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quinta-feira, junho 30, 2005

Preparem a pipoca


Você pediu e aqui está: mais uma lista com filmes para alugar e se divertir. Recebi algumas sugestões, mas o critério de escolha é bem simples: eu tenho que ter visto e gostado do filme. Porque assim eu tenho critérios para escrever a resenha, certo ?

Então aqui você nunca vai encontrar “Encontros e Desencontros”, um filme que não curti muito. Evito por filmes óbvios também, como a trilogia “Guerra nas Estrelas”, que eu adoro e todo mundo sabe disso. E aqueles que já escrevi resenhas neste blog aparecerão ocasionalmente.

Agora escolha o filme que você acha mais interessante, prepare a pipoca e divirta-se.


1 – QUIZ SHOW – A VERDADE DOS BASTIDORES – este é um dos meus filmes preferidos. Excelente roteiro adaptado de uma história real, com direção preciosa de Robert Redford (“Gente como a Gente”), que mostra a manipulação da televisão. Nos anos 50, um programa de TV de perguntas e respostas alcançou estrondoso sucesso focalizando o duelo entre dois estudiosos: um aristocrático professor de literatura (Ralph Fiennes) e um judeu com brilhante memória (John Turturro). Mas a acusação de que as respostas eram manipuladas pelos produtores gerou um escândalo sem proporções na história da TV americana. Não deixe de assistir, é um dos melhores relatos sobre a falsidade da mídia que o cinema já exibiu.


2 – HURRICANE – O FURACÃO – polêmico e desafiador, este filme tem como maior trunfo a atuação espetacular de Denzel Washington (Urso de Prata no Festival de Berlim 2000). Em junho de 1966, Rubin "Hurricane" Carter era um forte candidato ao título mundial de boxe. Seus sonhos vão por água abaixo quando três pessoas são assassinadas num bar em Nova Jersey. Indo para casa em seu carro e passando perto do local do crime, Carter é erroneamente preso como um dos assassinos e condenado à prisão perpétua. Anos mais tarde, ele publica um memorial, chamado "The 16th round", em que conta todo o caso. O livro inspira um adolescente do Brooklyn e três ativistas canadenses a juntarem forças com Hurricane para lutar por sua inocência. Baseado no livro “O 16º round”, dirigido por Norman Jewson (“O feitiço da lua”), causou polêmica pois não mostrou a veracidade dos fatos (Hurricane aparece como um herói que a maioria garante que ele não foi). Ainda assim é um grande filme.


3 – CINEMA PARADISO – o meu filme preferido, e aquele que me fez chorar torrencialmente. Assisti três vezes consecutivas no mesmo dia. Uma aula de amor ao cinema, dirigida por Giuseppe Tornatore. O filme conta a trajetória de Salvatore di Vitto, o Totó (Salvatore Cascio, Marco Leonardi e Jacques Perrin), desde a infância difícil, passando pelos problemas da adolescência, até a maturidade. A história se passa em uma Itália pós-guerra, na pequena cidade de Giancaldo, um lugar onde todo mundo se conhece e a única atração restante é o velho Cinema Paradiso, aonde todos vão aos finais de semana para se divertirem um pouco. A relação de Totó com o projecionista do cinema, Alfredo (Phillipe Nouret), e a paixão de ambos pelo cinema gera todo o clima emocionante do filme. Simplesmente imperdível.


4 – LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA – um dos melhores filmes policiais que já vi. Roteiro extremamente inteligente, baseado em livro de James Ellroy, dirigido por Curtis Hanson (“A mão que balança o berço” e “Garotos Incríveis”) e com grandes atuações. Em Los Angeles, no início dos anos 50, os detetives Jack Vincennes (Kevin Spacey), Bud White (Russel Crowe) e Ed Exley (Guy Pearce), que usam métodos totalmente distintos para as investigações, se envolvem numa trama de conspiração e corrupção policial. Eles descobrem um esquema que atinge até os mais altos escalões, onde prostitutas de luxo como Lynn Bracken (Kim Basinger), personificam estrelas de cinema.


5 - O INVASOR – ótimo roteiro e direção precisa de Beto Brant num dos mais elogiados filmes brasileiros dos últimos anos. Estevão (George Freire), Ivan (Marco Ricca) e Gilberto (Alexandre Borges) são companheiros desde os tempos de faculdade. Além disto, são sócios em uma construtora de sucesso há mais de 15 anos. O relacionamento entre eles sempre foi muito bom, até que um desentendimento na condução dos negócios faz com que entrem em choque. Estevão, o sócio majoritário, ameaça deixar o negócio. Acuados, Ivan e Gilberto decidem contratar Anísio (Paulo Miklos), um matador de aluguel, para assassinar Estevão e assim conduzir a construtora do modo como bem entendem. Entretanto, Anísio tem seus próprios planos de ascensão social e aos poucos invade cada vez mais as vidas de Ivan e Gilberto.


6 – MINHA VIDA DE CACHORRO - um dos filmes mais aclamados dos anos 80, revelou ao mundo o talento do cineasta sueco Lasse Hallström (“Regras da Vida” e “Chocolate”). Comova-se com a história do menino Ingemar, que devido ao agravamento da saúde de sua mãe, é enviado para casa de parentes numa vila no interior da Suécia, nos anos 50. No início, Ingemar tem dificuldades de se adaptar à nova vida e superar as saudades da mãe e do irmão. Com o tempo, acaba vivendo experiências que vão marcá-lo pelo resto da vida. Um dos mais belos filmes já realizados sobre a infância.


7– GOLPE DE MESTRE – charmoso e divertido, o filme se apóia, principalmente, no roteiro esperto e na ótima atuação da dupla de protagonistas. Em Illinois, no ano de 1936, os trapaceiros Henry Gondorff (Paul Newman) e Johnny Hooker (Robert Redford) decidem se unir para vingar a morte de um amigo, assassinado por um perigoso gângster. Dirigido por George Roy Hill (“Butch Cassidy”).


8 – UM SONHO DE LIBERDADE – outro filme que está na minha lista de preferidos. Obrigatório para quem aprecia um bom roteiro, escrito e dirigido por Frank Darabont (“À espera de um milagre”) e baseado em histórias de Stephen King. Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem e bem sucedido banqueiro, é condenado a prisão perpétua por ter assassinado sua mulher e o amante dela. No presídio, faz amizade com Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro do local. Deste encontro nasce uma história de cumplicidade que vai modificar radicalmente a vida dos dois. A amizade e o sonho de um dia ser novamente livre é o que motiva estes prisioneiros a continuarem vivendo. Belíssima história de amizade, com final poético e Tim Robbins e Morgan Freeman arrebatadores.


9 – BANQUETE DE CASAMENTO – o clássico do diretor Ang Lee (“O tigre e o dragão”), premiado internacionalmente. Um filme sobre os conflitos entre uma sexualidade moderna e os valores sociais e tradicionais. Mostra o relacionamento entre um jovem oriental que vive com seu namorado nos Estados Unidos quando seus pais conservadores chegam para visitá-los.


10 – ED WOOD – a obra-prima de Tim Burton (“Edward Mãos de Tesoura” e “Batman”), um dos melhores filmes do diretor. O roteiro, escrito por Scott Alexander e Larry Karaszewski, baseado em livro de Rudolph Grey, narra a vida de Ed Wood (Johnny Depp), considerado o pior cineasta de todos os tempos. A história se concentra nos anos 50, quando Wood se envolveu com um bando de atores desajustados, incluindo um Bela Lugosi (Martin Landau) em fim de carreira, e fez filmes de péssima qualidade. Vale a pena conferir esta interessante e divertida história com fotografia deslumbrante – foi filmado em preto e branco.


