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terça-feira, março 29, 2005

Sweetest thing


Acabei de descobrir que postei, em setembro do ano passado, um texto com o mesmo título de um mais recente: "Se você pretende saber quem eu sou". Dá-lhe Rei Roberto ! Foi uma grande coincidência, com base na letra de “As curvas da estrada de Santos”.

“Se você pretende
saber quem eu sou
entre no meu carro ... “

Eu já escrevi tanto neste blog, mas acho que nunca tinha repetido título. É praticamente impossível lembrar de tudo que escrevo; tenho os textos arquivados, mas não fico procurando para saber que título ou referência musical já usei. Os textos sempre serão diferentes porque os dias são diferentes e meu humor é diferente. Mas é no mínimo curioso ler dois textos distintos com o mesmo título.

Já que estou em fase de repeteco, vou postar novamente, e propositalmente, a letra de uma música que eu adoro. Talvez seja uma das minhas preferidas do Caetano: “Tá combinado”, que ele supostamente escreveu para a Paula Lavigne. A maneira como ele escreve sobre uma relação aparentemente despretenciosa, que era só uma forma de ocultar um amor verdadeiro, é poética e singela. Adoro. E na voz da Maria Bethânia então ...

Acho que eu nunca conseguiria descrever o amor de maneira tão certa e tão verdadeira. É na falta de seriedade que veio toda a sinceridade. Só não vale me pedir para cantar a música porque minha voz é péssima. Mas posso recitá-la. Neste momento, você pode ler a letra e se deliciar com as sábias palavra de Caetano, que espertamente disse que as palavras não valem nada quando chega o amor.


Tá Combinado
Caetano Veloso



Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade
Não tem nenhum engano nem mistério
É tudo só brincadeira e verdade

Podemos ver o mundo juntos
Sermos dois e sermos muitos
Nos sabermos sós sem estarmos sós
Abrirmos a cabeça para que afinal
Floresça o mais que humano em nós

Então tá tudo dito
E é tão bonito
E eu acredito num claro futuro
De música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro

Mas e se o amor pra nós chegar
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?
Mas e se o amor já está
Se há muito tempo que chegou e só nos enganou?

Então não fale nada
Apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor




Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

segunda-feira, março 28, 2005

Será que vai chover?


(Herbert Vianna)



Eu fico pedindo atenção
Cachorro fazendo graça
Você não diz nem sim nem não
Faz que não entende e disfarça
E me pergunta, com essa cara
"Será que vai chover?"
Eu nao sei, não, não.

Eu sigo chamando, chamando mas
Você não me abraça
Mais um pouco eu desisto
Eu quase morro de raiva e disfarço
E me pergunto:
Será que vai chover?
E não sei, não, não

Eu ando tão perdido de desejo
Em cada esquina eu imagino te ver
Hoje é domingo, eu tenho vinte cinco.
Eu acho que vai chover!






Janaina Pereira
Redatora

sexta-feira, março 25, 2005

Se você pretende saber quem eu sou


Quando eu acho que encontrei todas as respostas, vem um certo Deus e muda todas as perguntas. E assim o certo vira incerto, o novo vira velho, o dito vira não dito, minhas palavras parecem mudas e meu pranto fica solitário.

Eu tento fugir mas lá vem Ele de novo, para mostrar que eu não sei de nada, que eu não mando nada, que eu não sou nada. Porque meu pensamento de nada adianta e minha força vira algo inexistente quando a Força maior resolve entrar em ação.

Então só me resta aceitar, humildemente, o caminho que me foi dado, a estrada que devo seguir, o céu que talvez um dia possa admirar. Continuo sem entender o que se passa, sigo sem perceber o que está a minha volta e o mundo ainda não sacou quem eu sou. Tudo bem, nem eu. Mas pelo menos agora eu sei que o papo de que “Deus sabe o que faz” tem origem medieval e que a burguesia fede no sentido literal da palavra.

