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sexta-feira, março 31, 2006

Orgulho e Preconceito


Este é o nome de um livro da Jane Asuten que virou um filme. Mas é o que estou sentindo agora: orgulho de ser carioca e ciente que devo lutar pelo preconceito que sofri mais uma vez por ter nascido no Rio de Janeiro. Para quem não conhece as leis, é bom refletir sobre estes artigos.

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

DECRETO-LEI N. 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 - Código Penal

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:Pena - detenção, de 1 ( um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, alem da pena correspondente à violência.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:Pena: reclusão de um a três anos e multa.”(inserido pela Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997)


Leiam
www.balcaodapadaria.blogspot.com


Obrigada Leo, pela cumplicidade carioca.

Obrigada aos meus companheiros de turma e professores que manifestaram seu apoio.

Que os pobres de espírito e preconceituosos que ainda fazem parte do mundo achem um rumo em suas vidas e aprem de perturbar a vida alheia.


Janaina Pereira
Nacionalidade: Brasil
Naturalidade: Rio de Janeiro
Idade: 31 anos
Atividade: Lutar contra qualquer atitude racista, machista, preconceituosa e imoral que possa ofender e prejudicar.

quinta-feira, março 30, 2006

O sangue que corre nas veias tem sotaque


Sou carioca sim, e daí?
Uso saia curta
Mas não gosto de funk ou carnaval
Falo com esses e erres puxados
Nasci onde há sinal, biscoito e brincadeira de zerinho ou um
Sou suburbana
Praiana
Nasci onde há favelas, gente negra, gente bronzeada, loiros e loiras, moleques e molecas, patricinhas e mauricinhos, playboys e garotada.

Eu sou a menina que veio do Rio
Eu sou assim
Colorida, solta, leve, verdadeira

Eu incomodo.
Não gostou?
Então se muda, meu.
Mude de rumo e de prosa porque meu rumo não vou mudar por tua causa.


Janaina Pereira

sábado, março 25, 2006

Pílulas


E a pizza continua quentinha no Congresso. Com direito a passinhos de dança.

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A exposição do fotógrafo Pierre Verge é imperdível. Quem não foi, deve aproveitar até domingo para conferir no MAM as imagens reveladoras desse homem com olhar luminoso para a vida.

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Quem curte quadrinhos pode aproveitar as oficinas, leituras e outras atrações do evento “Lá vem as tiras” no SESC Pinheiros. Até dia 31 você pode descobrir que o mundo das HQs é muito mais que diversão.

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A novela dos ingressos para estudantes se esgotando rapidamente continua. Dessa a baderna foi para o show do Jack Jonhson. Para quem ainda não sabe, é ilegal limitar a quantidade de ingressos para estudantes. E aí, quem vai ser o primeiro a reclamar com o Procon?

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Como me disseram hoje, sabiamente, vou cuidar da minha saúde porque da minha vida, muitos já cuidam.


Janaina Pereira

quinta-feira, março 23, 2006

Quando, onde, como e porque


Eu queria que você soubesse que eu tô aqui
Não adianta fingir
Eu tô
Você finge que não vê, que não ouve, que não se improta
Mas tô aqui
E nem adianta disfarçar
Eu não vou fugir nem fingir
Incomodado?
Então se mude
Mude de endereço, de esquina, de rumo
Mude sem medo de mudar
Mude pra recomeçar
Eu tô aqui
E se você não está, paciência
Não diga que eu não avisei
Eu avisei
Eu falei
Eu sabia?
Eu não queria saber
Eu não queria sofrer
Eu não queria morrer com meus sonhos, minha ilusão e as suas promessas.


Janaina Pereira

terça-feira, março 21, 2006

Um cineasta na Academia Brasileira de Letras



Nelson Pereira dos Santos tornou-se no último dia 9 de março o primeiro cineasta eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele recebeu 27 dos 38 votos possíveis e agora ocupa a cadeira 7, vaga com a morte do diplomata e escritor Sérgio Côrrea da Costa. O ex-governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima e o diplomata Dário Castro Alves, que concorriam com Nelson, tiveram cinco e dois votos, respectivamente. Quatro imortais se abstiveram da votação.