11 – TRAÍDOS PELO DESEJO – Escrito e dirigido por Neil Jordan (“Entrevista com o Vampiro”), é um filme com roteiro intrigante, polêmico e forte. O IRA seqüestra o soldado inglês Jody (Forest Whitaker), que acaba fazendo uma certa amizade com o guerrilheiro Fergus (Stephen Rea), encarregado de vigiá-lo. Quando Jody morre, Fergus vai comunicar o fato à namorada do soldado, Dil (Jaye Davidson), por quem acaba se apaixonando. Mas esta paixão lhe provocará um choque inesquecível, enquanto os companheiros do IRA querem que ele participe de uma perigosa missão. Este filme transformou o diretor irlandês Jordan em um dos queridinhos de Hollywood.


12 – MUITO BARULHO POR NADA – Shakespeare nunca teve tanta graça como nessa comédia dirigida por Kenneth Branagh (“Frankstein de Mary Shelley”), com elenco repleto de estrelas. De Emma Thompson a Denzel Washington, passando por Michael Keaton, Keanu Reeves, Kate Beckinsale, Imelda Staunton e o próprio Branagh, todos em atuações inspiradas, este filme é recheado de momentos divertidos. Na Sicília, as mulheres de uma vila aguardam o retorno dos soldados do Príncipe de Aragão (Washington). O amor parece que vai invadir o local, mas existem pessoas interessadas em semear a discórdia.


13 – TEMPO DE GLÓRIA – espetacular filme de guerra, com belíssima direção de fotografia e atuações inesquecíveis de Denzel Washington, Mathew Broderick e Morgan Freeman. Durante a Guerra Civil Americana, o jovem Coronel Robert Gould Shaw (Broderick), apesar de não ter nenhuma experiência, comanda o primeiro batalhão composto exclusivamente por soldados negros, graças a sua influente família. A relação de Shaw com seus subordinados dão o tom da trama, de modo verdadeiro e nada sentimental. Dirigido por Edward Zwick (“O último samurai”).


14 – O CARTEIRO E O POETA – outro filme que está entre os meus favoritos. Emocionante relato sobre os valores da amizade e do amor, com direção de Michael Radford.Por razões políticas, o poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá conhece Mario Ruopollo (Massimo Troisi), um desempregado semi-analfabeto. Mario é contratado como carteiro extra e sua função é cuidar da correspondência do poeta. Aos poucos se forma uma sólida amizade entre os dois. O ator e roteirista Massimo Troisi morreu um dia após as filmagens.


15 – O CASAMENTO DO MEU MELHOR AMIGO – simpática e divertida comédia de P.J. Hogan com roteiro politicamente incorreto. Julianne (Julia Roberts) e Michael (Dermot Mulroney) são grandes amigos. Um dia combinaram que, se ambos continuassem solteiros quando completassem 30 anos, se casariam. Às vésperas da fatídica data Julianne recebe um telefonema do amigo, que anuncia que está prestes a se casar, mas com outra (Cameron Diaz). Só então ela percebe que é apaixonada por Michael e aceita o convite para ser madrinha do casamento dele, mas com segundas intenções. Ótimas atuações (especialmente de Rupert Everett como o amigo homossexual de Julia Roberts), excelente trilha sonora e um final surpreendente valem o filme.



Gostou ? O filme que você queria não está aqui ? Aguarde: em breve nova lista venenosa.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

terça-feira, junho 28, 2005

Chocolate meio amargo


Hoje eu sou azeda
Amanhã sou amarga
Depois de amanhã fico um doce
Hoje estou triste
Amanhã estou melancólica
Depois de amanhã estou feliz
Hoje sou chata
Amanhã sou ranzinza
Depois de amanhã sou carismática
Hoje eu choro
Amanhã eu silencio
Depois de amanhã eu sorrio
Hoje sou brava
Amanhã sou tensa
Depois de amanhã sou intensa
Hoje fico calada
Amanhã fico abismada
Depois de amanhã fico irritada
Hoje sou séria
Amanhã sou boba
Depois de amanhã sou sábia
Hoje sou fraca
Amanhã sou frágil
Depois de amanhã sou forte
Hoje sou contraditória
Amanhã sou contraditória
Depois de amanhã sou contraditória
Hoje sou fogo
Amanhã sou mar
Depois de amanhã sou terra e ar
Hoje sou Janaina
Amanhã sou Janaina
Depois de amanhã sou Janaina
Serei sempre Janaina
Quieta, agitada, calma, ansiosa, delicada, raivosa,
Chorona, sorridente, materialista, espiritualista,
A frágil mulher forte.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

segunda-feira, junho 27, 2005

3.0 – Já dizia Balzac


Vem chegando o meu inferno astral, e com ele todas as feridas se abrem. Vai jorrar sangue para todos os lados. Mas, como uma balzaquiana que sou, vou me despedindo dos 30 anos com palavras de Honoré Balzac, que celebrou a beleza madura em “Mulher de 30”:

"Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis para um rapaz. Com efeito, uma jovem tem ilusões, muita inexperiência, e o sexo é bastante cúmplice do amor, ao passo que uma mulher conhece toda a extensão dos sacrifícios que tem a fazer. Lá onde uma é arrastada pela curiosidade, por seduções estranhas à do amor, a outra obedece a um sentimento consciente. Uma cede, a outra escolhe, dando-se ... a mulher experiente parece dar mais do que ela mesma, ao passo que a jovem, ignorante e crédula, nada sabendo, nada pode compara nem apreciar. Uma nos instrui, nos aconselha... a outra quer tudo aprender... Para uma jovem seja amante, precisa ser muito corrompida, e então é abandonada com horror, enquanto uma mulher possui mil modos de conservar a um tempo seu poder e sua dignidade... A jovem... acredita ter dito tudo despindo o vestido; mas uma mulher... se esconde sob mil véus... afaga todas as vaidades... chegando a essa idade, a mulher sabe consolar em mil ocasiões em que a jovem só sabe gemer.”


Pois é. A juventude é maravilhosa. Mas a maturidade é, definitivamente, uma dádiva.



Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

sábado, junho 25, 2005

Algumas coisas sobre o coração


(para ler ouvindo “Saber amar”, do Paralamas do Sucesso.)


Amar requer um pouco de cuidado. Existem amores que são eternos e outros que são verdadeiros, mas passageiros. Você consegue perceber a intensidade dos sentimentos quando aquele que você gosta lhe decepciona. Então a dor que invade o coração e corrói a alma demonstra a dimensão daquele gostar ... que pode ser mesmo amor.

Amar não é difícil. É simples, é como beber água. Você pode beber de uma vez só, porque está com muita sede, ou ir aos poucos, para saciar a sua vontade vagarosamente. Amar às vezes dói, mas não devia. Interessante é quando você descobre que a admiração, o carinho e o respeito se transformaram neste sentimento nobre. Amar é tão sublime e ao mesmo tempo tão arrebatador, que sim, é possível amar várias pessoas ao mesmo tempo. Você pode amar seu pai, sua mãe, seus filhos, seus amigos. Agora. Já. Simultaneamente.

Amar é avassalador. Arrasta multidões calorosas pelo mundo, buscando sempre a alma gêmea. Que não existe. A cara metade, a outra parte da laranja, isso é ilusão. Existem sintonias, afinidades, ligações inexplicáveis, encontros cármicos. Existe a implicância mútua que camufla o afeto. Existe a solidariedade explícita que demonstra o amor. Existe a tolerância recíproca que evidencia a paixão. Existem as milhares de formas de demonstrar o amor ... com carinho, com raiva, com gratidão, com dúvida, com brigas e até com lágrimas. Amar é imprevisível. Amar é profundo e lentamente venenoso. Porque depois que invade seu coração, escorre pelas veias e contamina todo seu corpo para sempre.

Amar é perigoso. Mata. Machuca. Cansa. Adoece. Morre.

Amar também é lúdico. Ilusório. Fantasioso. Ingênuo. Espirituoso.

Amar ainda é belo. Harmônico. Sincero. Intenso. Inesperado.

Amar continua sendo contraditório. Mas, como já disseram por ai, é realmente impossível ser feliz sozinho. Então só nos resta continuar... amando ... às vezes errando... mas continuo tentando.



Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

sexta-feira, junho 24, 2005

Exagerada



A resenha do filme “Batman Begins” causou polêmica. Aliás, resenha não, né ? Se o mestre Zé Amaral lê isso, vai me corrigir ... resenha crítica não pode ser extensa e deve ser focada nos assuntos relevantes. Eu me empolguei e escrevi muito. Foi meu texto mais longo para o blog. E deu muito trabalho.

Fui assistir ao filme com meu amigo David (www.ahoradaxepa.zipnet.br) e percebi que muita gente estava indo ao cinema em grupo, porque Batman realmente arrasta uma legião de fãs pelo mundo a fora. Então resolvi não só falar do filme, mas também contar um pouco do universo desse fascinante personagem dos quadrinhos. Contei com a ajuda do Guto, expert em HQs e leitor assíduo do Omelete (www.omelete.com.br), que me abasteceu com diversas resenhas críticas sobre o filme. E depois de dois dias de pesquisa e vários rascunhos, coloquei a minha resenha no ar.

Longa ? Sim. Prometo não me exceder da próxima vez. Mas segundo o meu querido amigo Evandro, estava tudo lá. Foi um trabalho árduo; um job divertido porém complexo. Claro que alguns não vão gostar ... só que é difícil agradar a todos. Espero que pelo menos tenha conseguido proporcionar uma boa leitura a grande maioria.



Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

terça-feira, junho 21, 2005

O novo rumo do Cavaleiro das Trevas


Ele está de volta. Sem aspecto carnavalesco ou firulas, um dos maiores personagens dos quadrinhos retorna às telas em impecável aparição. “Batman Begins”, de Christopher Nolan (“Amnésia” e “Insônia”) traz ao cinema o início da vida do Homem-Morcego. Baseado nos quadrinhos 'Batman: Ano Um' e 'Cavaleiro das Trevas', criados por Frank Miller no final dos anos 80, este filme inaugura uma nova fase na trajetória cinematográfica do herói. Esqueça o Batman de Tim Burton (“Batman” e “Batman, o retorno”). Esqueça, principalmente, o folclórico Batman de Joel Schumacher (“Batman Eternamente” e “Batman & Robin”). A quinta aventura do protetor de Gotham City é sombria e dramática. Finalmente posso dizer que assisti um Batman para adultos, graças ao competente diretor Nolan e a atuação marcante de Christian Bale, que dão um novo status ao personagem.

Batman foi criado em 1939, por Bob Kane e Bill Finger, para a DC Comics. E em “Batman Begins” fica claro, já na abertura, que o filme segue fielmente a estética visual dos quadrinhos. Christopher Nolan trouxe novos elementos ao personagem, apresentando um Batman parecido com o que as “HQs” sempre mostraram: um homem perturbado, melancólico e vingativo. Nolan – que, curiosamente, nunca foi fã de quadrinhos - expõe todos os dramas vividos pelo protagonista, desde a morte de seus pais na infância, evidenciando a humanidade sob a capa preta do herói.

Bruce Wayne (o talentoso Christian Bale) presencia o assassinato dos pais quando criança, e cresce traumatizado pelo fato. Absorvido por um enorme sentimento de culpa, ele vê sua cidade, Gotham City, afundar cada vez mais na violência e na corrupção. O jovem herdeiro da mais poderosa família local pensa em fazer justiça como forma de vingar a morte dos pais. Após um desentendimento com a amiga de infância, Rachel Dawes (Katie Holmes, totalmente deslocada no papel), que se tornou promotora pública e questiona o senso de justiça de Bruce, ele desaparece. O jovem Wayne roda o mundo tentando entender a mente dos criminosos, passa fome, rouba e acaba sendo preso. Na prisão, de forma misteriosa, conhece Ducard (Liam Neeson), membro da Liga das Sombras, uma espécie de grupo de justiceiros ninjas que vem agindo na região. A proposta do grupo, liderado por Ra’s Al Ghul (Ken Watanabe), parece ser a mesma de Bruce: capturar bandidos. É com Ducard que nosso herói aprende as técnicas de artes marciais e ninjas, e como controlar e canalizar seus sentimentos – como medo e desejo de vingança – a fim de chegar a seus objetivos. Porém, Bruce descobre que a Liga das Sombras é um pouco radical em seus meios de fazer justiça. E por causa disso, ele decide trilhar seu próprio caminho, voltando a Gotham e fazendo nascer Batman.

Neste retorno, Bruce reencontra Rachel, o fiel mordomo Alfred (Michael Caine, excelente como sempre) e os criminosos que pretende desmascarar: o chefão que comanda o submundo do crime da cidade, Carmine Falcone (Tom Wilkinson) e o dr. Jonathan Crane (Cillian Murphy), que parece ajudar Falcone, alegando insanidade para poupar os bandidos da prisão. Com a ajuda de Alfred e de Lucius Fox (Morgan Freeman, em simpática aparição), funcionário das Indústrias Wayne, consegue todos os aparatos inseridos nessa guerra contra a bandidagem, incluindo o sensacional Batmóvel. Encarando sua maior fobia, relacionada a morcegos, Bruce Wayne vira Batman, o herói que age nas noites de Gotham assustando bandidos e intimidando a polícia, de onde sai um dos grandes aliados do protagonista, o (ainda) tenente Gordon (o versátil Gary Oldman). Mas algumas surpresas estão reservadas ao nosso herói e seu mentor Ducard volta das sombras para se vingar.

O roteiro de “Batman Begins”, escrito por Nolan e David Goyer (fã confesso do Homem-Morcego) dá maior valor ao drama e aos sentimentos sombrios do personagem, mas há espaço para grandiosas cenas de ação e algumas piadinhas espertas. Provando que se trata de um filme para adultos e não simplesmente mais uma adaptação pop dos quadrinhos para os cinemas, a trilha sonora, composta por Hans Zimmer e James Newton Howard, é totalmente instrumental. A direção de arte e a fotografia são primorosas, embora eu ache que Gotham à noite seja muito mais legal – de dia, ela vira um misto de Nova York com Chicago; bela, mas menos atraente do que sua visão noturna.

Christian Bale (o eterno garotinho de “O Império do Sol” e o lunático de “Psicopata Americano”) é o quarto ator a viver o Cavaleiro das Trevas nos cinemas. Antes dele, Michael Keaton, Val Kilmer e George Clooney vestiram o personagem – sem sucesso, já que em todos os outros filmes do Batman, os vilões sempre tiveram maior destaque (até nos créditos dos filmes, nomes como Jack Nicholson (o eterno Coringa) e Arnold Swazzenagger, apareciam antes dos atores que viviam o herói). Dizem por aí que um dos critérios de escolha para viver Batman seria ter a boca bonita, pois assim quando o ator estivesse de máscara, os lábios sobressairiam. Agora isso não deve ter sido levado em consideração: a boca de Bale não é bonita, e quando ele está vestido de Batman o que chama a atenção é a sua mudança – bastante perceptível – de voz. A partir disso percebemos o quanto o ator se envolveu para fazer o personagem – a diferença na voz é só um detalhe na atuação precisa, e cheia de versatilidade, do galã Christian Bale, sem dúvida nenhuma o melhor Batman. Ele soube captar toda a raiva do personagem, diferenciando o Homem-Morcego de Bruce Wayne mas tornando ambos igualmente atraentes. Bale conta com o apoio de um elenco coadjuvante cheio de estrelas (que inclui, além dos já citados, Hutgher Hauer como o vilão que comanda as Indústrias Wayne), que fazem o filme ainda mais interessante. Com exceção de Katie Holmes, os demais atores dão show. Destaque para os momentos cômicos protagonizados por Michael Caine e Morgan Freeman.

