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sexta-feira, dezembro 30, 2005

Dali de Salvador


Chega. Acabou. Este é o último texto do blog neste ano de 2005. Dentro de algumas horas eu vou entrar de férias... férias de tudo... de todos... ou quase todos... ou quase tudo... enfim... estou indo ... partindo desta para uma muito melhor.

Eu vou romper barreiras, fronteiras, sotaques e costumes. Vou pôr o tênis na estrada, a mochila nas costas, o protetor solar fator 15 na pele e seguir meu caminho. O caminho das férias, cheio de sol, céu, praia, mar, surf, ondas, mergulhos, rapel, trilhas, ilhas e tudo mais que vier pela frente. Vou me jogar, como disse o Will. Vou me atirar em 2006 de cabeça, porque espero um ano de muitas batalhas que serão vencidas com a força e a fé que sempre tive.

Este blog ficará sem atualização por algumas semanas, e isso sim me fará falta. Adoro escrever aqui. Muitas vezes estou gritando com as minhas palavras e vocês nem percebem. São berros de agonia que saem tão ferozmente que fico assustada. Mas o resultado é sempre um alívio para o coração.

Não desapareçam, leitores queridos. Voltarei com fotos bombásticas para o fotolog e textos inspirados para o blog. Voltarei afiada, preparada para muitos dias de puro veneno. Deixo aqui um coração cheio de saudades, partido por não poder levar um laptop – que não tenho!- comigo. Mas, como diz a letra da música do Biquíni Cavadão... daqui a um mês quando eu voltar a lua vai estar cheia e no mesmo lugar.

Desejo que os próximos 365 dias sejam de muita paz de espírito, esperança no coração, saúde no bolso, alma renovada e cabeça ajuizada. Não se esqueçam que a felicidade não vem de fora, ela está dentro de você. Seja feliz porque no final é isso que realmente importa.

Quando a meia noite do dia 31 chegar, mentalize que suas dúvidas, medos, angústias e tristezas ficaram no passado. Encha seu coração de energia e luz e irradie a quem estiver a sua volta. Respire fundo e siga em frente.

Estarei num lugar onde nunca imaginei que ia estar. Será tudo inédito, tudo diferente. É por isso que a vida é tão maneira: a cada surpresa, a certeza de que não estou aqui em vão.

Que Iemanjá nos abençoe.
Que São Jorge nos proteja.
Que São Francisco nos acompanhe.
Que todos os santos e orixás olhem por nós.

Salve 2006!



Dali de Salvador
(Blitz)

Visual do litoral
Surreal que lindo
Oi oi oi que bom dançar
Vem dançar comigo

Refrão:
Oi oi oi oi oi que lindo
Vem Vem Vem dançar comigo

Que bonito ver o entardecer
Que bonito ver o sol se pôr
De Salvador
Dali de Salvador
De lá de lá de cima do mar
De cima do mar
De cima do mar
De cima do mar
Visual do litoral... até ...dançar comigo ...

Refrão

Agora anoiteceu
Agora a noite é sua
E a gente pode dançar no meio da rua
Dance e se lance
Essa é a sua chance
De ser um superstar um astro na rua
Há uma coisa boa sobre música
É que quando a gente dança
Nunca sente dor ...

Refrão

Que bonito... até ...cima do mar
Visual do litoral... até ...dançar comigo
O mar quando quebra na praia
É bonito é bonito
O mar quando quebra na praia




Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Férias cinematográficas


O ano está acabando, eu vou entrar de férias, mas não deixarei vocês na mão: aí está a listinha para a família toda se divertir. São dicas de filmes dos mais diversos gêneros, para todo mundo rir, chorar e curtir. Aproveitem.


1- CÃES DE ALUGUEL – a primorosa estréia de Quentin Tarantino no cinema. Joe Cabot (Lawrence Tierney), um experiente criminoso, reuniu seis bandidos para um grande roubo de diamantes, mas estes homens não sabem nada uns sobre os outros e cada um utiliza uma cor como codinome. Durante o assalto algo sai errado, pois diversos policiais esperavam no local. Durante a fuga, Mr. Orange (Tim Roth) leva um tiro na barriga e é socorrido por Mr. White (Harvey Keitel). Eles vão para o armazém onde tinha sido combinado o encontro após o assalto, e é para lá que vai também Mr. Pink (Steve Buscemi), que está certo que um deles é um policial disfarçado. Eles precisam descobrir quem os traiu e num clima de acusações mútuas, a situação fica cada vez mais insustentável.


2 - LIGAÇÕES PERIGOSAS – na França, em 1788, a Marquesa de Merteuil (Glenn Close) precisa de um favor do seu ex-amante, o Visconde de Valmont (John Malkovich). Seu ex-marido está planejando se casar com uma virgem (Uma Thurman) e ela deseja que o Marquês, que é conhecido por sua vida devassa e suas conquistas amorosas, seduza a jovem antes do dia do casamento. No entanto, ele tem outros planos: planeja conquistar uma bela mulher casada (Michelle Pfeiffer), que sempre se mostrou fiel ao marido e é religiosa. A Marquesa exige então uma prova escrita dos seus encontros amorosos e, se ele conseguir tal façanha, ela lhe promete como recompensa passarem uma noite juntos. Mas os jogos de sedução fogem do controle e os resultados são bem mais trágicos do que se podia imaginar. O roteiro de Christopher Hampton, baseado em livro de Choderlos de Laclos, consegue passar sedução e luxúria com muito bom gosto. A qualidade técnica do filme chama a atenção, com destaque para o figurino, a direção de arte e a direção de Stephen Frears.


3 – ALMAS GÊMEAS - ótimo filme que levou o mundo a conhecer o talento do diretor Peter Jackson (da trilogia “O Senhor dos Anéis”). Em 1954, na Nova Zelândia, Paulina (Melanie Lynskey ) e Juliet (Kate Winslet) desenvolvem uma amizade que as faz imaginar um mundo fictício. Preocupados com as jovens, seus pais querem separar as duas mas elas fazem de tudo para que isto não aconteça. A relação se torna tão obsessiva que planejam um assassinato para evitar esta possível separação. Baseado em história real, é um filme forte, instigante e com atuações memoráveis das duas protagonistas.


4 – A FESTA DE BABETE – interessante filme francês/dinamarquês de Gabriel Axe, um grande sucesso do cinema europeu dos anos 80. Na desolada costa da Dinamarca vivem Martina e Philippa, as belas filhas de um devoto pastor protestante que prega a salvação através da renúncia. As irmãs sacrificam suas paixões da juventude em nome da fé e das obrigações. Mesmo muitos anos depois da morte do pai, elas mantém vivos seus ensinamentos entre os habitantes da cidade. Mas com a chegada de Babette, uma misteriosa refugiada da guerra civil na França, a vida para as irmãs e seu pequeno povoado começa a mudar. Logo Babette as convence a tentar algo realmente ousado: um banquete francês! Sua festa, é claro, escandaliza os mais velhos do lugar. Quem é esta talentosa Babette, que apavora as pessoas induzindo-as a aproveitarem os prazeres terrenos? Veja o filme e descubra.


5 – GILBERT GRAPE – APRENDIZ DE SONHADOR - Gilbert (Johnny Deep) vive em Endora, um lugar onde quase nada acontece. A única vez que a polícia encontra algo para fazer é quando seu irmão (Leonardo di Caprio), deficiente mental, tenta escalar uma torre d'água nas proximidades. Gilbert passa a maior parte de seu tempo cuidando do irmão e da mãe obesa, tarefas que são bastante estressantes. Mas a chegada de Becky (Juliette Lewis) poderá mudar sua vida: ele se apaixona pela moça e precisa encontrar um tempo para se dedicar a sua vida íntima. De Lasse Hallstrom (“Chocolate” e “Minha vida de cachorro”).


