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quinta-feira, abril 29, 2004

Simply the best


(Para ler ouvindo a música de mesmo nome da Tina Turner.)


1 de maio de 1994. Havia uma curva, uma maldita curva, no meio do caminho. E lá se foi meu ídolo maior, Ayrton Senna. Maior não, único. Eu nunca fui fã de ninguém, mas o Ayrton sempre me chamou a atenção por sua garra, ousadia e talento. Até ele aparecer eu nunca prestara atenção na Fórmula 1. Eu apenas detestava o Piquet. Até que um dia, vendo uma corrida com meu pai – o GP de Mônaco, em 1984 – prestei atenção naquele cara, o então novato Senna. Ele perseguia todo mundo com uma Toleman, carrinho de quinta, e já era o segundo colocado quando seu carro quebrou. Pensei: “Nossa, que cara abusado.” Era um dos meus.

A partir daí, comecei a acompanhar mais a F-1 e virei “sennista”. Declarei ódio mortal ao Piquet e brigava com todos que menosprezavam o talento do Ayrton. Foram anos de dedicação e fanatismo mesmo: eu via todas as corridas, treinos, conhecia todos os circuitos, sabia o que era uma chicane, um pit stop, um aerofólio ... eu até fiquei mais interessada nas aulas de física e química. O Ayrton era um exemplo para mim, um homem carismático, aparentemente sereno, mas dotado de uma incrível força somado a um talento especial. E ainda assumia para o planeta inteiro sua fé, sua crença, sua devoção a Força Superior que certamente o conduzia. Ele vivia ultrapassando limites, lutando até o fim pela vitória. Obsessivo demais para uns. Corajoso e audacioso para mim.

Eu estava em frente a TV, gravando a fatídica corrida de Ímola, e lembro com riqueza de detalhes o acidente e todo o resto. Lembro que eu tive certeza que ele morrera ainda na pista mas achava que um milagre iria salvá-lo. Lembro do choro, da dor, da tristeza, dos dias inconsoláveis que passei e de nunca mais ter coragem de assistir a uma corrida novamente. Eu não era fã de F-1. Eu era apenas fã do Ayrton.

Dez anos depois, restam lembranças e muitas saudades. Um dia vou contar para meus filhos e netos que meu único ídolo era um homem de bem e do bem, um cara sensível, forte, impetuoso e com um carisma fora de série. E que uma curva, ah, aquela maldita curva que o destino colocou no caminho dele, roubou de mim e do mundo muitas vitórias e conquistas que ele ainda teria. Mas deixou marcada para sempre a imagem de um vencedor. Mas não de um homem que ganhou corridas e títulos de automobilismo e sim de um homem que venceu na vida com garra, perseverança e fé.


Janaina Pereira
Que antes de ser redatora, foi membro da TAS – Torcida Ayrton Senna
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora



segunda-feira, abril 26, 2004

Perfeitamente imperfeito


(para ler ouvindo a Habannera, de Bizet, da ópera Carmen.)


A luta do ser humano para atingir a perfeição é algo quase obsessivo nos dias de hoje. As pessoas não querem ser o que são. Muito menos ter o que tem. Elas querem cada vez mais, mais e mais. Não acho absurdo almejar progredir, nem ser uma pessoa melhor ou ter mais sucesso, dinheiro, melhores condições de vida. Mas também não é preciso passar por cima de tudo e de todos para conseguir aquilo que cada um acha que é seu por direito.

Você estudou horrores, batalhou, suou a camisa e merece um emprego melhor. Isso é o que você acha. Alguém lá em cima pode achar que você não está preparado para isso. E vai fazer você penar, e sofrer, e chorar, simplesmente porque não aceitou aquilo que já estava determinado: que você talvez nunca chegasse a posição que queria, mas obteria sucesso de outras formas. Aceitar as coisas como elas vem – isso é o mais difícil nessa vida.