”Batman Begins” não é somente “mais um filme do Batman”, mas “o filme”, completamente independente dos anteriores (embora eu ainda goste muito da concepção visual dos filmes de Tim Burton, em especial a Gotham City gótica que ele criou). Maduro, cheio de boas atuações, muito bem dirigido e roteirizado, supera na narrativa e agrada em cheio aos fãs. Com certeza vai virar uma série. Mas enquanto os outros vilões não chegam, aproveite esta aventura do Homem-Morcego. Vale muito a pena sobrevoar Gotham nas asas dele. E o título do filme diz tudo. Isso é só o começo.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

segunda-feira, junho 20, 2005

A origem de tudo


Estou escrevendo este post no sábado. São 17 horas. Estou comendo pizza de mussarela Aprecciata da Perdigão e tomando 51 Ice Tangerina. Mais trash impossível. Por isso gosto de morar sozinha: eu faço o que quero,e mesmo que tudo esteja parecendo errado, estou achando tudo muito certo. Hoje passei boa parte do dia circulando pela Liberdade. Adoro aquele bairro. Comi tempura, bolinho de peixe, comprei saquê, observei as pessoas. Hoje também foi dia de procurar CD no shopping. E encontrei a relíquia que deu origem ao nome deste blog.

A idéia do nome “Veneno da Gata” não era um elogio para mim mesma. Em 1994 a expressão DA LATA era comum no Rio. Era algo como o DA HORA dos paulistanos. A expressão carioca saiu das bocas do povão para as letras de música. E virou um CD (e uma música) do Paralamas, “Vamo batê lata”. Na sequência, a Fernanda Abreu fez a música “Veneno da Lata”. Para não repetir o nome da música da Fernanda, eu adaptei e criei o “Veneno da Gata”. O blog com veneno, com atitude, que era meu, era da lata, da hora, maneiro.

Comprei, portanto, o CD “Vamo Batê Lata”, dos Paralamas. Foi uma escolha difícil: eu podia optar entre o “Arquivo I ou II”, o “Uns Dias ao Vivo” ou este. Acabei comprando o “Vamo Batê Lata” por dois motivos: tem todas as músicas que eu gosto e foi a primeira gravação de “Saber Amar”, a minha música preferida do Herbert Vianna. Aproveite e comprei também uma coletânea do Raul Seixas – que inclui o clássico da minha infância, “Plunct Plact Zum” e a música que tem a minha cara, “Metamorfose Ambulante” – e um CD ao vivo da minha banda internacional preferida (que anda até inspirado as pessoas a trabalharem ouvindo suas músicas), o Pearl Jam.

Já que hoje estou tão musical, quem sabe me animo a fazer a lista que o Léo pediu ... a lista de CDs, como fiz a lista de filmes. Eu acho mais complicado pois tenho um gosto musical bem eclético. E se realmente se conhece as pessoas por seus CDs, quem sou eu ? Eu tenho Elis Regina, Jorge Ben, Beatles e U2 na minha CDeteca. Gosto de Gilberto Gil, Tim Maia, Skank, Beethoven, The Doors, Mozart, Rolling Stones e Elvis. Bem, pelo menos você jamais vai encontrar no meu arquivo de CDs, qualquer coisa de axé. Ou de pagode. Samba ? Não tenho, mas gosto da Clara Nunes, por exemplo. Apesar de gostar muito, não tenho CD da Madonna, mas meu vinil “True Blue”, original de 1987, está lá no Rio. Assim como o “Thriller”, de um até então lúcido Michael Jackson, de 1982. Pois é, ainda tenho vinil. Devidamente guardados no RJ, incluindo o primeiro LP dos Beatles, quando o baterista da banda era o Pete Best ... uma herança que minha mãe já me deu.

O que todo mundo pode ter certeza é que este blog foi criado sob inspiração musical. Porque eu sou movida à música. E agora que tenho uma caixa de som no computador, ferrou. Meu mundo próprio foi criado e vou me isolar. A música me distrai e com ela eu viajo sem sair do lugar. Por isso quando não posso declarar nada, coloco aqui a letra de uma música. Certamente ela foi escolhida por refletir o momento que estou passando.

A idéia de pedir que o leitor ouvisse determinada música em quanto lê o texto do blog, também mostra meu perfil musical. Existem músicas muito particulares para cada ocasião: quando estou estressada ouço “Come as you are” do Nirvana; quando estou de saco cheio é a vez de “People are strange” do The Doors; quando sinto saudades do RJ escuto qualquer uma do Tom Jobim; quando a lembrança do RJ é boa, prefiro as músicas do Cazuza. Quando quero mandar alguém a merda, mas não posso, ouço Marcelo D2. Quando quero lembrar das coisas boas, minha opção é sempre Paralamas. Isso sem falar que tem sempre uma música da Sade ou do Light House Family que lembra alguém que eu preferia esquecer.

Enfim ... agora o blog tem a sua própria trilha sonora. Já pensaram ? A trilha sonora cheia de veneno. Ouçam “Vamo Batê Lata”. E batam palmas até de madrugada.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

sexta-feira, junho 17, 2005

As sementes do bem


(para ler ouvindo “Stand by me”, versão do John Lennon)


O Messenger faz bem à saúde. O que seria de mim se não fossem as palavras sábias do meu doce amigo Wellington, o meu querido Very Well ? Fonte de sabedoria pura, ele sabe o que faz e o que fala. E como eu disse a ele que daria os créditos por uma frase que este mocinho plantou na minha mente e no meu coração, aqui está.

Outro dia eu e Well conversávamos via Messenger e ele me falou algo que jamais esquecerei: quando você se modifica, muda também o ambiente ao seu redor. Eu nunca tinha me ligado nisso. Foi então que percebi que já consegui mudar algumas coisas bastante rígidas, dentro da minha própria família, ao me modificar. Quando mudei meu comportamento, eu mudei o que estava a minha volta.

Por que será que a gente sempre passa pelas mesmas situações ? Por que erramos e os erros se repetem, as situações se repetem, as pessoas se repetem ? Porque a gente não se modifica. A gente erra, e mais adiante passa pela mesma situação, e faz errado de novo, e por aí vai. A partir do momento que você muda o rumo, a direção das coisas também muda. Mude sua postura, e tudo em volta se modifica.

Agi assim recentemente, numa situação banal envolvendo uma atitude insensata de um amigo. Eu reagi de forma diferente ao normal, mudei a rota, não colidi. Deu certo. O ambiente, até então áspero, se tornou defensivo. Vieram as desculpas. Mas tenho certeza que isso só foi possível porque eu modifiquei minha atitude.

Eu sempre quis mudar o mundo. Sempre quis ser útil, justa, benevolente. O mundo não vai mudar se não consigo mudar os lugares por onde passo. E estes lugares, sejam eles quais forem, só sofrerão transformação o dia em que eu mudar. É um processo árduo mas vale a pena. Porque mudar sempre faz bem à cabeça, a alma e, especialmente, ao coração.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

quinta-feira, junho 16, 2005

As dores do mundo


Agora estou na minha fase cinematográfica, então o que não vai faltar por aqui é resenha de filmes. Ontem assisti “A Queda ! As últimas horas de Hitler” (Downfall), de Oliver Hirschbiegel (“A Experiência”) , o filme estratégico que nos faz lembrar os 60 anos da morte do ditador e o conseqüente fim da Segunda Guerra Mundial. Longe de ser uma obra-prima do cinema, é de fato um importante relato histórico de uma época que o mundo não pode esquecer.

A história é contada através do ponto de vista de Traudl (a romena Alexandra Maria Lara), secretária particular de Adolf Hitler (Bruno Ganz, de “Pães e Tulipas”, em atuação primorosa). Mesmo diante das loucuras do ditador ela não o abandona, embora não consiga compreender o porquê das atitudes dele, nem das suas. Hitler e seus subordinados mais próximos estão confinados num bunker, e a Alemanha está sendo derrotada na Segunda Guerra. Ainda assim o líder nazista se mantém histérico e cruel, sem deixar de ser cortês e ao mesmo tempo autoritário com todos a sua volta.

Baseado nos livros Inside Hitler´s Bunker, do historiador Joachim Fest, e Bis Zur Letzten Stunde, de Melissa Muller e Traudl Junge (esta última secretária particular de Hitler), o roteiro se fixa nos últimos momentos do ditador, mais especificamente de 20 de abril a 2 de maio de 1945. Há um minucioso trabalho de estúdio para reproduzir o bunker onde o Fünher passou seus últimos dias. E vale ressaltar que a direção optou por uma narrativa quase documental, objetiva, cronológica e didática, além de um final com uma mensagem relevante para todos os jovens.

