Jacarepaguá, e depois algumas tentativas de sair do Rio e vir para São Paulo ver a corrida em Interlagos. Mas nunca consegui, e com a morte do Ayrton, deixei de ver as corridas na televisão. Até que no último GP do Japão eu vi algumas voltas, só pelo prazer de torcer contra o Schumacher – não adianta, eu nunca vou gostar dele.

Então a corrida chega ao Brasil, e para decidir o título aqui! Nossa, sou do tempo que o GP Brasil abria a temporada! Como a F_1 mudou!!! Tantos pit stops, reabastecimentos, e, finbalmente, deixou de ser o esporte de um homem só. Agora tem o Fernando Alonso, que eu acho ótimo, e claro, o pequenino Felipe Massa, finalmente um brasileiro para quem podemos torcer.

E o Massa não fez feio... imagina, a segunda vitória da carreira dele é justamente no Brasil. Muito legal. E eu lá, chorando de novo – eu sempre chorava quando o Ayrton ganhava – e feliz de novo, porque é sempre emocionante ver um brasileiro no topo do pódio.

Mas, tudo mudou, eu mudei, as corridas mudaram, os pilotos também. O que fica é a lembrança de um tempo que nunca mais vai voltar. De quando as manhãs de domingo eram as melhores da minha vida. Pode ser que as coisas caminhem bem agora, com um piloto como o Massinha, com chances reais de vencer. Mas o lugar do Ayrton no meu coração, ele nunca vai conseguir tomar.


Janaina Pereira

quarta-feira, outubro 18, 2006

Dizem por aí


E quem não se tem o que fazer... preocupa-se demais em tomar conta da vida dos outros. Viver as histórias alheias. Repassar as mentiras para que se tornem verdadeiras para si mesmo.

Ah, o ócio! Ele transforma as pessoas nesses seres abomináveis: os fofoqueiros. E aqueles que se dizem amigos viram inimigos em um minuto. Afinal, sabem de tudo, olham nos olhos e descobrem a verdade. Mas o que é a verdade?

A vida é mesmo muito interessante. Quando menos se espera, as máscaras caem. Se bem que tem gente que não precisa de máscara: a cara de pau sempre foi exibida para quem quisesse passar óleo de peroba nela.

Mas ... cada um com seus problemas. E cada vez mais eu gosto da frase: vou cuidar da minha saúde porque da minha vida já tem muita gente cuidando.


Janaina Pereira

segunda-feira, outubro 16, 2006

Longe do Meu Lado

(Renato Russo)


Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado

sexta-feira, outubro 13, 2006

Desculpemos


Desculpemos, infinitamente.
Tudo na vida se reveste de importância fundamental no aprimoramente comum.
Dura é a pedra e áspera se nos afigura a longa extensão de areia, entretanto, fazem o leito das águas para que o rio não se perca.
Obscura é a noite, mas, sem ela, as criaturas desconehceriam as estrelas.
Desditosa e feia é a lagarta, contudo, é a tecelã dos fios de seda nobre que honra os ideias da beleza terrestre.
Asfixiante é a dor, mas, sem o sofrimento, jamais seriamos advertidos pela verdade.
Sempre que a mágoa ou a ofensa nos bater à porta, desculpemo-las tantas vezes quantas se fizerem necessárias.
É pelo esquecimento de nossos erros que o Senhor se impõe sobre nós, porque só a bondade torna a vida realmente grande e em condições de ser divinamente vitoriosa, sentida com sinceridade e vivida em gloriosa plenitude.


(Meimei, por Francisco Cândido Xavier)

terça-feira, outubro 10, 2006

O poeta está vivo

Sim, ele continua vivo. E nem falo do Cazuza. É Renato Russo mesmo, aquele que se inspirou em Rousseau para adotar um sobrenome que é sinônimo de poesia. Letras fortes, verdadeiras, cortantes... que agradam gerações que mal o conheceram.