E por falar em palavra ... pelo amor de Deus, ou de qualquer outra Força maior que vocês acreditam, leiam ! Leiam livros bons, leiam quem sabe o que está dizendo, leiam quem sabe contar história. Leiam “Capitães da Areia” do Jorge Amado, “O Primo Basílio” de Eça de Queiroz, “Quincas Borba” de Machado de Assis, “A Jangada de Pedra” do Saramago, “Cem Anos de Solidão”, do Gabriel Garcia Marques. Leiam Shakeaspeare, Walt Whitman, Rosseau, Thoreau, Clarice Lispector, Cora Coralina, Zélia Gatai, Rachel de Queiróz, Cecília Meirelles, Monteiro Lobato, Drummond, Mário Quintana, João Cabral de Mello Neto. A leitura forma o homem, e o homem que lê apenas livro de auto-ajuda vira um boneco facilmente identificado na multidão.

Vejam filmes com conteúdo, descubram Visconti, Fellini, Hitchcock, Capra, Orson Wells. Perceba a evolução de Almodóvar, o sarcasmo de Woody Allen, as referências de Spielberg, o melhor de Scorcese. Assista “Todos os homens do presidente”, “Assim caminha a humanidade”, “Aconteceu naquela noite”, “Um dia de cão”, “Táxi driver”, “A um passo da eternidade”, “Golpe de mestre”, “Um corpo que cai”. “O homem que sabia demais” não é apenas uma música do Skank. Então descubra este filme, descubra o cinema além das grandes bilheterias, descubra as entrelinhas. Filmes formam opiniões, opiniões mudam o mundo, o mundo está aí precisando de gente que questione.

Se eu fosse aquela que aceita as perguntas sendo mudadas a todo instante ... eu não sou. Eu falo as respostas antes de saber as perguntas. E eu não mudo as respostas só porque me enganaram mudando as perguntas.

E lembre-se que a Páscoa vai além do chocolate. O Homem que muda as perguntas deixou uma mensagem. Reflita sobre ela. Você não precisa ler a Bíblia para isso, basta entender que esta é uma das melhores histórias do mundo e vale a pena tentar entendê-la. Ainda que para muitos a Páscoa seja só comer chocolates, alimente o espírito com algum conteúdo.

Feliz Páscoa.



P.S.: Meu texto exclusivo para o Trampolim: www.trampolim.art.br , “Você é a pessoa mais importante da sua vida”, já está no ar, na coluna REDATORES. Boa leitura.

Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

quinta-feira, março 24, 2005

Puta que pariu !


(para ler ouvindo “Minha alma”, do Rappa.)


Minha passagem pelo Rio foi aquilo de sempre: rápida, rasteira, tumultuada, problemática, insuportavelmente melancólica. Ainda bem que consegui focar em alguns pontos que precisava resolver e me sai bem. Mas todo o resto foi lamentável.

Lembrei do comentário de um carioca, que precisou romper com todos os laços com o Rio para viver em São Paulo. Eu disse a ele, semana passada, que nunca terei coragem de fazer isso. Mas quando eu me vi no meio de toda a confusão e problemas de sempre, percebi que uma hora eu vou ter que fazer isso. Se eu não posso mandar à merda, eu desapareço simplesmente. Estou cansada de todo mundo dizendo o que acha, o que pensa, como devo fazer, a maneira como tenho que me comportar. Eu não agüento mais as pessoas tentando controlar o que não há controle: a minha vida.

Acho que é difícil enxergar os fatos: eu sou maior de idade, eu trabalho, eu me sustento, eu sou dona do meu nariz arrebitado, eu pago minhas contas, eu não devo satisfações do que faço, ou deixo de fazer, a ninguém. Mas as pessoas, infelizes em seus mundos mesquinhos, que abriram mão de seus sonhos baratos por causa de maridos, filhos, famílias, sei lá o que, se acham no direito de me encher o saco. E quase conseguem.