Ao contrário do que muitos críticos chegaram a afirmar, “A Queda !” está longe de mostrar um Hitler humano. O filme mostra sim um homem que tinha enorme consideração por todos aqueles que apoiavam suas atrocidades. Um homem que sabia admirar todos que apoiavam suas loucuras. Um homem que deixou claro que seu maior objetivo era passar para a História, e que seu maior feito foi exterminar os judeus. É este homem que vemos na tela. O homem que o mundo não pode esquecer, como ninguém pode deixar para trás o que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. E é por isso que assistir “A Queda ! As últimas horas de Hitler” é uma obrigação de todos aqueles que pretendem fazer deste mundo algo diferente do que ele é. Ou pelo menos, fazer com que atos como os de Hitler jamais aconteçam novamente.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

quarta-feira, junho 15, 2005

Bonitinhos e nada ordinários


Eu precisava fugir. Precisava de uma válvula de escape, de algo que não me fizesse pensar. Precisava sair correndo do meu mundo repleto de interrogações. Então fui ao cinema e escolhi ver um filme arrasa-quarteirão, cujo roteiro só serve de pretexto para por um casal de astros na telona. Ontem assisti “Sr. e Sra. Smith”, de Doug Liman (“A Identidade Bourne”), um filme apenas para passar o tempo, mas que cumpre bem sua missão: é pura diversão.

Estrelado pelo casal do momento, Brad Pitt e Angelina Jolie (ambos num duelo de beleza, charme e carisma poucas vezes visto por uma dupla protagonista), o filme é uma mistura de comédia com ação na dose certa. John (Pitt, absurdamente lindo) e Jane (Jolie, belíssima como sempre) Smith formam um casal aparentemente perfeitos. Juntos há cinco ou seis anos (sempre há divergências neste sentido), os dois já começam a sentir o peso do longo relacionamento. A vida segue na rotina que eles parecem odiar: trabalho árduo, jantares na casa dos vizinhos chatos e constantes problemas de comunicação. Mas tudo piora quando o grande segredo do casal está prestes a vir à tona: assassinos de aluguel de empresas concorrentes, eles escondem a verdadeira profissão um do outro, mas são contratados para o mesmo trabalho. A missão do Sr. e da Sra. Smith é eliminar um outro assassino, conhecido como "O Tanque" (Adam Brody). Para cumprir o contrato eles são capazes de qualquer coisa, e assim começam uma feroz e hilariante batalha.

Com cenas de ação cheias de glamour, muito bem coreografadas e dirigidas, e contando ainda com a química perfeita dos protagonistas, “Sr. e Sra. Smith” é um filme perfeito para quem quer simplesmente se divertir. Eu sai do cinema com a alma bem mais leve. Até porque, sem dúvida nenhuma, o Brad Pitt faz muito bem à saúde.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

terça-feira, junho 14, 2005

Eu queria ver no escuro do mundo


(para ler ouvindo “I am mine”, do Pearl Jam.)


Eu nunca tive um temperamento fácil. Estou longe de ser considerada uma pessoa afável, apesar da aparência dizer isso. Quem me olha vê uma pessoa meiga, doce, serena, absolutamente tranqüila. E eu não sou nada disso. Sou extremamente ansiosa, tensa, complexa. E exigente demais. Sou exigente comigo mesmo e com todos a minha volta. E por isso me desaponto fácil.

Ultimamente, meu humor oscila de tal forma que eu mesmo não compreendo. Ontem estava bem. Hoje estou irritada. Ontem sorria fácil. Hoje choro copiosamente. E por aí vai. Talvez seja reflexo da idade. Quando se chega aos 30 anos sem saber que caminho tomar, o peso do mundo é maior. Eu olho para trás e vejo todas as conquistas, as lágrimas inúteis, o desespero que só me fez mal. Vejo que o caminho foi tortuoso mas valeu a pena. Só que eu ainda não sei onde vou chegar. Talvez nem chegue. E será que isso importa ?

Cansa lutar e não chegar a lugar nenhum; cansa ver pessoas caindo de pára-quedas no mundo dos sonhos; cansa ver que a luta é insana. Cansa me manter armada o tempo todo, fechar a guarda, quebrar a cara e perder todas as balas do fuzil numa luta inútil. Cansa até ser chata. A maior parte das vezes eu apareço por aqui para falar de dor, desafeto, desamor, desalento. Porque a vida é assim ... e eu não posso mais começar uma frase usando “porque”. Por que ? Porque está errado. Mas eu escrevo assim, eu quero escrever como sempre escrevi, eu não quero que me ditem regras. Eu sou contra o sistema, eu sou contra a falsa moral e os falsos bons costumes que imperam a mídia. Eu sempre fui do contra. E talvez eu seja até contraditória.

Eu sei que meu valor está acima de qualquer dinheiro, de qualquer presente, de qualquer nota, espécie, cheque ou cartão. Eu tenho uma missão, como você que lê este texto agora também tem. Eu quero ser melhor do que sou agora, porque hoje já sou melhor do que era ontem. E eu fico feliz quando ouço que alguém quer ser igual a mim, porque eu sei que sou um bom exemplo. E isso basta. Basta porque eu sou alguém que nunca desistiu. E nunca, jamais, irei desistir.

Pessoas valem o que sentem, o que fazem, o que são. Não o que tem. Pessoas valem pelas causas que lutam. Pessoas devem lutar ainda que a batalha esteja vencida. Não abaixe a cabeça. Não desista. O mundo está repleto de gente vazia; o mundo está cheio de sombras, mas nem por isso devemos estar no meio delas. Eu sempre busquei as coisas que me fizessem bem. Mas definitivamente, o bem não vence com tanta facilidade.

Ainda assim eu creio no bem, creio na vida após a morte, creio que nada acontece por acaso e que não existem coincidências. E creio que não sou eu quem me navega. É o mar que está, mais uma vez, me levando.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

domingo, junho 12, 2005

Assim nasceu Darth Vader, Luke Skywalker e Leia Organa



Finalmente fui assistir ao Episódio 3 da série mais famosa do cinema: Star Wars. “A vingança dos Sith” chegou aos cinemas com a promessa de ser o melhor filme da trilogia inicial e um dos melhores da série. Tinha gente até que dizia que bateria “O Império Contra-Ataca”, considerado o melhor da trilogia original. Mas era preciso ver para crer.

Eu gostei muito do filme. Gostei principalmente do roteiro, que encaixou perfeitamente os fatos e agora toda a história faz sentido. Gostei também da excelente direção de arte, inspirada na cultura oriental, da fotografia e do belo figuro, que brilhantemente faz alusão a todas as roupas da série original – e que pela ordem cronológica, só existiria depois desse “A vingança do Sith”, mas todo mundo viu antes. E fazer em pleno século XXI a moda dos anos 70 ser futurista, é uma grande sacada.

Segundo George Lucas, produtor e diretor da série, este filme iria mostrar como uma democracia pode virar ditadura. E é a disputa de poder que move toda a história. Todo mundo sabe do que se trata o Episódio 3, mas vamos lá: temos neste encerramento da trilogia inicial os motivos que levaram o jovem Anakin Skywalker (Hyden Christessen, o vilão mais galã do cinema, mas com pouca carga dramática para o papel) a se transformar no terrível Darth Vader.

A história começa com Anakin e Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) em mais uma batalha Jedi, dessa vez para salvar o senador Palpitine (Ian Mcdirn), seqüestrado pelo maligno Lord Dookan (Christopher Lee). Missão cumprida, Anakin aproxima-se ainda mais do senador, enquanto os outros Jedis nutrem desconfiança por ele. Envolvido pelas premonições que tem, onde sua amada Padmé (Natalie Portman, com figurino que realça ainda mais sua beleza) morre ao dar a luz ao filho deles, o jovem Skywalker acaba cedendo aos encantos de um poder extremo e da vida eterna, oferecidos por Palpitine. E daí para Darth Vader nascer basta um pulo e algumas lutas com sabres de luz.