A eleição de Pereira dos Santos foi polêmica. Apesar de contar com o apoio da maioria dos integrantes da ABL, questionou-se o fato do cineasta ter publicado apenas um livro,“Três Vezes Rio”, uma reunião de seus roteiros. O acadêmico Eduardo Portella, um dos maiores defensores da candidatura, disse que Nelson é um escritor porque o artista pode escrever também com a câmera. Já o presidente da ABL, Marcos Vilaça, lembrou que a contribuição do cineasta para a literatura foi transpor para o cinema as obras de Graciliano Ramos e Jorge Amado.

Aos 77 anos, Nelson Pereira dos Santos é considerado um dos maiores cineastas brasileiros. Desde sua estréia com “Rio 40 graus”, em 1955, quando inaugurou o movimento do ‘Cinema Novo’, vem alcançando reconhecimento do público e da crítica por sua contribuição à sétima arte. Dois de seus filmes mais importantes foram baseados em livros: “Vidas Secas” (1963) e “Memórias de um Cárcere” (1984), ambos de Graciliano Ramos. Ele também adaptou “Tenda dos Milagres” (1977) e “Jubiabá” (1987), de Jorge Amado. Em abril, seu mais recente filme chegará às telas nacionais: “Brasília 18%”, que narra os bastidores da política e ainda mostra um amor intrigante e o desvendamento de um crime.

Sobre a sua eleição, o cineasta disse: “acho que é um reconhecimento da Academia à posição do cinema na cultura brasileira.”



Janaina Pereira

domingo, março 19, 2006

Um ponto de interrogação

(para ler ouvindo “The long and winding road”, dos Beatles)


Eu quero dormir mas estou sem sono
Eu quero falar mas não posso
Quero chorar mas não tenho mais lágrimas
Quero amar mas estou com medo
Quero voltar mas não sei para onde
Quero mudar mas não sei quando
Quero ir embora mas não sei que horas
Quero fugir mas não sei se devo
Quero mentir mas simplesmente não posso
Quero partir mas não tenho mais coragem
Quero ouvir mas não existem mais palavras
Quero acreditar que tudo foi um sonho mas parece um pesadelo
Quero o silêncio
Quero o nada
Sinto tudo, sinto muito, sinto tanto
Sinto que estraguei tudo
Faça alguma coisa
Por favor.


Janaina Pereira

sábado, março 18, 2006

Mais deputados absolvidos no escândalo do “mensalão”


Câmara contraria Conselho de Ética e nega cassação de Roberto Brant e Professor Luizinho.


No último dia 9 de março, a Câmara dos Deputados arquivou mais dois processos de cassação de deputados envolvidos no “mensalão”: Professor Luizinho (PT-SP), nome forte da tropa de choque do governo, e Roberto Brant (PFL-MG), destacado integrante da oposição. Contrariando o Conselho de Ética, que recomendou a punição aos acusados, a Câmara alegou que ambos estavam envolvidos em delitos menores.

Brant era acusado de ter recebido R$102 mil das contas das empresas do publicitário Marcos Valério, operador do caixa dois do PT ao lado de Delúbio Soares, para sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004. A defesa do deputado alegou que o saque não foi feito diretamente da conta de Valério, o que tornaria o caso uma infração eleitoral, e não decoro parlamentar. Com este argumento, o pefelista foi absolvido com 283 votos contra 156 que exigiram a cassação, um voto em branco e 18 abstenções.

Já Luizinho era apontado como beneficiário de R$20 mil que vieram das empresas de Marcos Valério, sacados por seu assessor de imprensa, José Nilson dos Santos. Sua defesa afirmou que ele não sabia dessa operação e nunca foi beneficiado pelo dinheiro. Com 253 votos, o petista foi absolvido, contra 183 a favor da cassação, três votos em branco e 10 abstenções.

Embora neguem um acordo pela absolvição de seus deputados, PT e PFL estavam unidos na Câmera, ou, como disse o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), “agindo com reciprocidade.”