6 – A UM PASSO DA ETERNIDADE – um dos maiores clássicos do cinema, com direção de Fred Zinneman. Em 1941, Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Cliff) pede transferência do exército e vai parar na base militar de Schofield, no Havaí. Seu novo capitão, sabendo que ele é um exímio boxeador, deseja que ele faça parte da equipe de boxe, mas ele se recusa. Irritado, o capitão consegue que seus subordinados transformem a vida do novo recruta num inferno. Paralelamente, o Sargento Warden (Burt Lancaster), ouvindo histórias que a esposa do capitão (Débora Kerr) procura relações extra-conjugais por ter sérios problemas no casamento, começa a se interessar por ela e acaba sendo correspondido. Para complicar a situação na base, Maggio (Frank Sinatra), um amigo de Prewitt, é vítima de Fatso (Ernest Borgnine), um sádico sargento, e Prewitt se apaixona por uma prostituta. Mas enquanto tudo isso acontece, algo muito mais grave está para ocorrer: o ataque japonês a Pearl Harbor. Preste atenção na cena que entrou para a história do cinema: Lancaster e Kerr se beijando na praia. Imperdível.


7 – O GABINETE DO DOUTOR CALIGARI - um dos filmes mais importantes da história cinematográfica, é a referência do cinema expressionista alemão do início do século XX. Doutor Caligari é um médico que viaja por feiras de aberrações com o sonâmbulo Cesare que, segundo ele, está dormindo faz 23 anos. Sua próxima apresentação é numa pequena cidade na fronteira com a Holanda. Na primeira noite de sua exibição, Cesare é acordado por Caligari e faz uma previsão pessimista para um dos espectadores: ele morrerá na noite que está chegando. Sua previsão é certeira, e a morte do homem está relacionada a uma série de assassinatos no local. Cesare e Caligari são apontados como suspeitos mas a história ganha um rumo surpreendente. O filme tem um dos primeiros finais-surpresa do cinema, e é apontado como o primeiro do gênero terror. Em preto e branco, mudo e com direção de Robert Wiene.


8 - O INFORMANTE – Michael Mann dirige um dos melhores filmes dos últimos tempos, baseado em história real. Em 1994, o vice-presidente da Brown & Williamson, Jeffrey Wigand (Russell Crowe) é demitido da empresa. Homem forte dentro da indústria do tabaco, ele é convencido pelo produtor Lowell Bergman (Al Pacino), do programa jornalístico "60 Minutos", da rede americana CBS, a falar em público sobre o que acontece nos bastidores dessa indústria. Wigand aceita dar uma entrevista bombástica ao programa, contando que os manda-chuvas da empresa em que trabalhou não apenas sabiam da capacidade viciadora da nicotina como também aplicavam aditivos químicos ao cigarro, para acentuar esta característica. Quando o programa estava prestes a ir ao ar, a CBS recuou e não transmitiu a entrevista, alegando que as consequências jurídicas poderiam ser fatais. Bergman, no entanto, iniciou uma luta árdua para colocar a verdade na tela. Filme imperdível, que fala da manipulação do jornalismo de forma bastante crua. Destaque para as atuações espetaculares de Pacino e Crowe (que engordou e usou maquiagem para fazer, aos 35 anos, o papel de um homem de mais de 50).


9 – ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO – dirigido por Peter Cohen e com narração de
Bruno Ganz (o Hitler de “A Queda!”), é considerado um dos melhores estudos sobre o Nazismo. Este documentário traça a trajetória de Adolf Hitler com a arte, mostrando o sonho do líder nazista em tornar-se artista; sua relação com a arte moderna, que ele considerava degenerada, relacionada ao bolchevismo e aos judeus; o nascimento da "medicina nazista" que valorizava o corpo, o belo e estava disposta a erradicar os males do Universo; e a fixação do Fuher sobre o ideal de beleza que deveria permear o mundo. Importante relato sobre uma época da história mundial que não pode ser esquecida.


10 – MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA – bela história de ficção, baseada em livro de mesmo nome, que levanta uma hipótese sobre quem foi a musa inspiradora do pintor holandês Johanner Vermeer no quadro "Girl with a Pearl Earring"(considerada a “Monalisa” da Holanda). No século XVII, Griet (Scarlett Johansson), uma jovem camponesa, sofre com dificuldades financeiras. Por causa disso é obrigada a trabalhar na casa do famoso pintor Vermeer (Colin Firth). Aos poucos ele começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos, fazendo dela a inspiração para um de seus mais famosos trabalhos: a tela "Girl with a Pearl Earring". Sutil, sensual e delicado, o filme é impecável na direção de arte, fotografia, figurinos, roteiro e na direção de Peter Webber. E a semelhança entre Johansson e a musa original do quadro é impressionante.



Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Pessoas fofas


(para ler ouvindo "Stand by me", com John Lennon)


Todo mundo está fazendo homenagens neste ano que se encerra, então resolvi entrar nessa também. Depois de ser citada em dois blogs (www.balcaodapadaria.blogspot.com , do Leo Pinheiro, e www.refletindo.net , do Fábio Davidson), não posso deixar meus amigos – e fãs! – na mão. Então aqui vai minha mais sincera e humilde homenagem a todos aqueles que fazem parte da minha vida, e que em 2005 enxugaram minhas lágrimas, ouviram meus lamentos, apoiaram minhas loucuras e dividiram comigo sorrisos e emoções.


Dona Márcia – minha mãe. A gente agora não briga mais os 365 dias do ano, mas nem a distância acabou com nossas desavenças. Apesar disso, ou por causa disso, eu não existiria sem ela. Ela é a mulher mais forte que conheço, e tudo que sou hoje, de bom ou de ruim, é porque ela é minha ‘mami’. Não sou a filha que ela queria mas sou a melhor filha que ela poderia ter. E é por amá-la demais que eu hoje não me importo com as confusões: eu simplesmente deixo o barco correr. Mãe, eu te amo. E acho que todo esse amor é o suficiente para dizer que sou um grão de areia no Universo, mas no seu mundo eu sempre serei a estrela mais brilhante. E no meu mundo você sempre será a pessoa mais importante.


David – você é meu amigo de fé, o que dá bronca, o que me faz rir, o que divide as aflições do mundo universitário, o fã incondicional, o garoto enxaqueca mais querido do mundo. Obrigada por tudo.


Gi, Ana Paula, Kelly e Sueli – amigas queridas, o que seria de mim sem vocês? Obrigada pelo apoio e pelos ouvidos sempre prontos a escutar meus tormentos.


Val, Mari e Camilinha – minhas melhores companheiras de faculdade, descobertas maravilhosas nesta longa caminhada. Vocês são muitos especiais e espero que a gente consiga chegar lá... num sei onde, mas a gente vai chegar. Que venham muitas risadas, esporros, brigadeiros, beijinhos e abraços no ano que vem... e que esta amizade possa, cada vez mais, ir além da sala de aula.


Edson – meu ídolo! Eu quero ser igual a você quando eu crescer... mas não vou ficar careca, tá? Você é a minha referência de simplicidade e talento, uma prova de que podemos ser ótimos com dignidade e respeito ao próximo. Você é o cara.


Naílton – o cara mais marrento e coração mole que conheci na minha vida. Sempre que precisar, sabe que estou por aqui.


Leo – meu companheiro de escriba, papo mais legal de MSN, emails divertidos, idéias abusadas e reflexões cotidianas. Fez meu ano ter mais expectativas e perspectivas. Obrigada pelo carinho, pela admiração, pela amizade e pela força. E que venham pra cima da gente: nós queremos é mais!


Well – o menino mais doce que conheço, cheio de paciência e palavras suaves para me acalmar. Sinto muita falta dos nossos papos online. Obrigada pelo apoio e por estar sempre por perto quando eu preciso.