Vader, o maior vilão da história do cinema, é o centro das atenções em “A vingança dos Sith”. Cabe ao restante do elenco – incluindo os lendários personagens Yoda, Chewbacca, C3PO e R2-D2 – aparecer como coadjuvante em suas cenas. O que todo mundo queria saber – afinal, porque o jovem Skywalker passou para o lado negro (agora traduzido como sombrio !) da Força? – é revelado com riqueza de detalhes. A extinção dos Jedis também é apresentada com bastante coerência. E o porquê da separação de Luke e Leia , os filhos de Anakin com Padmé, também são mostrados.

George Lucas garante que não vai fazer a trilogia final da série, que seriam os episódios 7,8 e 9, onde poderíamos saber o que aconteceu com Luke, Leia e Han Solo após a vitória contra o Império (este foi o final do Episódio 6, “O retorno de Jedi”). Mas se ele esperou 16 anos para colocar o Episódio 1 nas telonas, nem dá para imaginar o que ele pode fazer ainda.

Só posso dizer que este é o tipo de filme para quem sabe o que é um Jedi, conhece toda a história da luta entre o Império e a República e ainda tem profundo conhecimento sobre o que, como e porque as coisas acontecer em Star Wars. É filme para fã. Nem pense em ir ao cinema sem conhecimento de causa, você vai se desapontar. Star Wars ainda é, para mim, a melhor série de ficção científica que o cinema já produziu. Uma referência tecnológica, visual e musical (tem uma das melhores trilhas sonoras que eu conheço). Uma pequena aula de paixão cinematográfica, com suas milhares de referências. A marca registrada de George Lucas. E no final da história, o que todo mundo gosta mesmo de ouvir é que numa galáxia muito, muito, distante ... a força ainda está com os Jedis. E que ela também esteja com você.




Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

sábado, junho 11, 2005

E isso é só o amor


(para ler ouvindo “Eu sei que vou te amar”, do Tom Jobim e do Vinícius de Moraes, em uma de suas milhares de versões.)


Amor não se vende em caixinhas. Não se dá de presente. Não vem embrulhado em papel celofane. Amor não é colorido, não tem enfeite nem firula. Não tem endereço certo de destinário e não confunde o remetente. Amor não tem fronteiras, não tem espaço, não tem carência, não tem dor nem medo. Amor não tem símbolo. Não tem canção única, não tem prazer limitado, não tem olhar irritado, nem palavra cortante. Amor não tem guerra, não tem sangue nem violência. Não tem lágrimas de angústia nem palpitações de amargura. Amor não tem rota, nem caminho definido, não pega a estrada sozinho, não enche o muro de lamentações. Amor não tem idade, não tem sexo, nem tem raça. Não tem religião, não tem preconceito, nem choro, nem vela. Amor não tem sexo ocasional, não tem sexo por sexo, não tem apenas sexo. Não tem ilusão nem é prisão. Amor não tem um não, não é senão.

Amor nasce, cresce, reproduz e não morre. Amor traz paz, traz felicidade, traz alegria, traz emoção. Amor é admiração, é cuidado, é carinho, é respeito, é lealdade, é força e coragem. Amor é lágrima de contentamento, é sonho compartilhado, é companheiro, é reciprocidade. Amor é abraço apertado, é estar só e estar acompanhado, é estar acompanhado e estar preenchido. Amor é verso e prosa, amor é sexo que completa e desperta sexo com amor. Amor é aceitar o outro e só modificar a si mesmo. Amor é sorriso de saudades, é liberdade, é alma elevada, é leveza, é bondade. Amor é olhar para a mesma direção com pensamento próprio, amor é aceitação de defeitos e exaltação de qualidade. Amor é tudo, para todos. Amor é um talvez, um quem sabe, um volta logo, um espera por mim, um vai em frente, e milhares de conta comigo.

Amor não é caixinha de surpresas. Não é retalho de compaixão. Não é ombro de carência. Não é pura e simples dependência. Amor espera. Não cansa. Vibra. Não sofre. Caminha. Não atrapalha. Amor não se esquece. Amor fortalece. Amor sobrevive. É eterno em corpos que nunca mais se juntam. É sincero em corações que nunca se separam. É verdadeiro em olhares que podem jamais se cruzar novamente.

Amor ainda vale a pena. Ainda vale muito. Ainda faz sentido. Ainda aquece o mundo.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

sexta-feira, junho 10, 2005

I Am Mine

Pearl Jam


The selfish, they're all standing in line
Faithing and hoping to buy themselves time
Me, I figure, as each breath goes by
I only own my mind

The north is to south what the clock is to time
There’s east and there's west and there's everywhere life
I know I was born and I know that I'll die
The in-between is mine
I am mine

And the feeling, it gets left behind
All the innocence lost at one time
Significant behind the eyes
There’s no need to hide
We’re safe tonight

The ocean is full ‘cause everyone's crying
The full moon is looking for friends at high ride
The sorrow grows bigger when the sorrow's denied
I only know my mind
I am mine

And the meaning, it gets left behind
All the innocents lost at one time
Significant behind the eyes
There’s no need to hide
We’re safe tonight
Whoa!

And the feelings that get left behind
All the innocence broken with lies
Significance between the lines
We may need to hide...

And the meanings that get left behind
All the innocents lost at one time
We’re all different behind the eyes
There’s no need to hide




Eu sou meu

Pearl Jam


Os egoístas estão
todos na fila
acreditando e esperando
poder comprar mais tempo
mas eu sei que
a cada novo suspiro
sou dono apenas
da minha mente
o norte é para o sul como
o relógio é para o tempo
há leste e oeste
e vida por toda parte
eu sei que nasci
e sei que vou morrer
o tempo que restar é meu
eu sou meu
e o significado
fica para trás
toda a inocência
perdida de uma vez
mensagens importantes
nas entrelinhas
não precisamos
nos esconder
estamos em segurança hoje
o oceano está cheio porque
todos estão chorando
a lua cheia procura
amigos na maré alta
a tristeza aumenta
quando a negamos
só conheço a minha mente
eu sou meu
e o significado
fica para trás
toda a inocência
perdida de uma vez
mensagens importantes
no olhar
não precisamos
nos esconder
estamos em segurança hoje
e o significado
fica para trás
a inocência se perde
com o tempo
somos todos diferentes
no olhar

terça-feira, junho 07, 2005

Pílulas


Esta semana vai ser de lascar. E a rinite resolveu atacar logo cedinho. Eu fico impressionada com a falta de respeito das pessoas: precisa colocar o ar-condicionado abaixo de zero ? Fala sério. A menopausa precoce é um dos maiores males da humanidade.

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O texto com as resenhas de filmes fez um enorme sucesso. Várias pessoas sugeriram filmes para eu colocar na lista e agradeço a participação de todos. Mas vale lembrar que aquela lista não é dos meus filmes favoritos, e sim de algumas boas opções disponíveis na locadora. E o critério número um é que eu vi o filme, portanto, não posso colocar lá produções que, embora eu conheça, não tenha assistido.

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Ainda sobre a lista de filmes, aguardem novas versões com clássicos do cinema, filmes arrasa-quarteirão e o melhor do cinema europeu.

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Quero registrar que só foi possível eu assistir ao filme “Invasões Bárbaras” porque meu querido amigo David Sales (www.ahoradaxepa.zipnet.com.br) cedeu o seu convite para mim. David, quando eu ficar rica e famosa, a chave do Mercedez é sua, tá ?

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Não consegui assistir ao Episódio 3, uma falha absurda para um membro dos Cavalheiros Jedis. Mas eu vou no próximo final de semana, não posso mais esperar para ver o nascimento de Darth Vader. E vem aí, Batman. O começo de tudo.