Até agora, 19 deputados já foram formalmente acusados de envolvimento no escândalo do “mensalão”. Quatro já foram absolvidos, outros quatro renunciaram para fugir da cassação, e apenas os dois maiores protagonistas do escândalo perderam o mandato: Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP).

Segundo o deputado Babá (PSOL-PA), “não é uma pizza apenas que está se montando nesta Casa [a Câmara], mas um verdadeiro rodízio: é uma pizza atrás da outra.”


Janaina Pereira

quarta-feira, março 15, 2006

Eu Preciso Aprender a Só Ser

(Gilberto Gil)


Sabe, gente
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer

Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder

Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
E só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer

E quando escutar um samba-canção
Assim como "Eu preciso aprender a ser só"
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser"

domingo, março 12, 2006

Pílulas


Mais dois deputados foram absolvidos no caso “mensalão”: professor Luizinho, do PT paulista, e Roberto Brant, do PFL mineiro. Aliás, o PFL deixou de ser oposição para se aliar ao Governo e assim defender seu deputado. E como uma mão lava a outra... o Pt retribuiu com carinho. Como disse o deputado Babá, do PSOL do Pará, isso já não é mais pizza. É um rodízio.

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A 19ª Bienal do livro agita São Paulo, no Anhembi. Pedro Bandeira, que ao lado do Marcos Rey foi meu autor preferido na infância, estava por lá. Vocês já leram “A droga da obediência”? Se não leram, ainda dá tempo. Foi o livro mais bacana da minha adolescência.

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Falando em livro, estava relendo “Quincas Borba”, do Machado de Assis. Até hoje me surpreendo com a história. Machado era o cara.

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Revi “Todos os Homens do Presidente”, do Alan J. Pakula. Adoro este filme. Foi minha primeira descoberta no mundo jornalístico, com apenas 11 anos de idade. Eu queria ser o Bob Woodward (Robert Redford), em versão feminina, claro. Impressionante como já vi este filme milhares de vezes e sempre me encanto com a força que os dois jornalistas tiveram para apurar os fatos e conseguirem a notícia. “Todos os Homens do Presidente” está em uma das minhas listas publicadas neste blog. Confiram.

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A pessoa mais idiota do mundo é aquela que tenta me derrubar. Mal sabe ela que, plantando o mal, vai colher frutos amargos que podem envenená-la. A vingança ainda é um prato que se serve frio. E que se come geladíssimo.



Janaina Pereira

sexta-feira, março 10, 2006

Eu sei

(para ler ouvindo "O tempo não pára", do Cazuza.)


Não dá para agradar todo mundo. Tem gente que me acha chata, esquisita, metida, arrogante, mau humorada, antipática, rancorosa, tristonha, exagerada, possessiva, ciumenta, amarga, arruaceira.

Pode até ser. Mas vou um pouco além.

Sou chata sim. Exagera, às vezes. Triste em muitos momentos, mas infeliz, jamais. Mau humorada e irritada quando me tiram do sério. Ciumenta e possessiva quando sei o que quero. Mas sou um pouco mais que tudo isso.

Sou sincera a ponto de magoar os que gosto. Sou autêntica. Leal até o último fio de cabelo. Fiel, verdadeira, venenosa.

Como disse Walt Whitman, 'palavras e idéias podem mudar o mundo'.

Quero ver quem terá coragem de um dia me calar. Porque eu continuo sobrevivendo sem nenhum arranhão, apesar de todos esses aí que me detestam.

Porque eu sei o que sou.
Eu sou.
Eu sou mais eu.