Li recentemente o “Nosso Lar” do Chico Xavier e fiquei encantada com as colocações do livro. Imaginem vocês que um espírito sofre – e sofre muito – para reencarnar. Eu sempre achei mesmo que o outro plano é mais bacana porque ninguém volta para contar e a gente não lembra. Se alguém aí não acredita em reencarnação, desculpe, mas eu acredito. Assim como creio que há vida em outros planetas, que eu reencontrarei aqueles que amei neste plano, mas já morreram, quando eu partir também e creio que o Botafogo ainda será campeão brasileiro de novo, algum dia, no futuro ... enfim, acredito no que parece impossível de acreditar, porque é difícil mesmo acreditar naquilo que não se vê, não se toca e apenas se sente. Deve ser por isso que tão poucas pessoas hoje em dia amem, afinal, o amor é o maior exemplo de algo que apenas se sente, mas que está – ou deveria estar – por toda parte.

Então se estar neste plano é um processo difícil para o espírito, acho que o mínimo que podemos fazer é aceitar a missão que recebemos. É complicado, eu sei, eu também luto contra meus carmas. Mas nem adianta se lamentar: faz parte do processo, da minha evolução e do meu aperfeiçoamento. Se bem que para os outros eu não sou perfeita. Mas para Deus eu sou absolutamente como Ele quer que eu seja.

Buscar ser melhor não significa passar por cima dos outros nem atingir com deslealdade o próximo. Mas, se no seu caminho você for atingido por pedras que surgem de todas as direções, lembre-se que Cristo carregou sua cruz com dignidade. Quem somos nós para reclamar do nosso fardo ? Grandes mártires e heróis da humanidade só se tornaram exemplos porque suportaram com bravura o fardo que lhes foi dado. Enfrentemos com coragem tudo que vem em nosso caminho, lembrando sempre que aos olhos de um Ser Superior nós somos perfeitos. Mesmo que a sua mãe lhe diga ao contrário.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
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sexta-feira, abril 23, 2004

Pelos caminhos do Santo Guerreiro


(para ler ouvindo "Jorge de Capadócia", de Jorge Benjor, na versão de Fernanda Abreu.)


Eu também andarei vestida - sempre - com as roupas e armas de Jorge. Porque eu sou de sua companhia e tenho sempre a sua companhia... Armas de fogo ? Jamais me alcançarão. Facas e lanças ? Todas se quebrarão sem ao meu corpo tocar. Cordas e correntes ? Arrebentem-se todas sem ao meu corpo amarrar.

E que meus inimigos tendo olhos não me vejam, tendo pés não me alcancem e tendo mãos não me toquem. E mais: que nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.

Só agora vocês descobriram ? Pois é, meus amigos, eu sou protegida sim ... pela força, pelas armas e pela garra de São Jorge.

Salve, Jorge !

(texto escrito sob inspiração e com base na oração de São Jorge, padroeiro do Corínthians, defensor da fé católica, banido da Igreja, responsável por um feriado na cidade do Rio de Janeiro, conhecido no espiritismo como Ogum e dono de uma das melhores histórias de santo. Ah, claro, e um dos meus santos favoritos também.)


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

Virtualmente falando


Queridos e queridas que me enviam e-mails e messengers Brasil afora; fofos e fofas que eu nunca vi, mas que converso sempre virtualmente: vocês são a única razão pela qual eu voltei a este blog. É por vocês, meninos e meninas do meu Brasil, que tanto curtem estas mal traçadas linhas, que estou de volta.

Obrigada, obrigada, obrigada por tudo !

Não está sendo possível responder a todos os mails e msg, mas eu adoro vocês ! Nunca esquecerei o apoio e a força, em momento tão delicado, dessas pessoas que nunca me viram mas sempre me lêem.

Gracias.

Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora


Pela Internet


Leiam-me !!!
Estou em www.trampolim.art.br com artigo novo na coluna dos redatores.
Obrigada mais uma vez, André e Paulo.

Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora.

quarta-feira, abril 21, 2004

Mas me faça feliz

(Para ler ouvindo “Vou deixar”, a música totalmente Beatles que o Skank gravou.)