Clauber – meu chefinho fofo! Querido, amado, idolatrado, salve, salve! Eu sei que não é fácil lidar com uma leonina marrenta como eu ... mas fala sério, sou a redatora mais gente boa que você já conheceu, né? Muito obrigada pelo apoio, porque sem você eu não estaria conseguindo fazer a faculdade. Força e fé, que leoninos como nós sempre tem energia extra para seguir os caminhos tortuosos da vida.


Clark - o mundo ficou mais divertido, mais colorido, mais singelo, mais fofo, mais pizza, mais chopp, mais papo, mais online, mais intenso, mais tenso, mais curioso e menos óbvio por causa de você. Que bom que somos ranzinzas, senão não teria a menor graça. Acredite em dias melhores e saiba que a estrada é longa, mas no final vai valer a pena. Amizade, afeto, atenção, respeito, cumplicidade, silêncio e palavras se resumem nisso: obrigada por tudo.


Tia Ana, Paulo e Beto – obrigada pelo carinho, pela amizade, os papos, o respeito, o apoio e toda a força que vocês me deram ao longo desses dias intensos em nosso trabalho árduo.


Vamberto – sua amizade é fundamental para mim. Sem você, não sonharia tão alto e não teria tanta esperança que mudar é necessário para nossa sobrevivência.


Danielle, Daniela, Luiza, Lu e Chris – minhas amigas do Rio que não me abandonam, não me esquecem e apesar da distância, estão sempre presentes.


Márcia, Marcela, Nanci e Paulo – professores que me apoiaram ao longo deste primeiro ano de jornada acadêmica e que já fazem parte da minha vida de maneira muito especial.


Alexandre e Renato – só tenho a agradecer por me darem a chance de escrever cada vez mais e melhor.


Odair – minha fascinação pela filosofia só aumentou depois das aulas do meu professor mais querido, aquele que me aturou com toda paciência do mundo. Obrigada pelos papos, pelo apoio e pelas reflexões.


Luiz – sei que sou sua aluna mais chiliquenta, que dou mesmo uns faniquitos de vez em quando, mas você sabe que sou legal, né? Hoje meu olhar para as artes é muito mais crítico, minha paixão pela fotografia é muito maior, e meu amor pelo cinema é ainda mais forte ... tudo isso porque você passou pela minha vida acadêmica. Obrigada por ter me descoberto quando eu mesma não sabia que existia.


Zé Amaral – meu mestre. Sem você eu não teria tido nem rumo nem ritmo; com você eu tenho bons momentos de conversas que valem muito. Valem textos, valem idéias, valem histórias, valem uma vida acadêmica cheia de força e coragem. Nossos papos valem para eu ser quem sou agora: aquela que escreve sem medo, aquela que sabe o que diz.


Ainda quero registrar aqui outras pessoas importantes para minha vida este ano: minha avó Lenira, Miguel, Evandro, Cleide, Elaine, minhas crianças do Orfanato Lar do Amanhã de São Caetano, Fabi, Vera, Roberto, Fabinho, Sil, Parvati, Fábio Davidson, Taís, Rosângela, Simone, André, Beto Venturi e o tiozinho que vende trufas na porta da Uninove Vergueiro – foi ele quem fez meu mundo mais doce.

Agradeço também a todos os emails, recados, mensagens e torpedos que os leitores desse blog me enviaram; obrigada por lerem estas linhas de dor, angústia e esperança. Vocês, que passam por aqui para ler meus textos, são as pessoas que fazem a minha vida acontecer todos os dias. É por causa de vocês que escrevo. Para que cada um veja que a vida é bela e é complexa... dependendo do ponto de vista.

A vocês, queridos e queridas, obrigada por cada momento que passamos juntos – ou separados!- em 2005. E que 2006 venha cheio de palavras, sorrisos e amores.


Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 27, 2005

Não identificada



O pensamento que ronda minha cabeça nos últimos dias é minha total perda de identidade. Estou um pouco cansada de ser estrangeira no meu próprio país. Depois da fase difícil de adaptação a São Paulo – o primeiro ano foi um poço de lágrimas – vieram todas aquelas coisas que me ajudaram a fixar residência aqui. Agora, quase cinco anos depois, sinto-me completamente perdida entre os arranha-céus paulistanos e o mar carioca.

O Rio foi, e sempre será, a minha casa. Mas já faz um bom tempo que meu olhar se entristece quando volto para lá. Os amigos, aos poucos, foram tomando outros rumos. Hoje o que restou foram lembranças, afetos distantes, e aqueles que são fiéis e mantém contato. Só que sempre tem alguém para falar que meu sotaque mudou, que eu mudei, que virei paulista. E se há uma coisa que me irrita profundamente é quando alguém diz que virei paulista.

Eu sou carioca, ainda que more no Japão. Mudar de cidade não significa mudar o local do meu nascimento. Nunca vou perder minhas raízes: eu sei de onde eu vim. Sou carioca, suburbana, arquibancada de Maracanã. E isso ninguém vai tirar de mim. Então porque será que é tão difícil para as pessoas aceitarem que o outro mudou de vida, mas não de personalidade? Só porque não moro mais no Rio e incorporei algumas gírias paulistanas não significa que eu não sou mais carioca. E eu fico com muita raiva quando alguém tenta achar defeitos em mim, só porque moro em São Paulo.

Eu não me arrependo de ter vindo pra Sampa. Pelo contrário, esse é o maior orgulho que tenho. Sobrevivi aqui com minhas lágrimas, sozinha, com poucas pessoas me ajudando. Tive apoio, muito mais moral do que financeiro, e isso fez de mim quem sou hoje. Eu pensei em voltar pro Rio mil vezes, mas eu sabia que tinha que ficar. O Rio me fez uma pessoa insatisfeita com meus caminhos profissionais, e foi o Rio que me expulsou de casa. Foi a falta de perspectiva, a falta de mercado de trabalho, a falta de qualquer possibilidade de vitória na vida, que me tirou de lá. São Paulo me deu tudo que eu tenho hoje: acolheu-me de maneira fria, para que eu pudesse ser forte; olhou-me preconceituosa, para que eu pudesse ser resistente; fez de mim uma pessoa solitária, mas que hoje é capaz de enfrentar o mundo.

Detesto que questionem meus valores só porque sai da minha cidade. Detesto que me julguem pelo meu sotaque ou pelo tamanho da minha saia. Precisei me adaptar a uma nova realidade: São Paulo é diferente do Rio e ponto final. Eu gostaria de nunca ter feito esta escolha, mas já que fiz, só tenho a agradecer todas as oportunidades que tive aqui. A todos aqueles que fizeram meus dias piores para que os melhores tivessem mais valor. É em São Paulo que eu moro, é aqui a minha casa. Por mais que a cidade tenha defeitos, por mais que as pessoas insistam em ser estranhas, eu sei muito bem o que estou fazendo aqui.

Continua a velha questão: o preconceito idiota que coloca cariocas e paulistas de lados opostos, só serve para machucar quem opta, como eu, a sair de seu habitat. Ao atravessar a fronteira que separa a cidade em que nasci da cidade em que moro, eu sabia que teria pela frente um caminho de pedras. Trilhei este caminho e agora estou aqui. Escrevendo para você, carioca, paulista, mineiro, paranaense, gaúcho, baiano, alagoano, pernambucano, paraense, goiano... para você, brasileiro, que se sente estrangeiro em seu próprio país. Para você que tem sotaque e só percebe isso quando sai de casa. Para você que todo dia precisa matar um leão, um dragão, e todos os bichos que colocarem na sua frente.

O Brasil é tão grande de preconceitos e bairrismos e isso é profundamente triste. Sou carioca, moro em São Paulo. Sou filha de cariocas, com avós mineiros e pernambucanos. Sou descendente de portugueses e índios, tenho sangue italiano e judeu, sou espiritualista e acredito em Deus. Sou filha de Iemanjá, nasci perto do mar, mas também gosto de montanhas. Sou colorida, bronzeada e falo com chiado. Sou um ser não-identificado porque deixei meu passado carioca para trás em busca de um futuro mais promissor.