Cariocas marrentos me irritam, homens galinhas me dão nojo, pessoas controladoras me fazem mal, gente passiva me dá alergias, gente nociva me causa vômitos. Tenho horror quando alguém diz que não sabe o que vai fazer porque não depende dela a solução de alguma questão. Tudo bem, querer não é poder, mas vale a pena tentar, não ? Mas as pessoas continuam olhando a vida passar. Que olhem. Eu vou quebrar a cara, a costela, a coluna, a espinha, vou me arrebentar, vou morrer assim: tentando, lutando, sofrendo, chorando e quando der, chamando um ou outro de filho da puta. Porque é isso que um bando de gente é: uma cambada de filhos da puta ordinários que só sabem olhar o rabo dos outros, que não enxergam seu defeitos.

Porra.

Cansei dessa falsa alegria, desse esteriótipo que querem que eu assuma. Eu não sou a mocinha da história, nunca fui e jamais serei. Posso usar rosa, mas jamais serei a menina que esperou sentada o príncipe, o palácio e a riqueza. Eu vou ser sempre a vilã, a rebelde, a chata, a que omite, a que desmente, a que faz o maior barraco, que grita, xinga e esperneia. Quem não gostar, foda-se. Eu prefiro ser assim do que ficar me moldando ao que acham bacana. Estou longe de ser uma pessoa fofa. E para mim é tudo muito simples: quando eu disse que viria para São Paulo, eu só dei um único aviso. E vim. Então nem queiram saber o que mais eu pretendo fazer. Porque eu faço. Porque eu vou. Pro raio que me parta, para onde Judas perdeu as botas, pro Diabo que me carregue. Posso ir até a puta que pariu porque eu vou sozinha mesmo. E quando eu voltar eu serei ainda pior e mais venenosa para alguns. Ou melhor e mais ácida para outros. Escolha o lado que você quer ficar; você pode me amar ou me odiar, não interessa. O que importa mesmo é que eu nunca vou deixar de gritar pelos meus direitos e quando eu achar que não vale a pena, basta me calar. E ai o mundo inteiro começa a perceber que meu silêncio é ainda mais poderoso do que estas palavras estúpidas e sangrentas.


Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

terça-feira, março 22, 2005

E agora eu choro só


(para ler ouvindo “Cálice”, com Chico Buarque.)


Talvez eu nunca tenha percebido o quanto eu estou sozinha... acho que só hoje a ficha caiu. E eu digo sozinha no sentido literal da história. Se o barco afundar, caso o mundo acabe hoje, se tudo mais se partir, se nada restar, eu não tenho ninguém com quem eu possa contar. E enquanto eu olhava a estrada sinuosa, eu percebi que eu vejo os sinais mas os ignoro, porque só assim aprendo.

Ainda existem aquelas vozes que me sopram aos ouvidos e insistem em me contar o que vai acontecer em trinta segundos. E eu não sei mais o que fazer em relação a isso. Eu sempre sei, eu sinto, eu questiono, eu me deixo levar. E o resultado são as lágrimas que caem violentamente.

Quando eu decidir romper todos os laços, eu sei que estarei abrindo um rombo em meu coração. Mas às vezes é necessário. E neste momento eu tenho que encarar a estrada sozinha mesmo porque eu não posso contar com ninguém. Nunca pude. Ou talvez eu conte só com Deus, ou aquele alguém que me sopra os ouvidos, que me antecipa tudo.

Cada vez mais eu tenho certeza que Walt Whitman tinha razão: "o poderoso jogo continua e você pode contribuir com um verso". Mas afinal de contas, qual será o meu verso ?


Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

quinta-feira, março 17, 2005

Guria


São Paulo vai ficar menos intensa
Menos divertida
Menos menina
Menos sapeca
Menos moleca
Menos gaúcha
São Paulo vai perder seus olhos azuis
E vai ficar menos esperta
Menos calada
Menos corajosa
Menos amiga
São Paulo perde
A publicidade perde
Eu perco
O mundo ganha.

Boa sorte, Juli.



Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

quarta-feira, março 16, 2005

Você vai ? Eu não !


A fulana ganhou, o sicrano comprou, o beltrano conseguiu, o raio que o parta vai na porra do show do Lenny Kravitz e eu fiquei a ver navios.

Sou da criação e não sou merecedora ...

Mas tudo bem, deixa estar. Não vou dar R$80,00 por ele, ninguém merece tanto (talvez a Madonna, quem sabe o Pearl Jam, certamente os Rolling Stones). O que me deixa contrariada é a falta de companheirismo, o desdém, e aquele ar de superioridade que as pessoas fazem questão de ter.

Na hora de pedir um favor, todo mundo sabe. Mas ninguém gosta de devolver a gentileza. Mas o que eu detesto mesmo é gente sonsa. Gente que finge que nada aconteceu, que disfarça e não assume seus atos. Eu continuo com a minha mania de esperar demais dos outros, e sempre me ferro. Mas eu supero isso. É bom perceber logo que amigos, amigos, ingressos para o show do Lenny Kravitz à parte. Isto está muito claro e transparente. Como água.

E quer saber ? Eu quero mais é que esse povo se exploda.


Janaina Pereira
Redatora
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janaredatora@hotmail.com

domingo, março 13, 2005

A menina dos olhos de Clint


Finalmente assisti “Menina de Ouro” (Million Dollar Baby). Mesmo já sabendo a história – graças ao jornal O Globo e ao Fantástico, que revelaram a grande surpresa do filme – resolvi arriscar e paguei para ver se era tão bom quanto diziam. E é. Apesar de ter perdido bastante o impacto para mim – e se você acha que “Menina de Ouro” é somente a história de uma jovem que quer ser lutadora de boxe, continue pensando assim – valeu muito a pena. Sabem por quê ? Porque “Menina de Ouro” é um filme de Clint Eastwood e isso faz toda a diferença.

Maggie (Hilary Swank, excelente) é uma garçonete pobre que sonha entrar para o mundo do boxe. Para isso, ela convence o ex-lutador e agora treinador Frankie Dunn (Clint Eastwood, em atuação emocionante), um homem amargurado que não se perdoa pelo afastamento da filha, a treiná-la. Mesmo relutando, Frank acaba convencido de que por trás daquela mulher que não tem mais idade para ser uma lutadora de boxe, existe uma essência a ser aproveitada (nem que seja somente a teimosia da balzaquiana Maggie). Ao lado deles está Scrap (Morgan Freeman, ótimo como sempre), único amigo de Frank, assim como ele um ex-lutador, que incentiva Maggie. Com este trio de protagonistas, “Menina de Ouro” se desenrola como uma história sobre amizade, sonhos, esperança, amarguras e a redenção que todos nós esperamos ter um dia. E acaba se tornando um filme com alguns clichês, maravilhosas cenas de boxe e uma surpreendente e emocionante virada de roteiro.

Os personagens são muito bem escritos e defendidos por seus atores com maestria. O Frank de Clint Eastwood é cheio de cicatrizes na alma, arredio, durão e extremamente difícil. A Maggie de Hilary Swank, apesar de todos os infortúnios da vida, tem um sorriso repleto de simpatia, esperança e coragem de lutar pelo que quer – e neste caso, é uma luta por sua própria sobrevivência. O Scrap de Morgan Freeman é divertido, sereno e companheiro, e apesar de ter em seu corpo uma lembrança triste da época em que era lutador, ainda enxerga o mundo – e as pessoas - com bons olhos. Os três personagens vão passando por mudanças profundas ao longo do filme, num processo doloroso onde descobrem que as perdas da vida podem ser compensadas, mas jamais esquecidas. O que sobressai é a fantástica capacidade de Eastwood na direção de atores. Fica claro que cada um (incluindo ele próprio) teve um trabalho aprimorado e valorizado pela direção segura do bom e velho Clint. E vale ressaltar que a história da personagem Maggie se confunde com a história da própria Hilary, que agarrou a oportunidade de fazer este papel como uma chance de ressurgir na sua (até então apagada) carreira de atriz.