É muito bom quando alguém lá em cima resolve dar um tempo na chuva e deixar o sol aparecer novamente nas nossas vidas. Eu sabia que ia valer a pena largar tudo e fugir. Eu sabia que meus sentimentos confusos precisavam de 155 horas de sono, 47 mergulhos em Ipanema, 23 braçadas no Leme, 1.200 passos na caminhada Arpoador-Leblon-Arpoador, alguns abraços amigos, comidinha da mamãe, 5 minutos de internet por dia, beijos da vovó, lágrimas aos pés do Cristo, sorrisos diante do Pão de Açúcar e alguns “eu te amo”, “sinto saudades”, “volta”...

Não é “fica”, é “volta”. E há uma grande diferença nisso. Ainda não sei o que fazer mas já sei o que não deve ser feito. E sei que falta pouco para tudo dar certo e muito, mas muito mesmo, para alguém me derrubar. Se é que isso é possível. Sinceramente, acho que não é. Cair eu vou, sempre, muitas vezes; vou me arrebentar toda, vou me ferir, me cortar, sangrar e depois, ah, depois como quem não quer nada, vou levantar, pular, correr, gritar e vencer. Como sempre fiz, como sempre quis. Porque assim como Cora Coralina, uma poetisa maravilhosa, diga-se de passagem, eu removo as pedras do meu caminho e planto flores em seu lugar.

As flores já foram plantadas. E falta pouco para eu colher uma por uma e entregá-las a todos aqueles que caminham comigo nesta jornada. Cada um que ler este texto sabe se identificar aqui. Meus amigos queridos, meus queridos amigos, minha família, meus amores eternos, a vocês devo minha vida, meu silêncio e minha razão de vencer. Estou de volta. E vou sim, vou mesmo, de verdade, para onde a vida me levar e com quem ela quiser que vá comigo.

Janaina Pereira
Redatora
Janaredatora!hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora

sexta-feira, abril 16, 2004

With a little help from my friends


(para ler ouvindo a canção de mesmo nome, na voz dos Beatles ou do Joe Cocker – ambas as versões são belas.)


Eu sempre tive uma dificuldade enorme para fazer amigos. Lembro-me que, quando eu era criança, rezava muito pedindo a Deus para me dar amiguinhos. Pois é. Como filha única, sempre fui bastante solitária, cresci no meio de adultos e toda amiguinha que fazia no colégio não durava muito. Eu começava o ano letivo com uma nova amiguinha e terminava brigada com a mesma. Era sempre assim, ano após ano.

Mas, aos 14 anos, eu conheci a Angélica. Estava no primeiro ano do segundo grau, colégio novo, meu pai morrera fazia dias... e a Angélica acabou se tornando minha primeira grande amiga. Deus ouvira minhas preces. Mal sabia eu o que viria pela frente ... quando tínhamos 17 anos, a Angélica descobriu que tinha um câncer raro no ombro esquerdo. A partir dali, minha vida mudou completamente. Eu passei um ano e meio visitando minha amiga, em casa e no hospital, toda semana, sem nunca faltar. Eu acompanhei sua quimioterapia, sua operação, sua melhora, seu coma e sua morte. Ela tinha somente 18 anos. Eu também. Na época, falei para minha mãe que nunca mais teria uma amiga como a Angélica. Minha mãe disse que provavelmente não, mas que pelo menos eu descobri o que era ter um amigo de verdade.

Os anos se passaram e em determinadas ocasiões eu pude ter ao meu lado amigos fiéis e leais, que – eu não sei explicar o porquê – acabaram se afastando. Porém, algumas amizades são eternas mesmo, e elas nos acompanham ainda que mudemos de cidade, de país e de plano espiritual. Eu não sei quanto tempo faz que eu não vejo a Giovanna, mas ela sabe mais da minha vida do que minha própria mãe. Giovanna é minha amiga querida que mora nos EUA, com quem eu trabalhei por apenas 4 meses mas que se tornou uma irmã. A gente não se vê faz muitos anos, assim como não vejo a Patrícia, a Simone, a Chris, a Vanessa, o Bruno, a Pri, a Cynthia, a Clau, a Vivi ... assim como eu não via a Ana, que eu reencontrei recentemente. Mais sorte tem a Lu, a Cíntia, a Nilda, a Dani (ela), a Carmen, e, é claro, a Dani (elle), o Marco, a Luiza e a Cida, que estão mais presentes no telefone e na internet do que pessoalmente, mas estão sempre por perto quando eu preciso.