Eu o conheci. E lembro bem da adoração que passei a ter por ele ao ouvir "Pais e Filhos", para mim ainda uma de suas melhores músicas. E são tantas no repertório da minha vida... a maior de todas ainda é "Quase sem querer". Mas esta aqui é ideal para essa época de grandes decisões eleitorais. Prestem atenção na letra, escrita em 1994. Tão atual. Tão polêmica. Tão Renato Russo.


Perfeição

Legião Urbana

Composição: Dado Villa-lobos, Marcelo Bonfá e Renato Russo


Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer da nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
Venha, meu coração esta com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição...

sábado, outubro 07, 2006

Telhado de vidro



Atire a primeira pedra quem nunca amou um idiota. Ou uma idiota. Como o amor pode nos enganar facilmente, não? Mas não só o amor... as relações humanas são cercadas de mistérios. As pessoas se escondem, em falsas promessas ou falsas modéstias. E por isso, volta e meia, a gente fica desapontado com os outros.

Nunca gostei de gente que fica repetindo o tempo todo que gosta dessa ou daquela pessoa. Quando se gosta de alguém, a gente gosta e pronto. Mas eu também poucas vezes me enganei com as pessoas. Geralmente quem muito bajula, algo quer. Verdadeiras amizades surgem de modo natural, espontâneo mesmo... sem precisar forçar nada.

Gosto de pessoas pelas suas diferenças, e muitos dos meus amigos são diferentes de mim. Os meus amores também foram diferentes. Pelo menos eu nunca trai ninguém. Nunca trai meus amigos, nem meus amores. Nunca trai meus princípios, nunca trai meus valores. Nunca mudei de lado, porque ao meu lado sempre caminhou a verdade. Mas, curiosamente, sempre procuram ocultá-la, até porque a verdade dói.

As pessoas mudam sim, e ainda bem que muitas mudam para melhor! Outras mudam por interesse, porque é bom naquele momento estar ao lado desse ou daquele. Grande ilusão. Quem não sabe seu próprio caminho não pode mesmo guiar ninguém.

Claro que eu me engano com os outros, isso sempre vai acontecer. Mas eu também acerto na maioria das vezes. É muito bom estar do outro lado, o lado de quem atira pedras no telhado dos outros. Até porque ninguém tem telhado de vidro... ou pensa que não tem.

Volta e meia me atiram pedras. Quebram meu telhado. E lá embaixo tem um bando de gente catando vidro por vidro, e me ajudando a consertá-lo. Porque telhados se quebram, pessoas vêm e vão. E as pessoas que ficam é que realmente importam.



Janaina Pereira

quinta-feira, outubro 05, 2006

Filosofia

(Noel Rosa, na voz de Chico Buarque)


O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome.

Mas a filosofia
Hoje me auxilia
A viver indiferente assim.
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Para ninguém zombar de mim.

Não me incomodo
Que você me diga
Que a sociedade
É minha inimiga.
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba
Muito embora vagabundo.

Quanto a você
Da aristocracia
Que tem dinheiro
Mas não compra alegria
Há de viver eternamente
Sendo escrava desta gente
Que cultiva hipocrisia.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Direto de Assis

Como pude esquecer o dia do meu santo preferido...pois é. Adoro São Francisco de Assis. Sua linda história, com raro lirismo, sempre me tocou. Adoro São Jorge e sua força, Santa Clara e sua humildade, São Judas Tadeu, Santo Expedito e tantos outros - adoro histórias de santos, mesmo não sendo fielmente católica. Mas São Francisco supera todos. E a oração da paz sempre vale a pena ser lida e refletida.

Senhor,

Fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver duvida, que leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre,

Fazei que procure mais consolar, que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que vive para a vida eterna.

segunda-feira, outubro 02, 2006

It's No Good

Depeche Mode


I'm gonna take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above
The gods decree
You'll be right here by my side
Right next to me
You can run but you cannot hide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'll be fine
I'll be waiting patiently
Until you see the signs
And come running to my open arms
When will you realise
Do we have to wait till our worlds collide
Open up your eyes
You can't turn back the tide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'm gonna take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

domingo, outubro 01, 2006

O Analfabeto Político


O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


(Bertolt Brecht)

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