Mas não esqueçam que sou humana. Sou gente. E antes de ter sotaque, eu falo e escrevo a língua portuguesa muito bem. Antes de ser carioca, sou brasileira. E não aceito ser tratada como estrangeira dentro do meu próprio país... pior ainda, dentro da minha própria cidade. Eu posso ter mudado a maneira de pensar, de agir, de viver – e mudar faz parte da vida, é o que faz o mundo girar. Mas eu não perdi minha essência, verdadeira e sincera, minha alma rebelde, meu sangue enfurecido. Eu sei de onde vim e tenho orgulho disso. Não quero continuar me sentido perdida entre duas cidades que me aceitam, mas também me rejeitam.

Talvez para você, paulistano que nunca saiu daqui, ou carioca, que nunca deixou o Rio, este texto não faça o menor sentido. Mas certamente algum ‘exilado’ vai se identificar aqui. E eu acho que está na hora de deixar de me sentir exilada também. A verdade, nua e cura, é simples assim: eu sou carioca e moro em São Paulo. Ser carioca é algo eterno, nunca vai mudar, e eu tenho muito orgulho de ter nascido no Rio. Morar em São Paulo, por hora, também é algo que não quero que mude, e eu tenho muito orgulho de morar aqui. Portanto, quem quiser me olhar torto porcausa disso, paciência. Não estou aqui para agradar a todos. Aliás, meu negócio nunca foi explicar. Eu gosto mesmo é de confundir.



Janaina Pereira

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Black

Pearl Jam


Hey...oooh...
Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay
Were laid spread out before me as her body once did
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed
Has taken a turn
Ooh, and all I taught her was everything
Ooh, I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands
shake beneath the clouds
Of what was everything?
Oh, the pictures have all been washed in black, Tattooedeverything...

I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter,
So why do I sear?
Hard and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can, drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?
All the pictures have all been washed in black, tattooedeverything...

All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...

Uh huh...uh huh...ooh...
I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star,
In somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, oh can't it be mine...




Tradução

Preto


Folhas em lonas vazias, folhas intactas de barro
Estiveram colocadas diante de mim, como o seu corpo uma vez já esteve
Todos cinco horizontes, revolvidos ao redor de sua alma, como a terra ao sol
E agora o ar que eu provei e respirei, tomou uma volta..

Ohh, e tudo que eu lhe ensinei, foi tudo mesmo
Ohh, eu sei que ela deu-me tudo.. que ela usou..

E agora minhas mãos amargas, tremulas embaixo das nuvens
O que significou tudo que passamos? Oh, os quadros foram todos.. tingidos de preto..
Manchando tudo.

Dou uma caminhada fora de casa, e eu sou cercado por algumas crianças que brincam
Eu posso sentir suas gargalhadas, Então por que.. me torno tão seco?
Ohh, Pensamentos tortuosos... giram em torno da minha cabeça.. eu giro, oooh, eu giro
Tão rápido quanto o sol pode.. desaparecer..

E agora minhas mãos amargas, tremem diantes vidros de um copo quebrado..
O que significou tudo que passamos? Oh, todos os quadros foram.. todos tingidos de preto.. Manchando tudo.

Todo o meu amor tornou-se mau, tornou meu mundo sem cores,
Tatuou tudo o que vejo, tudo o que sou, tudo que serei.
..yeah...

Uh huh. ..uh huh. ..ooh...
Sei que algum dia você terá uma vida bela, sei que você será uma estrela,
No céu de alguém... por que.. por que...
por que não pode.. não pode ser no meu...!!

sexta-feira, dezembro 23, 2005

2006 vem aí


Quando você olhar para trás e pensar o que fazia em 2005, quais serão suas lembranças?

Foi o ano que mudou sua vida? Novo emprego, novo amor, nova perspectiva? Ou nada de novo aconteceu?

Sempre vai ter uma lembrança. Um beijo roubado, um coração partido, um momento difícil superado, uma viagem inesquecível, um amigo que fez a diferença. 2005 vai deixar saudades, vai deixar tristeza, vai deixar boas lembranças ou más recordações. 2005 fez parte da sua vida, da minha, da nossa história; foi mais um ano vivido.

E 2006? É uma folha em branco, um capítulo novo, uma história diferente. Novos passos, novos rumos, gente nova, gente conhecida, velhos amores, novas paixões, outros caminhos. 2006 é cheio de possibilidades, cheio de expectativas, cheio de esperança ... cheio de vida.

2006 vai ser vivido, pensado, sonhado, amado! Intenso, diferente, belo, mágico, especial. Cada dia, um após o outro, do seu jeito. 2006 é todo seu. Então faça bom proveito dele e não desperdice as oportunidades que a vida lhe der. Não deixe passar os sonhos, os encantos, as alegrias, os amores, as dores, as lágrimas e os sorrisos. 2006 vai fazer parte da história da sua vida. E se vai deixar lembranças, boas ou más, depende de você.

Então faça acontecer.

Viva. E não tenha medo de errar, ou de sofrer, pois é exatamente isso que faz a nossa história.

Eu queria viver cada dia como se fosse o último. Mas prefiro viver cada dia como se fosse o primeiro, para ter sempre um olhar diferente para o mundo que Deus colocou aos meus pés.

Feliz Natal.
Feliz 2006.

É o que desejo para você e toda sua família.

Ah, e obrigada por fazer parte da história da minha vida.




Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Mercadoria de luxo


Mais um Natal e a história se repete: as vitrines das lojas estão repletas
de mensagens de paz, amor e prosperidade, que escondem os preços das
mercadorias que serão vendidas. A falsa mensagem natalina é apenas para
amenizar a realidade da história: Cristo está à venda.

A mensagem de amor que Jesus Cristo veio deixar ao mundo virou um ponto de
partida para vender tudo que se vê pela frente. Você compra um celular para
dar a sua mãe e isso é só um pretexto para dizer que a ama. Aquele som que
seu pai vai ganhar também significa que você o ama. E o vestido caríssimo da
namorada, ou a coleção de DVDs de futebol pro namorado, são apenas provas de
amor. Ah, como o amor é facilmente comprado... e em várias parcelas do
cartão de crédito. Com juros, claro.

Cristo está aí, nas mensagens natalinas, nas vitrines das lojas, nos
corredores de shopping, nas compras para a ceia de Natal. Afinal, comer peru
e tender até passar mal é um ato de amor, e acompanhado daquele porre de
vinho então... nem se fala. E as brigas tão comuns nas famílias? Esta época
todo mundo quer por relações em pratos limpos e jogar na cara do outro as
desavenças que rolaram ao longo do ano é bem comum. Tudo termina na ceia de
Natal, que desce indigesta.

Jesus pode me chicotear agora! Mate-me com a luxúria, a ganância, a gula, a
cobiça e tudo mais que cerca a data de seu nascimento. Deixe sua mensagem de
amor e paz para outro dia, o Natal já era. Hoje só interessa o quanto o
comércio ganha com a data mais lucrativa do ano. Amor fraterno se vende
assim, às custas de Cristo. Amor verdadeiro vale muito mais que um celular,
um DVD ou um playstation. Vale muito, custa nada. Vale sua honestidade, seus
valores, sua integridade, sua compaixão, o carinho e o respeito pelo
próximo. Vale o que Jesus Cristo deixou como lição de vida: amar sem esperar
nada em troca.

Então, dê o presente que puder dar, e se não puder, dê um abraço, um beijo,
a atenção que o outro merece. Dê afeto, dê carinho, dê cuidados ... e não dê
simplesmente um celular bacana para agradar. Dê o respeito que a data
merece: Cristo é muito maior do que a exposição comercial que sofre durante
o período pré-natalino. Ele é o homem de bem, do bem, para o bem, que só fez
o bem. Ele é o homem que nos faz pensar se vale a pena lutar pelo dinheiro
nosso de cada dia com tanta ganância. Ele é o homem que só queria mostrar
que a paz é um sonho possível.