Agora que eu moro em São Paulo, fiz algumas amizades por lá também mas às vezes me pergunto: será que o dia que eu for embora algumas dessas pessoas continuarão minhas amigas ? Será que eu só conheci pessoas em SP e não fiz amigos de verdade ? Claro que existem pessoas em quem confio, que tive ombros amigos quando precisei, mas acho que é um pouco cedo para saber quem pode me acompanhar no restante da jornada. Eu não consigo explicar porque meus amigos do Rio tem uma relação diferente comigo. Talvez porque muitos me conheçam desde uma época em que eu não era nada (e continuo sendo coisa nenhuma, mas ainda assim eles gostam de mim). Se eu nunca fosse para SP sem nada além de um portfólio, ainda assim, eles iriam me amar, me admirar, me amparar quando eu precisasse. Eu nunca precisei provar para eles que eu era uma pessoa legal, determinada, ou sei lá o que. Eu não precisei conquistá-los. A amizade veio naturalmente, como tem que ser.

Em SP eu tive que conquistar tudo: meu espaço, um emprego, um lugar para morar, amigos ... tive que mostrar para as pessoas que, apesar de carioca, eu era legal; que apesar de mulher, eu era ótima profissional; que apesar de não ter dinheiro, eu era gente boa; que apesar de não ter carro, eu era uma companhia bacana. Certamente, eu conheci muita gente. Provavelmente, algumas dessas pessoas se tornaram minhas amigas.

É duro ter que admitir mas para cada dez boas amizades virá uma traição. Sempre tem um amigo em quem você confia que vai lhe decepcionar. A vida é assim. Existe no mundo milhares de pessoas fracas, que não sabem como agir num momento em que uma amizade está em questão. É por isso que não faço negócio com amigos, porque costumo preservar a amizade. Uma das maiores dores que já tive nessa vida foi me decepcionar com pessoas a quem devotei meu carinho, meu respeito e minha lealdade. O desapontamento com alguém a quem demos nossa amizade é de cortar a alma; é ferida que cicatriza, mas deixa marcas profundas no coração.

Ainda bem que para cada fraqueza humana existe um bom coração, uma alma caridosa que lhe estende a mão. Porque é no momento de adversidade que vemos quem realmente é amigo, quem merece confiança, atenção e amor. É como já escrevi antes: Jesus teve ao seu lado a desconfiança de Tomé, a fraqueza de Pedro, a traição de Judas ... mas teve também o amor e a lealdade de João, o apóstolo fiel, que nunca lhe abandonou. Assim acontece conosco por toda vida: cada um de nós tem seus próprios Tomés, Pedros, Judas e alguns bons Joãos, que sempre estarão segurando nossas mãos nos momentos difíceis.

Eu só posso agradecer por ter descoberto, ainda tão jovem, o valor de uma amizade, graças a minha amiga de adolescência Angélica. Foi por causa dela que cheguei a todos os amigos que tenho hoje; foi ela que me ensinou a ser leal as pessoas que nos querem bem. Infelizmente nem todo mundo neste plano sabe o que é isso: ter lealdade aqueles que lhe querem bem. As pessoas insistem em distorcer os fatos e julgar os outros. É por isso que as amizades se tornaram um negócio, um jogo de interesses.

Espero que eu tenha, no Rio, em São Paulo e pelo mundo, tantos amigos bons e fiéis quanto a vida possa me oferecer. Porque os Judas, os Tomés e os Pedros virão, sempre. Mas um João nunca há de faltar.


Janaina Pereira
Redatora
janaredatora@hotmail.com
www.fotolog.net/janaredatora





domingo, abril 11, 2004

O melhor redator do Universo


(para ler ouvindo "My Sweet Lord" do George Harrison)


Esta semana é muito importante para o Ocidente. Dois mil e quatro anos depois estamos aqui novamente lembrando o maior personagem da história mundial: Jesus Cristo. Ainda não vi o filme polêmico do Mel Gibson, mas já vi tantos filmes sobre a história de Cristo que queria comentar umas coisas aqui.