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Quando eu acho que sei todas as respostas, alguém vem me mostrar novas perguntas. Em uma tarde, o início de um aprendizado, repleto de reflexões sobre meu Universo interior. Sempre acreditei que me tornar um ser humano melhor era minha única meta na vida. Agora, mas do que nunca, eu tenho absoluta certeza disso.




Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

sexta-feira, junho 03, 2005

Cinema em casa


Estava na locadora outro dia e percebi como as pessoas correm atrás dos lançamentos para por a agenda cinematográfica em dia. E como se perde tempo procurando um bom filme para alugar. Existem filmes antigos que são verdadeiras relíquias e precisam ser vistos. E filmes recentes que não valem um tostão. Por isso, atendendo a pedidos, vou fazer uma lista dos filmes mais bacanas que já vi e que você pode alugar sem sustos.

São filmes de todos os tipos para todos os gostos – até porque eu assisto de tudo um pouco. Anote esta lista (que não está em ordem de preferência, nem de importância) preciosa e boa diversão.


1 – BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS – ótimo filme do Charles Kaufman, com excelentes atuações de Jim Carrey e Kate Winslet. Resenha aqui em setembro de 2004 ("Lembrar para não esquecer").


2- AS INVASÕES BÁRBARAS – a brilhante continuação de “O declínio do império americano”, de Denys Arcand, que eu assisti na Mostra de Cinema de 2003. À beira da morte e com dificuldades em aceitar seu passado, Rémy (Rémy Girard) busca encontrar a paz. Para tanto, recebe a ajuda de Sébastien (Stéphane Rousseau), seu filho ausente, sua ex-mulher e velhos amigos. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2003.


3 – GATTACA – ficção científica da melhor qualidade, com Jude Law, Ethan Hawke e Uma Thurman. Num futuro no qual os seres humanos são criados geneticamente em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente são consideradas "inválidas". Vincent Freeman (Hawke), um "inválido", consegue um lugar de destaque em uma poderosa corporação, escondendo sua verdadeira origem. Mas um misterioso caso de assassinato pode expôr seu passado. Direção de Andrew Niccol.


4 – PÃO E TULIPAS – filme italiano com roteiro bem original: dona de casa é esquecida pelo marido em viagem e resolve ir a Veneza para se divertir. De Silvio Soldini.


5 – SEGREDOS EM FAMÍLIA – filme espanhol, dirigido por Fernando León de Aranoa, com nuances do cinema surrealista de Luis Buñuel. Mostra o jogo de aparências numa família, que vai nos revelar curiosas surpresas.


6- JUVENTUDE TRANSVIADA – um dos maiores clássicos do cinema, é o filme que ajudou a criar o mito James Dean. Jim Stark (James Dean) é um jovem rebelde, que não tem boa relação com os pais e vive se metendo em encrencas. Por causa dele, os pais se mudaram de uma cidade para outra até se fixarem em Los Angeles. Certa noite, Jim é preso por embriaguez e desordem e no distrito policial conhece Judy (Natalie Wood), uma jovem que está revoltada com o pai, que a chamou de vagabunda por ter se maquiado. Lá ele também conhece John “Platão”Crawford (Sal Mineo), que atirou em alguns cães. Após ser libertado Jim resolve fazer amizade com Judy, que ele descobre ser sua vizinha, mas cria um desentendimento com o namorado dela, líder de uma gangue do colégio. Esta rivalidade vai gerar algumas situações com trágicas conseqüências. Dirigido por Nicholas Ray, tem uma das cenas mais famosas do cinema, a clássica disputa de carros.


7 – SPIDER – excelente filme de David Cronenberg (“A Mosca” e “Gêmeos, Mórbida Semelhança”), com pouquíssimos diálogos e atuação primorosa de Ralph Fiennes. Spider (Fiennes) é um sujeito estranho e solitário. Após um longo período de internação em um hospital psiquiátrico, ele regressa às ruas do East End de Londres, lugar onde cresceu. As imagens, os sons e os odores dessas ruas começam a despertar lembranças de sua infância, que ele julgava ter esquecido. Nas memórias de Spider estão o grande trauma da perda de sua mãe e as desavenças com o pai (Gabriel Byrne).


8 – NÃO MATARÁS – um dos mais sombrios filmes de Kristopher Kieslovski, maravilhoso cineasta polonês que morreu cedo, mas que deixou para a história do cinema a clássica trilogia sobre a bandeira francesa (“A liberdade é azul”, “A igualdade é branca” e “A fraternidade é vermelha”). Desde o início, sua fotografia nos impressiona: repleta de tons de cinza, com um tom monocromático que oferece ao filme um painel desolador. Mesmo nos espaços abertos, já que a primeira parte do filme é dominada por exteriores, a procura é pelo enquadramento claustrofóbico e pelos blocos de concreto que invadem a cidade. Uma obra-prima visual. A história ? Bem antes de “Amores Brutos”, “Amnésia” e “21 gramas”, Kieslovski já trabalhava com foco na montagem, entrelaçando a trajetória de três homens. Um jovem, um advogado e um motorista de táxi têm suas vidas dilaceradas e oprimidas numa Polônia amargurada.


9 – GÊMEAS - estréia do diretor Andrucha Waddington ( que depois faria o aclamado “Eu, Tu, Eles”), é baseado em conto de Nelson Rodrigues. A trama focaliza gêmeas idênticas, interpretadas por Fernanda Torres - em ótimo desempenho- e tem clima de tensão crescente. O passatempo predileto da bióloga Marilena e da costureira Iara é enganar seus namorados, uma se fazendo passar pela outra. Quando Marilena se interessa pelo dono de uma auto-escola (Evandro Mesquita), sua inconsolável irmã decide conquistá-lo a qualquer preço.


10- TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE – outro grande clássico do cinema e uma espetacular aula de jornalismo. Baseado na história real dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein (vividos no filme por Robert Redford e Dustin Hoffman), do Washington Post, que em 1972, sem ter a menor noção da gravidade dos fatos, iniciam uma investigação sobre a invasão de cinco homens na sede do Partido Democrata, que dá origem ao escândalo Watergate e que teve como conseqüência a queda do presidente Richard Nixon. O roteiro é uma adaptação do livro homônimo de Woodward (que iniciou as investigações) e Bernstein (que ajudou a fazer as matérias), e a direção é de Alan J. Pakula (“O dossiê pelicano”, “A escolha de Sofia” e “Acima de qualquer suspeita”).


11 – COLD MONTAUIN – um dos poucos filmes que assisti durante a existência deste blog e que não comentei aqui. Acho que o subestimei tanto que até esqueci de falar o quanto este filme é bom. Dirigido por Antony Minghela ("O paciente inglês") e estrelado por Jude Law, Nicole Kidman e Renne Zelwegger.


12 – ATA-ME – um dos mais fortes filmes de Pedro Almodóvar, alcançou enorme sucesso mundial e lançou Antonio Banderas ao estrelato. Após receber alta de um hospital psiquiátrico, um jovem (Banderas) deseja reencontrar uma ex-prostituta e ex-estrela de filmes pornôs (Victoria Abril), com quem dormiu uma noite. A mulher agora é atriz de filmes “B” e não tem o menor interesse em relembrar o passado. Após o descaso dela, ele decide então raptá-la e deixá-la amarrada numa cama, até que ela aprenda a amá-lo.


13 – CRONICAMENTE INVIÁVEL – o filme de Sérgio Bianchi é uma pequena obra-prima do cinema nacional. Ácido e verdadeiro, tem como ponto de partida o restaurante de Luís (Cecil Thiré), que fica em São Paulo. Ali, personagens como Maria Alice (Betty Gofman), Carlos (Daniel Dantas) e Amanda (Dira Paes) discutem suas ansiedades e debatem os conflitos sociais no Brasil. E mostram, nos bastidores de suas vidas, que não são exatamente o que demonstram.