Jesus Cristo não pode ser vendido como a mercadoria de luxo paga em suaves
prestações. Mas pode ser lembrado com todo o respeito que Ele merece.
Felizes são os que conseguem dar o devido valor à data; aqueles que sabem
como precisamos neste momento refletir e nos harmonizar. Isto é Natal.
Respirar fundo e pensar que de alguma forma esta história pode mexer com
nossos corações, aliviar dores e trazer esperança... de dias melhores, de
pessoas mais sensatas, de vida mais equilibrada... do bem como princípio de
tudo, do amor como base da vida.



Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Batendo na porta do paraíso


Teatro alternativo cheio de vigor você encontra no Espaço Satyros, em São Paulo. Com diversas peças em cartaz, é possível escolher entre a comédia e o drama, todos com textos interessantes. “Homens, Santos e Desertores” foi a minha estréia como espectadora no Satyros.

A peça de Mário Bortolotto, que também é um dos atores da montagem, traz personagens verossímeis, que evoluem deixando entrever pouco a pouco suas fragilidades. Em tom quase confessional, um ex-seminarista (Bortolotto) que vive isolado do mundo e cercado de livros, recebe as visitas forçadas de um adolescente (Gabriel Pinheiro) em busca de certezas. O jovem procura respostas sobre o pai que sumiu e a mãe que o envergonha com sua promiscuidade. Na disposição em ouvir o rapaz, o homem acaba reconhecendo-se em seus medos, e chamando-o para a vida.

Introspectivo e amargurado, “Homens, Santos e Desertores” chama a atenção pelo texto forte; a atuação irretocável dos atores; a iluminação, que consegue tirar belos efeitos de magros recursos; a trilha sonora – que também é feita por Bortolotto - com um estilo fácil de imitar, mas de eficácia difícil de atingir; e a direção firme de Fernanda Dumbra. Um espetáculo que compartilha sua intimidade com a platéia de forma irresistível, e que tem a densidade de um ritual de passagem, capaz de perturbar profundamente o público.



Homens, Santos e Desertores
Texto: Mário Bortolotto
Direção: Fernanda Dumbra
Com: Mário Bortolotto e Gabriel Pinheiro
Espaço dos Satyros 2 (pça. Franklin Roosevelt, 184, Consolação, SP, tel. 0/xx/11/ 3255-2829)
Sábados às 21h30 e domingo às 20h30.
R$ 15,00 – estudante paga meia!




Janaina Pereira

domingo, dezembro 18, 2005

As surpresas da vida



Quem disse que filme americano tem que ser cheio de clichês? O cineasta cult Jim Jarmusch (‘Sobre Café e Cigarros’) soube conquistar público e crítica com um filme de argumento intrigante, narrado com surpreendente leveza. E sem nenhum clichê típico do estilo hollywoodiano. “Flores Partidas” (Broken Flowers) é uma daquelas histórias que fazem você sair do cinema pensando. Um filme interessante, divertido e com uma pitada de acidez para criticar o modo como muitos de nós encaramos a vida.

O diretor e roteirista Jim Jarmusch pretendia contar a história de um homem de cinqüenta anos que está entediado com o mundo, e cujos objetivos na vida sempre foram ganhar dinheiro e conquistar mulheres. Jim escreveu o roteiro pensando em Bill Murray para o papel. E a escolha foi perfeita: Murray passa todo filme com expressão de tédio, usa e abusa do cinismo e da ironia, e mantém sempre um sorriso irritante para mostrar que não está nem aí para o que acontece. Ele é o condutor de “Flores Partidas”, e a razão do filme ser o que é: uma comédia com um tom dramático, coisa muito rara de se ver no cinema.

Don Johnston (Bill Murray, em atuação espetacular) é um homem de meia-idade que gosta de fazer jus ao nome, comportando-se como Don Juan, o mais notório conquistador da literatura. Logo após levar o fora de sua namorada Sherry (Julie Delpy), ele recebe uma carta anônima e misteriosa de uma antiga amante, dizendo que tem um filho de 19 anos e que o menino está à procura do pai. Com a ajuda de seu amigo e vizinho metido a detetive, Winston (o excelente Jeffrey Wright), Don investiga o paradeiro do rapaz partindo em uma viagem pelos EUA à procura de suas ex-namoradas, que não são poucas. Elas são vividas por atrizes do naipe de Sharon Stone, Jessica Lange e Tilda Swinton. A cada encontro, Don é surpreendido por alguma descoberta que passa a dar um novo sentido à sua vida.

Cheio de situações cômicas e diálogos espertos, “Flores Partidas” diverte e faz a gente refletir. No final das contas, ao espectador não interessa mais saber quem é a mãe do filho de Don, mas sim apreciar cada um dos encontros tão especiais dele com as mulheres que marcaram sua vida. Vida que, no começo do filme, não tinha o menor sentido. Mas que ao final dele, pode soar bem diferente do que o personagem – e o público – esperam. Vale a pena conferir “Flores Partidas” e parar para pensar nos rumos que a gente dá a nossa própria existência.



Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Pílulas



Quem for ao Tomie Ohtake ver o Miró não pode deixar de conferir “Arena conta Arena – 50 anos”, excelente exposição sobre o revolucionário Teatro de Arena. Uma viagem ao palco que transformou o teatro brasileiro com peças como “Tartufo”, de Molière, “Opinião” e “Eles não usam black tie”, de Gianfrancesco Guarnieri. Boas lembranças de uma época em que ser ator era bem mais do que aparecer na Rede Globo.

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Na verdade não estou azeda. As pessoas costumam confundir minha tristeza com acidez e mau humor. Não é o caso. Vinícius tinha razão: tristeza não tem fim, felicidade sim.


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“Em seu lugar” (In her shoes), de Curtis Hanson (do excelente “Los Angeles – Cidade Proibida”, um dos meus filmes favoritos) é uma boa pedida de cinema em época de “Harry Potter”. Um filme bonitinho, com história bem feminina, e ótimas atuações de Cameron Diaz, Toni Collete e Shirley McLaine. Em época de total sensibilidade da minha parte, rendeu várias lágrimas no escurinho do cinema.


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Pela primeira vez estou riscando o calendário. Conto os dias, as horas e os segundos para desligar meu botão de existência. O meu desaparecimento é um bem necessário à minha saúde física e mental.


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Difícil compreender o que se passa na cabeça dos outros quando não consigo nem entender a minha. Mas é impossível não ser atingida pelos estilhaços de confusão, mau humor e stress alheio.

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Por um momento na minha vida, queria não pensar. Mas não consigo me alienar aos fatos. Tenho meus defeitos, e são muitos. Desisti de ser perfeita faz anos. Porém, não me calo quando estou insatisfeita. Costumo me magoar fácil e esta sensibilidade, que ajuda nas palavras emocionadas dos meus textos, são incompreendidas no dia a dia da minha vida. É por isso que meu isolamento está cada vez maior.




Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Que saco!


Acho que passei na fila do exagero mil vezes. Tudo na minha vida parece exagerado. O amor, a dor, o sofrimento, a angústia, a tristeza, a alegria, a emoção. Tudo vem aos baldes, vem em muitas doses. Não sei fazer nada pela metade, nem começo algo que não dá para terminar.

Pode parecer chato às vezes, mas é assim que funciona: eu sou intensa. Se gosto, gosto muito. Se quero, quero muito. Não sei viver uma vida mais ou menos. Não consigo ser meio feliz e não fico meio sem graça. Quero ser feliz por inteiro e por isso quando gosto de alguém, meu sentimento não é pela metade. Se fiquei sem graça foi com toda graça, foi por completo.