Na minha modesta opinião, Deus é o melhor redator do Universo e Jesus foi, sem dúvida, seu melhor personagem. É um garoto-propaganda perfeito, que vende a união entre os povos e a fé como mercadorias de luxo e que, somente com elas, conquistaremos o Reino dos Céus. Sua mensagem, tão forte e tão sincera, pode ser ouvida até hoje em diversos idiomas para diferentes povos. Ninguém teve mais presença na mídia do que Ele em mais de dois mil anos. Deus e Jesus formam a melhor dupla do mundo.

Deus, além de excelente redator, é um diretor de arte fora-de-série. Seus layouts mundo afora são fantásticos. Isso sem contar que Ele deixou que viessem à Terra outros geniais diretores de arte, seus discípulos, afinal, gente como Michelangelo, Picasso, Dali, Di Cavalcanti, Van Gogh e Monet, entre outros, nasceram com um dom divino. Eu nem sei dizer se prefiro os divinos diretores de arte ou os discípulos redatores celestiais, tipos como Jorge Amado, Shakespeare, Cecília Meirelles, Walt Whitman, Saramago ... é, e tem gente que dúvida que Deus sabe o que faz ...

Mas, vamos voltar a melhor história que Deus criou para o mundo inteiro ouvir por séculos e séculos... se o nascimento de Cristo é cercado de tons singelos e delicados, com um roteiro cheio de humildade e esperança, sua morte é um exemplo de dor e de amor. Deus é perfeito mesmo: Ele nos deu um homem sábio, cheio de doçura e cordialidade, carismático e sensível, que nunca precisou provar nada para ninguém – os milagres vinham diante dos olhos do povo, que o corou como o Rei dos Judeus. E este mesmo povo, numa mostra do que teríamos para sempre – até hoje as pessoas julgam os outros sem ter provas de nada – colocou o bom homem na cruz. Eu não vou entrar na questão de quem teve responsabilidade nisso (judeus, romanos, e todo o mundo já pagaram e ainda pagam por isso). Mas vejo nesse roteiro tudo que a humanidade vive até os dias de hoje: a lealdade e a amizade do apóstolo João ainda pode ser encontrada em muitos seres humanos, assim como a fraqueza de Pedro, as dúvidas de Tomé e a traição de Judas (este então, numa descrição perfeita de boa parte da humanidade, que se vende por dinheiro, que se aproxima de quem lhe interessa, que faz tudo por ambição). Deus escreveu um roteiro cujos personagens existem até hoje, em qualquer lugar do mundo, em qualquer área de trabalho, classe social, religião, raça. Porém, seu melhor personagem, este sim foi único, exclusivo, embora no decorrer dos séculos surgissem alguns personagens com missões para serem eternamente lembradas (São Francisco de Assis, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá ...). Pode-se dizer que Deus criou um roteiro que foi copiado por Ele mesmo através dos tempos. Ele ganha qualquer disputa de melhor roteiro original e adaptado.


E onde fica Jesus nessa história ? Bem, ele foi o primeiro grande herói da humanidade. E como Deus escreveu a história com maestria, o herói morreu no fim. Mas deixou uma mensagem de amor para toda eternidade. E deixou, principalmente, um recado: a morte não é castigo e as aparentes vitórias podem encobrir grandes fracassos no futuro. Porque quando Cristo foi crucificado, muitos julgaram que Ele havia perdido sua batalha. Mal sabiam que foi justamente ali que Ele se tornou vitorioso e entrou para a história como o maior herói de todos os tempos.

Jesus Cristo veio à Terra só para fazer propaganda, só para vender a mensagem de que o amor deve prevalecer acima de tudo. Mesmo que a gente encontre alguns Judas pelo meio do caminho e tenha que suportar com bravura a cruz que foi dada a cada um de nós.