“Menina de Ouro” mexe com a emoção e traz à tona uma série de valores e questionamentos que a gente costuma fazer ao longo da vida. O filme chama a atenção por passar a idéia de ser uma história de boxe. Mas não é. Este foi apenas o pano de fundo que Clint usou para manipular com muita coragem uma história de busca incessante por uma chance na vida. Uma chance de vencer, de viver, de ser feliz. E no final a gente se dá conta que jamais vamos ter o controle de nada, porque Deus está sempre a postos para nos pregar uma peça e mostrar quem manda. E parece que não importa se você ganha ou perde a luta da vida: na realidade, como o filme deixa muito claro, o que importa mesmo é jamais desistir, é aproveitar a chance que lhe foi dada e fazer o seu melhor. Ganhar ou perder aqui é só uma conseqüência. Às vezes triste, às vezes trágica, às vezes cruel demais para a gente admitir que acabou. Mas tudo na vida tem um fim: seja a dor, o sofrimento, o amor, ou até mesmo o sonho, um dia termina.

Salve Clint Eastwood. Um senhor de 74 anos que sabe como ninguém fazer de uma história com toda cara de ‘filme como outro qualquer’, uma história única, sensível, corajosa e arrebatadora.


P.S.: Deixo aqui meu protesto contra o jornal O GLOBO e a REDE GLOBO, que contaram a história de “Menina de Ouro” contrariando a ética do cinema, dando informações que comprometem o fator fundamental num filme como esses: a surpresa. Foi lamentável e desnecessária a conduta de ambos, que revelaram ao público um detalhe importante do roteiro, tornando a história menos surpreendente.

E para os curiosos, sim, eu me emocionei. Mas certamente por já saber o que ia acontecer, eu não chorei.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

sexta-feira, março 11, 2005

Esotérico



Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu prá você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar (não adianta não)
Nem ficar tão apaixonada, que nada
Que não sabe nada
Que morre afogada por mim


(Gilberto Gil)

terça-feira, março 08, 2005

Mais um dia


(para ler ouvindo "Super Homem, a canção", do Gilberto Gil)



Mulher é chata
Mulher é boba
Mulher fala demais
É sensível demais
É passional demais
Mulher é competitiva
É sentimental
É temperamental
É volúvel
Mulher ama demais
Mulher espera demais
Mulher sofre demais
Mulher é mãe
É amiga
É sogra
É nora
É filha
É filha da puta
É puta
É a puta que pariu
Mulher é ardilosa
Mulher é rancorosa
Mulher é teimosa
É determinada
É corajosa
É cheia de charme
É cheia de estilo
É cheia de coisa
Mulher ama
Mulher reclama
Mulher sabe
Mulher finge que não sabe
Mulher é um caminho repleto de curvas
Mulher é um tormento repleto de dúvidas
Mulher é um poço lotado de segredos
Mulher é uma vitrine com roupas da moda
Mulher incomoda
Mulher disputa
Mulher omite
Mulher se culpa
De todas as coisas do mundo que eu mais odeio
Este tal de Dia Internacional da Mulher é uma delas
De todas as coisas do mundo que eu mais amo
Ser mulher é a melhor delas
Porque mulher é assim
Contraditória
Cheia de história
Sublime
Delirante
Aparentemente insignificante
Mas absolutamente fascinante.


Janaina Pereira
Redatora, carioca e mulher

www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

segunda-feira, março 07, 2005

Em 1989


(para ler ouvindo “Father”, do Marvin Gaye)


Hoje eu sinto saudades do meu pai. São dezesseis anos que me separam da sua última imagem vivo. Será que ele está feliz com a mulher que sou agora ? Ainda tenho vestígios daquela menina folgada e esperta, com um olhar doce e triste para o mundo. Mas sobrou pouco da minha ingenuidade. Menos ainda do meu clamor pela verdade. Depois de alguns solavancos e muitas quedas que deixaram marcas, sempre pude me reerguer com delicadeza e coragem.