14– MENINOS NÃO CHORAM – o arrebatador filme de Kimberly Peirce mostrou ao mundo o talento da recém-oscarizada Hilary Swank (por sua atuação neste filme ela também faturou um Oscar). Baseado em fato verídico, ocorrido em 1993, numa pequena comunidade do Estado de Nebraska, conta a história de Teena Brandon (Swank), que assume o codinome Brandon Teena e leva a vida fingindo ser um rapaz. Seus sonhos, porém, são interrompidos. É bom estar preparado para um desfecho violentamente perturbador.


15 – OS PÁSSAROS – um dos melhores filmes de Hitchocock: intrigante e com a dose certa de horror. A pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia, vive momentos de terror quando milhares de pássaros se instalam na localidade e começam a atacar as pessoas. Observem que não há trilha sonora no filme, e nem o tradicional “The End” da época.


16 – ACONTECEU NAQUELA NOITE – outro clássico do cinema, dirigido por Frank Capra (“A felicidade não se compra” e “Do mundo nada se leva”). Divertido e romanticamente adorável, o filme mostra Clark Gable como um jornalista desempregado, que conhece a personagem de Claudette Colbert, filha de um milionário que fugiu do iate de seu pai, porque este não aprova o playboy que ela escolheu como marido. O jornalista vê a oportunidade de obter uma boa matéria, mas vários fatos criam uma forte aproximação entre eles.


17 – O NOME DA ROSA – brilhante adaptação do igualmente maravilhoso livro de Umberto Eco, dirigido por Jean-Jacques Annaud (“Sete Anos noTibet” e “O Amante”). O monge franciscano William de Baskerville (Sean Connery) e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. Ele começa a investigar o caso, mas alguns religiosos do local acreditam que os assassinatos são obras do Demônio. O Grão-Inquisidor (F. Murray Abraham) chega no local disposto a torturar qualquer suspeito de heresia, e como não gosta de Baskerville, coloca-o no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. O monge franciscano, no entanto, prossegue em suas investigações. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto, lentamente, o motivo dos assassinatos é solucionado.


18 – HERÓI POR ACIDENTE – mais um filme que aborda com precisão o poder da mídia e como o jornalismo influencia a vida das pessoas. Estrelado por Dustin Hoffman, Geena Davis e Andy Garcia, conta a história de um mendigo egoísta (Hoffman), que é a primeira pessoa a chegar aos destroços de um avião, após um acidente aéreo. Ele ajuda a salvar vidas mas foge antes da chegada da imprensa, a fim de evitar publicidade. Mas tudo muda de figura quando é oferecida uma grande quantia para que o "anjo do vôo 104" se apresente e um aproveitador surge em seu lugar. Dirigido por Stephen Frears (“Ligações Perigosas”).


19 – TOMATES VERDES FRITOS – belíssimo filme de Jon Avnet (“Íntimo e Pessoal”), uma história maravilhosa de amor e amizade. Dona de casa reprimida (Kathy Bates), que habitualmente afoga suas mágoas comendo doces, visita toda semana uma tia num hospital. Um dia conhece uma debilitada mas gentil senhora (Jessica Tandy), que ama contar histórias. Através das semanas ela faz relatos que estão centrados em uma parente (Mary Stuart Masterson), que desde criança, na década de 20, sempre foi muito amiga do irmão (Chris O'Donnell). Com a trágica morte do rapaz, a moça se fecha para o mundo, só mantendo uma forte amizade com a ex-namorada dele (Mary-Louise Parker). Independente, ela faz seu próprio caminho ao administrar uma lanchonete em Whistle Stop, no Alabama, enfrentando preconceitos e o racismo local. Atuação espetacular do quarteto de atrizes protagonistas faz este filme ainda mais especial.


20 – COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE - podia ser apenas mais uma história de amor, mas trata-se de um dos mais belos filmes do cinema latino-americano em todos os tempos. Romântico sem ser piegas, sincero e comovente, é baseado em romance de mesmo nome de Laura Esquivel, com direção de Alfonso Arau (“Caminhando nas Nuvens”). No início do século XX, o camponês Pedro (Marco Leonardi, de “Cinema Paradiso”) em plena Revolução Constitucionalista Mexicana, se apaixona por Tita (Lumi Cavazos), que, por ser a mais jovem de três irmãs, deve seguir a tradição da família e permanecer solteira para cuidar da mãe na velhice. O amor proibido ganha contornos mágicos quando Tita, responsável pela cozinha do rancho onde mora, transporta para a comida todos os seus sentimentos. Assim, as pessoas degustam a culinária de Tita e são capazes de sentir tristeza, alegre, satisfação ou prazer, já que os pratos despertam até paixões secretas e arrebatadoras.



E então, gostaram ? Em breve faço nova lista de filmes para você alugar !

Vale lembrar que adotei como critérios para esta lista, filmes de diversos gêneros, alguns clássicos, outros mais populares, outros nem tão conhecidos ... enfim, fiz uma listinha baseada nos filmes que você, certamente, não iria de cara pegar na locadora. Aí é que está ... se eu colocar filmes previsíveis, fica sem graça. Nem todos são os melhores filmes que vi na vida, mas todos, na minha opinião, valem o preço da locação. Claro que você pode discordar mas agora é ver para crer.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

quinta-feira, junho 02, 2005

Onde anda você ?


(para ler ouvindo “My sweet lord”, do George Harrison.)


No dia de hoje, se fosse vivo, meu pai estaria completando 62 anos. Não consigo imaginar como ele seria ... cabelos brancos ? E a barba que ele nunca deixava crescer por completo, permaneceria ? Ainda manteria o bigode que escondia sua cicatriz próxima a boca ? Eu não tenho idéia de como seria meu pai. Eu tenho em minha cabeça a lembrança de um homem que adorava futebol, e todo sábado ia bater bola com os amigos. Lembro claramente de sua fisionomia mas não me recordo da sua voz. Ela se apagou por completo da minha mente e é isso que me faz estranha agora ... por que não lembro ?

Fico pensando o quanto ele se orgulha de mim. Porque eu sei que, de alguma forma, ele está por perto. É difícil chegar aos 30 anos de idade sendo dona do próprio nariz, num mundo machista onde a mulher sempre é subestimada. Não devo satisfação a ninguém, trabalho, estudo e faço o que quero da minha vida. Exatamente como ele me ensinou, aprendi a ser a mulher que segura qualquer onda, que suporta qualquer percalço, que cai mas sempre se levanta. Nunca baixei a guarda, nem a cabeça. Cresci forte porque a dor de perdê-lo me fez uma imensa fortaleza. E quando penso que a rocha vai se partir ... percebo que sou frágil sim, que cansa pra caramba ser forte, mas que sou corajosa e disso não posso mais fugir.

Hoje, quando meu pai está tão longe e tão perto, quando sinto tantas saudades, eu apenas queria que Deus o trouxesse de volta pra mim por alguns segundo, só por hoje. Só agora. Somente para abraçá-lo mais uma vez. Como em meus sonhos, onde ele aparece sempre para me proteger e me guiar. Mas ele não está aqui. Ou está mas não posso vê-lo.

Eu precisava escrever para deixar a dor da perda ser expulsa do meu coração. Para que minhas lágrimas não fossem apenas consolo e saudades. Porque vejo filhos e pais brigando, achando que assim conseguirão resolver alguma coisa. Eu nunca briguei com meu pai e sempre vivi às turras com minha mãe. Porém, quando meu pai morreu, percebi que por mais que eu não concorde com as atitudes da minha mãe, se ela também se for, eu vou sofrer muito. Por isso eu só tenho uma coisa a dizer: ame incondicionalmente ao homem e a mulher que te deram a vida, aos que te criaram e ajudaram a formar seu caráter. Porque um dia eles não estarão mais aqui. E aí o que deve sobrar é uma imensa saudade com doces lembranças, e não rancor, mágoas e arrependimentos.

Então... estou com saudades, e ela vai percorrer meu dia. Espero que ele esteja bem. Aliás, tenho certeza que está. E um dia, quem sabe, a gente se encontra novamente. Vai ser um belo reencontro. Meu pai, que eu sempre chamei de papai. Meu pai, que estará por toda eternidade em meu coração. Meu pai, quantas saudades.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

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