Não sei porque as pessoas insistem na vidinha ‘mais ou menos’. Enchem a cara para esquecer os problemas que estão todos lá no dia seguinte. Suportam o trabalho chato e não procuram outro emprego. Sustentam relacionamentos insossos, vivem histórias vazias, carregam sentimentos de culpa, isolam-se em seus mundos irreais. Tudo fica ‘mais ou menos’ legal. Tá ruim mas tá bom. Todo mundo segue ‘mais ou menos’ igual. Não quero mas não faço nada para mudar.

Eu exagero meus sentimentos, e por isso muitas vezes sou mal interpretada. Se sorrio, estou dando mole; se dou atenção, fiquei fácil; se não quero assunto, sou grossa; se brinco demais, viro uma total idiota. Eu não falo meias palavras e nem dou recado pela metade: sempre fui sincera e este sempre foi meu maior defeito. Sinto muito se não agrado a todos - essa nunca foi minha real intenção.

Não nasci para ser perfeita e não almejo ser: sou humana. Erro e peço desculpas; fico emburrada sem razão; choro sem motivos e implico por puro prazer. Mas nunca machuquei alguém deliberadamente; nunca dei a mão para fazer uma pessoa cair; nunca virei as costas para quem precisa. Tenho os milhares de defeitos que Deus me deu, mas tenho a maior qualidade que um ser humano pode ter: sou leal.

Vou ao fundo do poço por você, vou até o fim do mundo por você, morro por você. Quando alguém diz que gosta de mim porcausa da minha lealdade, ganhou todos os pontos comigo. Sou chata, boba, egoísta, dura, confusa, cheia de manias ... mas sou leal. Quem tem minha amizade, sabe que é para sempre. Mas quem um dia ousou me magoar, se arrepende até hoje.

Eu não sou melhor nem pior do que você. Eu sou como Mae West: quando sou boa, sou muito boa. Mas quando sou má, sou melhor ainda. Não nasci para ser um anjo e meu objetivo não é ir para o céu. Se é no inferno que as coisas acontecem, é lá que estarei. Assumo o que faço e não fujo da verdade. Não preciso mentir porque sei omitir.


Fui criada para ser uma boneca de porcelana numa redoma de vidro. Quebrei o vidro faz anos. Hoje lembrei que sou a única mulher da minha família que saiu de casa para morar sozinha. Tenho orgulho disso. Não baixo a cabeça pros desafios. E posso exagerar mil vezes no que digo e no que falo. Mas pelo menos eu falo.



Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Eu vou publicar suas mentiras


Detesto mentiras. A sensação de ser enganada é péssima. As pessoas omitem os fatos, mas mentir sobre eles me irrita profundamente. Muitas vezes eu não quero me parecer uma idiota, mas acabo fingindo que sou, e por isso fico quieta quando percebo a mentira. Prefiro me calar a brigar. O fato é que a mentira é compulsiva, e das pequenas virão as grandes e a bola de neve não terá fim.

Se eu disser que nunca menti, estarei dizendo uma grande mentira. Já falei mentiras bobas e mentiras inúteis, todas desnecessárias. Mentir nos torna cada vez piores; e a vida deve nos ensinar a sermos melhores.

Quem sou eu para julgar as pessoas; se eu fizer isso – como disse sabiamente Madre Tereza de Calcutá – não terei tempo de amá-las. Então cada um com seus problemas, mas se pudéssemos evitar as mentiras ... seria infinitamente melhor. Elas não levam a lugar nenhum. Ou melhor, levam sim: ao fundo do poço, pois quando descobertas – e sempre são – as marcas da revelação podem ser para sempre. Uma mentira pode destruir uma vida. Porque não existem crimes perfeitos: eles sempre deixarão suspeitos.



Janaina Pereira

terça-feira, dezembro 13, 2005

Quem não virá para a ceia



Hoje as recordações da infância vieram junto com a tempestade. Não posso conter as lágrimas. Natal sempre me lembra os doces momentos de criança, a alegria efervescente do meu sorriso maroto. Natal me lembra a minha família, pequena mas unida, que se dilacerou após a morte do meu pai.

Natal me lembra coisas tristes. Uma infância feliz perdida no passado; sonhos adormecidos; promessas que jamais serão cumpridas. Natal para mim não existe. O que ficou foi a saudade de algo que nunca mais terei.

Pai, sinto demais sua falta.

E só por hoje eu queria você aqui, mais uma vez, para me dizer que nada vai ser em vão. Queria poder dizer que eu sinto sua falta e que daria minha vida para olhar de novo em seus olhos e pedir para Deus deixar você ficar.

Hoje sou mais forte porque você não está aqui. Mas eu preferia ser a mulher mais fraca do mundo só para ter você por perto.

Nenhum momento de felicidade parece estar completo sem você.

E todas as dores do meu coração não existem diante da sua ausência.

Existem dois momentos no ano que eu lembro demais do meu pai: em meu aniversário, que é sempre próximo ao Dia dos Pais, e no Natal. Ambas as datas me causam depressão e amargura. E hoje é um daqueles dias que eu gostaria de dormir e perceber que a ausência dele era apenas um pesadelo. Mas não é. Ele nunca mais vai voltar.

Meu coração resiste a aceitar que esta dor terá fim algum dia. Prefiro conviver com a certeza de que um dia ele virá me buscar. Enquanto isso não acontece, eu peço que esta dor se transforme em sabedoria. Para que eu possa viver em paz, aceitando que ele não está aqui fisicamente, mas sempre estará dentro do meu entristecido coração.




Janaina Pereira

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Visita a Miró


O Instituto Tomie Ohtake foi o local escolhido para a exibição das litogravuras e xilogravuras de um dos maiores nomes das artes plásticas do século XX: Joan Miró. A exposição “Mirabolante Miró”, que já foi apresentada em Porto Alegre, chega a São Paulo com 200 trabalhos do pintor surrealista. As cores e formas desse artista, que soube expressar como poucos sua sensibilidade, podem ser vistas em duas salas do Instituto, com toda a grandiosidade que o espanhol merece.

Miró não é meu pintor preferido. Apesar disso, sempre achei curiosa a maneira como ele tratava as cores, a forma e o conteúdo de seus quadros. E ele foi além dos quadros: esculturas também fazem parte de sua vasta obra – e posters sobre suas exposições de escultura estão no Tomie Ohtake. A relação com as letras, expressa em frases de efeito e numa relação de amizade com o poeta brasileiro João Cabral de Mello Neto, aparecem com força. Mas o que chama a atenção é a versatilidade do artista, que fez murais, cartazes, quadros e painéis, sempre com a mesma desenvoltura.

Esta foi a segunda oportunidade que tive de ver de perto as obras de Miró. Diferente da primeira vez, pude ter agora um olhar mais apaixonado para o colorido pincelado de preto do espanhol. “Mirabolante Miró” é uma chance imperdível de se envolver na obra deste artista, ainda que você não saiba nada sobre ele – ou mesmo que saiba muito. Olhar um Miró é sempre uma experiência inesquecível. Que vale a pena ser repetida para que os sentimentos em relação a sua obra possam ser renovados.


MIRABOLANTE MIRÓ
Instituto Tomie Ohtake
Terça a Domingo das 14h às 20h.
Entrada Franca
Até dia 6 de fevereiro de 2006


Janaina Pereira

domingo, dezembro 11, 2005

Um dia a mais


E quando tudo parecer sem rumo e sem sentido, acesse este site:


http://nandoreis.terra.com.br/


Vá até a discografia de Nando Reis, procure “Nando Reis e os Infernais” e ouça em último volume ‘Relicário’.

Uma pequena obra-prima de amor e dor.

Já postei a letra aqui, já escrevi texto para você ouvir com esta canção... e sempre que acho que estou perdida nos meus sentimentos, vou lá e acesso o site – que é muito maneiro – para ouvir as palavras do Nando.

Eu também gostaria de trocar a eternidade por determinadas noites... mas ultimamente só penso que eu estava em paz quando você chegou...