Hoje meu pai é só uma lembrança, que aparece em sonhos e me deixa sempre com saudades. E eu acredito que um dia possa reencontrá-lo e que por mais que a vida me faça ser cada vez mais sozinha, de alguma forma, ele está sempre por perto.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora
janaredatora@hotmail.com

sábado, março 05, 2005

A moça que veio do Rio


(para ler ouvindo “The long and winding road”, dos Beatles)


As pessoas sempre acham que me conhecem. Tolice delas. Eu não sou tão previsível como pensam. Meu olhar diz muito, mas meu silêncio fala mais ainda. Sou alguém muito transparente, que com meia dúzia de atitudes demonstra facilmente irritação e cansaço. Mas, acima de tudo, sou muito mais esperta do que imaginam.

É justamente por ter aprendido a me calar que poupei meu organismo de conseqüências mais sérias, como ter uma gastrite ou uma úlcera. E quando todo mundo acha que leu meus pensamentos, eu saio de cena, sempre à francesa. Talvez a pessoa que mais saiba quem eu sou seja minha mãe. Até porque temos um vínculo umbilical, e assim ela consegue perceber a tristeza da minha alma antes mesmo de mim. Mas até ela eu engano vez ou outra. Ela pode até desconfiar, mas jamais vai saber o que se passa no meu coração. Eu aprendi a conviver comigo mesma e com minhas incertezas. E neste momento isto está fazendo uma enorme diferença.

A verdade é que eu não sei muito bem quem eu sou. Eu às vezes finjo que me entendo, mas eu já desisti de me compreender. Mas não desisti de mim mesma, de melhorar como pessoa, de ser mais humana, menos tensa, mais feliz. Eu aprendi, essencialmente, que fatores externos jamais vão me trazer a felicidade. E aprendi a nunca, jamais, em hipótese alguma, desistir.

Eu sou alguém que acredita na verdade, na justiça, e, infelizmente, ainda creio muito no ser humano. Por isso vivo quebrando a cara, vivo confiando em quem não devo confiar, e assim me ferro sempre. Mas, apesar do ser humano estar cada vez mais volúvel e traiçoeiro, eu ainda dou um voto de confiança a muita gente. Não sou Cristo para dar a outra face, e se precisar eu bato mesmo. Mas também não sou Judas, muito menos Pilatos, para condenar alguém e lavar as mãos por este ato.

Não vou ser sutil, porque isso eu nunca fui mesmo, e prefiro ir direto ao ponto: nunca, jamais ache que você conhece alguém. O ser humano tem a capacidade absurda de forjar a si mesmo com muita eficiência. Nesta vida, aprendi que só eu tenho que me conhecer. Isto já basta, o resto é tolice. E não acredite que você me conhece, que consegue perceber na fúria do meu olhar ou na aspereza da minha voz, todos os meus sentimentos. Porque minhas maiores dores e meus melhores amores só o meu espelho pode conhecer.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

sexta-feira, março 04, 2005

Quase um Segundo


(Herbert Vianna)


Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim
Será que você ainda pensa

Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu rosto, teu gosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz

Quais são as cores e as coisas pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim
Será que você ainda pensa

quinta-feira, março 03, 2005

Wave
(Tom Jobim)


Vou te contar, os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar, e tudo que eu não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais, a eternidade
Agora eu já sei, da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

terça-feira, março 01, 2005

Linda Cidade Maravilhosa


Hoje é o aniversário da minha cidade querida. O Rio de Janeiro completa 440 anos de muita graça, beleza e simpatia. Não estou lá fisicamente, mas meu pensamento está sempre com ela. Parabéns, minha amada cidade, desta cidadã que nunca te esquece... e que hoje, mais do que nunca, canta a sua canção.



Samba do Avião
(Tom Jobim)


Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio, teu mar, praias sem fim
Rio, você foi feito pra mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar

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