Janaina Pereira

quarta-feira, março 08, 2006

Elas


Leila Diniz – Rita Lee – Madre Tereza de Calcutá – Fernanda Montenegro – Mariana Marques – Jackie Kennedy Onassis – Simone de Beauvoir – Emma Thompson – Valéria Fernandes – Caroline de Mônaco – Indira Gandhi – Claudia Abreu – Ana Paula Leone – Maria Bethânia – Irmã Dulce – Sophia Loren – Ana Cristina Puttini – Lady Diana – Nicole Kidman – Madonna – Cora Coralina – Dona Ivone Lara - Chris Calmon – Suzana Vieira – Cacilda Becker – Daniela Perez – Cida Souza – Mônica – Magali - Renata Sorrah – Gal Costa – Danielle Antunes – Cássia Eller – Laura Palmer – Lígia Fagundes Telles – Silvia Homke - Elba Ramalho – Isabel do vôlei – Hortência - Daniela Reis – Marília Gabriela – Zélia Gatai – Patrícia Galvão “Pagu” – Parvati Lobato - Claudia Cardinale – Paula - Betty Boop – Camila Iara – Glória Pires – Adriana Calcanhoto – Daiane dos Santos – Luciana Lopes - Michelle Pfeifer – Maria Moura – Rachel de Queiroz – Fabiana Neves - Betty Page – Tarsila do Amaral - Ella Fitzgerald - Audrey Hepburn - Nilda Cristina – Queen Latifah – Doris Day – Isabela Scallabrini - Ingrid Bergman – Cíntia Monteiro – Sandra Passarinho – Glória Perez – Branca de Neve – Kelly Casarin - Marilyn Monroe – Dorothy Parker - Mulher Gato – Maria Terezinha - Whoopi Golberg - Andréa Beltrão – Grace Kelly – Clara Nunes - Rita Hayworth – Márcia Alegro - Elis Regina – Heloisa Helena – Vanessa da Mata – Vera Lima – Mulher Maravilha – Hale Berry – Eva Wilma - Marcela Matos – Carmen Miranda – Odete Lara – Glória Menezes - Rosângela Paulino – Clarice Lispector – Billie Holliday – Judi Dench - Nanci Prieto – Bette Davis – Agatha Christie – Julianne Moore - Sueli Funari - Nara Leão - Pinah - Marta Rocha - Cecília Meirelles - Patrícia Kay – Isadora Duncan – Olga Benário – Coco Chanel – Ana Botafogo – Gisele Fuji - Débora Colker - Jane Fonda - Princesa Lea – Katherine Hepburn – Lenira Carvalho - Anita Garibaldi – Frida Kahlo – Ana Néri - Maria Lenk - Debora Kerr - Marcia Pereira


Janaina Pereira

terça-feira, março 07, 2006

Dezessete anos depois


Era uma terça-feira, 7 de março, como hoje. Lembro perfeitamente da sensação horrível que senti, ao acordar. Era como se uma faca atravessasse meu coração. e meus dias nunca mais seriam os mesmos, e minha vida mudou para sempre.

Sobrevivi a esta dor, mas tudo parece perdido sem ele. Fico imaginando como seria se ele estivesse aqui. Certamente eu não moraria em São Paulo, talvez nem fosse publicitária, e provavelmente a faculdade já teria sido concluída faz anos. Quem sabe eu até já tivesse minha família, ou eu fosse mais feliz do que agora. Não sei. A única coisa que sei é que ele morreu, e parte de mim se foi; e tudo que veio depois foi incompleto.

Falta um pedaço.

Falta meu pai.

E o que eu mais sinto nesta vida – e a maioria das pessoas não entende, nem percebe, nem se importa – é saudade.


Janaina Pereira

segunda-feira, março 06, 2006

Racismo desbanca homossexualidade na corrida pelo Oscar



O Oscar 2006 quase me fez rolar do pufe. A premiação de “Crash - No limite”, estréia na direção de Paul Higgis (roteirista do premiado “Menina de Ouro”, de Clint Eastwood), como melhor filme foi a grande surpresa da noite. Desbancando o favorito “O segredo de Brokeback Mountain”, a produção ficou ainda com outros dois prêmios: roteiro original e montagem. Difícil vai ser eu dizer agora se o prêmio é justo ou não: eu ainda não vi “Crash”, mas vou ver e conto para todo mundo.

Nas demais categorias, os prêmios técnicos ficaram divididos entre “Memórias de uma gueixa” e “King Kong” – cada um com três estatuetas. Meu favorito, “Boa noite e boa sorte”, não levou nada, mas o ator e diretor do filme, George Clooney, ganhou seu Oscar de ator coadjuvante por “Syriana” (e foi, disparado, o homem mais bonito da noite hollywoodiana). Já “O jardineiro fiel”, do brasileiro Fernando Meirelles, deu a Rachel Weisz o esperado prêmio de atriz coadjuvante.