Relicário
Nando Reis

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o "a" de que cor ?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou

O que você está fazendo ?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo ?
Um relicário imenso deste amor

Corre a lua por que longe vai ?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que trocaria a eternidade
Por esta noite

Por que está amanhecendo ?
Peço o contrário ver o sol se por
Por que esta amanhecendo ?
Se não vou beijar seus lábios
Quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura um futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que está dizendo ?
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo ?
Um relicário imenso deste amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo ?
Por que está fazendo assim ?


Pois é... talvez as pessoas nem percebam que invadem os lugares e deixam seus amores para trás... simplesmente porque elas deixam o amor, que realmente é uma preciosidade, num relicário. E depois não sabem o que fazer com ele.

Ouça a música, perceba a letra e deixe que seu coração responda... e não diga, nunca mais, frases sem cor. Cuide do seu amor ... mas não faça assim ... não faça um relicário deste amor.


Janaina Pereira

sexta-feira, dezembro 09, 2005

O mundo sem o John



Vinte e cinco anos da morte de John Lennon ... a mídia não deixou a data passar em branco. Eu, como fã dos Beatles, também não posso deixar de comentar o fato. Minhas lembranças do assunto são passionais. No dia em que Lennon foi assassinado, minha mãe chorou copiosamente. Eu tinha seis anos de idade, mas a recordação me acompanha até hoje.

Lembro da tristeza pela morte dele, lembro das revistas da época e suas capas em homenagem ao ex-Beatle. Lembro de “Imagine” sendo tocada sem parar. Lembro do olhar de Lennon, sempre com algo melancólico... e do assassino ser um fã. Isso era o que mais me angustiava: como alguém que ama, mata ?

John Lennon foi um cara inteligente, um músico brilhante. Ele era o cérebro dos Beatles, e por isso mesmo o trabalho em grupo o cansou. Quando se pensa demais, o isolamento é algo real e inevitável. E neste processo ele precisou se afastar de Paul McCartney, a alma do grupo, seu parceiro e amigo.

A amizade deles é algo que vale ser comentado. John e Paul se distanciaram ainda dentro dos Beatles e não se falavam quando Lennon morreu. Duas pessoas de temperamento toa forte quanto eles não podiam mesmo conviver muito tempo juntas. Paul sempre teve seu talento visto com olhos diferentes de John: era o bom menino de músicas românticas; o parceiro era o rebelde que contestava. Paul escreveu “Eleanor Rigby”, uma das mais belas músicas sobre a solidão. John escreveu “Help”, sobre o desespero de ter fãs aos seus pés. É dele a frase: “um rei sempre acaba sendo morto pelos seus súditos”. Ele sabia o que estava dizendo.

Lennon era contestador, e suas frases de efeito deixavam a mídia enlouquecida. Nunca negou o uso de drogas, mas sempre lutou pela paz. Assumiu que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo – e eram mesmo – e jamais deixou que a hipocrisia que ronda o sucesso tomasse conta dele. Ao escrever “Imagine” deixou para o mundo uma ode a igualdade dos povos. Era mesmo um sonho imaginar ... e continua sendo.

John Lennon foi um dos maiores nomes do século XX e um homem que é lembrado não apenas pela sua obra musical, mas por sua posição política e humanista. Um homem para ser lembrado por suas idéias e ideais. Aliás, idéias e ideais um monte de gente têm. Mas expor todas elas em público sem medo do linchamento, é para poucos. É para gente que faz diferença. É para alguém com a postura de John Lennon.



Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Garoando



Dentro de alguns meses eu completo cinco anos de São Paulo. Lembro que este foi o tempo que eu achei que moraria aqui. Cinco anos era o suficiente para arrumar minha vida e voltar para casa. Casa? Que casa?

O Rio é minha casa de coração. É lá que vive minha infância, minha adolescência e minhas melhores lembranças. Fora os amigos e a família, claro. Mas hoje, quando alguém pergunta se voltaria a morar lá, a resposta é não. Parece que nada ali me pertence e tudo que restou são lembranças.

São Paulo não é a cidade dos meus sonhos. Mas, por pior que isso possa parecer, eu já me acostumei com a correria, com o céu cinzento, com o sotaque dessa gente que está longe de saber o que é calor humano. Continuo achando o paulistano absurdamente frio, só que isso já não me incomoda tanto. Aprendi a viver sozinha, a apreciar o silêncio e seguir o caminho sem ter ninguém por perto. Aprendi, principalmente, a conviver bem comigo mesma.

Eu não sou daqui nem de lá: não me prendo a nada, nem a ninguém; não quero laços nem vínculos, não quero lembranças quando partir. Partir é sempre uma possibilidade, mas o lugar de chegada ainda não foi escolhido. Só que tudo muda, e muito rápido. De repente eu não vou mais embora, e quem sabe até já existam laços que nunca mais vão se soltar. Ainda não enxergo isso, talvez porque simplesmente eu não queira ver.

Tem uma história da minha vida paulistana que reflete muito bem meus sentimentos confusos desde que vim morar aqui. Eu dividia apartamento e dormia num colchão emprestado. Um dia, de uma hora para outra, o colchão tinha que ser devolvido. Foi só por esse motivo que resolvi comprar uma cama. Mas isso se tornou um drama: comprar uma cama seria adquirir um objeto que me prenderia a São Paulo. A cama era um trambolho que eu teria que carregar, um móvel que significava que eu estava construindo uma vida aqui. Isso porque eu já morava em Sampa fazia uns 3 anos ... parece loucura! Mas é apenas a incerteza e a insegurança materializadas.

Hoje eu tenho uma casa, tenho móveis, tenho uma vida aqui. Vida que é corrida, mas vivida a cada dia com uma energia renovada. Vida cheia de histórias de superação e conquistas. Vida preenchida por gente como a Gi, o David, a Sueli, a Val, a Ana, a Mari, a Kelly, o Leo, a Camilinha, o Edson, o Paulinho, o Vamberto, o Clark, a Parvati, o Zé, a Sil, o Welko, o Beto, a tia Ana, o Clauber, o Evar, a Fabi, a Vera ... só gente boa, só gente do bem. Claro que muita gente entrou e saiu da minha vida nestes anos, mas isso faz parte. O que importa é que muita gente existe na minha vida agora. E o agora é o que faz sentido, e agora eu estou feliz em Sampa. ... e agora estão aqui os meus laços, a minha vida e a minha casa. O amanhã eu deixo para o dia seguinte, que pode ser diferente ou igual, mas que tem ficar para depois. Porque agora é o que importa. E agora eu estou aqui, com sotaque carioca e uma veia quase paulistana.


Janaina Pereira

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Pílulas



O show do Pearl Jam só teve tanta graça porque a companhia era boa: meu amigo Paulo, o DJ Mutza, também estava lá.

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O projeto “Rumos”, do Itaú Cultural, ganha um vídeo muito bacana voltado para a música. Fruto do trabalho e da dedicação do meu ídolo, Edson Natale, e toda sua equipe. É por essas e outras que eu quero ser igual a ele quando crescer - mas não quero ser careca, é claro.

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Esta época do ano é a mais fértil para o comércio. Até eu fui presenteada com um brinquedo novo. E olha que nem brinco assim.


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Para mim o ano acaba semana que vem. Depois é só festa. Natal só é bom quando tem criança em casa. Revéillon é ótimo para recarregar as baterias. E além de tudo isso, vem chegando o verão ... e eu não quero sair do mar.


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Tenho alguns dias para colocar a leitura em dia, e não vou conseguir. Definitivamente eu virei paulistana: vivo correndo e estou sempre ocupada. Que nem eles.


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Este blog não é um diário. Textos e músicas postados aqui não indicam, necessariamente, um pensamento do dia. Refletem um sentimento e uma emoção, na maioria das vezes, momentânea, mas não do instante em que postei. Não mando recados através dos meus textos: eles mostram o que penso e sinto, mas os recados eu falo pessoalmente mesmo. Existem desabafos mas não tentem descobrir o que acontece. A minha vida é um livro fechado e ponto final.