Janaina Pereira
Redatora
www.fotolog.net/janaredatora




quinta-feira, abril 08, 2004

As coisas não precisam de você


Ninguém precisa me dizer o que eu devo fazer; aliás, detesto quando alguém responde minhas dúvidas. No momento em que o mundo desaba aos seus pés, o discurso é sempre o mesmo: “seja forte, tenha fé, você já passou por coisa pior, Deus sabe o que faz, blábláblá...” Então vou tentar esclarecer algumas coisas:

1- Ninguém precisa dizer a ninguém para ser forte. Geralmente quando uma pessoa já passou por muita coisa na vida, ela sabe que é forte. Por exemplo... eu ! Eu sei que sou forte, que já cai muitas vezes, que me levantei todas e, principalmente, eu sei que no final tudo dá certo. Afinal de contas, já vem dando certo faz muito tempo e não tem porque agora dar errado.
2- Ter fé é importante, ou até mesmo fundamental, mas não apenas quando a tempestade chega. Porque as pessoas só se lembrar da fé quando o barco perde o rumo ? Eu já deixei de pedir alguma coisa ao Ser Superior faz um bom tempo. Eu não preciso pedir nada porque Ele sabe o que eu quero. E se eu não confiasse em Deus, eu nem me levantaria da cama. E se estou de pé é porque a fé nunca faltou em minha vida.
3- Por que será que as pessoas não conseguem ouvir os outros sem dar palpite ? Será que é tão difícil assim ouvir e ficar calado ? Quando eu quero a opinião de alguém, geralmente eu peço. E se não peço, se apenas conto alguma coisa, é porque só quero ser ouvida. Ouvir é um dom realmente, já que a maioria do seres humanos não consegue ouvir meia dúzia de palavras sem expressar sua opinião – geralmente contrária a da pessoa que falou e repleta daquele tom verdadeiro e conselheiro.
4- Diz o velho ditado que “quem tem boca vai a Roma”. Mas eu quero ir a Veneza, ora ! Então respeitem meu silêncio, minha dor, minhas lágrimas, minha falta de paciência, meu desassossego, minha insegurança, meu inferno astral (ok, este está longe porque meu aniversário é somente em agosto) !
5- Sim, eu sou forte, corajosa, guerreira, lutadora e vencedora em diversos aspectos. Mas - sinto muito – vou ter que decepcionar algumas pessoas: eu não sou perfeita. Não sou melhor que ninguém, nem pior; não sou exclusiva do bem porque também tenho meu lado mau; não sei fingir simpatia quando quero me isolar e não vou tentar ser perfeita mesmo que uma ou outra pessoa queira me ver assim. Se eu fosse esse poço de virtudes estaria em outro lugar, e não no Planeta Terra pagando todos os meus carmas com meu suor e minhas lágrimas.
6- E finalmente, a frase que eu queria falar faz um bom tempo... e chegou a hora. Eu quero ser fraca !!!!!!!!!!!!!! somente hoje, talvez esta semana, este mês, quem sabe até este ano ! Eu estou cansada, de saco cheio mesmo, de ser forte. Cansei, cansei, cansei !!!! Não agüento mais tanto “você é forte e vai superar isso.” E se eu quiser ser fraca ? Alguém vai me impedir ? Eu não estou deprimida, não estou triste, não estou revoltada ! Eu apenas quero ser fraca, quero ficar quieta, quero não pensar na vida, quero dormir, quero olhar o céu e não pensar no que acontece no mundo. Eu quero ficar caída, estendida no chão, e não quero que ninguém me ajude a levantar. Eu quero ter a sensação de que o mundo passo e estou vendo tudo pelo lado de fora da janela. Pelo menos uma vez na vida eu quero me permitir ser fraca, ser muito fraca, tão fraca a ponto de jogar tudo para o alto e dizer: “chega ! acabou ! fodam-se !!!!”

Não vou permitir que destruam meus sonhos nem minhas ilusões. Não vou deixar que me matem, soterrada nos escombros feitos com meus fracassos e decepções. Mas por favor, me deixem ser fraca, ser um verme, ser o nada. Permitam que eu sangre até o fim para que, quando eu renascer, eu tenha mais do que esperança em meu coração: eu tenho mesmo uma nova vida.


Janaina Pereira
Redatora
www.venenodagata.blogspot.com
www.fotolog.net/janaredatora

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