Uma categoria bastante disputada era a de melhor ator. Com grandes interpretações, os cinco concorrentes poderiam ganhar o prêmio, mas quem levou a melhor foi o excelente Philip Seymour Hoffman, por “Capote”. Já entre as atrizes, ninguém me convence que a chatíssima Reese Whiterspoon, ilegalmente morena em “Jonhy & June”, valha qualquer prêmio. A cara do Joaquim Phoenix quando ela recebeu o Oscar parecia concordar com a minha opinião.

Entre os roteiros, o favorito “O segredo de Brokeback Mountain” ficou com o de melhor adaptado (eu preferia “Capote”) e “Crash” com o de original (eu torcia por “Boa noite e boa sorte”). E Ang Lee levou o seu esperado Oscar para casa, de diretor, mas não viu seu filme ser o melhor do ano. Será que o Jack Nicholson errou quando abriu o envelope? Agora é tarde demais. Vamos ver “Crash” e descobrir se o Oscar – como raramente acontece – acertou na escolha do melhor filme ou se errou como normalmente ocorre.

É ver para crer.



Janaina Pereira

sábado, março 04, 2006

A vida imita a arte


Truman Capote foi um dos maiores escritores do século passado. Autor do clássico “Bonequinha de Luxo” (que inspirou o filme de Blake Edwards, com Audrey Hepburn) ele já era famoso quando escreveu o primeiro livro de não ficção, que se tornou um marco da literatura mundial: “A sangue frio”, sobre o assassinato de uma família numa cidade do Kansas. O processo de criação do livro, que levou sete anos para ser escrito, mudou para sempre a vida de Capote. E é justamente este o fio da meada de um dos melhores filmes do ano. “Capote” (Capote, EUA, 2005), do novato Bennet Miller (que até então só dirigira o documentário “The Cruiser”, em 1998) mostra a angustiante pesquisa do escritor para fazer aquela que seria sua obra de maior sucesso.

O excelente roteiro do estreante Dan Futterman, baseado no livro de George Clark, inicia-se em novembro de 1959 quando Truman Capote ( Phillip Seymour Hoffman, de “Magnólia” e “O Talentoso Ripley”, em atuação sensacional), então um escritor conhecido e jornalista da revista The New Yorker, vai ao Kansas em companhia da fiel escudeira Harper Lee (Catherine Keener, excelente) para pesquisar sobre um quádruplo assassinato que mexeu com a população de uma pequena cidade local. Diante dos assassinos, Capote percebe que tem material para um livro e a partir daí inicia uma longa jornada para escrever sua obra. Ele estabelece uma amizade com Perry (Clifton Collins Jr.), um dos acusados, e esta relação mexe com sua vida e com o que está escrevendo.

Apoiado na interpretação fenomenal de Hoffman, o filme passeia pelas nuances de Truman Capote, homossexual assumido, figura inteligente e querida na alta sociedade nova iorquina e personalidade ambígua. Ao mesmo tempo que se revela quase apaixonado por um dos assassinos, Capote quer que ele morra para que possa, finalmente, concluir seu livro. Mas o grande mérito desta produção é mostrar como o escritor acabou sendo influenciado pela sua obra, a ponto de nunca mais escrever.

“Capote” vem ganhando diversos prêmios pelo mundo e concorre amanhã a cinco Oscars – filme, diretor, roteiro adaptado, atriz coadjuvante e ator, categoria em que Phillip Seymour Hoffman é barbada. É um daqueles filmes que precisa ser visto, pois mostra a história real de um homem fascinante, mas que como toda pessoa que brilha, tem suas perturbações. E neste caso, essas perturbações se transformaram numa obra-prima da literatura, e agora, do cinema.


Janaina Pereira

quarta-feira, março 01, 2006

A Via Láctea

(Renato Russo)


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor

Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.

Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou.

Mas não me diga isso!
Não me dê atenção!
E obrigado por pensar em mim...

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