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Esqueçam tudo que vocês acham que sabem a meu respeito. Eu já disse que sou a metamorfose ambulante. E não é à toa que adoro filosofia. Não faço metáfora, sou socrática. O que é o certo? Eu expor minha vida aqui? O que é o errado? O que é o amor? O que é a dor? Para os que insistem em saber as respostas ... vocês nunca sabem quais são as perguntas.



Janaina Pereira

domingo, dezembro 04, 2005

Uma pérola



Quando eu pisei no Pacaembu eu sabia exatamente o que vinha pela frente. Era quase uma matinê: em pleno horário de verão, com dia claro, o Pearl Jam subiu ao palco para fazer seu segundo show em Sampa. E como todos que foram no primeiro disseram que era uma experiência única, eu sabia que ia exorcizar os demônios.

Eddie Vedder, a melhor voz do rock mundial, chegou de mansinho para colocar o Pacaembu para pular e gritar. Confesso que eu sempre tive curiosidade de ver se no palco ele tem toda aquela potência de voz. Apesar do som catastrófico do Pacaembu, Eddie soltou o vozeirão e proporcionou momentos inesquecíveis. Sim, sua voz é tão bela e poderosa quanto nos Cds. A banda é muito boa, tem presença e carisma, mas não dá para negar que Eddie Vedder é fundamental. Ele é o cara: sexy, rústico, eternamente grunge, e com a rebeldia que só quem é roqueiro de vida e de alma consegue perceber. Educadíssimo, falou até palavrão em português. E levou o público feminino ao delírio com seu estilo pouco comportado, e absurdamente sedutor.

“Even Flow”, uma das minhas favoritas, já anunciava logo no comecinho do show que eu teria uma noite eletrizante. A seqüência trouxe a minha letra preferida do Pearl Jam, “I am mine”. Esta música resume meu pensamento do mundo e de mim mesma – será que Eddie Vedder leu meus pensamentos ou eu penso como ele? Foi um momento especial, quando ouvi minha reflexão da vida e sai literalmente do corpo.

O público, muito animado, acompanhava tudo na ponta da língua. A garotada e os nem tão jovens, que esperaram quinze anos para se render à fúria do Pearl Jam, estavam ali reunidos para a celebração. O show deste sábado acabou sendo alternativo, com sucesso antigos como “Present Tense”, do álbum Vitalogy, “Crazy Mary” e “State Of Love And Trust”, lançadas apenas em singles.

O repertório renovado em relação ao show de sexta-feira trouxe ainda um dos mais belos momentos que já vi num palco: Eddie Vedder, sozinho, com violão e gaita, cantou a sua versão emocionante de “You've Got To Hide Your Love Away”, dos Beatles, que foi gravada unicamente pelo vocalista para a trilha sonora do filme ‘I Am Sam’. Esta era a música que eu jamais pensei ouvir no Pacaembu, e valeu por todo o show. Porque para mim, a versão do Eddie é a melhor de uma música dos Beatles, superando inclusive a de Joe Cocker para “With a little help from my friends”. Além disso, ele lembra muito Bob Dylan com esta canção, trazendo uma certa dor e angústia na interpretação. Inesquecível.

As homenagens continuaram com “Kick Out The Jams”, do MC5 - que teve a participação de Mark Arm do Mudhoney -, e "Rockin' In The Free World", de Neil Young. Outro grande momento foi o coro de “Jeremy”, grande sucesso da banda, uma música de letra forte e arrebatadora cantada de forma visceral por Vedder. “Do the evolution” também provocou a fúria típica das letras do Pearl Jam. Os demônios estavam sendo exorcizados com velocidade.

“Elderly Woman Behind The Counter in a Small Town”, "Daughter" e “Can´t keep” também arrepiaram. Mas na hora que tocou “Black”, a melhor balada do Pearl Jam, percebi que meu corpo já não me pertencia mais. Aquela altura eu já tinha me emocionado o suficiente para ter certeza de que estava diante de um dos melhores momentos da minha vida. Minha alma, que por mais de dez anos esperou para passear ao som daquelas músicas, finalmente estava livre. E os demônios foram exorcizados.

“Black” é uma canção para corações partidos. Sua letra é de uma poesia marcante: em poucos versos ouvimos tudo que queríamos um dia dizer – afinal, porque os amores acabam? A letra deixa gravado, para a eternidade, a dor da perda. Casais apaixonados adoram esta música, sem saber, talvez, que ela é um desabafo de alguém que ficou só, mas soube exteriorizar sua dor numa das mais belas músicas que o Pearl Jam já fez.

Mas o momento mais esperado da noite aconteceu de forma apoteótica: a execução de “Alive”, uma das músicas mais explosivas do Pearl Jam (e minha favorita), foi interpretada por Vedder diretamente da platéia. Durante o solo da faixa, e depois do público cantar todos os versos em uníssono, Eddie Vedder pulou para a platéia - como já havia feito na noite anterior - e percorreu uns bons metros no meio dos fãs. Sim, o Pearl Jam está mais vivo do que nunca.

Mesmo que hits como “Last Kiss” e “Why Go” tenham ficado de fora, o show do Pearl Jam neste sábado no Pacaembu deu a certeza de que eles são tão bons no palco que qualquer música vale a pena. E nem preciso dizer que eu adorei. Especialmente porque pude fazer algo que curto muito: sentir a emoção de ver e ouvir minhas músicas preferidas, que fazem parte da história da minha vida, ao vivo. Eu sempre disse que só voltaria a um show em estádio se fosse para ver o Pearl Jam. Eu cumpri o que prometi.

E agora eu posso dormir com a certeza de que hoje foi um dia feliz, e que meus demônios estão presos novamente. Porque toda fúria que eu tinha para libertar, saíram na forma da poesia aflita, cortante e arrebatadora do Pearl Jam.



Janaina Pereira

sábado, dezembro 03, 2005

Minhas Meninas



No boteco só faltou a Camila Iara.

Mariana e Valéria, minhas mais sinceras lágrimas de agradecimento pela nossa amizade, cheia de força e repleta de veneno.

Vocês fazem parte da minha vida de uma maneira muito especial.

Obrigada por tudo e não me deixem desistir.



Janaina Pereira

Leonardo


Nesta madrugada cheguei em casa e Rubem Fonseca me esperava na portaria.

Ah, Leonardo, você foi uma das minhas melhores descobertas neste ano de 2005.
Obrigada por me fazer enxergar a necessidade, nua e crua, de abrir o o coração para novas amizades, novas possibilidades, novos pensamentos.

O processo seletivo me ajudou a encontrar você.

Agora fala sério, um mês sem nossos papos diários no messenger ... como vamos sobreviver?

Obrigada pelo apoio, sempre. E pela sincera e sensível amizade.



Janaina Pereira

Geléia de Pérola


E quando eles pisarem no palco e tocarem "Alive", eu não me responsabilizo pelos meus atos.

Pearl Jam na veia, agora, para exorcizar os fantasmas que insistem em me rondar.


Janaina Pereira

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Coincidências


Eu queria não precisar levantar
Queria não chorar mais
Não reclamar
Não acreditar que o mundo é perfeito com suas imperfeições
Queria olhar para frente e enxergar as dores curadas
E todas as feridas cicatrizadas
Mas o que vejo é o sangue que jorra
A dor que não passa
O corte profundo que parece que atingiu meu coração
Dizem que vai passar
Quando ? Que horas ?
Ninguém me avisou que ia ser assim
Tão visceral
Eu fujo desse tipo de situação
Mas os fantasmas me perseguem
Eu não quero acordar
Eu não quero caminhar
Eu não quero mais chorar
Eu só queria ficar bem
Agora
Por pelo menos uma hora
Para sempre
Para esquecer e morrer lentamente enquanto o sol não vem.


Janaina Pereira

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